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Congonhas no limite







Planejamento de longo prazo não constitui característica brasileira. Adeptas do jeitinho, as autoridades preferem remediar em vez de prevenir. A tragédia das chuvas serve de exemplo. Crônica da morte anunciada, os temporais do verão repetem-se monotonamente todos os anos. E, ano após ano, os governantes anunciam medidas emergenciais para responder à urgência dos estragos. Em bom português: tapam buracos em lugar de evitar que as crateras se abram.

Os aeroportos não fogem à regra. Congonhas, o mais movimentado do país, foi palco da maior catástrofe da aviação brasileira. Em julho de 2007, voo da TAM, sem conseguir pousar, chocou-se contra prédio da própria empresa. As 199 pessoas a bordo perderam a vida. Vieram à luz, então, os problemas que concorreram para o desfecho aterrorizante. Entre eles, ausência de ranhuras na pista, falta de áreas de escape, proximidade de residências, movimentação superior à tolerada pela segurança.

Vieram, como de costume, medidas pontuais. A restrição do número de pousos e decolagens se impôs. Cortaram-se 27,5% do total de passageiros — os 7,6 milhões caíram para 5,5 milhões nos cinco primeiros meses de 2008. Passada a crise, porém, começou o movimento do volta atrás. Flexibilizaram-se as iniciativas mais duras e necessárias. Em abril de 2010, a redução de chegadas e saídas de aeronaves no terminal não atinge 20% em relação ao período do acidente.

Com a entrada em operação de três novas empresas, Webjet, Azul e NHP, a queda corresponde a 17,4%. Autoridades do setor consideram o patamar normal. Mas especialistas duvidam da segurança do aeroporto. Características estruturais permanecem. Construído sobre um morro no meio da cidade e cercado de casas e prédios, Congonhas não oferece chance ao piloto de contornar falhas no aparelho, como ocorreu em 2007 com o voo da TAM.

Se esse é o cenário presente, pode-se imaginar o que espera o país daqui para a frente. O aumento da renda levará a população a utilizar mais e mais o transporte aéreo. Além disso, o Brasil sediará dois grandes eventos mundiais. Em 2014, a Copa do Mundo. Em 2016, o Rio receberá os Jogos Olímpicos. Sem providências urgentes, é impossível ampliar e modernizar os aeroportos a tempo. São obras sofisticadas que não se fazem em caráter emergencial. No caso, é tiro no pé deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Deixar para depois de amanhã é suicídio.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP (foto: Agencia Brasil)





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