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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 22/08/2016 / Aéreas fazem manobra para economizar com combustível

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Aéreas fazem manobra para economizar com combustível ...


Resolução pretende baixar de 25% para 12% em todos os Estados o teto do ICMS do querosene de avião ...

Joana Cunha ...

As empresas aéreas que voam no Brasil estão diante de uma chance que pleitearam por mais de uma década: tramita no Senado um projeto de resolução que pretende baixar de 25% para 12% em todos os Estados o teto do ICMS do querosene de avião.

Se for aprovado, vai reduzir uma prática característica na aviação brasileira, uma espécie de guerra fiscal aérea que força as empresas do setor a queimar combustível na busca por querosene barato.

Em um exemplo, uma aeronave que sai de Brasília (onde o ICMS é 12%) para São Paulo (que cobra 25%) já decola com o tanque cheio para retornar a Brasília, evitando assim o abastecimento no ponto de tributo mais caro.

A economia, porém, não é completa, porque o avião que viaja com o tanque mais pesado precisa consumir mais combustível. O ideal seria abastecer só o necessário em cada parada, liberando o peso adicional para levar outro tipo de carga.

O tributo incide apenas sobre os voos domésticos, ou seja, as companhias aéreas estão isentas de pagá-lo nas viagens internacionais.

"O mesmo combustível que abastece em Guarulhos um avião que vem de Miami sai 25% mais caro para o que vem de Fortaleza", afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).

É por esse mesmo motivo, segundo ele, que um bilhete para Buenos Aires pode custar menos para o passageiro de São Paulo do que um para Aracaju, embora as distâncias sejam semelhantes.

ALTOS E BAIXOS
A equiparação do teto do ICMS para 12% em todo o país diminuiria o poder de arrecadação de alguns Estados em um momento delicado para suas finanças, mas, segundo as companhias aéreas, teria como consequência o benefício dos passageiros.

O presidente da Abear sugere que isso permitiria uma ampliação de 50 a 70 novos voos ofertados diariamente.

"Se o custo do sistema cair, como a concorrência é grande, as empresas vão baixar preço. Isso é garantido, porque na aviação não há estoque. Se o voo sai vazio, a empresa perde", diz Sanovicz.

Para reagir à queda na demanda provocada pela recessão brasileira, desde o ano passado, as companhias aéreas reduziram sua malha voada e o número de assentos. "A queda no ICMS voltaria a viabilizar muitos desses voos", afirma Sanovicz.

O presidente da Azul, Antonoaldo Neves, conta que os altos preços levaram a companhia a deixar de voar para Araraquara (SP).

OBSTÁCULO
A fixação do teto do ICMS em 12% é inócua em muitos Estados. Roraima, Distrito Federal e Rio Grande do Norte, por exemplo, já adotam teto de 12%. No Rio, o imposto é de 13%.

Estados como Pará, Santa Catarina e Maranhão, embora estabeleçam 17% de alíquota, oferecem regime especiais que permitem baixar a 7% ou 4% se as empresas ampliarem a oferta de voos que chegam a seus aeroportos.

O real obstáculo para as companhias é São Paulo, destino que concentra cerca de 35% da aviação e tem o maior impacto sobre as finanças das aéreas. Renato Villela, secretário da Fazenda do Estado, tem afirmado que não quer abrir mão da arrecadação.

O preço do querosene corresponde a cerca de 40% dos gastos das empresas aéreas brasileiras, segundo Alberto Fajerman, diretor da Gol. A média mundial é 28%, de acordo com a Abear.

"O preço aqui é desproporcionalmente maior em relação a qualquer mercado relevante, inclusive na América Latina", diz Claudia Sender, presidente da TAM.

O litro do combustível em localidades como Cuiabá, Recife e Manaus se aproxima dos preços cobrados em Luanda e Harare, na África.




Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.




PORTAL SPUTNIK BRASIL


Exército ucraniano alegadamente abateu 2 drones: um seu e outro da OSCE


Militares ucranianos abateram um veículo aéreo não tripulado da OSCE na área da cidade de Popasnaya, na região de Lugansk, disse aos jornalistas o representante da Milícia Popular da República Popular de Lugansk, Andrei Marochko.
Segundo ele, as Forças Armadas da Ucrânia abriram um tiroteio indiscriminado contra alvos aéreos e abateram não só um drone da OSCE, mas também um veículo aéreo não tripulado pertencente à própria Ucrânia, na área da cidade de Gorskoe, que fica perto de Popasnaya.
Marochko explicou isto pelo fato de que, após a captura de um drone ucraniano ontem (20), as autoridades ucranianos declararam caça a todos meios aéreos na sua zona de responsabilidade.
Anteriormente a Milícia Popular da república autoproclamada informou sobre a intercepção de um veículo aéreo não tripulado transportando mais de dois quilos de explosivos. As milícias opinam que o drone ucraniano se dirigia para Lugansk a fim de cometer um atentado, supostamente contra um alvo civil ou concentração de civis.
Segundo as palavras do chefe da direção da Milícia Popular de Lugansk Oleg Anaschenko, o lado ucraniano podia ter preparado este ato terrorista para depois acusar as milícias de Lugansk de ataques contra a população civil.

PORTAL G-1


Maior acidente do Programa Espacial Brasileiro completa 13 anos

Foguete VLS explodiu e matou 21 pessoas em 22 de agosto de 2003. Acidente aconteceu três dias antes do lançamento do equipamento.

Do G1 Ma

Nesta segunda-feira (22), o maior acidente da história do Programa Espacial Brasileiro completa 13 anos. Três dias antes do lançamento, o Veículo Lançador de Satélites (VLS) passava por ajustes finais da Torre Móvel de Integração (TMI), no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), norte do Maranhão, quando uma ignição prematura de um dos motores resultou na explosão do protótipo de 21 metros de altura e na morte de 21 tecnologistas do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
A causa apontada pelo relatório final de investigação, concluído pelo Comando da Aeronáutica em fevereiro de 2004, foi um ‘acionamento intempestivo’ provocado por uma pequena peça que ligava o motor.
A comissão de investigação descartou a possibilidade de sabotagem, de grosseira falha humana ou de interferência meteorológica, mas apontou ‘falhas latentes’ e ‘degradação das condições de trabalho e segurança’, entre eles saídas de emergência que levavam para dentro da própria TMI, além de estresse por desgaste físico e mental dos tecnologistas.
O acidente, também uma das maiores da corrida espacial, chamou a atenção de todo o mundo, e foi acompanhada de perto pelos repórteres da TV Mirante. O Repórter Mirante de agosto de 2013 relembrou os 10 anos da tragédia e trouxe depoimentos de quem sentiu de perto os impactos da explosão.
A explosão assombrou os nativos da península, removidos pelo governo federal em março de 1983 para instalação do CLA e transferidos para sete agrovilas, localizadas a 14 km do município de Alcântara.
“Ouvi um ‘booooooommm’. Eu olhei e perguntei: meu Deus, o que é que está acontecendo? Foi uma explosão e foi para o rumo do quartel. Depois olhamos a fumaça. Com poucas horas soubemos da notícia. Foi horrível”, relatou a trabalhadora rural Leandra de Jesus Silveira.
“Foi uma explosão assim tipo um trovão. Sabe quando dá um trovão mesmo temeroso? Foi assim que deu. Poucos minutos depois a gente saiu da casa e olhou a fumaceira”, recorda o pescador José Louziano.
Famílias das 21 vítimas
Todos os anos, parentes e amigos homenageiam os 21 engenheiros e técnicos do DCTA de São José dos Campos, com uma queima de fogos – às 13h23, horário do acidente –, seguida do oração.
Nova TMI
O acidente levou à adoção de novas medidas de segurança no centro de lançamento. Inaugurada em 2012, a nova TMI promete ser mais segura. Ao redor da torre de 33 metros de altura e mais de 380 toneladas, uma extensa fiação garante corrente elétrica para um dos estágios da plataforma do veículo lançador de satélites.
A área foi projetada e construída com concreto armado, tudo para evitar problemas como o que ocorreu em 23 de agosto de 2003, quando houve um incêndio na plataforma e, em menos de dez segundos, a temperatura chegou a quase 3,5 mil °C.
Novo acidente
Em novembro de 2015, um novo acidente assustou moradores de Alcântara. Um foguete suborbital modelo VS-40M V3, construído no DCTA de São José dos Campos, explodiu no momento do lançamento.
Todo o foguete foi perdido e a estrutura de lançamento danificada. O lançamento fazia parte da Operação São Lourenço.
A plataforma levaria ao espaço um componente do Sistema de Navegação (Sisnav), denominado Sistema de Medição Inercial (Sismi), acompanhado de um GPS de aplicação espacial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – em cooperação com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) –, ainda em fase de qualificação.
Centro de lançamento
Unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) no Maranhão, o CLA foi construído para ser ponto de lançamento de foguetes científico-tecnológicos pela localização geográfica estratégica, já que não era possível a ampliação do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) de Natal (RN), que sofria processo de expansão urbana na época. A fundação ocorreu no dia 1º de março de 1983, assinada por João Figueiredo.
A escolha da cidade histórica de Alcântara foi motivada pela proximidade com a Linha do Equador, que catalisa o impulso dos lançadores, economizando combustível utilizado nos foguetes.
Até o desenvolvimento do VLS, foram necessários 20 anos de pesquisa e aprofundamento. Nos últimos anos, a retomada do desenvolvimento do veículo espacial que coloque um satélite nacional na órbita do planeta Terra com o impulso de parcerias internacionais foi acelerada.

Beltrame reforça pedido de segurança para as eleições municipais no RJ

Ele ressaltou a necessidade de se ocupar o Conjunto de Favelas da Maré. Representante da pasta lamentou o assassinato do militar da Força Nacional.

Termina a Olimpíada 2016 e a atenção dos fluminenses se volta para a segurança pública do estado após os jogos. Neste domingo (21), enquanto tinha início a cerimônia de encerramento, o secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, em entrevista no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), reforçou o pedido ao governo federal para que as Forças Armadas permaneçam no estado até, pelo menos, a realização das eleições municipais.
"Já pedi para que eles permaneçam aqui não só para o Paralímpico, mas, que posteriormente [aos Jogos]. Acho que esse é o modelo [de segurança] que pode vir a ajudar qualquer outro estado, qualquer outra grande capital brasileira, embora haja a limitação constitucional. Mas quando se quer, se muda lei e constituição da noite para o dia nesse país. Por que não mexer nisso de uma maneira bastante produtiva?", indagou Beltrame.
Para o secretário, fica como legado para a segurança nos Jogos a integração entre as forças, algo que ele disse que tem sido feito e solicitado pela administração estadual desde 2007, quando assumiu a pasta.
"Na situação em que o país se encontra, nós não podemos, hoje, nos dar ao luxo de ver uma outra instituição sangrar, ver uma outra população de outro estado sangrar, e as instituições entrincheiradas em determinações constitucionais não poderem vir e prestar o seu apoio", afirmou.
Em relação à morte do soldado da Força Nacional assassinado ao entrar por engano na Vila do João, no Conjunto de Favelas da Maré, Beltrame lamentou a morte do servidor público e garantiu que, caso área seja pacificada, "fatos dessa natureza" não voltariam a acontecer. Além disso, para Beltrame, problemas crônicos em locais como nos conjuntos da Maré e Alemão não devem ser solucionados nos próximos meses.
"É um problema que a cidade tem, que a cidade apresenta. É lamentável a perda de um servidor público baleado, mas essa é a história da cidade, essa cidade tem isso. Esse problema da Vila do João não é de ontem, é de muito tempo. E o que nós fizemos para minimizar isso? Nós não tivemos uma área onde tenha UPP, com todos os problemas que pode ter a UPP, nós não tivemos uma área onde essas coisas aconteçam. Então, aquele lugar ali, para resolver o problema, é necessário e urgente que se ocupe. A ocupação pode trazer seus problemas, mas fatos dessa natureza, eu garanto a vocês, que não acontecerão mais", afirmou.

Piloto bêbado queria conduzir avião com 274 pessoas a bordo

Funcionário da Sri Lanka Airlines chegou alcoolizado à aeronave. Voo sairia de Frankfurt para Colombo, no Sri Lanka.

Da Deutsche Welle

Um piloto da companhia aérea Sri Lanka Airlines foi impedido de voar entre Frankfurt, na Alemanha, e Colombo, no Sri Lanka, depois de ter chegado "visivelmente bêbado" ao avião nesta sexta-feira (19). Segundo o aeroporto de Frankfurt, a bordo do avião estavam 259 passageiros e 15 tripulantes.
Foram os demais membros da tripulação que, percebendo o estado do piloto, impediram que ele entrasse na cabine de pilotagem do Airbus, o que adiou a partida de sexta-feira para sábado.
Os passageiros tiveram de esperar 15 horas para decolar porque não havia um piloto substituto. Eles foram alojados em hotéis e receberam refeições gratuitas.
A companhia aérea pediu desculpas aos passageiros e anunciou que suspendeu o piloto, além de abrir uma investigação interna para apurar o caso.

AGÊNCIA BRASIL


Brasil tem melhor desempenho da história, mas não atinge meta de medalhas


Gésio Passos Do Portal Ebc

Foram 19 pódios para o Brasil nos Jogos Olímpicos, um recorde na história do país. Mas o número de medalhas não foi o necessário para se chegar à meta estabelecida pelo governo e pelo Comitê Olímpico do Brasil, de ficar entre os 10 primeiros países no ranking de total de medalhas.
Em 2012, quando foi estabelecido pelo governo o Plano Brasil Medalhas, a meta era investimento de R$ 1 bilhão de recursos públicos em bolsas para atletas, investimento em equipes técnicas e participação em torneios internacionais e também na construção de centros de treinamentos.
O Brasil terminou os Jogos do Rio em 13º no ranking com total de medalhas. Com sete ouros, o país bateu o recorde de Atenas 2004, quando foram conquistadas cinco medalhas. Ainda superou o número de medalhas de prata, com seis conquistas.
Incentivos aos atletas
Nos Jogos do Rio 2016, 358 dos 465 dos atletas brasileiros (77%) receberam apoios diretos do governo com o Bolsa Atleta. Para os esportistas, foram estabelecidas quatro tipo de bolsas: nacional (R$ 925 mensais), internacional (R$ 1.850), olímpica (R$ 3.100) e pódio (R$ 5 mil a R$ 15 mil). Cada bolsa é definida de acordo com os resultados dos atletas. Em 2016, está previsto o gasto de R$ 80 milhões para este benefício.
Além deste incentivo, 145 atletas que estiveram nos Jogos também eram apoiados pelo Programa Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, que incorporou esportistas em destaques como 3º sargento temporário nas três forças, com soldo de R$ 3.200 reais. Esses atletas conquistaram 14 medalhas na Rio 2016. Em 2016, o programa tem previsão orçamentária de R$ 43 milhões.
Confira os investimentos públicos nos medalhistas brasileiros da Rio 2016 e nos seus respectivos esportes:
Canoagem de velocidade
A grande surpresa dos Jogos foi o canoísta de velocidade Isaquias Querioz com três medalhas (duas pratas e um bronze). Isaquias recebeu Bolsa Atleta durante todo o ciclo olímpico, não sendo atleta militar. Erlon Silva, companheiro de prata de Isaquias na C2 de 1000 metros, também recebeu a Bolsa Atleta durante os últimos cinco anos. Segundo o Ministério do Esporte, a a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) recebeu R$ 2,1 milhões para estruturação de centros de treinamento pelo país, além de mais de R$ 6 milhões em bolsas para atletas da modalidade.
Judô
O esporte que mais medalhas trouxe ao país, o judô também foi apoiado ao longo do ciclo olímpico com mais de R$ 50 milhões em convênios com Ministério do Esporte. Todos os atletas da equipe que disputou os jogos ainda são apoiados pelas Forças Armadas, os homens pelo Exército e as mulheres pela Marinha. Rafaela Silva, medalha de ouro no Rio 2016, Mayra Aguiar e Rafael Silva, medalhas de bronze, receberam a Bolsa Atleta pódio durante todo o ciclo olímpico.
Ginástica Artística
A ginástica artística também trouxe três medalhas para o país. Diego Hypolito, prata no solo, também recebeu a Bolsa Atleta durante o ciclo olímpico. Arthur Zanetti, prata nas argolas, e Arthur Nory, bronze no solo, receberam o apoio de bolsa durante quase todo o ciclo, com exceção de 2013. Do total de recursos repassados pelo Ministério do Esporte, a Confederação de Ginástica, federações, clubes e atletas receberam cerca de R$ 29 milhões.
Boxe
O boxe acabou sendo uma das categorias que menos recebeu recursos federais. Desde 2010, o esporte recebeu menos de R$ 1 milhão. Mas os atletas acabaram amparados pelo Bolsa Atleta, com R$ 9 milhões em bolsas. Robson Conceição, ouro na categoria até 60 kg, também é terceiro sargento da Marinha e recebeu apoio da bolsa em todo ciclo olímpico.
Vôlei de quadra e de praia
O vôlei é um dos principais esportes do país, trazendo na história 23 medalhas olímpicas nas modalidades de quadra e de praia. Desde 2010, diversos convênios entre Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Vôlei permitiram a estruturação da modalidade no país, com investimentos de R$ 48 milhões. Em bolsas atletas, foram desembolsados R$ 8 milhões para duplas de praia e R$15,5 milhões para os jogadores de quadra.
As duplas Alison e Bruno - ouro na praia - e Agatha e Bárbara - prata no feminino - além de sargentos da Marinha, recebem o bolsa atleta desde 2013. Dos 12 integrantes da equipe masculina que conquistou o ouro no vôlei de quadra, dez receberam apoio da bolsa atleta em algum momento do ciclo olímpico.
Tiro Esportivo
O primeiro medalhista brasileiro nos Jogos do Rio, o atirador Felipe Wu é sargento do Exército e apoiado pela bolsa atleta desde 2012. Cerca de R$ 9 milhões foram executados em convênios para o desenvolvimento da modalidade no país. Além do aporte de mais de R$ 13 milhões em bolsas atletas durante o período olímpico.
Maratonas Aquáticas
Poliana Okimoto, bronze na Rio 2016, é terceira sargenta do Exército e também apoiada pela Bolsa Atleta desde 2012. Para os atletas da maratona aquática, foram desembolsados mais de R$ 2 milhões. Não há especificações para convênios diretamente para a modalidade, o ministério informou que Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) recebeu, desde 2010, mais de R$ 15 milhões para investimentos na natação, maratonas aquáticas, nado sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático.
Taekwondo
A Confederação Brasileira de Taekwondo recebeu em convênio com Ministério do Esporte R$ 3 milhões. Com o Bolsa Atleta, o aporte na modalidade foi de R$ 11,6 milhões. Maicon Andrade, bronze na categoria acima de 80 kg, recebe o benefício desde 2014, sendo ainda terceiro sargento da Aeronáutica.
Futebol
A seleção masculina ganhou pela primeira vez o ouro olímpico. O esporte que na categoria masculina é o mais profissional no país, ao contrário do feminino, que mesmo sofrendo do amadorismo, chegou em quarto lugar na Rio 2016. Somente a modalidade feminina recebe apoio do governo federal, recebendo recursos de patrocínio de estatais e de leis de incentivo ao esporte, além de R$ 9 milhões em bolsas atletas.
Edição: Fernanda Duarte
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PORTAL TERRA


Com 19 medalhas, Brasil tem melhor desempenho da história

Com o maior investimento já realizado num ciclo olímpico, atletas quebram os recordes de pódios e de ouros

Deutsche Welle

Como encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro chegou também ao fim o ciclo da 31º Olimpíada. Anfitrião, o Brasil realizou seu maior investimento esportivo da história e alcançou sua melhor participação olímpica - quantitativa e qualitativamente -, mas ficou abaixo da meta previamente estipulada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
O COB almejava a conquista de 22 medalhas nos Jogos do Rio de Janeiro e, consequentemente, que a delegação brasileira terminasse no top 10 no número total de pódios - sem levar em conta a cor da medalha. Bateu na trave. O Brasil conquistou 19 medalhas e terminou em 13º no quadro geral de medalhas, que prioriza o número de ouros. Se for levada em consideração a quantidade de pódios (como previa a meta do COB), o país subiria uma colocação, superando a Hungria.
Ao todo, foram sete ouros, seis pratas e seis bronzes: é a melhor participação brasileira em Jogos Olímpicos. Os Jogos mais dourados até aqui haviam sido os de Atenas, em 2004, quando Brasil voltou com cinco ouros. E o maior número de pódios era o de Londres, com 17 medalhas. Ambos foram superados no Rio de Janeiro.
Em seu balanço do desempenho brasileiro, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, considerou bem-sucedida a participação nos Jogos do Rio de Janeiro. Em vez de focar na meta do top 10, Picciani preferiu enaltecer outro recorde alcançado pelos atletas brasileiros: o número de finais. O Brasil participou de 50 decisões por medalhas em 2016; em Londres foram apenas 36.
"O Ministério está satisfeito com a atuação brasileira, foi a melhor participação do Brasil nos Jogos e houve uma evolução em quase todas as modalidades e nossa meta é superar em 2020 o resultado de 2016, que já superou largamente o de 2012", disse o ministro do Esporte neste domingo (21/08).
Algumas medalhas consideradas prováveis não se confirmaram, como, por exemplo, as do vôlei e do futebol feminino. Além disso, com quatro duplas de alto nível, o vôlei de praia poderia ter dado mais do que duas medalhas ao Brasil. O handebol feminino, campeão mundial em 2015, também ficou longe do pódio.
O judô, com três medalhas, ficou abaixo da meta estipulada pela própria federação brasileira, de cinco conquistas. A natação passou em branco nas piscinas do Parque Aquático Maria Lenk. E jovens talentos, como Ana Sátila, campeã mundial júnior na canoagem em 2014, decepcionaram - ela não passou da fase classificatória no slalom K1.
Isaquias Queiroz, o nome brasileiro dos Jogos
Mas, se houve decepções, também houve surpresas - as chamadas "medalhas inesperadas". São o caso do bronze de Maicon Siqueira, que entrou na competição do taekwondo como 51º do ranking mundial; do ouro de Robson Conceição, boxeador que nunca havia passado do primeiro combate em Jogos Olímpicos; ou até do ouro de Thiago Braz, no salto com vara, que evitou que o atletismo passasse novamente em branco.
Houve também muitas conquistas inéditas, como a primeira medalha feminina na natação, com a paulistana Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática, ou o inédito ouro na vela feminina, com Martine Grael e Kahena Kunze na classe 49er FX, ou até com as medalhas de Diego Hypólito e Arthur Nory na ginástica, que deram ao Brasil o primeiro pódio com dois atletas numa mesma prova individual.
O grande nome do Brasil dos Jogos do Rio de Janeiro, definitivamente, foi Isaquias Queiroz. Com duas pratas e um bronze, o canoísta se tornou o primeiro brasileiro com três medalhas numa mesma edição dos Jogos Olímpicos. Detalhe: ele tem apenas 22 anos. A façanha rendeu a ele a honra de carregar a bandeira do país na cerimônia de encerramento da Rio 2016.
Discussão atletas militares x Bolsa Atleta
Das 19 medalhas conquistadas, apenas duas foram em modalidades por equipe - vôlei e futebol masculino - e 14 foram de atletas militares: as exceções são Diego Hypólito, Isaquias Queiroz e Maicon Siqueira. A comparação entre o desempenho de atletas militares e o daqueles com o Bolsa Atleta aflorou uma discussão entre os torcedores brasileiros, que levaram às arenas esportivas o debate político em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
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Arthur Zanetti, que é um atleta militar, bate continência no pódio - Foto: Getty Images
O treinador do ginasta Arthur Zanetti chegou a acusar as Forças Armadas de "pegar atletas prontos" - acusação rejeitada pelo Exército, posteriomente, com a apresentação de inúmeros projetos voltados para a formação de atletas. Mas não se trata de uma discussão fundamentada, já que um atleta financiado pelo Exército pode também receber aporte do Ministério do Esporte e, obviamente, também de um patrocinador.
Maiores investimentos da história
Nos últimos três Jogos Olímpicos, o Brasil - com surpresas e frustrações - demonstrou uma leve evolução. Em todas as edições quebrou o recorde anterior de medalhas conquistadas. E, com os Jogos Olímpicos realizados no Brasil, modalidades esportivas menos populares podem receber mais adeptos e crescer. Para isso, o maior legado tem de ser a continuidade - e a melhora - dos investimentos feitos no esporte.
No recém-encerrado ciclo olímpico, o governo federal investiu cerca de 4 bilhões de reais, sendo cerca de 3 bilhões em estrutura, capacitação de profissionais e logística, e o restante em programas direcionados aos atletas, como o Blsa Pódio e o Bolsa Atleta. Foi o maior investimento da história, superando os 2 bilhões de reais para Pequim 2008. Picciani garantiu que os programas devem ser mantidos e melhorados para Tóquio 2020.

JORNAL CORREIO BRAZILIENSE


Sem discriminação

Tatuados não podem mais ser excluídos do serviço público. A eliminação só pode ocorrer caso a tatuagem seja incompatível com o cargo ou faça apologia a algum crime. Confira entrevista exclusiva com o ministro Luiz Fux sobre o caso.

Editais que limitam a admissão de pessoas em concursos públicos por fatores que não se relacionam ao exercício das funções no órgão e não sejam previstos por lei “são discriminatórios e inconstitucionais”, garantiu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, relator do voto que deu parecer favorável a recurso apresentado por um candidato ao concurso de bombeiro da Polícia Militar (PM) de São Paulo. Em 2008, Henrique Carvalho da Silveira foi aprovado nas provas escritas e de condicionamento físico, no entanto, foi barrado nos exames médicos por conta da imagem de um mago que carrega na perna. Tramitando entre cortes estaduais desde 2009, o caso só se desenrolou na última quarta-feira (17), quando, por sete votos a um, os ministros do STF decidiram que os critérios de seleção não podem ser arbitrários e devem ser previstos em lei para serem válidos.
Assim, os tatuados do Brasil que almejam um cargo público ganharam, na Justiça, uma garantia de que não poderão ser mais eliminados de seleções na administração pública. A decisão abre ainda precedentes para que outros pré-requisitos preconceituosos e infundados cobrados em editais sejam repensados. “A partir disso, podem surgir questionamentos sobre desigualdades injustificadas que recairiam na mesma solução. Essa decisão representará um paradigma para a hipótese de que há editais que discriminam candidatos sem justificativa”, observa Luiz Fux. Exemplos de critérios que poderiam ser revistos com base nisso estão presentes em concursos lançados em 2016. É o caso da exigência de ter, no mínimo, 20 dentes naturais, não ter cáries, restaurações e próteses insatisfatórias, como cobrado no Concurso de Formação de Oficiais da Ativa do Quadro de Engenheiros Militares do Exército, lançado em 1º de agosto; e realizar exame papanicolau ou teste de virgindade para mulheres, como previsto na seleção do Corpo de Bombeiros Militar do DF, lançada em 1º de julho.
Não apresentar mais que um grau de miopia, mesmo com correção de óculos, e não ter HIV foram critérios cobrados no concurso da Polícia Militar de Minas Gerais, aberto em 23 de maio; fístula congênita ou adquirida e ter passado por cirurgia de hérnia discal foram situações vetadas na seleção para Corpo de Engenheiros da Marinha, publicado em 11 de abril; estão entre outras exigências exóticas. Poderiam ser reconsiderados ainda requisitos como ausência de cicatrizes “antiestéticas” e de testículo único, previstos em certame da Polícia Militar do Acre de 2015; e a proibição de inscrições de mulheres e de candidatos casados, com união estável ou com filhos, como no certame da Escola Naval da Marinha, de 2015. Em casos semelhantes, candidatos entraram na Justiça para garantir seus direitos. Agora, a causa ganha força com a liminar favorável aos tatuados do Supremo Tribunal Federal. “A Constituição prevê o livre acesso aos cargos públicos. Para restringir, é preciso um amparo jurídico e uma lei muito expressivos”, afirmou Luiz Fux, em entrevista exclusiva ao Correio.
Questionado sobre concursos que exigem determinados exames somente para mulheres ou direcionam vagas apenas para candidatos do sexo masculino, o ministro afirmou que “isso realmente é uma violação do princípio de que homens e mulheres são iguais perante a lei”, mas ponderou que a exigência sempre deve ser compatível com a função que se vai exercer. “A decisão deve seguir o critério da correlação lógica. É comprovado cientificamente que homens têm mais força física que mulheres. Então, se são cargos que exigem mais força física, é razoável que se dê preferência aos homens”, explica. “Se alguém não tem boa capacidade respiratória para ajudar outras pessoas no caso de uma emergência, não deve se candidatar a um cargo de bombeiro”, exemplifica o ministro.
Aragonê Fernandes, juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), especialista em direito penal e professor de direito constitucional do IMP Concursos, analisa que as restrições presentes em editais para concursos militares têm amparo constitucional quando há legitimidade baseada nas especificidades da profissão. “Por exemplo, existem cargos militares compatíveis com pessoas mais jovens. No caso do concurso para bombeiros, o limite é 28 anos. Uma série de doenças pode incapacitar a pessoa para uma atividade militar, porque o porte físico tende a enfraquecer, como é o caso do vírus HIV”, observa. Ele atribui o maior contingente masculino em corporações a particularidades das funções. “Não há nenhum tipo de proibição da participação de mulheres, mas há certas necessidades. Por exemplo, não é permitido fazer revista em pessoa de outro sexo, e a maior parte dos criminosos é homem”, afirma.
Existem também diferenças entre os testes aplicados para cada gênero. “Há uma diferenciação no exame de aptidão física que considera essa divergência entre os tipos físicos. Homens têm que fazer mais flexões que mulheres. Mas isso é igualdade: tratar os desiguais de maneira desigual.” Fernandes relata que polêmicas em relação às determinações dos editais, frequentemente, acabam na Justiça. “Aberrações são retiradas logo, como o teste de virgindade previsto no concurso para bombeiros no DF (exigência eliminada após a repercussão)”, diz.
Acesso irrestrito
No desenrolar do processo que permitiu tatuagens em concursos votado no STF, o ministro Marco Aurélio Mello foi o único a ter posicionamento contrário por acreditar que, uma vez que esse critério estava previsto em edital, era de conhecimento do candidato antes da realização da prova. No entendimento do relator, Luiz Fux, obstáculos para assumir cargos devem se basear apenas em fatores que poderiam impossibilitar o exercício das funções específicas do órgão. No entendimento de Fux, as marcas corporais por si só não devem ser entendidas como transgressão a valores morais.
De acordo com ele, a tatuagem, desde que não seja incompatível com o cargo que se vai exercer (saiba mais em Três perguntas para), não afeta a competência do candidato. Concurseiros com marcas que representem obscenidades, ideologias terroristas, discriminatórias, que preguem a violência e a criminalidade ou temas inegavelmente contrários às instituições democráticas continuarão sendo barrados. “Depois que passam no concurso, muitos servidores fazem tatuagem: é uma forma de tratamento desigual, é uma desigualdade injustificada”, comenta.
Próximos editais
Pelo fato de a decisão ter se efetivado no Supremo Tribunal Federal, a última instância da Justiça no Brasil, a determinação não pode ser questionada e passa a valer para todos os outros concursos do país. Nenhum candidato poderá ser eliminado por causa de uma tatuagem, a não ser que haja uma justificativa fundamentada relacionada aos exercícios da função no posto. “Essa resolução repercute, por exemplo, no concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), cujo próximo edital é estimado para ser publicado no que vem com 1,9 mil vagas. É um alento para quem tem tatuagem e deseja fazer concursos”, afirma Aragonê Fernandes, juiz do TJDFT.
Graduada em serviço social, Nayara Lemos Villar, 26 anos, prestará o certame do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CMBDF), cujas provas serão aplicadas em 9 de outubro. Ela tem três tatuagens nos antebraços: um coração, uma âncora com símbolo celta e um dente de leão. No edital do concurso do CBMDF, está previsto que serão contraindicados à matricula os candidatos com tatuagens em áreas extensas do corpo, que possam prejudicar os padrões de apresentação pessoal e de uso de uniformes exigidos. Nayara acha a orientação incoerente. “Eu tenho noção dos meus direitos e pretendo entrar na Justiça caso ocorra algum problema”, afirma.
Julia Alves de Freitas, 22, formada em gastronomia, também prestará o concurso do Corpo de Bombeiros Militar do DF e ficou satisfeita com a decisão do STF. “A tatuagem não tira a minha capacidade de atender a população, de correr, usar minha força... Além disso, a conduta de alguém tem que ser avaliada pelas atitudes, não por marcas no corpo. Isso é uma forma que encontrei de me expressar e que tem um significado importante para mim”, conta ela que tatuou um anjo feminino seminu na lateral da panturrilha, árvores nas costas e atrás da orelha, e rosas na clavícula. “Quando decidi fazer as tatuagens, tinha ciência de que poderia ter problemas em concursos, mas como eu sei que a limitação era maior em certames militares, priorizei carreiras administrativas”, diz. “Achei ótima essa decisão. Que bom que o preconceito venceu mais uma barreira.”
Entenda o caso
Henrique Carvalho da Silveira, 30 anos, natural de Orlândia (SP), prestou concurso para o cargo de sargento bombeiro da Polícia Militar de São Paulo em 2008 e passou em todos os testes, menos no exame médico. “Apenas me falaram que eu não passei por causa da tatuagem, sem maiores explicações”, conta. O candidato, que tem um mago — de aproximadamente 15cm — na panturrilha direita, entrou na Justiça em 2009 contra o diretor do Centro de Seleção, Alistamento e Estudos de Pessoal da Polícia Militar do Estado de São Paulo e ganhou em primeira instância, em 2010, o que permitiu que ele participasse do treinamento para bombeiro. Após a conclusão do curso, começou a trabalhar no órgão. No entanto, em 2011, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) derrubou o mandado de segurança, e Henrique foi afastado das atividades.
“Foi bem cruel ser exonerado. Passei praticamente um ano no curso de formação e descobri que não ia poder atuar. Até a decisão sair no Diário Oficial, ainda pude trabalhar por um tempo”, lembra. Henrique entrou então com um recurso de repercussão geral — o que apela para uma decisão que não se referia apenas a um caso específico, mas a todos os similares no país —, que foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal em 2015. “Quando o caso cresceu, pensei: ‘vamos ajudar outras pessoas’. Eu estou nesse barco há tanto tempo e não queria que outros passassem por isso.” A decisão, na opinião dele, foi uma grande conquista. “Estou voltando para onde não deveria ter saído”, diz.
“O que não pode é que a imagem gravada na pele seja contrária aos princípios constitucionais. Aí, sim, o edital pode prever e recusar um candidato”, comenta o advogado de Henrique, Vicente de Paulo Massaro. “Esse julgamento vem para que não haja discriminação e deve incentivar que empresas privadas também não excluam candidatos por causa de um desenho corporal”, prevê.
Três perguntas para Luiz Fux
Como foi a base para a construção do seu voto na decisão sobre tatuagens em concursos?
Fizemos até uma digressão sobre a evolução da tatuagem, da marginalidade até o enquadramento no contexto social, e citamos fontes do direito estrangeiro, como o americano, o inglês e o alemão. Quando você cria uma tatuagem, isso é uma opção, uma liberdade de criar uma comunicação próprio com o mundo exterior. Hoje em dia, a tatuagem não apresenta mais nenhuma característica desabonadora da pessoa. Esse tipo de limitação é absurdo: é uma forma discriminatória que viola o princípio da igualdade. Numa democracia, a pessoa tem o direito de escolha, pois esse sistema se caracteriza pelo respeito às adversidades, às minorias. Mas há limites. O segmento policial pressupõe paz e ordem pública. Um policial não pode ter tatuagens que façam apologia à discriminação, à violência e a delitos, como o 121 (artigo do Código Penal que caracteriza o crime de homicídio), ou o desenho de um palhaço, que representa um criminoso que assassina policiais.
Essa decisão pode servir como precedente para mudar editais de concursos?
Se houver incompatibilidade entre o critério previsto e a função que você vai exercer, sim. Com base nisso, as eliminações podem ser feitas, de forma não discriminatória. Essa decisão vai criar um norte para todas as instituições que fazem concursos públicos. Quem tem tatuagem não tem mais nada a temer. No setor policial, o segmento pressupõe paz e ordem pública. Então tatuagens tribais ou outras inofensivas não devem ser discriminadas. Esse tipo de critério não é válido, especialmente, porque o pressuposto não é verdadeiro: candidatos com marcas corporais não necessariamente cometem delitos, assim como vários criminosos não têm tatuagem. O Supremo Tribunal Federal agiu em caráter repressivo, pois a eliminação do candidato (do concurso da Polícia Militar de São Paulo) foi absolutamente sem razão e, ao mesmo tempo, trouxe um recado para que os legisladores de todos os estados não coloquem em leis discriminações arbitrárias.
No caso de concursos que exigem exames como papanicolau e testes de virgindade, o mesmo critério se aplica?
Seria uma exigência equivocada, algo absurdo e injustificado e recairá na mesma discussão (sobre critérios incompatíveis com os postos abertos no concurso), salvo o critério da correlação lógica.
Significados
Símbolos problemáticos?
A Cartilha de Orientação policial — Tatuagens: desvendando Segredos, de autoria do capitão da Polícia Militar da Bahia e especialista em prevenção da violência Alden José Lázaro da Silva, publicada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia em 2012, lista tatuagens que podem indicar indícios de envolvimentos com crimes. No documento, Silva afirma que o objetivo não é discriminar tatuados, mas ajudar a identificar suspeitos. Os desenhos foram listados com base em figuras em presos e o histórico dos criminosos:

» Chuck, boneco assassino: violento, associação à facção criminosa A.D.A., matador de policiais
» Índia: comum em traficantes
» A morte: criminosos envolvidos em grupos de extermínio
» Jesus: usado por pessoas que se dedicaram ao crime desde muito cedo
» Nossa Senhora Aparecida: latrocida ou estuprador
» Palhaço: envolvimento com formação de quadrilha e assassinato de policiais
» Diabo: pistoleiro
» Fuzil: usa arma em crimes
» Pontos na mão: hierarquia do crime; um ponto: batedor de carteira; dois pontos: estuprador; quatro pontos: traficante
» Folha da maconha, saci-pererê ou duende: usuários e traficantes de drogas
» Bruxo: assaltantes de ônibus e lojas
» Papa-léguas: criminosos que usam motocicleta para transportar drogas
Contraponto
Associações indevidas

Colocar significados nas tatuagens e determinar a índole das pessoas por elas é um preconceito. Tenho um amigo que tem tatuagem de palhaço e não assassina policiais. Não dá para fazer esse tipo de julgamento. Cada tatuagem tem um significado relativo: generalizar é errado. Considerar as siglas recorrentes dentro da cadeia não faz sentido, porque não é o nosso mundo. Conheço vários policiais tatuados que utilizam símbolos do próprio trabalho, como por exemplo a faca na caveira, do Bope. Como o ministro falou, tatuagem é uma forma de expressão.
Rogélio Santiago Paz, tatuador da Rogélio Tattoo, na 905 Sul

REVISTA ÉPOCA


Eles merecem o título de heróis

Atletas obstinados como Thiago Braz, medalha de ouro no salto com vara, venceram a pobreza e o amadorismo no país. Como podemos gerar mais campeões como eles

Com Beatriz Morrone, Liuca Yonaha E Rodrigo Capelo

ImagemA chuva torrencial que caía no Rio de Janeiro ameaçava interromper as competições do mais nobre esporte olímpico, a origem das Olimpíadas, o atletismo, disputado no estádio Engenhão. Era noite de terça-feira, dia 16, e os atletas se preparavam para competir apenas no dia seguinte. A torcida deixava o Engenhão, mas Thiago Braz estava concentrado. No canto, se preparava em silêncio. Depois de uma hora de atraso, a organização decidiu retornar as competições na sessão noturna da Rio 2016. Minutos antes de as eliminatórias do salto com vara recomeçarem, um novo revés: o equipamento que eleva o sarrafo, a barra que os atletas têm de saltar, simplesmente quebrou. Os competidores esperaram mais 15 minutos até a solução.
O tempo inteiro Thiago aguardou em silêncio, pensando na estratégia que adotaria. O salto com vara não é um esporte apenas de explosão e de físico, mas também um jogo de estratégia, uma espécie de xadrez ou pôquer do atletismo. Qualquer competidor pode elevar o sarrafo a uma marca superior à do adversário dentro de um limite de tentativas. Vence não apenas quem salta sobre o sarrafo, mas quem desafia o limite do adversário na hora certa. Foi o que fez Thiago, com maestria. Rivais fortes caíram pelo caminho: o polonês Piotr Lisek, o theco Jan Kudlika e o chinês Chiagrui Xue. No final, restavam o americano Sam Hendricks, Thiago Braz e o francês Renaud Lavillenie, recordista mundial, multicampeão e ouro em Londres 2012.
A medalha de Thiago estava garantida – restava saber qual. Lavillenie colocou o sarrafo na marca de 5,93 metros e passou logo no primeiro salto. Em três tentativas, Hendriks não conseguiu saltar. Thiago já tinha pelo menos a prata. O Engenhão tremia. Lavillenie precisava derrotar Thiago e colocou o sarrafo em 5,98 metros. Quebrou o recorde olímpico – um feito tranquilo para quem saltou 6,16 metros em 2015 e estabeleceu novo recorde mundial. Thiago, então, trucou Lavillenie. Não se contentou com a prata e colocou o sarrafo 10 centímetros acima de seu recorde pessoal, em 6,03 metros. Cada um teria três chances de saltar. Lavillenie saltou e derrubou o sarrafo. Thiago também não conseguiu ultrapassar. Na segunda tentativa, Lavillenie de novo derrubou o sarrafo. Thiago foi para o salto imbuído de toda a energia de que dispunha. Com o olhar absorto, quase fora do Engenhão, Thiago correu a quase 30 quilômetros por hora, fincou a vara no chão e saltou. No futebol, narradores diriam que foi a pintura. Um salto perfeito. Thiago batia ali um recorde olímpico estabelecido 15 minutos antes – e tinha o ouro quase na mão. Lavillenie poderia igualar a marca, mas preferiu elevar o sarrafo a 6,08. Sob vaias retumbantes, Lavillenie derrubou o sarrafo. Ouro para Thiago.
Thiago era uma esperança de medalha para o Brasil. Em fevereiro deste ano, alcançou 5,93 metros no torneio de atletismo indoor Istaf, em Berlim, deixando em segundo o francês Lavillenie. Foi a melhor marca da história da América do Sul. Em 2012, ele havia se sagrado campeão mundial juvenil em Barcelona, Espanha, com a marca de 5,55 metros. Thiago é o Pelé do salto com vara, apenas não estavam prestando atenção nele. Ele era desconhecido do público brasileiro, em geral monoesportivo e dedicado apenas ao futebol. Sergei Bubka, maior recordista e medalhista olímpico da história do salto com vara, disse: “ Thiago Braz vai superar meus recordes”. A medalhista olímpica russa Yelena Isinbayeva desde 2014 diz que Thiago “é uma estrela”, um “novo Bubka”.
Na Olimpíada do Rio, o saldo de medalhas do Brasil foi garantido pelo desempenho de heróis com Thiago, mais do que o por qualquer política do Estado. Isso ajuda a explicar porque o Brasil não muda de categoria na geopolítica do esporte. Até o fechamento desta edição, tínhamos um total de 15 medalhas, sendo cinco de ouro (igualando o recorde de Atenas). A prata no futebol está garantida, então já temos ao menos 16 medalhas. Outras medalhas virão até o encerramento na noite do dia 21. Mas só um milagre nos colocará entre os dez primeiros colocados no ranking. É onde deveríamos estar, com a quinta maior população, a nona maior economia do mundo – e a meta de 25 a 27 medalhas estabelecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Nossos atletas nos deram alegrias e glórias, mas não nos fizeram muda de patamar olímpico. Continuamos com a mesma ordem de grandeza em medalhas desde os Jogos de Atlanta, em 1996 – entre dez e 20. Não viramos uma potência. Por quê?
Para entender melhor, basta examinar a trajetória de Thiago e de outros campeões. Robson Conceição, no boxe, dava socos em sandálias Havaianas para treinar. Isaquias, na canoagem, ganhava R$ 50 por mês de seu treinador para poder apenas treinar. Rafaela Silva foi descoberta em um projeto social na Cidade de Deus. Todos eles quase desistiram do esporte, ou pelas dificuldades de treinamento ou por falta de incentivo. Milhares de jovens talentos e promissores atletas são obrigados a parar de competir. 
Foi a fibra de Thiago e uma série de coincidências que o ajudaram a persistir. Depois da vitória histórica, ao lhe perguntarem quem seriam as pessoas mais importantes em sua trajetória, ele respondeu: “ Deus e meus avós”. Thiago foi abandonado pelo pai quando era bebê e, mais tarde, aos 7 anos, pela mãe. Ela deixou Thiago com os avós paternos, Maria do Carmo e Orlando. Na carta de despedida, dizia que teria condições de criar o filho, mas viria buscá-lo todo fim de semana para ficar com ele aos sábados e domingos. “ Ele ficava com a mochilinha esperando no portão”, contou a avó Maria do Carmo.
Quem percebeu que o esporte seria a melhor válvula de escape para o menino introvertido escapar da dor do abandono foi o tio de Thiago, o praticante de decatlo Fabiano Braz. Aos 11 anos, Thiago queria ser jogador de basquete. Depois de seis meses treinando o esporte, Fabiano o apresentou ao atletismo. “Meu tio me ajudou a ter um futuro”, diz Thiago Braz. Três anos depois, começou a treinar salto com vara com Luiz Carlos Albieri, o Esquilo. O treinador foi o principal responsável por transformar a escolinha de atletismo de Marília, interior de São Paulo, em um celeiro de atletas olímpicos entre as décadas de 1990 e 2000.
Em Marília, havia apenas uma vara para cinco atletas saltarem. Em 2006, Thiago foi treinar em Bragança Paulista, São Paulo, onde havia uma estrutura mais completa, mas nem tanto. Chegou a dormir no chão do alojamento, mas não desistiu. Foi ali que começou a se destacar. Em 2009, aos 15 anos, conquistou o bronze sul-americano juvenil. No mesmo ano, começou a treinar com Elson Miranda de Souza, marido e técnico de Fabiana Murer. Considerado menino prodígio no esporte, Thiago Braz superou cada problema ou desconfiança dando saltos cada vez mais altos. 
Thiago desde cedo soube que a vida afaga e castiga, às vezes ao mesmo tempo. Em 2014, Thiago se casou com Ana Paula Oliveira, atleta do salto em altura, depois de dois anos de namoro. No mesmo ano, decidiu treinar em Formia, na Itália, com o mítico técnico ucraniano Vitaly Petrov, mentor de Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva. Ele se preparava para uma grande temporada em 2014 quando sofreu um baque. Durante a disputa da Liga Diamante, em Lausanne, na Suiça, caiu fora do colchão e quebrou a mão. Passou por cirurgia e ficou cinco meses fora das pistas. Só conseguiu retomar os treinamentos no começo de 2015.
Treinado com Petrov, Thiago atingiu um novo patamar e passou a bater seus próprios recordes. Com 1,83 metro e pernas compridas, Thiago aprendeu a movimentar as pernas com o joelho quase na altura do peito, como Bubka, o que lhe garante um impulso muito maior. A técnica quando está no topo do salto, pouco antes de passar o sarrafo, também é idêntica: um movimento preciso para contornar o sarrafo e ganhar alguns centímetros de altura ao largar a vara de impulsão. Além de tudo, Thiago é focado e só pensa em treinar. Em dois anos na Itália, Thiago disse que não conheceu nada. “Eu só queria saber de acordar, tomar café, treinar, voltar para casa, comer e dormir”, afirma.
Thiago chegou aonde chegou porque é um menino prodígio e, mesmo com todas as dificuldades, teve a oportunidade de dar um passo além. Primeiro foi o apoio incondicional da família. Depois, a sorte de treinar com o melhor técnico de salto com vara do Brasil, Elson Miranda de Souza. Por fim, o apoio e o respaldo da Confederação Brasileira de Atletismo para treinar com Petrov, o maior técnico do mundo. 
Há casos em que nem isso foi possível – e a luta para chegar ao pódio foi ainda mais árdua. É o caso de Robson Conceição, que conseguiu o inédito e aguardado ouro para o Brasil no boxe. Robson subiu ao ringue para treinar no começo da adolescência, na Bahia. “A gente diz que é a Cuba do Brasil”, afirma sobre os nomes de sucesso no esporte vindos do estado. No início, ele só queria aprender a ganhar brigas de rua no Carnaval de Salvador. Caiu nas mãos de Luiz Dórea, responsável pela formação de Popó, Adriana Araújo e Junior Cigano, entre outros. Sem dinheiro, improvisava formas de conseguir ataduras para as mãos e os punhos. “Passava no posto médico fingindo que estava com o braço machucado para conseguir”, diz. Campeão brasileiro aos 17 anos, Robson nunca conseguiu muito apoio de patrocinadores nem de confederação. Foi feirante, ajudante de cozinha, vendeu picolé de limão nos semáforos de Salvador. Trabalhava de manhã, treinava à tarde, estudava à noite.
Conterrâneo de Robson, o canoísta Isaquias Queiroz também teve uma infância pobre e só foi conseguir apoio para treinar na adolescência. Com nove irmãos, ele morava em uma casa humilde em Ubaitaba. Em tupi, o nome do município siginifica “cidade das canoas”. A mãe de Isaquias, Dilma de Souza, perdeu o marido cedo e se desdobrava sozinha com as crianças e com o seu trabalho exaustivo como servente na rodoviária da cidade baiana. Isaquias usava a canoa como transporte, como quase toda a população da cidade. Foi assim que ele chamou a atenção de Figueroa Conceição, que o treinou e, aos poucos, colocou o menino para competir. Mas Isaquias tinha de ajudar a família e também não conseguia treinar em tempo integral.
Isaquias precisava se dividir entre as competições de canoagem e o trabalho na feira de Ubaitaba. Para ajudar a família, transportava compras em um carrinho de mão às sextas-feiras e aos sábados. Ganhava R$ 1 ou R$ 2 pela “viagem”. Isaquias largou a jornada dupla quando Jefferson Lacerda, pioneiro da canoagem se juntou a um colega para “patrociná-lo”. O atleta, que pedia até roupas emprestadas para poder competir, recebia R$ 50 mensais. Só em 2014 começou a treinar com atletas estrangeiros, quando o Comitê Olímpico Brasileiro contratou o vitorioso técnico espanhol Jesús Morlán para treinar a equipe da seleção masculina de canoa.
Em comparação com Thiago, Robson e Isaquias, Martine Grael e Kahena Kunze, campeãs da vela na classe 49er FX, não tiveram infância pobre nem talento escondido. Martine é filha do cinco vezes medalhista olímpico Torben Grael, e Kahena de Claudio Kunze, campeão mundial júnior de vela. As duas se conheceram na adolescência, quando começaram a competir como rivais. Depois, uniram-se. Juntas, treinaram duro até começar a levar títulos internacionais. Sua conquista se deve, principalmente, ao apoio da família e à dedicação individual. Como os outros heróis olímpicos do Brasil, não foram descobertas ou polidas por nenhum programa oficial esportivo. 
A história dos principais medalhistas olímpicos da Rio 2016 ilustra a situação crítica em que se encontra o apoio ao esporte no país. Tirando futebol e vôlei, que, mesmo com seus problemas crônicas de corrupção endêmica de dirigentes, tem uma estrutura que permite a revelação de incontáveis atletas, o Brasil só consegue se destacar em um esporte quando surge um talento individual, um herói, uma força da natureza que se desenvolve apesar de tudo. Como poderia ser diferente?
A experiência do Reino Unido oferece uma pista. O domingo, dia 15 de agosto de 2016, entrou para história dos esportes na Grã-Bretanha. Em um único dia, o país subiu ao lugar mais alto do pódio cinco vezes. Nem mesmo na Olimpíada de 2012, jogada em casa, os ingleses tiveram um dia como esse. Com 56 medalhas até o fechamento desta edição, sendo 22 ouro, o desempenho inglês no Rio de Janeiro é um exemplo de política efetiva de esporte a longo prazo que pode servir de exemplo para qualquer país – principalmente para aqueles que fizeram um investimento para sediar os Jogos.
O marco do início do ponto de virada dos ingleses ocorreu no retorno humilhante da equipe britânica dos Jogos de Atlanta, em 1996. O país trouxe para casa um único ouro. E ficou num terrível 36º lugar no ranking. Até então seu pior desempenho fora um 18º lugar. Para sair do buraco, o país criou um mecanismo de patrocínio mais agressivo para o esporte. Pela primeira vez, parte da renda arrecadada com as loterias federais alimentaria o treinamento dos atletas de elite. A partir de então, o país voltou a figurar entre os dez melhores em todas as Olimpíadas que vieram a seguir.
O desempenho em Londres deu um gostinho de missão cumprida, mas nem por isso o país afrouxou o trabalho em torno dos atletas de alto rendimento. E aí está o pulo do gato do país quanto à política de esportes. Mesmo depois do rombo que os cofres ingleses sofreram para sediar os Jogos de 2012 – aquela foi a Olimpíada mais cara da história, com custo de US$ 15 bilhões -, eles não desistiram da política de longo prazo de investimento em seus atletas. Entre 2013 e 2017, os investimentos ingleses cresceram 11% em relação ao quadriênio anterior, chegando a 350 milhões de libras. O resultado dessa política pode ser visto no ranking atual dos Jogos no Rio.
Vinte anos antes de Londres, a Espanha já mostrara que se entregar à ressaca pós-Olimpíada poderia representar um retrocesso difícil de ser superado. Para os Jogos de 1992, em Barcelona, a Espanha conseguiu mobilizar R$ 150 milhões somente em treinamento de atletas, valor 400% maior do que o investido no período de 1984 a 1988. Boa parte desse dinheiro foi captada em empresas que associaram suas marcas aos atletas espanhóis. O gás financeiro adicional levou o país a alcançar seus melhores resultados na história das Olimpíadas, com 22 medalhas e 6º lugar no ranking global. A estrutura montada para brilhar dentro de casa, no entanto, não foi organizada para virar uma política consistente de investimento no esporte. A Espanha nunca mais ficou entre os dez primeiros países nos jogos.
O Brasil, infelizmente, não corre o risco de se comportar nem como a Espanha. Isso porque não chegamos a nos preparar de verdade para a Olimpíada que sediamos. Por que não conseguimos mostrar essa máquina sustentável de craques em outros esportes?
O caso da natação brasileira mostra como é difícil. De 1992 até hoje, apenas em 2004, em Atenas, e agora, na Rio 2016, a natação brasileira não chegou ao pódio. As maiores esperanças eram Thiago Pereira, que terminou apenas no 7º lugar nos 200 metros quatro estilos, e Bruno Fratus, 6º nos 50 metros livre. O Brasil se acostumou a ver nadadores competindo por medalhas desde Barcelona. Por que a natação brasileira fez água? O problema não foi dinheiro, mas gestão e planejamento. Houve muito investimento, mas os resultados entre 2013 e 2015 ficaram abaixo da expectativa. No Rio de Janeiro, os nadadores brasileiros fizeram 22 vezes tempos piores do que eles mesmos já tinham feito em outras competições internacionais. Uma das explicações é que o Brasil gasta muito tempo e dinheiro preparando atletas para provas de 50 metros borboleta, costas e peito, que não são olímpicas. Além disso, o modelo brasileiro é baseado nos clubes e federações. “É preciso que seja feito um trabalho de coordenação para que essas federações organizem campeonatos com foco em provas olímpicas. E que elas se tornem autossustentáveis, que consigam criar um programa capaz de gerar patrocínio privado”, afirma Alexandre Pussieldi, treinador e consultor de natação.
Se em esportes consagrados como a natação já é difícil investir direito, imagine em esportes com pouca visibilidade, como a ginástica artística, o boxe e a canoagem. Em meio ao vácuo de investimentos e de planejamento, as Forças Armadas brasileiras encontraram uma oportunidade. Há 145 atletas ligados às Forças Armadas competindo no Rio 2016, um terço da delegação brasileira. Atletas como os ginastas Arthur Zanetti (prata) e o colega Arthur Nory (bronze), os judocas Rafael Baby Silva (bronze), Sarah Menezes ou Rafaela Silva (ouro), a dupla de jogadoras de vôlei de praia formada por Talita e Larissa, o atirador Felipe Wu (prata), a esgrimista Amanda Simeão, a maratonista aquática Poliana Okimoto (bronze) e o boxeador Robson Conceição (ouro) passaram por um edital público e se tornaram militares. Fazem parte do Programa Atletas de Alto Rendimento (Paar) das Forças Armadas, criado em 2008 em uma parceria entre os ministérios da Defesa e Esporte. O projeto consome R$ 18 milhões por ano, entre eventos esportivos, equipamentos e salários. Inspirado em experiências de países como Alemanha, China, Rússia, França e Itália, tem dois objetivos: apoiar o esporte brasileiro e conquistar espaço nos campeonatos internacionais militares, eventos em que o país é a segunda potência esportiva. Além da instrução básica militar, os atletas recebem um salário equivalente ao terceiro-sargento (cerca de R$ 3.200) e benefícios como plano de saúde, alimentação e apoio psicológico. As Forças Armadas também emprestam instalações dos centros de treinamento da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A única obrigação militar do atleta é, quando convocado, participar das competições militares. “Sem o apoio das Forças Armadas, não sei se teria conseguido continuar no boxe e conquistar uma medalha”, diz Robson Conceição. O programa sofre críticas. “Gostaria que os militares fizessem o trabalho de base”, diz Marcos Goto, treinador de Arthur Zanetti. “Quero ver apoiar a criança até chegar lá”, afirma. A despeito das críticas, é elogiável o protagonismo das Forças Armadas.
Por outro lado, também mostra a deficiência brasileira em descobrir, manter e desenvolver seus atletas. Para Pedro Trengouse, coordenador do curso de aperfeiçoamento em gestão esportiva na Fundação Getulio Vargas On-line, o problema é simples. “O dinheiro tem de chegar ao atleta a ao clube”, diz. Para ele, não falta dinheiro, mas gestão. A Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte gastou R$ 1,5 bilhão por ano com preparação de atletas para a Olimpíada. Em 2015, foram 300 milhões só com recursos da loteria, fora dinheiro da Lei de Incentivo ao Esporte e das Estatais. Um dinheiro que fica nas confederações, enquanto os clubes, que preparam o atleta, recebem muito pouco. “Os atletas brasileiros são heróis porque, mesmo com toda essa distorção, conseguem se superar. O desempenho deles é pessoal”, diz Trengouse. Após o encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro, talvez tenhamos a sensação de que perdemos repetidas oportunidades. Mas não podemos desistir. Depois que a tocha olímpica deixar o Rio, a cidade e o resto do país ficarão com um legado. O legado físico de instalações esportivas. E o legado impalpável, embora forte, de uma geração de crianças que viu a Olimpíada aqui e vai sonhar com suas glórias. Precisamos dar uma chance a elas.
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JORNAL ZERO HORA


Com o fim da Olimpíada, esporte brasileiro corre o risco de perder investimentos

Bolsa Pódio é o mais ameaçado entre os programas de incentivo aos atletas

André Baibich

- Não tenho como dizer como vai ser o futuro. Esses projetos provavelmente vão acabar do jeito que está a situação. A gente tem se informado e tem sido informado sobre isso. Agora é aguardar para ver o que vai acontecer - disse um pessimista e preocupado nadador Henrique Rodrigues, ao deixar sua bateria semifinal dos 200m medley.
A frase resumia o sentimento dos atletas sobre o que poderia ocorrer no pós-Olimpíada com o esporte brasileiro, que bateu recorde de medalhas no Rio de Janeiro impulsionado por investimentos na preparação de cerca de US$ 600 milhões (mais de R$ 1,9 bilhão) nos últimos quatro anos. Criou-se uma rede de recursos de várias fontes, a maior parte públicos, para auxiliar os atletas. Ao menos a promessa das autoridades é que os programas serão mantidos. O desafio é que, em Tóquio 2020, o Brasil esteja mais próximo de seguir o exemplo britânico e não repita a derrocada da Grécia depois de sediar os Jogos de Atenas.
ImagemO país-sede costuma ter resultados históricos em Olimpíadas para depois ter uma leve queda nos ciclos seguintes. A Grã-Bretanha quebrou, no Rio, essa tendência. Superou o número de pódios de Londres e terminou na histórica segunda colocação do quadro de medalhas, à frente da China. A Grécia, no sentido contrário, murchou após Atenas 2004. Depois dos 16 pódios em casa, foram quatro em Pequim, dois em Londres e seis no Rio.
- A gente precisaria de mais uns 20 anos de investimento para fazer algo como o que fez a Grã-Bretanha. Ela desenhou uma política de Estado ligada ao esporte – destaca o gerente executivo do COB, Marcus Vinicius Freire.
Talvez a iniciativa mais próxima da tal "política de Estado" seja a Rede Nacional de Treinamentos, do Ministério do Esporte, que prevê forte investimento em infraestrutura. Nos últimos quatro anos, aparelhos como novas pistas de atletismo foram erguidos pelo país. Algumas das arenas do Parque Olímpico, por exemplo, fazem parte da Rede e permanecerão como estruturas de alto nível para equipes brasileiras. Dos 239 Centros de Iniciação ao Esporte com construção prevista no programa (um aporte de R$ 861 milhões), apenas um foi entregue, em junho, em Franco da Rocha, interior paulista. Com os cortes que têm atingido vários setores do governo, há dúvida sobre a continuidade do projeto, mas o Ministério do Esporte garante que o entregará.
A Lei de Incentivo ao Esporte, que oferece vantagens tributárias a empresas que bancam projetos aprovados pelo Ministério, já teve sua prorrogação aprovada no Congresso. O desafio agora é conseguir captar, junto à iniciativa privada, os recursos já aprovados.
- Nós temos de oferecer mais vantagens para que as empresas patrocinem. A maior dificuldade da Lei é a captação – defende o deputado federal João Derly (REDE-RS).
Outro programa com continuidade garantida é o Bolsa Atleta, que remunera atletas de destaque e já foi transformado em lei. Sua modalidade de remuneração mais alta, o Bolsa Pódio, que foi implementado com foco em 2016, também tem sequência assegurada pelo governo federal.
- Vamos manter o Bolsa Atleta, e vamos buscar mecanismos para que o Bolsa Pódio seja mais eficiente, modalidade a modalidade. É preciso que o esporte seja visto como política pública necessária para o desenvolvimento do país – afirmou o ministro do Esporte, Leonardo Picciani.
O Bolsa Pódio distribui salários entre R$ 5 mil e R$ 15 mil para atletas que, de acordo com avaliação do Ministério, entram em Jogos Olímpicos com chance de medalha.
Há também a situação das Confederações, que foram, em grande parte, turbinadas por patrocínios de empresas estatais. Petrobras, BNDES, Correios, Caixa, entre outras corporações ligadas ao Estado, injetaram recursos além dos oriundos da Lei Agnelo Piva, que distribui um percentual dos ganhos com as loterias federais para as entidades de cada modalidade. No cenário de crise, com várias dessas empresas prejudicadas financeiramente, pode ser um aporte sob risco nos próximos quatro anos.
Ministério da Defesa seguirá investindo em militares temporários
Criado em 2008, o Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR), que seleciona esportistas para fazer parte das Forças Armadas, seguirá firme até 2020, com foco nos Jogos Mundiais Militares de 2019 e a Olimpíada de Tóquio.
Exército, Aeronáutica e Marinha fazem a seleção de seus novos integrantes por meio de editais públicos. Os atletas se candidatam e são avaliados, sendo que seus resultados esportivos entram como um dos critérios para a escolha.
Assim, 145 dos 465 competidores brasileiros nos Jogos do Rio são militares. Por isso a cena de atletas prestando continência nos pódios tornou-se tão comum.
Os selecionados recebem remuneração (um terceiro sargento ganha salário líquido de cerca de R$ 3,2 mil) e benefícios. Podem também utilizar as instalações militares para treinos. Os contratos temporários são de, no máximo, oito anos, mas podem ser renovados.

PORTAL BRASIL


Forças Armadas devem ampliar investimento em atletas

Competidores ligados à Marinha, ao Exército ou à Aeronáutica conquistaram 12 medalhas nos Jogos Rio 2016

As Forças Armadas fizeram neste fim de semana o balanço da participação dos atletas militares nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Das 18 medalhas do Time Brasil, 12 foram conquistadas por atletas ligados à Marinha, ao Exército ou à Aeronáutica.
Dos 462 atletas da delegação brasileira, 145 – quase um terço – são militares.
A judoca Rafaela Silva, que conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nesta Olimpíada, falou sobre a vantagem de fazer parte da equipe da Marinha depois de subir ao pódio.
Cerca de 670 atletas fazem parte do programa de alto rendimento das Forças Armadas. Eles são selecionados por meio de um concurso público que leva em conta o desempenho anterior.
Outros 21 mil jovens são incorporados às equipes militares por meio de programas de iniciação e incentivo ao esporte.
O almirante Paulo Zuccaro informou que o Ministério da Defesa destina R$ 18 milhões por ano para atletas de alto rendimento. Já o Ministério do Esporte investiu, nos últimos cinco anos, R$ 120 milhões nas instalações esportivas militares e R$ 25 milhões para levar atletas brasileiros às principais competições mundiais.
Zuccaro acrescentou que as Forças Armadas pretendem ampliar os programas voltados para o esporte e criar uma versão paralímpica.

PORTAL BBC


Com festa de ícones brasileiros no Maracanã, Rio se despede da Olimpíada

Com interpretação de Carmem Miranda, projeções de Tarsila do Amaral e hino ao som de tambores, uma festa no Maracanã marcou o fim aos Jogos Olímpicos do Rio.

A cerimônia de encerramento começou às 20h com artistas dançando e formando ícones do Rio, como o Cristo e o bondinho, seguido por projeções de telas da artista Tarsila do Amaral, ao som da banda Barbatuques. Martinho da Vila interpretou canções como "Carinhoso" e Roberta Sá incorporou Carmem Miranda ao cantar Tico-tico no Fubá.
Com interpretação de Carmem Miranda, projeções de Tarsila do Amaral e hino ao som de tambores, uma festa no Maracanã marcou o fim aos Jogos Olímpicos do Rio.
A cerimônia de encerramento começou às 20h com artistas dançando e formando ícones do Rio, como o Cristo e o bondinho, seguido por projeções de telas da artista Tarsila do Amaral, ao som da banda Barbatuques. Martinho da Vila interpretou canções como "Carinhoso" e Roberta Sá incorporou Carmem Miranda ao cantar Tico-tico no Fubá.
O baiano Isaquias Queiroz entrou carregando a bandeira nacional, após ter conquistado três medalhas na canoagem - um feito inédito para o esporte brasileiro.
Na reta final da cerimônia, houve ainda homenagens à mulher rendeira, interpretação da música "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e a participação de crianças guaranis. Projeções de pinturas rupestres lembraram o Parque Nacional da Serra da Capivara, que chegou a ser fehcado nesta semana, por falta de financiamento.
Após a entrega de medalhas dos maratonistas da prova masculina e a interpretação dos hino olímpico e o da Grécia, teve início a parte da cerimônia realizada pelo Japão, que abrigará os Jogos Olímpicos de 2020. Um dos momentos que mais chamou a atenção, o primeiro-ministro Shinzo Abe surgiu no Maracanã com um chapéu do personagem de videogame Mario, da japonesa Nintendo.
Durante um trecho mais protocolar da cerimônia, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, fez seu discurso, enquanto as imagens da TV mostravam muitos assentos vazios na arquibancanda atrás dele.
A chama olímpica foi apagada e, em seguida, o Maracanã virou uma espécie de Sapucaí, com a cerimônia de encerramento se transformando em um verdadeiro desfile de escolas de samba.
No fim da festa, ao som de sambas enredos e marchinhas carnavalescas clássicas, atletas de diferentes países usaram adereços dos passistas e alguns chegaram a subir no carro alegórico.
Medalhas
Horas antes, a vitória da seleção masculina de vôlei, contra a Itália, ajudou a garantir ao Brasil sua melhor Olimpíada da história, tanto no número de ouros quanto no total de medalhas.
Ao todo, os atletas do país conseguiram um recorde de 19 medalhas. A melhor campanha até então era a dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, com 17. O número de ouros olímpicos conquistados pela delegação brasileira também é inédito. Foram sete, superando os cinco obtidos nos Jogos de Atenas, em 2004. Na Olimpíada anterior, em Londres, o Brasil obteve apenas três.
Mais um recorde foi batido na posição geral no quadro de medalhas. Os brasileiros fizeram no Rio sua melhor campanha, fechando os jogos em 13º lugar, três posições acima do 16º obtido em Atenas, sua melhor colocação até então.
A Olimpíada de Atenas, em 2004, também foi a última vez que a seleção masculina de vôlei ganhou o ouro olímpico. Além disso, o time estava há seis anos "na seca" e não conquistava um título desde que se sagrou tricampeão do Campeonato Mundial, em 2010.
Entre os 10 primeiros
No entanto, o Brasil não alcançou a meta de ficar entre os dez primeiros países no quadro de medalhas.
O objetivo era parte de um plano, lançado um mês após os Jogos de Londres, que previa "um novo patamar de investimentos no esporte visando a preparação de nossos atletas olímpicos e paraolímpicos para os Jogos Rio 2016", segundo a descrição oficial.
Anunciado pelo governo de Dilma Rousseff, compreendia R$ 1 bilhão em recursos adicionais entre 2013 e 2016, a construção de centros de treinamento e a instituição de programas como o Bolsa Pódio.
O plano também estabeleceu colocar o Brasil entre os cinco primeiros colocados nos Jogos Paralímpicos, que ocorre entre 7 e 18 de setembro. Se for bem sucedido, o resultado será também inédito.
No balanço olímpico, vale lembrar também que atletas militares conquistaram 12 das 19 medalhas, gerando polêmica especialmente quanto muitos deles bateram continência no pódio.
Os atletas militares integram o Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), iniciado em 2008 com o objetivo de tornar o Brasil mais competitivo para a 5ª edição dos Jogos Mundiais Militares, que ocorreram no Rio de Janeiro, em 2011.
O Exército e a Marinha abriram concursos para incorporar atletas civis que já tinham bom desempenho em competições reconhecidas (mais tarde, a Aeronáutica também entrou no programa).
O projeto recebeu críticas por oferecer apoio apenas a atletas já consagrados e ajudar pouco na formação de novos nomes.

JORNAL A CRÍTICA (AM)


Medalhas Sem Partido


Orlando Câmara

Até a manha da última sexta-feira, 11 das 15 medalhas brasileiras nas Olimpíadas foram feitos alcançados por atletas militares. Se considerarmos que apenas 30% da delegação é de profissionais das forças armadas (145 dos 465 atletas), podemos dizer, sem medo de errar, que o investimento realizado pelos militares foi infinitamente mais eficiente, eficaz e efetivo que aquele empreendido pelo Governo Federal.
Dados oficiais dão conta que o “Programa Atletas de Alto Rendimento” lançará mão, em 2016, de R$ 43 milhões, para apoiar 670 esportistas dos quadros da Aeronáutica, Exército e Marinha. Enquanto isso, a União desembolsará um total de mais de R$ 1 bilhão, com os programas “Bolsa Atleta” (R$ 330 milhões desde 2010), “Equipamento de Ponta e Preparação de Atletas” (R$ 350 milhões) e “Plano Brasil Medalhas” (R$ 328 milhões).
Traduzindo tudo em números, pode-se dizer que 73% das medalhas foram conquistadas com apenas 4,3% do total do investimento do Governo Federal. Um excelente desempenho em termos de custo-benefício. Mas, apesar disso, tem muita gente descontente porque alguns dos atletas prestaram continência no pódio, na hora do hasteamento da bandeira brasileira. Dizem se tratar de propaganda ou manifestação política, proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional.
De minha parte, quero parabenizar o Brasil – sim, as olimpíadas em território nacional foram um grande feito – e as Forças Armadas, que elevaram nossas moral e autoestima. Não sou a favor de governos ou golpes militares, não quero as Forças Armadas de volta ao comando do Executivo Federal, prezo pela minha liberdade de expressão e pela democracia. Mas não tenho nada contra os militares.
Aprendi na universidade, com um amigo comunista, que os militares têm um novo papel a desempenhar num estado democrático de direito. E o têm mesmo. Tanto assim que o último ministro da defesa da presidente afastada era um comunista – e não vi nenhum ato de insurreição ou insubordinação ao fato. Num país em que convencionamos que somos radicalmente contra ou radicalmente a favor das coisas, sem diálogos ou concessões, a gente precisa repensar essa posição.
Aliás, posso dizer que tenho certa intimidade com a vida militar. Sou filho de policial militar, com muito orgulho; freqüentei o Colégio Militar de Manaus (do Exército) por oito anos e prestei meu serviço militar. Lembro bem que, a despeito do caráter militar, e de termos muitos professores militares; e ainda de ter freqüentado aquela instituição antes da reabertura democrática brasileira; nunca fomos tratados como imbecis. Muito pelo contrário! Discutíamos muitas coisas na sala de aula, inclusive opiniões a favor ou contra as determinações do governo vigente à época.
Transamazônica, Milagre Brasileiro, Guerra do Paraguai e muitas outras questões eram livremente debatidas em sala de aula, com professores emitindo suas opiniões, ouvindo os alunos e necessariamente sem concordar com as decisões estratégicas do governo militar. E tudo isso sem censura. Por isso mesmo, muitos líderes foram formados naqueles bancos escolares. Não me recordo de ter ouvido por lá que comunistas comiam criancinhas e as escondiam embaixo da cama.
É por isso mesmo que não entendo a proposta da “escola sem partido”. Todos os dias tomamos partido, de uma causa, seja ela qual for. Professores que ensinam literatura, poesia, filosofia e história ensinam a pensar, a ter consciência crítica. Professores de religião tomam partido. Como pode então professor não ter opinião em suas aulas? Até as pesquisas do Google as tem!

JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO


Aéreas fazem manobra para economizar com combustível

Resolução pretende baixar de 25% para 12% em todos os Estados o teto do ICMS do querosene de avião

Joana Cunha

As empresas aéreas que voam no Brasil estão diante de uma chance que pleitearam por mais de uma década: tramita no Senado um projeto de resolução que pretende baixar de 25% para 12% em todos os Estados o teto do ICMS do querosene de avião.
Se for aprovado, vai reduzir uma prática característica na aviação brasileira, uma espécie de guerra fiscal aérea que força as empresas do setor a queimar combustível na busca por querosene barato.
ImagemEm um exemplo, uma aeronave que sai de Brasília (onde o ICMS é 12%) para São Paulo (que cobra 25%) já decola com o tanque cheio para retornar a Brasília, evitando assim o abastecimento no ponto de tributo mais caro.
A economia, porém, não é completa, porque o avião que viaja com o tanque mais pesado precisa consumir mais combustível. O ideal seria abastecer só o necessário em cada parada, liberando o peso adicional para levar outro tipo de carga.
O tributo incide apenas sobre os voos domésticos, ou seja, as companhias aéreas estão isentas de pagá-lo nas viagens internacionais.
"O mesmo combustível que abastece em Guarulhos um avião que vem de Miami sai 25% mais caro para o que vem de Fortaleza", afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
É por esse mesmo motivo, segundo ele, que um bilhete para Buenos Aires pode custar menos para o passageiro de São Paulo do que um para Aracaju, embora as distâncias sejam semelhantes.
ALTOS E BAIXOS
A equiparação do teto do ICMS para 12% em todo o país diminuiria o poder de arrecadação de alguns Estados em um momento delicado para suas finanças, mas, segundo as companhias aéreas, teria como consequência o benefício dos passageiros.
O presidente da Abear sugere que isso permitiria uma ampliação de 50 a 70 novos voos ofertados diariamente.
"Se o custo do sistema cair, como a concorrência é grande, as empresas vão baixar preço. Isso é garantido, porque na aviação não há estoque. Se o voo sai vazio, a empresa perde", diz Sanovicz.
Para reagir à queda na demanda provocada pela recessão brasileira, desde o ano passado, as companhias aéreas reduziram sua malha voada e o número de assentos. "A queda no ICMS voltaria a viabilizar muitos desses voos", afirma Sanovicz.
O presidente da Azul, Antonoaldo Neves, conta que os altos preços levaram a companhia a deixar de voar para Araraquara (SP).
OBSTÁCULO
A fixação do teto do ICMS em 12% é inócua em muitos Estados. Roraima, Distrito Federal e Rio Grande do Norte, por exemplo, já adotam teto de 12%. No Rio, o imposto é de 13%.
Estados como Pará, Santa Catarina e Maranhão, embora estabeleçam 17% de alíquota, oferecem regime especiais que permitem baixar a 7% ou 4% se as empresas ampliarem a oferta de voos que chegam a seus aeroportos.
O real obstáculo para as companhias é São Paulo, destino que concentra cerca de 35% da aviação e tem o maior impacto sobre as finanças das aéreas. Renato Villela, secretário da Fazenda do Estado, tem afirmado que não quer abrir mão da arrecadação.
O preço do querosene corresponde a cerca de 40% dos gastos das empresas aéreas brasileiras, segundo Alberto Fajerman, diretor da Gol. A média mundial é 28%, de acordo com a Abear.
"O preço aqui é desproporcionalmente maior em relação a qualquer mercado relevante, inclusive na América Latina", diz Claudia Sender, presidente da TAM.
O litro do combustível em localidades como Cuiabá, Recife e Manaus se aproxima dos preços cobrados em Luanda e Harare, na África.

Irã mostra pela primeira vez seu novo sistema antiaéreo


Da Afp

O Irã mostrou neste domingo (21) pela primeira vez seu novo sistema antiaéreo, comparável com o S-300 russo e construído localmente enquanto o país estava sob sanções internacionais, o que demonstra a determinação da república islâmica em desenvolver suas capacidades militares.
As imagens divulgadas pelos diversos meios de comunicação iranianos mostram o presidente Hassan Rohani e o ministro de Defesa Hossein Dehghan próximos ao novo sistema, denominado Bavar 373.
Em maio passado, o general Dehghan já havia anunciado que o "sistema antiaéreo iraniano Bavar 373" é "capaz de destruir mísseis de cruzeiros, drones, aviões de combate e mísseis balísticos". O equipamento pode também destruir "vários objetos de uma vez".
Em discurso, o presidente Rohani afirmou que a capacidade militar do Irã foi duplicada, se comparada ao ano passado.
"Se somos capazes de negociar com as potências mundiais é graças a nossa força nacional, nossa unidade nacionais", declarou o presidente.

SANÇÕES INTERNACIONAIS
O Irã decidiu investir neste projeto quando a Rússia suspendeu o contrato para entrega do sistema S-300 devido às sanções internacionais impostas contra Teerã.
Irã e Rússia haviam fechado em 2007 um acordo para a entrega do sistema, mas, em 2010, Moscou suspendeu o contrato devido à resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o controverso programa nuclear iraniano.
Em 2015, pouco antes de chegar a um acordo internacional sobre o programa nuclear, a Rússia voltou a autorizar a entrega do S-300  - parte deles foi recebida pela república islâmica -, apesar das críticas dos Estados Unidos e de Israel, já que o sistema dificulta um possível ataque às instalações nucleares do país.
"Não queríamos fazer uma versão iraniana do S-300, queríamos construir um sistema iraniano, e fizemos, e decidimos chama-lo de Bavar 373. Esse sistema tem todas as capacidades do S-300", declarou Deghan no sábado (20).

YES, WE CAN
Os Estados Unidos seguem impondo sanções ao Irã, devido a seu programa de mísseis balísticos e seu apoio a certos grupos, como o libanês Hezbollah e outros grupos palestinos considerados "terroristas" por Washington.
Mesmo após o acordo nuclear, firmado em janeiro passado, o Irã continua a desenvolver suas capacidades militares e balísticas.
Paralelamente às imagens mostradas sobre o sistema Bavar 373, Rohani também apresentou o primeiro motor turbojato construído por engenheiros da indústria de Defesa.
"A república islâmica do Irã faz parte dos oito países no mundo que dominam a tecnologia para a construções desses motores", afirmou Dehghan. Segundo o general, "esse turbojato tem capacidade de voar 50 mil pés e pode ser instalado em aviões de, no máximo, dez toneladas.
No motor, está marcada a inscrições "Ma mitavanim" - "podemos", em persa - que recorda o slogan da propaganda eleitoral do presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, mas também uma frase repetida numerosas vezes pelo ex-presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad.

Ação de segurança nos Jogos é bem-sucedida, avalia governo


Marco Antônio Martns

Quando o queniano Eliud Kipchoge atravessou a linha de chegada da maratona e garantiu o primeiro lugar, na manhã deste domingo (21), os responsáveis pela segurança da Olimpíada se olharam com uma sensação de alívio.
Apesar de ainda faltar a realização da cerimônia de encerramento, as autoridades consideravam ter passado pelo pior -desde o início do planejamento, a tragédia da maratona de Boston (2013), em que três pessoas morreram e 264 ficaram feridas, era referência.
Por toda a tarde de domingo, os ministros da Justiça, Alexandre de Moraes, e da Defesa, Raul Jungmann, estiveram reunidos com o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame e representantes de outras agências para avaliar o evento.
Apesar das dificuldades e de falhas como a indefinição inicial dos responsáveis pela revista de público na entrada das arenas, o balanço foi positivo: não houve ataque terrorista, e os oficiais dizem que as dez prisões de suspeitos feitas antes dos Jogos foram essenciais para isso.
A cerimônia de encerramento aconteceria após a conclusão deste texto, mas não era considerada um dos eventos de grande risco.
Nenhum turista havia sido morto até a tarde deste domingo, o que foi considerado um sinal de que funcionou a orientação para que não se afastassem das áreas olímpicas.
Esses dois pontos são vistos pelos órgãos de segurança como suficientes para que a Rio-2016 seja considerada bem-sucedida na área.
Também foram consideradas positivas as investigações da Polícia Civil no caso da quadrilha internacional de cambistas, que resultou na prisão do irlandês Patrick Hickey, integrante do COI, e a elucidação em cinco dias da mentira contada pelo nadador Ryan Lochte.
A montagem do que o Ministério da Defesa chamou de "maior esquema de segurança do país" - 85 mil homens, sendo 49.845 no Rio- não evitou episódios de violência na cidade, no entanto.
O soldado Hélio Vieira, da Força Nacional, morreu ao ser baleado por traficantes da Vila do João, após o veículo em que estava entrar na favela por engano.
Como reação, as polícias do Estado fizeram duas operações no local que terminaram com sete mortos -que a Polícia Civil afirma serem suspeitos de tráfico-, mas os responsáveis pelo ataque não foram presos.
Dois ônibus, um de jornalistas e outro da Força Nacional, tiveram as janelas estilhaçadas por pedradas ao passarem pela Transolímpica, via que liga Deodoro à Barra da Tijuca. Três policiais ficaram feridos.
Duas balas perdidas foram encontradas no Parque Olímpico de Deodoro. Desde junho, os militares se desentendem com traficantes locais.
Ao menos duas delegações - a australiana e a britânica- relataram assaltos a integrantes de seus times, mas não deram mais informações sobre as circunstâncias.
O mesmo aconteceu com turistas: entre o dia da abertura (5) e quarta (17), 113 estrangeiros foram vítimas de furtos e assaltos, principalmente na Barra e na zona sul.

PORTAL UOL


Militares italianos brilham no Rio e conquistam 22 medalhas


Por Lucas Rizzi/ansa

Muito se discutiu durante os Jogos Olímpicos sobre as continências prestadas por atletas brasileiros, mas o país não é o único onde as Forças Armadas participam ativamente da política esportiva. Dos 28 pódios da Itália no Rio de Janeiro, 22 tiveram a presença de militares ou policiais, nada menos do que 78% do total.
Ao todo, foram sete ouros, oito pratas e sete bronzes conquistados pelas Forças Armadas e pelas polícias da nação da bota nas Olimpíadas de 2016. Se somente esses resultados fossem computados, a Itália ficaria em 13º lugar no quadro de medalhas, à frente justamente do Brasil.
Dos medalhistas individuais, apenas três não estão ligados às forças do Estado: Elia Viviani (ouro no ciclismo de pista), Rossella Fiamingo (prata na esgrima) e Marco Innocenti (prata no tiro esportivo). Os três restantes são de esportes coletivos: polo aquático feminino (prata) e masculino (bronze) e vôlei masculino (prata).
O Exército foi a Arma mais vitoriosa de todas, com oito pódios: os ouros de Diana Bacosi (tiro esportivo) e Fabio Basile (judô), as pratas de Francesca Dallapè (saltos ornamentais, ao lado de Tania Cagnotto), Rachele Bruni (maratona aquática) e Odette Giuffrida (judô) e os bronzes de Gabriele Detti (natação), duas vezes, e Frank Chamizo (luta olímpica).
Todos eles ostentam a patente de cabo-mor, com exceção de Chamizo, um cubano naturalizado italiano apenas em 2015 e que hoje é cabo do Exército. Já a Aeronáutica contribuiu com duas medalhas, ambas de prata: a dupla de primeiros-aviadores Daniele Lupo e Paolo Nicolai, derrotados pelos brasileiros Alison e Bruno na final do vôlei de praia, e o sargento Paolo Pizzo, da espada masculina por equipes da esgrima.
No mesmo time, estavam Enrico Garozzo, único medalhista da Arma dos Carabineiros, e Marco Fichera e Andrea Santarelli, do grupo esportivo Fiamme Oro (Flamas de Ouro, em tradução livre), que pertence à Polícia de Estado, desmilitarizada nos anos 1980.
Por sua vez, a Marinha subiu ao pódio com o subchefe Giovanni Abagnale, bronze ao lado do também flama de ouro Marco Di Costanzo na canoagem "dois sem".
A Guarda de Finanças, que é uma força armada com atuação de polícia, teve ouros com o atirador Niccolò Campriani (duas vezes) e o esgrimista Daniele Garozzo, uma prata individual e um bronze em dupla com Tania Cagnotto e o bronze de três dos quatro membros da equipe italiana de canoagem "quatro sem": Matteo Lodo, Domenico Montrone e Giuseppe Vicino.
Polícia - Entre as forças policiais da Itália, o maior destaque ficou com o grupo Fiamme Oro. Além das medalhas na espada por equipes e na canoagem, subiu ao pódio com os ouros de Gabriele Rossetti (tiro esportivo) e Gregorio Paltrinieri (natação), a prata de Elisa Di Francisca (florete individual) e o bronze de Elisa Longo Borghini (ciclismo de estrada).
Além disso, Giovanni Peliello, oficial da Polícia Penitenciária, e Chiara Cainero, do Corpo Florestal do Estado, conquistaram pratas no tiro esportivo. Há décadas a Itália investe no esporte por meio de suas Forças Armadas e polícias, recrutando e apoiando atletas de "interesse nacional" que disputam modalidades olímpicas. Esse modelo serviu de inspiração para o Ministério da Defesa do Brasil, que fornece estrutura e paga salários fixos a competidores de alto rendimento. O resultado dessa política pôde ser visto no Rio de Janeiro, com diversos medalhistas brasileiros prestando continência no pódio - nenhum dos italianos imitou o gesto.
Na Itália, esses atletas se tornam militares ou policiais por meio de concursos públicos realizados periodicamente.
Geralmente, eles recebem um treinamento para atividades básicas, e seus salários seguem a política de remuneração para cada patente.
De dois em dois anos, são submetidos a uma espécie de teste de desempenho. Se não cumprirem os requisitos, podem deixar as Forças Armadas ou pedir transferência para outro posto em seu interior. Quando encerram a carreira, muitos deles viram treinadores ou passam a exercer atividades militares não ligadas ao esporte. (ANSA)

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO


Agenda paralela dos militares

O pau está quebrando na política, mas as Forças Armadas estão na sua

Eliane Cantanhêde

Digam o que disserem, o fato é que as Forças Armadas tiveram destaque nos governos Lula, ficaram no limbo durante os anos Dilma e agora recuperam espaço e voz. Foram ouvidas na escolha do ministro da Defesa, Raul Jungmann, conseguiram reativar o Gabinete de Segurança Institucional com o general Sérgio Etchegoyen e ocuparam papel relevante, apesar de discreto, na Olimpíada.
Generais, brigadeiros, almirantes e seus subordinados não têm do que reclamar, mas eles estão bastante desenvoltos e reivindicativos para manter seus programas estratégicos e, de quebra, alguns privilégios: preventivamente, reagem contra uma saudável unificação dos regimes civil e militar na reforma da Previdência.
Desde o início, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, marcou uma mudança de postura e não engoliu em seco quando o PT lamentou não ter aproveitado os anos de poder para mexer no currículo das academias militares e para promover oficiais comprometidos com a democracia. O general avisou que o Brasil não tem “bolivarianismo” e “assim, estão plantando um forte antipetismo no Exército”.
E o da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, já toca uma reformulação da Força Aérea para enxugar a estrutura e reduzir gastos (inclusive com pessoal), mas já se preparando para impedir que as verbas do setor saiam voando para outras plagas. Como? Via criação de estatais ligadas à FAB.
E há outros projetos que saem dos armários. O Comando Logístico do Exército, responsável pela autorização, fiscalização, importação e exportação de armas, apresentou em 30 de junho ao governo uma proposta para flexibilizar a proibição do uso de armas e as regras do setor. A sociedade em geral é contra as armas, mas atiradores, caçadores e colecionadores pressionam por mais facilidade para compra, venda e registro. Não seria o Exército que discordaria deles.
A questão embute uma questão prática: a Taurus, tradicional produtora de pistolas para as Forças Armadas e polícias civis e militares dos Estados, entrou em crise financeira e passou até por reclamações sobre a qualidade do produto. Agora, comprada pelo grupo CBC, é o centro da discussão sobre armas. A intenção é arejar as condições de funcionamento do setor e abrir o mercado, permitindo a entrada de empresas estrangeiras sem asfixiar a indústria nacional.
“Não há necessidade de reserva de mercado, que é coisa do passado e, quando tentada na área de informática, não deu certo”, diz o comandante de Logística do Exército, general Guilherme Theophilo, que defende a indústria nacional de defesa, mas sem fechar as portas a produtos modernos e sofisticados de países parceiros e a empresas que possam se instalar no Brasil, com limite mínimo de capital nacional.
A Defesa e o Exército estão preocupados também com uma novidade nas porosas fronteiras da Região Norte do País: o fluxo de haitianos e agora de venezuelanos, que só faz aumentar. É por isso que o Exército pretende atrair experts de diferentes partes do mundo para o Amazonlog, um exercício militar de defesa das fronteiras previsto para 2017, em Tabatinga.
O general também está preocupado com a riqueza amazônica e é taxativo: “Hoje, o estrangeiro conhece a Amazônia mais do que nós”. E cita: a castanha-do-pará tem 73 patentes nos EUA; a andiroba é patenteada na França, no Japão, na União Europeia e... nos EUA; a copaíba, na França e... nos EUA; o jaborandi, no Canadá, na Inglaterra, na Irlanda e... nos EUA; a ayahuasca... nos EUA.
O Brasil já tem o potente e disseminado Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), operado por uma rede de radares e satélites, mas a tecnologia é altamente dinâmica. Quem para no tempo perde o bonde. Os militares não se metem em política, mas estão muito ativos nos debates internos do governo Temer.

OUTRAS MÍDIAS


SITE SUPER ESPORTES (MG)


Maicon de Andrade Siqueira dribla dificuldades, conquista o bronze e entra para a história

Maicon se tornou o 1º atleta mineiro a ganhar medalha em esporte individual
Rio de Janeiro – Enquanto o Brasil inteiro festejava o inédito ouro olímpico do futebol, um belo-horizontino, mineiramente, ganhou uma medalha inesperada no tae-kwon-do – e tão comemorada quanto a conquista no Maracanã. De infância difícil em Justinópolis, Distrito de Ribeirão das Neves, Maicon de Andrade Siqueira levou a Arena Carioca 3 à loucura ao bater o britânico Mahama Cho, de virada, por 5 a 4, depois de entrar no último round perdendo de 3 a 1, e garantir o bronze. Ele se tornou o primeiro mineiro a conquistar uma medalha em esporte individual.
Imagem“É uma sensação única. Um sonho. Só quem é atleta e faz isso pela nação que sabe. Nem com as mais belas palavras é possível descrever”, disse Maicon. Apenas o 51º colocado do ranking mundial da modalidade, ele não estava entre os principais lutadores do país. Ocupa apenas a quarta posição na categoria +87kg, que é fundida com a subdivisão para atletas de 80kg a 87kg no programa olímpico. Fosse apenas por qualidade técnica, o Brasil nem teria representantes nessa categoria na Rio 2016.
Caçula de uma família de nove irmãos, o lutador driblou várias dificuldades na vida. Recentemente, sua mãe, Vitória (que acompanhou sua participação olímpica in loco) superou um câncer. Ele trabalhou como servente de pedreiro e garçom para poder custear a prática do esporte. Por causa de disputa política na Confederação Brasileira de Tae-kwon-do, em que Minas Gerais é oposição, a federação estadual acabou afastada. Com isso, os atletas de Minas ficaram prejudicados, pois suas inscrições não eram aceitas em competições nacionais. Isso fez com que vários deixassem o estado. A maioria se mudou para São Paulo e Rio de Janeiro. Um deles foi Maicon, que aproveitou o convite de treinadores da equipe de São Caetano do Sul, que viram potencial nele. Desde 2013, ele treina no interior paulista. Tem o patrocínio de uma faculdade, onde estuda Geografia. É mais um atleta militar, servindo à aeronáutica brasileira. No ano passado, ele levou o bronze na Universíade, na Coreia do Sul.
“Como qualquer outro brasileiro, trabalhei para sustentar a família e realizar meu sonho. São oito irmãos, sete homens e uma mulher. Sou o caçula. Consegui me manter no tae-kwon-do até entrar para o alto rendimento”, disse o lutador.
Campanha
Maicon estreou na Rio’2016 vencendo o norte-americano Stephen Lambdin, por 9 a 7. Nas quartas de final, saiu na frente diante de Abdoulrazak Issoufou Alfaga, de Níger, mas levou a virada no round final e acabou derrotado por 6 a 1. Para disputar a semifinal, precisou torcer para Alfaga chegar à final. E deu certo. Na repescagem, Maicon superou o francês M`Bar N`Diaye, sétimo do ranking (5 a 2). Essa é a segunda medalha olímpica do Brasil na história do tae-kwon-do. A outra foi conquistada por Natália Falavigna, também de bronze, em Atenas 2004.
O caminho para que Maicon chegasse à Olimpíada começou por uma proposta ainda mal explicada da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) para o lutador de MMA Anderson Silva, o Spider, representar o Brasil no Rio. Como tinha direito a quatro vagas por convite, duas por gênero, a entidade definiu que a categoria 80kg seria uma delas, para encaixar Anderson Silva. Mas o Spider não aceitou o convite. Na busca para preencher as vagas, a CBTKD promoveu uma seletiva dividida em três etapas e concluída em março. Azarão, Maicon venceu André Bilia e Guilherme Felix, os favoritos.
Quem é ele
Maicon de Andrade Siqueira
Nascimento: 9/1/1993, em Belo Horizonte
Altura e peso: 1,89m e 89kg
Clube: Associação Atlética São Caetano do Sul
Categoria: acima de 80kg
Principais títulos: Bronze no Sul-Americano 2015. Campeão dos Jogos Abertos do Paraguai, Bolívia, Colômbia e Egito
Imagem 

JORNAL CIRCUITO MATO GROSSO


Valéria Del Cueto

FEITO INESQUECÍVEL

“Como assim, já está acabando?”, “Agora que está ficando bom...” O diálogo entre dois membros da equipe de apoio do Rio Media Center, espaço de jornalistas, no Arpoador, traduz o sentimento geral de cariocas e visitantes nacionais e internacionais.
Está bom demais! Com cara de Rio de Janeiro. E problemas típicos da cidade maravilhosa. Tudo, quer dizer, quase tudo se resolve na gentileza. Baseada e resumida na máxima pregada pelo profeta local: “Gentileza gera gentileza”. Como ele se sentiria feliz com nosso comportamento olímpico. É nós!
Dá gosto circular, interagir com tantas culturas. Ter orgulho da cidade e da gente boa que circula pra cima e pra baixo. Tem defeitos, tem. E aquelas polêmicas tipicamente cariocas, que podem parecer exóticas para quem não conhece nossa capacidade de destrinchar, analisar, opinar e depois... mudar de ideia. Algo tipo os debates acalorados que acompanhamos e participamos, por exemplo, na época da temporada carnavalesca.
É um tal de questionar contratações, discutir enredo, analisar samba, avaliar ensaio técnico pra mudar de opinião diante do que é apresentado na avenida que nem te conto. Todos os anos. Não gosta de carnaval? Pensa no futebol. Gostamos de debater, especular, como dizem os cuiabanos.
Tem debate pra todos os lados e níveis. E muitas palestras. Principalmente em rodas de negócios com apresentações de estratégias e perspectivas para a futura ex-cidade olímpica. Está certo. É a hora de vender o projeto Rio, cidade esportiva, polo de negócios, projetando seu amanhã. É um mundo paralelo aos jogos esportivos de envolve gente de todo mundo.
No metro, outros mundos se cruzam e convivem sem discriminação. Cheio e totalmente democrático, uma babel em cada vagão. Interessante a disposição do carioca para ajudar e informar os visitantes no meio do vai e vem. Vale tudo. Inglês, portunhol e, em último caso, uma boa mímica. Pra frente é que se anda!
Menos no esporte... Tem patrulha também querendo (de novo) explicações sobre a continência que alguns competidores batem na hora do hino nacional. Façam as contas de quantos medalhistas são das forças armadas. Foram nossos salvadores ao abraçarem os atletas de alta performance, dando-lhes condições de treinamento.
Entre expectativas, perdas e danos vamos aplaudindo nossos xodós. Duas conquistas foram emblemáticas. As meninas de Niterói da vela, Martine Grael e Mahena Kunze, e Alison e Bruno Schmidt, ouro nas areias de Copacabana no volei de praia. Pena que o surf só começa no Japão. A nossa cara!
Mas essa lista de destaques vai se alterando ao longo dos dias de competição. Robson, Rafaela, Ágatha, Felipe... Thiago no salto com vara assinou a performance brazooca no atletismo, protagonizado pelo corredor jamaicano Usain Bolt se sentindo em casa nas pistas cariocas.
É claro que tivemos decepções, mas as surpresas positivas estão fazendo que o sentimento de “logo agora que está ficando bom...” superem os perrengues operacionais e a grande polêmica dos jogos. O nadador americano Ryan Lochte e seus companheiros que, apesar de campões olímpicos, não entenderam a grandeza e a responsabilidade de seus feitos. Conseguiram criar um imbróglio esportivo e diplomático. Mais que isso: mancharam os princípios olímpicos de jogar de forma limpa, não no esporte, mas na vida. Nada que a perda de patrocinadores, diante da repercussão dos fatos não resolva ao faze-los lamentar profundamente a baixaria.
Para quase finalizar, nossos respeitos aos atletas brasileiros, independente dos resultados obtidos.
O fato de terem chegado a competir numa Olimpíada, já é um feito inesquecível. E vamos ao encerramento!

JORNAL EL PAÍS


Felipe Betim

Maicon Siqueira, o ex-pedreiro que levou o Brasil ao pódio no taekwondo

Mineiro conquistou neste sábado a medalha de bronze na categoria acima de 80 quilos
Maicon de Andrade Siqueira, um mineiro nascido em Justinópolis há 23 anos, conquistou nesta sábado uma inesperada medalha de bronze no taekwondo, na categoria acima dos 80 quilos, ao vencer por 5 a 4 o lutador Mahama Cho — que, apesar de ser da Costa do Marfim, competia pela Grã-Bretanha. Com a vitória de Andrade, o Brasil conquistou sua última medalha no Parque Olímpico da Barra nesses Jogos Olímpicos do Rio.
ImagemNinguém contava que Siqueira poderia dar uma medalha para o Brasil, já que ele nem sequer está entre os 10 primeiros do ranking olímpico da Federação Internacional da modalidade. Até este sábado, o taekwondo só havia dado uma medalha para o Brasil, Natália Falavigna ganhou o bronze em nos Jogos de Pequim, em 2008. A vitória de Siqueira, também dentro do programa das Forças Armadas de fomentar atletas de alto rendimento, foi a 18ª medalha do Brasil nos Jogos.
Siqueira é um lutador não apenas dentro da arena olímpica, mas também, "como qualquer outro brasileiro", na vida. Caçula de oito irmãos (sete homens e uma mulher), teve de trabalhar como ajudante de pedreiro para sustentar a família ou, até mais recentemente, de garçom de buffet infantil. Ao mesmo tempo mantinha os treinos nos fins de semana.
"Nunca sonhei que um dia disputaria uma Olimpíada na vida. Por isso agradeço muitos aos meus amigos e à minha família", disse ao final da disputa desta sábado. "Por mais que eu tente te explicar, é uma sensação única. É um sonho. Não tem como explicar como é estar aqui. É um momento único. Por mais que fale palavras bonitas, não tem como descrever".
O terceiro lugar não veio fácil. Siqueira estreou com uma vitória de virada contra o americano Stephen Lambdin por 9 a 7, mas perdeu para o nigerino Abdoulrazak Issoufou nas quartas de final. No entanto, seu algoz passou para a final e Siqueira pôde voltar aos tatames na repescagem. Bateu o francês Bar Diaye por 5 a 2 passou para a decisão do terceiro lugar. Começou perdendo, mas ganhou fôlego e finalmente deu ao Brasil sua 18ª medalha.
Com a vitória, Siqueira espera agora atrair mais dinheiro para o esporte. "Já deixamos de ir a competições porque não havia dinheiro", disse.
 Imagem

JORNAL CONTATO (SP)


Cacá Diegues

Leituras de domingo: Outros picos olímpicos

Falar do que, se todo mundo ainda só pensa em Olimpíada? De vez em quando, tento me lembrar de onde estou, para onde vou, como estão as coisas em volta de mim. Me horrorizo com a foto de Omran Daqneesh, o silencioso menino ensanguentado pela guerra boçal na Síria; lembro que já vimos uma outra versão trágica de situação semelhante, na foto de Aylan Kurdi, outro sírio de 3 anos de idade, encontrado morto por afogamento numa praia da Turquia, longe de sua família de refugiados, provavelmente também afogada na fuga. Para não falar de Dilma, Temer, Cunha, todos aqueles que fizeram de nossas noites desses últimos anos insônia e pesadelo.
Mas confesso que, durante esses dias recentes, dei um tempo na lembrança amarga da miséria e da desigualdade, da falta de hospitais e de escolas, do desemprego e da inflação, da merda em que vamos nos tornando. Esqueço a vontade de explicar que já houve muita esperança em manhãs que cantam, em dias melhores que haveriam de vir. Entre uma braçada e um salto, imagino que estou sendo vítima daquilo que em nossa juventude chamávamos de alienação. E se o termo saiu de moda, o fenômeno a que ele se referia continua vivo. Pois a Olimpíada no Rio foi uma saudável alienação.
Durante os Jogos, reaprendemos a torcer sem odiar, recuperamos o gosto pela natural competição entre seres humanos sem a necessidade de um acabar com a existência do outro, saudamos os campeões justos e lamentamos as mentiras noturnas de nadadores e diurnas de autoridades. Descobrimos novos ídolos, com quem aprendemos a sorrir, dançar e desejar sermos raio; deploramos a injustiça do pênalti perdido, nos excitamos com o reencontro que nos permitiria a redenção de nosso maior fracasso (ao escrever esse texto, ainda não sei o resultado da final de sábado). Tivemos, enfim, o direito à alegria e à festa sem culpa, mesmo que ambas durassem apenas umas duas semanas. Foi bom estar no mundo.
ImagemAgora, está na hora de acordar da paz esportiva, solidária e festiva. Cada um pro seu lado, retomaremos a dor cotidiana da frustração, apagaremos os sorrisos inconsequentes à beira das quadras, só nos restará torcer por nossa própria alma triste, deplorar a nossa ausência de recordes humanos na sociedade. Voltaremos à depressão entre interinos e afastados, entre os que nos acusavam de alienação e os que pedem nossa obediência, entre os inconciliáveis. E, então, lembraremos com saudade que as tochas não tinham partido.
Assim como não entendo a necessidade de atletas treinados nas Forças Armadas baterem continência no pódio, não concordo com sua demonização por serem ali preparados. Provocados pelos Jogos Mundiais Militares de 2011, realizados no Rio de Janeiro, Exército, Marinha e Aeronáutica decidiram assumir a preparação de atletas em suas instituições, dando-lhes patentes militares e salários convenientes para que pudessem se dedicar a um bom resultado esportivo. Deu nas 114 medalhas naqueles Jogos de 2011, sendo 45 de ouro. E, agora, na liderança dos resultados brasileiros nessa Olimpíada.
Rafaela Silva, Thiago Braz, Rafael “Baby” Silva, Robson Conceição, a dupla de meninas da vela, essas medalhas de ouro e outras de prata ou bronze foram conquistadas por atletas beneficiados por aquele programa. É claro que não deviam militarizar a disputa batendo continências indevidas; mas as Forças Armadas estão, com a preparação deles, dando um exemplo a outras instituições nacionais que podiam fazer o mesmo. Se queremos, de fato, ser um grande país, o sucesso no esporte há de ajudar muito.
Podemos comemorar o fato de que, num país de superfaturamentos e propinas a granel, a Olimpíada do Rio tenha custado 4,6 bilhões de dólares de dinheiro público e privado, contra os 15 bilhões de dólares de sua edição anterior, em Londres. Mas o que vai acontecer agora com o Boulevard Olímpico e a Zona Portuária da cidade? Desde o Aterro do Flamengo que o Rio não conhece uma intervenção urbana tão bem-sucedida.
Imagino o que pode acontecer de bom com outros investimentos olímpicos, como arenas, vilas, parques, estádios, que deveriam vir a ser ocupados pela população, como habitação ou espaço de lazer. Mas o sistema de mobilidade urbana e a recuperação da zona do porto precisam ser garantidos e ampliados pelos administradores do presente e do futuro, como os dois principais triunfos brasileiros nesses Jogos. Esse legado nós não podemos perder.



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