NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 19/05/2013

 
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado  nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo.         O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da  Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas  publicados no país.

Operação Ágata intensifica fiscalização nas fronteiras da Amazônia Brasileira 
A  operação foi deflagrada na manhã deste sábado (18) em vários estados  brasileiros. A intenção é dificultar o tráfico entre países Sul  Americanos 
 As  Forças Armadas Brasileiras instauraram na manhã deste sábado (18) a  Operação Ágata 7, com o objetivo de intensificar as fiscalizações nas  fronteiras com países vizinhos da América do Sul e diminuir as  incidências de tráfico nessa região. A operação acontece em vários  Estados Brasileiros, mas com esforço concentrado na Amazônia Brasileira.
Agentes da Marinha, Exército e Força Área  Brasileira estarão nas próximas três semanas intensificando as  fiscalizações em todos os Estados brasileiros que tem fronteiras com  países como Guiana Francesa, Venezuela, Suriname, Colômbia e Argentina. 
Mais de 16 mil quilômetros serão vigiados pelas forças armadas, onze mil quilômetros ficam apenas na Amazônia. 
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Forças Armadas iniciam operação ao longo de toda fronteira brasileira 
Da Agência Brasil 
Brasília – O Ministério da  Defesa informou hoje (18), em nota, que as Forças Armadas iniciaram  nesta manhã a Operação Ágata 7 em toda extensão da fronteira brasileira  com dez países sul-americanos. Ao todo 25 mil militares e agentes das  polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e de agências  governamentais participam desta edição, considerada pelo ministério, a  maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate aos  ilícitos entre o Oiapoque (AP) e o Chuí (RS). 
De acordo com o Ministério da Defesa,  antes de a operação ser deflagrada, “o governo manteve contatos com os  países vizinhos para o repasse de informações sobre o emprego do aparato  militar”. 
A Ágata integra o Plano Estratégico de  Fronteiras (PEF) sob a coordenação do Ministério da Defesa e comando do  Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe à  Marinha, ao Exército e à Força Aérea Brasileira (FAB). 
Ainda segundo a Defesa, durante a  mobilização militares estarão atentos aos principais crimes  transfronteiriços como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico  de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos,  imigração e garimpo ilegais. 
Ao longo de toda a fronteira terrestre,  as tropas contarão com os centros montados nos Comandos Militares da  Amazônia (CMA), em Manaus; do Oeste (CMO), em Campo Grande; e do Sul  (CMS), em Porto Alegre. 
Em quase dois anos já foram realizadas  seis edições da Operação Ágata em uma faixa de fronteira que compreende  27% do território nacional onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades  limítrofes e 588 não limítrofes. 
A fronteira tem 16.886 quilômetros de  extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de  rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os  estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre,  Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio  Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana,  Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e  Uruguai. 
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Empresas teriam de investir o dobro 
Sem olhar no rumo da inovação,  o Brasil corre sério risco de ampliar o processo batizado de  desindustrialização. Desde 2009, o país passou a exportar mais  commodities (matérias-primas agrícolas e minerais) que manufaturados,  tendência que o coloca em maior dependência das variações das cotações  internacionais de produtos básicos, leia-se da demanda chinesa. Embora  tenha agregado menos valor à sua pauta no mercado exterior, os preços  elevados de minério e soja deixaram menos visível o problema. 
Mas o aumento do consumo de itens  industrializados e a rendição das fábricas nacionais à penetração de  competidores externos, sobretudo asiáticos, evidenciaram a urgência da  inovação. O governo até tentou reverter o quadro, mas o investimento  privado continua tímido. Para economistas, se o quadro não mudar,  restará como armas apenas a desvalorização do real e o protecionismo  comercial. 
A liderança da inovação brasileira  em certos ramos — Petrobras (exploração de petróleo e gás em águas  profundas), Embrapa (genética da agropecuária tropical) e Embraer  (aeronaves da aviação regional) — só confirma a regra da desconexão  entre ideias inovadoras e investimento industrial privado. Em  seguida às três grandes e unânimes exceções, surge um segundo grupo,  formado pela Marco Polo (ônibus), pela Natura (cosmésticos), pela WEG  (motores elétricos) e por fabricantes de máquinas agrícolas, entre  outros. Mas a realidade que incomoda é a de manufaturados de fora  ocupando rápido as prateleiras e os componentes importados avançando nos  produtos made in Brazil. 
Luiz Ricardo Cavalcante, diretor do  Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), do governo, descreve duas  razões para que o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D)  não seja algo normal para o empresariado nacional. A primeira está  baseada no fato de a maioria dos setores econômicos ter base tecnológica  baixa ou média, como o têxtil. A outra é que as fábricas de  multinacionais no país importam quase toda a sua inovação das matrizes.  "A despeito dos obstáculos de nossa estrutura fabril, investir em  P&D seria a maneira mais óbvia para melhorar nossa combalida  produtividade", acrescenta. 
O Brasil investe 1,2% do Produto Interno  Bruto (PIB) em inovação, metade da média global, sendo a maior parte dos  recursos (55%) vindos do setor público. No resto do mundo, a situação é  inversa, com predomínio do dinheiro privado. No Japão e nos Estados  Unidos, essa proporção chega a 75%. A Coreia do Sul usa 3,4% do PIB em  P&D, quase o triplo do Brasil. "As empresas deveriam reagir para  elevar esse percentual para 2,5%", defende Cavalcante. 
Carlos Américo Pacheco, reitor do  Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), vê na cultura de baixa  exposição ao risco o maior gargalo para as políticas de inovação. "As  indústrias nacionais não fazem a sua parte e preferem importar  tecnologia na forma de máquinas ou dos próprios produtos que vende",  lamenta. Ele cita o caso de fabricantes locais de aparelhos eletrônicos  que se valem apenas da marca, dos canais de distribuição e da rede de  assistência técnica para ocupar uma parcela do mercado. "Não há soluções  simples para esse quadro. A agenda é longa, indo desde a formação de  recursos humanos, a laboratórios e subsídios", completa. 
Plataforma local 
Adriana Machado, presidente da GE do Brasil, acredita que uma multinacional pode, sim, investir no desenvolvimento regionalizado de tecnologias, com foco nas necessidades locais. Ela cita o primeiro Centro de Pesquisas Global de sua empresa na América Latina, o quinto no mundo, em construção no Rio de Janeiro, com investimentos de R$ 500 milhões e inauguração prevista para 2014. "O projeto já conta com 80 pesquisadores, focados em bioenergia e exploração de petróleo no mar, entre outras áreas." 
Para Mauro Kern, vice-presidente da  Embraer, houve avanços importantes no ambiente para a inovação no país.  "Há um reconhecimento crescente dos diversos setores quanto à  importância da adoção de políticas públicas, com destaque ao aumento da  produção científica e do número de pesquisadores", diz. Mas ele ressalta  que, para inovar, setores produtivos requerem menos burocracia, melhor  infraestrutura, alívio da carga tributária, novas formas de fomento e,  acima de tudo, investimento permanente na educação e na formação  profissional. (Colaborou Juliana Borre) 
» Exigência do consumidor 
O ritmo de inovação tecnológica das  empresas brasileiras diminuiu em relação aos últimos três anos. Sondagem  da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) revela que  51,8% declararam ter inovado em algo no primeiro trimestre. Mas o  percentual ficou 0,6% abaixo da média dos últimos seis trimestres. A  tendência, contudo, pode mudar. A expectativa de inovação subiu de 60,3%  para 61,2%, com aumento de 47,6% para 52,6% em produtos e de 43,4% para  43,9% em processos. 
» Avanço dos importados 
Um em cada cinco produtos industriais  comprados no país em 2012 era importado — um recorde em cinco anos. A  concorrência internacional abocanhou 21,6% do mercado interno, e a  participação de componentes vindos de fora na produção nacional também  foi histórica, com 23,2%, segundo dados da Confederação Nacional da  Indústria (CNI). Essa evolução acelerou no primeiro trimestre deste ano,  chegando a 22% do consumo doméstico. Os números evidenciam perda de  competitividade da maioria dos segmentos perante os rivais externos. "Se  continuar neste ritmo, vai ser preciso ampliar a demanda para  impulsionar a atividade fabril local", afirma Marcelo Azevedo,  economista da CNI. 
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Fronteiras vigiadas 
Quase  25 mil militares estão mobilizados desde ontem para a maior ação  militar de segurança pública realizada no governo Dilma Rousseff. A  Operação Ágata 7 vai patrulhar, pela primeira vez e de forma simultânea,  os 16,8 mil Km de fronteiras do Brasil com 11 países da América do Sul,  por pelo menos 20 dias. Embora o objetivo mais visível seja o combate  ao contrabando, ao tráfico de drogas e aos delitos ambientais, a  operação também é valorizada pelo seu valor simbólico. 
"O nosso maior objetivo é mostrar  capacidade de mobilização militar, de segurança pública, além de marcar  presença nas fronteiras. É uma operação real, mas é um grande exercício  de mobilização nacional", explica o Chefe de Operações Conjuntas do  Ministério da Defesa, brigadeiro Ricardo Machado Vieira. O trabalho  envolve Marinha, Exército, Força Aérea Brasileira (FAB), polícias  Rodoviária e Federal, além de órgãos do governo, como Instituto  Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio  (Funai). 
A primeira edição da Operação Ágata  ocorreu em agosto de 2011 e empregou três mil militares na fiscalização  da fronteira brasileira com a Colômbia. As cinco operações seguintes  fiscalizaram outras regiões fronteiriças, mas nunca todas as fronteiras  juntas. Ao todo, nas seis primeiras edições da Ágata, foram apreendidas  19,8 toneladas de explosivos, 11,9 toneladas de drogas, 498 embarcações e  106 armas, além de R$ 243 mil. 
As primeiras operações detectaram áreas  mais críticas quanto a crimes como contrabando e tráfico de drogas.  "Temos um trabalho de inteligência e a experiência das últimas edições.  Hoje sabemos onde são os pontos principais", explica o brigadeiro  Machado, ao destacar que boa parte dos pontos críticos se situam em  áreas de tríplices fronteiras. 
O brigadeiro garante que a  proximidade da operação com a Copa das Confederações e a Jornada Mundial  da Juventude não é casual. "Decidimos realizar a Ágata um pouco antes  dessa Copa, pois calculamos o impacto ao aumentar a presença nas  fronteiras antes. Em cada região, temos centros de controle da FAB, mas  todo o comando e acompanhamento e coordenação da operação passarão a ser  feitos em Brasília", explica Machado. 
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Só inovação salva indústria 
País  precisa inovar para competir. A indústria brasileira precisa investir  em inovação. Repetida há anos como mantra por empresários, cientistas e  autoridades, essa falsa unanimidade já deixou de ser uma opção. Agora  como carma, inovar se tornou questão de sobrevivência em meio à  concorrência global e uma chance de recuperar a competitividade perdida  nos últimos anos. Muito além das promessas vindas da exploração do  pré-sal e do orgulho com a safra recorde de grãos, empregos melhores e  estabilidade econômica duradoura vão depender, cada vez mais, da  capacidade de o país transferir conhecimento próprio à produção. 
O principal alerta para isso vem da  balança comercial, que acumulou, de janeiro a abril deste ano, um  deficit de US$ 6,2 bilhões, acenando o risco de fechar o ano no vermelho  pela primeira vez desde 2000. Uma perspectiva de queda nos preços  internacionais de alimentos e de minérios deixa o cenário ainda mais  desafiador em favor da inovação. Apesar de figurar entre os 15 maiores  polos geradores de novidades científicas, com cerca de 400 incubadoras, 5  mil empreendimentos parceiros e 20 parques tecnológicos, o país ocupa  uma posição mediana no ranking da inventividade. O descompasso está no  medo de inovar. 
"A inovação deveria virar uma onda,  alcançando todos os ramos empresariais. Há até recursos à disposição  para essa generalização, mas a maioria das empresas pouco ou nada inova,  preferindo proteção em vez de competir", avalia Mariano Francisco  Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).  Ele prevê uma "tragédia econômica" se o capital nacional não responder à  demanda mundial, sobretudo onde já se destaca, como energias  renováveis. "Os Estados Unidos conseguiram trilhar uma retomada  industrial após encararem o desafio de explorar gás de xisto", ilustra. 
Chance desperdiçada 
O Brasil vem perdendo bilhetes de loteria ao longo da história ao desprezar a oportunidade de levar descobertas e inventos nacionais às linhas de montagem, conquistando assim mercados. A maior prova disso é o fato de os irmãos norte-americanos Orville e Wilbur Wright serem considerados pioneiros da aviação em seu país, apesar de terem voado em um planador, em 1903, enquanto Alberto Santos Dumont já tinha contornado a Torre Eiffel com um dirigível, em 1901 — e com o 14-Bis, em 1906. A diferença é que o brasileiro não patenteou o avião e outras tantas invenções, sem ainda encontrar na terra natal chance para produzi-las em escala. 
"O país tem tradição empreendedora e  inovadora pouco aproveitada", explica Nixon Diniz Pereira, da  Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e biógrafo de Santos Dumont.  Curiosamente, ele lembra que a preocupação do Estado em proteger  direitos de criações industriais remonta ao tempo do Império, com a  fundação de um órgão para essa finalidade na década de 1870.  Naquela época, inúmeros produtos foram patenteados, muitos então  considerados excêntricos, como um carro-casa, um chuveiro portátil e um  traje flutuante para banhistas. 
A iniciativa foi insuficiente para  reter talentos como os do pai da aviação e do rádio, Roberto Landell de  Moura, que tiveram de buscar reconhecimento no exterior. Outros  que ficaram, como o médico Vital Brazil, criador de soros, mereciam  mais. "Já pensou se multinacionais como Boeing (aeronáutica), Bayer  (farmacêutica) e Nokia (telecomunicações) tivessem surgido no Brasil?",  filosofa. Para o professor, o governo deveria incentivar o ensino  voltado para a gestão de negócios, como fazem países asiáticos, onde  alunos aprendem a conviver desde cedo com o mercado. "Precisamos de  inventores empreendedores", resume. 
O governo anunciou, em março, pacote de  R$ 32,9 bilhões para a inovação, com duração de dois anos. Apesar do  volume recorde de recursos, especialistas lamentam o fato de o Inova  Empresa não ter sido acompanhado de uma ampla reforma do modelo  brasileiro de incentivo à inovação. (Colaborou Juliana Borre) 
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Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo 
Memória 
De acordo com dados revisados pela equipe da Comissão Nacional da Verdade, 268 depoimentos de vítimas, testemunhas e agentes da repressão do regime militar foram tomados neste primeiro ano de atividades. Desses depoimentos, 59 em entrevistas reservadas. Destaque para o número de audiências públicas: 148 audiências  | 
Brasil precisa planejar o futuro 
Aos  82 anos, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva afirma que não perdeu o  entusiasmo da juventude com o futuro do Brasil graças à "enorme  criatividade do brasileiro". Mas também confessa que nunca esteve tão  preocupado com a falta de ousadia para promover a inserção competitiva  do país no concorrido mercado global, com raras exceções, como as  aeronaves de porte médio. "As contas externas não deixam mais dúvidas de  que deixamos de ser a bola da vez, e o descaso com a inovação foi longe  demais. Não podemos continuar pagando celulares com soja e milho",  afirma, nesta entrevista ao Correio. 
O ex-ministro da Infraestrutura do  governo Collor reclama das armadilhas contra a competitividade, que  começam na própria ineficiência do Estado. Depois de ter liderado  empresas-símbolo, como Petrobras e Varig, além da Embraer, da qual foi  fundador e é ainda inspirador, Ozires assumiu novo papel, como um dos  principais defensores do investimento na qualidade do ensino. "Está  evidente para o mundo todo que a educação virou a base da prosperidade",  resumiu o reitor da Unimonte (SP). 
O senhor ainda acredita que a inovação pode levar o Brasil a ser uma economia desenvolvida? 
Sou muito otimista com o Brasil e  acredito firmemente em seu grande potencial. Mas não estou gostando nada  do que estão fazendo com o país. Receio que o nosso sistema político  não nos levará ao êxito merecido. Se antes não conseguíamos planejar a  longo prazo em razão de turbulências econômicas, atualmente abdicamos de  fazer qualquer planejamento. E o que mais precisamos é de um plano de  nação, porque o futuro precisa ser planejado. Nesse sentido, a inovação  deveria estar no centro da estratégia nacional, simplesmente pelo fato  de que tecnologia se populariza no consumo. 
Como a aposta na tecnologia pode garantir a um país ou a uma empresa novos mercados? 
Sempre lembro que acabou, faz muito  tempo, aquela velha ideia de que a crescente demanda mundial por  alimentos, puxada pelo aumento da população, só poderia ser atendida se  houvesse uma correspondente ampliação das áreas cultivadas. As soluções  inovadoras fazem a ruptura necessária, como fez a nossa Embrapa, em 40  anos de história. Mas também gosto de ressaltar que a escola é a base de  todas essas mudanças radicais, derrubando fórmulas que não servem mais. 
Além da falta de planejamento, o ambiente econômico não ajuda a inovar, certo? 
O problema é que o país é muito caro. Não  estamos sendo capazes de competir com o mundo, tendo uma carga  tributária de 36%, sem deixar recurso nas empresas para investir em  inovação. Nesse ambiente, há enorme acomodação dos empresários com as  dificuldades e se acaba preferindo comprar a inovação de fora, apesar de  essa prática causar danos colaterais. A tecnologia importada serve para  ganhar fatias do mercado interno, mas não elimina a concorrência  externa e ainda impede avanços no mercado global. 
Os empresários estão conscientes da necessidade de inovar para competir globalmente? 
Estão, mas são tantas as questões a serem  solucionadas que a inovação acaba ficando em segundo plano. Precisamos  melhorar a logística e a formação de recursos humanos, além de reduzir a  burocracia. Mas, lamentavelmente, nenhuma das reformas econômicas  necessárias ocorre. Essas falhas ficaram evidentes no desempenho das  transações correntes. O capital estrangeiro não virá mais com tanta  intensidade. Nossos dados concretos não mais empolgam gente lá fora.  Estamos no baile mundial e temos de dançar a sua música. Não temos poder  para trocar a partitura. 
É possível acreditar que empreendimentos inovadores contribuiriam para virar esse jogo? 
Claro. A primeira coisa é  sintonizar nosso parque fabril com as necessidades globais. A Embraer é  uma empresa privada cuja produção é voltada 95% para o comércio  exterior. Ela só não tem mais mercado doméstico em razão de problemas  estruturais, como juros e prazos de financiamento. A empresa investe  pesadamente em tecnologia e se orienta pela demanda do mundo. 
Com a piora nas relações de troca, é possível ver o país subindo para ser a quinta economia global? 
A economia mundial é interdependente e  estamos andamos para trás. Precisamos passar o país a limpo para não  mais perder espaços no comércio mundial. Nossa fragilidade aparece nos  detalhes, como os chicletes chineses e picolés coreanos vendidos no  centro das capitais. Não é possível aceitar que um país desse tamanho  tenha participação ridícula de 1,3% no comércio mundial. As contas  externas mostram que deixamos de ser a bola da vez, e o descaso com a  inovação foi longe demais. Não podemos continuar pagando celulares com  soja e milho. 
A julgar pela baixa qualidade da educação, podemos afirmar que inovar aqui está mais difícil? 
O binômio educação e desenvolvimento  desencadeia processos inovadores naturalmente. O que me anima é perceber  que está sendo construído um amplo consenso nacional sobre o  descompasso do Brasil em relação ao mundo. Os jovens estão entendendo  isso. A prova é que engenharia passou a ser um dos vestibulares mais  disputados, pois os estudantes estão enxergando na educação a forma de  viabilizar sonhos. 
Quer dizer que está claro hoje que conhecimento também é um fator de bem-estar social? 
São muitas as situações nas quais o  investimento em escolaridade se revelou um instrumento espetacular para  melhorar drasticamente as condições de vida. Boa parte disso se deve  também à revolução nas comunicações, que ganham novas dimensões no meio  digital. Essa tecnologia tornou o Brasil bem diferente daquele de poucas  décadas atrás. Os 260 milhões de celulares em uso integraram tecnologia  à vida de pessoas de todas e classes sociais. 
A Coreia é o melhor exemplo, a seu ver, do papel da educação como promotora do progresso? 
Sim. Em termos mundiais, os melhores  exemplos vêm da Ásia. Transformação é a melhor palavra para descrever a  evolução da Coreia do Sul e da China, sem falar dos tradicionais casos  de Europa, Estados Unidos e Canadá. Essa conexão entre salas de aula e  prosperidade está sendo testada até nos Emirados Árabes, onde os xeques  apostam na formação dos filhos e na educação do povo. 
Se Santos Dumont tivesse patenteado suas invenções, o país poderia ter ganhado uma Boeing? 
Prefiro olhar essa questão por outro  ângulo em vez do "se". Vamos jogar luz sobre a influência do ensino de  qualidade na inovação e no desenvolvimento de recursos humanos.  Felizmente, temos empresas como Marco Polo, Randon, WEG e Fundição Tupy,  cujo crescimento está calcado nos processos educacionais. É preciso um  ambiente que suporte obras inovadoras. Sem o Vale do Silício não haveria  o Steve Jobs e a Apple. Infelizmente, Santos Dumont precisou ir para a França, pois aqui não teria sucesso nas invenções. 
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Giro pelo Brasil 
COPA - Operação na fronteira 
O Brasil iniciou ontem uma  vasta operação militar, a pouco menos de um mês do início da Copa das  Confederações, evento-teste para o Mundial do ano que vem. A operação  Ágata 7 distribuiu 25 mil militares nos 16.886 quilômetros de fronteira  que o Brasil compartilha com nove países sul-americanos, além da Guiana  Francesa, informou o Ministério da Defesa. 
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Homenagem em frente ao cárcere 
Mortos pela ditadura militar serão lembrados em monumento que está sendo erguido próximo ao antigo Dops, na Afonso Pena 
Daniel Camargos 
O  canteiro central da Avenida Afonso Pena, em frente ao Departamento de  Investigação Antidrogas, que no passado abrigou a Delegacia de Segurança  Pessoal e de Ordem Política e Social (Dops), local de prisão e tortura  de presos políticos durante a Ditadura militar (1964-1985), está sendo  preparado para receber um monumento que vai lembrar os que morreram  combatendo o regime militar. A inauguração será no próximo sábado,  quando os nomes de 58 militantes serão colocados na placa. De acordo com  o autor do monumento, o gaúcho Tiago Balem, a capital mineira será a  primeira cidade brasileira a ter a obra, que também será instalada em  outras 10 capitais. "Faz referência à bandeira nacional sendo descoberta  e revelando o nome das pessoas". 
A presidente da Associação dos  Amigos do Memorial da Anistia Política do Brasil, Cristina Rodrigues,  afirma que o objetivo é transformar o antigo Dops em centro de cultura.  "Estamos conversando com o governo do estado para isso", afirma  Cristina. A associação também pretende instalar marcos em outros locais  que foram trincheiras na luta contra a ditadura, como a escadaria da  Igreja São José, a Praça Sete, as faculdades de Medicina e Direito e a  igreja dos dominicanos. 
As vítimas do regime ditatorial que serão  homenageadas no monumento morreram durante tenebrosas sessões de  tortura ou foram executadas antes de ser presas. Entre os homenageados  estão nomes conhecidos como o da estilista Zuleika Angel Gomes, a Zuzu  Angel, mãe do militante Stuart Angel, que foi morto durante sessões de  tortura. Zuzu passou a buscar a verdade, mas também morreu em um  acidente de carro que é atribuído aos militares. 
Além da inauguração do marco, na  sexta-feira, a caravana da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça  fará o julgamento de dois militantes: Cecílio Emigdio Saturnino, que já  morreu, e Wellington Moreira Diniz (leia mais nas páginas 10 e 11). 
Atos O ex-vereador Betinho Duarte (PSB),  que coordena ações em prol da anistia, explica que o julgamento pode  levar a três atos. O primeiro é o pedido de perdão, que é feito por um  representante do Estado Brasileiro, se desculpando pelas violências  cometidas. O segundo é uma indenização monetária, que pode chegar no  máximo a R$ 100 mil. Se for comprovado que o réu foi mandado embora do  trabalho ele tem direito à contagem do tempo de serviço e até receber  uma aposentadoria vitalícia. 
Além do julgamento, também serão  homenageados os anistiados políticos Angelina Dutra de Oliveira, Antônio  Ribeiro Romanelli, Imaculada Conceição Lucas de Oliveira, Maria Geralda  Gomes e Oroslinda Maria Taranto Goulart. As famílias de Therezinha  Martins Rabelo e Carmela Pezzuti também receberão homenagens. 
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O guerrilheiro rompe o silêncio 
Na  luta contra a ditadura, Wellington Diniz assaltou, foi acusado de  assassinatos, preso, torturado, exilado, foi segurança de Lamarca e  Fidel e fez cinema com Rosselini. Calado desde a abertura política, ele  agora conta a sua história, às vésperas de ser julgado em BH pela  Comissão de Anistia do Ministério da Justiça 
Daniel Camargos 
Quem  observa o senhor franzino, de 66 anos, morador do Bairro Carmo, em Sete  Lagoas, é incapaz de imaginar o peso da história que ele carrega.  Wellington Moreira Diniz lutou contra a ditadura militar no Brasil,  participou de ações armadas em bancos e quartéis para abastecer  organizações como Colina, Var-Palmares e VPR com armas e dinheiro; foi  responsável pela segurança do ícone da resistência, o capitão Carlos  Lamarca, e presenciou a jovem Dilma Rousseff, então com 21 anos,  discutir asperamente com Lamarca. Fez ainda parte do grupo que roubou  US$ 2,598 milhões (R$ 15 milhões atualmente) do cofre da amante do  político Adhemar de Barros; foi preso e cruelmente torturado, depois  libertado em troca do embaixador suíço que havia sido sequestrado por  seus companheiros. Exilado no Chile, foi segurança do então presidente  cubano, Fidel Castro, quando este visitou o país governado por Salvador  Allende, em 1971. Trabalhou ainda como assistente em produções do  diretor de cinema chileno Miguel Littín e do italiano Roberto Rosselini  e lutou pela independência de Angola, participando da tomada do  aeroporto na capital. 
» O INÍCIO 
Wellington nasceu em Belo Horizonte, no Bairro Nova Suíça, filho de pai comerciante e mãe dona de casa. Começou a militância política na escola técnica industrial e logo depois integrou a Ação Popular (AP). Foi preso em 1968. "Foi um escândalo. Eu morava com meus pais e fui levado de cueca para o CPOR", lembra. Foi interrogado, mas como não entregava nada seguiu preso. "Nesse tempo a tortura não era institucionalizada. Era só pancadaria. Eles batiam muito com cacetete de borracha", detalha. 
Recebia toda semana a visita dos pais e,  para não assustá-los, dizia que estava bem e se sentia em uma colônia de  férias. Certo dia, durante a visita, um coronel mandou que ele tirasse a  camisa. Wellington resistiu, mas foi agarrado. "Meu pai viu como eu  estava, porque o cacetete de borracha deixa lanhos na pessoa", lembra. O  coronel levou o pai dele para outra sala e teve uma conversa reservada.  No dia seguinte, o pai de Wellington, Nereu Diniz, então com 46 anos,  foi internado em um hospital e morreu de problemas cardíacos. "Meu pai  não tinha nenhuma militância, não era ligado a nenhum partido político.  Ele era só meu pai", indigna-se. 
» AO ATAQUE 
Três dias após deixar a prisão, em Belo Horizonte, foi decretado o Ato Institucional número 5 (AI-5). Porém, Wellington não esperou pelo endurecimento do regime militar e já estava vivendo clandestinamente no Rio de Janeiro. Ingressou no Comando de Libertação Nacional (Colina). O contato dele era o também belo-horizontino Juarez Guimarães de Brito. "Juarez é na minha vida de 66 anos a pessoa mais honesta, mais parceira, mais companheira e que me ensinou muito na vida", afirma Wellington. O Colina fundiu com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca, e formou a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). 
Entre as ações empreendidas na  resistência à ditadura, Wellington destaca o assalto à agência do banco  Andrade Arnaud, que ficava próximo ao Ministério da Guerra e à delegacia  de repressão de assalto a bancos, na capital fluminense. "Isso deixou  os militares furiosos", recorda. Outro estratégia ousada foi o assalto à  agência Urca da antiga União dos Bancos Brasileiros, que era onde os  militares depositavam o dinheiro, pois era vizinho da Escola Superior da  Guerra. Wellington também assaltou o carro do general Syzeno Sarmento,  então ministro da Guerra. "Eu mesmo peguei o carro dele. Um carro bom,  porque tinha placa fria e uma pistola .45 no porta-luvas", lembra. 
O assalto ao quartel de Manguinhos, na  Avenida Brasil, também marcou. "Éramos cinco pessoas. O Darcy Rodrigues  chegou para o sentinela e gritou: qual é o f. que disparou a arma?",  lembra Wellington. O guarda, assustado, não soube responder e atendeu a  ordem de Darcy, que estava vestido como militar. Cerca de 40 militares  foram reunidos em uma sala e colocados em posição de sentido. "Estava  todo mundo com o fuzil na mão. O Darcy entrou e deu posição de sentido.  Aí eu entrei. Com uma Thompson (metralhadora) na mão", recorda. 
» O GRANDE ASSALTO 
A maior ação e mais notória foi o roubo do cofre da amante de Adhemar de Barros, no Bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Adhemar morreu em março de 1969 e deixou grande parte do dinheiro com sua principal amante, Anna Gimel Benchimol Capriglione. No dia 18 de junho de 1969, 11 militantes da VAR-Palmares, Wellington entre os líderes, invadiram a mansão, renderam todos os funcionários e levaram o cofre, que em valores de hoje tinha o equivalente a R$ 15 milhões. 
"Eu não podia trocar dinheiro. Nem eu e  nem o pessoal mais militarizado. Isso ficava para os simpatizantes. A  Dilma (a presidente Dilma Rousseff) estava começando e foi junto com a  Iara (Iara Averbeck, militante e namorada de Carlos Lamarca) trocar  parte do dinheiro em uma casa da câmbio no Copacabana Palace", lembra. A  maior parte, entretanto, foi levada para o embaixador da Argélia por  Wellington. 
"Todo dinheiro era para a organização. Eu  nunca coloquei a mão em um tostão de todas as operações que fiz. Eu  inclusive apanhei porque não tinha uma nota de US$ 1", sustenta  Wellington. Os militantes decidiram que cada um dos participantes  poderia ficar com uma nota de US$ 1 como recordação do feito, mas  Wellington recusou, o que fez ele apanhar ainda mais na prisão por não  revelar onde estava a nota. A história do assalto é contada no livro O  cofre do dr. Rui (Civilização Brasileira), escrito por Tom Cardoso.  Até a quarta-feira da semana passada, Wellington nunca havia contado  sua trajetória. Em um depoimento de quase três horas, ele revelou ao  Estado de Minas detalhes da sua biografia. Acusado de 38  assaltos, entre bancos, quartéis e automóveis, e de ter matado 12  pessoas em ações de resistência à ditadura, ele será julgado na próxima  sexta-feira pela Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça. O  deputado federal e ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda  (PT-MG) será o relator do processo de Wellington e destaca: "A anistia  não discrimina luta armada e luta pacífica. Em uma situação de ditadura é  considerado lícito que os militantes peguem em armas". 
"Se eu era bravo? Bravo é boi. Eu seguia  as necessidades do momento", entende Wellington. A ficha do Serviço  Nacional de Informações (SNI) imputa 38 ações, mas ele garante ter  participado de 45. Sobre as 12 mortes de que é acusado, garante não ser  realidade. "Sempre atirei para cima. Se alguém trombou na bala não é  problema meu", ironiza. Um dos apelidos que recebia dos companheiros e  também dos militares era 90. Uma alusão às duas pistolas .45 que sempre  carregava na cintura durante as ações. Outro apelido – que ele não  gosta, aliás – era "John Wayne da guerrilha". "Isso é folclore", rebate. 
Distante da época elétrica, quando vivia  entre um aparelho e outro e chegou a assaltar três bancos no mesmo dia,  sendo um no Rio de Janeiro e outros dois em São Paulo, Wellington recita  sua vida como se estivesse contando para si próprio. Em quase três  horas de depoimento, fumou 18 cigarros, bebeu mais de uma garrafa de  café – sem açúcar – e fez longas pausas. "Existem as pessoas que passam  pela história e as pessoas que fazem a história. Foi uma opção de vida  fazer história", conclui, deixando o cigarro queimar até o filtro. 
» LAMARCA 
Após a fusão entre a Colina e a VPR que originou a VAR-Palmares, Wellington passou a comandar a terceira base operacional da organização. "O meu grupo propôs uma operação para matar o Lamarca (Carlos)", lembra. O motivo é que eles tinham visto uma notícia no jornal em que Lamarca, então capitão do Exército e um dos melhores atiradores do país, dava um curso de tiro para gerentes de banco reagirem aos assaltos. Wellington não sabia, entretanto, que no final de janeiro de 1969 Lamarca havia desertado e fugido do quartel de Quitaúna, em São Paulo, com uma Kombi carregada de fuzis, metralhadoras e munição e entrado para a VPR. 
O plano não foi pra frente e meses depois  Wellington foi deslocado para uma tarefa. Quando entra no aparelho se  depara com Lamarca. "Ele morreu de rir. Disse que eu queria matá-lo, mas  teria era que cuidar dele", afirma. Wellington se recorda de quando  passou a ser segurança do principal nome da guerrilha armada. "Fui com  ele quando foi fazer uma cirurgia plástica. As enfermeiras pensaram que  éramos um casal. Me gozaram muito no hospital. Mas elas não sabiam que  debaixo do capote que vestia havia duas pistolas .45, uma metralhadora  Thompsom e algumas granadas", detalha. 
» DILMA 
Após o assalto ao cofre da amante do governador Adhemar de Barros houve um encontro da VAR-Palmares em Teresópolis, na região serrana fluminense. Um grupo, liderado por Lamarca, priorizava as ações armadas, e outro, do qual Dilma fazia parte, tinha o discurso da conscientização da massa de trabalhadores. Eram os "foquistas", que desejavam implantar focos de guerrilha ante os "massistas". 
"Teve um embate e eu estava presente. A  Dilma tinha a convicção dela, que era uma visão mais antimilitar. E nós  tínhamos uma visão mais militar, que foi o grupo que formou a Vanguarda  Popular Revolucionária. A Dilma acusou o Lamarca de não ter sustentação  teórica. Houve tensão, as discussões foram sérias, mas nunca chegou às  vias de fato", recorda Wellington. 
» A QUEDA 
Wellington viveu um tempo como camponês na região serrana do Rio de Janeiro preparando aquele que seria o cativeiro – caso o plano fosse efetivado – do então ministro da Marinha, Augusto Rademaker, e do militar Gary Prado, que estava no Brasil e foi um dos responsáveis pela caçada que matou Ernesto Che Guevara. "Fui ao Rio porque ia ter um encontro para fechar essa questão. Como eu era o segurança do Lamarca, sempre ia na frente para averiguar. Na hora em que abri a porta do apartamento tinha um Fal (fuzil) na minha cara", lembra. 
Wellington diz que correu, mas se deparou  com outros militares. Chegou a trocar tiros, mas foi atingido de raspão  na cabeça e outro nas costas. Acabou preso. "Ai me meteram duas  algemas. Um militar enfiou o fuzil na minha boca, quando eu estava  caído. Fui levado para o DOI-Codi, na Barão de Mesquita. No elevado da  Barão de Mesquita dei uma cabeçada no motorista do carro e ele esbarrou o  carro na mureta", destaca a própria valentia. Preso, Wellington afirma  ter conseguido segurar 72 horas sem abrir a boca. Ele sabia muito. Sabia  onde estava Lamarca e também o destino do dinheiro do cofre da amante  do Adhemar de Barros e, por isso, foi torturado intensamente. 
» EXÍLIO E FIDEL 
Com o sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, comandado por Lamarca, Wellington entrou na lista dos 70 nomes que seriam trocados pelo diplomata. Foram para o Chile, que era governado por Salvador Allende. Chegando ao país andino, ele trabalhou com o cineasta Miguel Littín, como assistente de câmera no filme A terra prometida. Porém, quando o general Augusto Pinochet tomou o poder, seu nome foi incluído na lista de procurados e teve que deixar o país. 
Antes, em 1971, quando o então presidente  cubano Fidel Castro visitou o Chile, Wellington foi destacado pelo  Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) para compor a equipe de  segurança do líder cubano. "Precisavam de pessoa com certa experiência e  desenvoltura para auxiliar nos trabalhos. Com gente disposta ao que  desse e viesse. Fidel era um ídolo, assim como Che Guevara. E nos  tratava de igual para igual, chamando-nos de companheiro e tomando um  café igual nós estamos tomando aqui", relata. 
» CINEMA E REVOLUÇÃO 
No Chile, além de trabalhar na produção de filmes, Wellington conheceu Renzo Rosselini, filho do cineasta italiano Roberto Rosselini. Quando teve que deixar o país após a tomada do poder por Pinochet, Wellington chegou à Itália, passando por México e Bélgica antes. Lá, conta que foi assistente de direção de Roberto Rosselini em filmes feitos para a tevê italiana RAI. No Brasil, quando retornou, foi assistente de direção de Helvécio Ratton no filme A dança dos bonecos (1986). "Um cara extremamente corajoso. Não era de falar muito e nem de discutir, mas era um sujeito de muita ação", lembra Ratton. 
Porém, antes de retornar ao Brasil,  Wellington também esteve em Angola e participou da luta pela libertação  do país, que culminou na independência, em 1975. No país africano nasceu  um de seus seis filhos. Após retornar ao Brasil, estudou medicina  oriental e, por muitos anos, teve um clínica de acupuntura no Bairro  Santa Efigênia, em Belo Horizonte, além de dar aulas e escrever livros  sobre o assunto. Há três anos mora em Sete Lagoas. Mudou-se para a  cidade para viver mais próximo de sua mãe, que morreu em março deste  ano. 
» IDEOLOGIA 
Wellington afirma que na primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antigos companheiros o sondaram sobre a oportunidade de trabalhar em Brasília. Porém, ele permanece radical. "Eu não tenho estômago ainda. Eu ainda não tenho essa capacidade de exercer minha serenidade frente a pessoas que torturaram ou que financiaram a tortura. Eu não tenho o que fazer lá", afirma. Wellington não se arrepende de nada do seu passado. "Tenho muito orgulho de ter feito parte de uma situação que pode resultar hoje na nossa possibilidade de falar", garante. O ex-combatente faz questão de deixar um recado para os jovens: "Acredito profundamente no ser humano e acredito nessa juventude que está vindo aí. Que pode trazer novos valores saindo desse colonialismo mental que existe até hoje. Não somos nós, os dinossauros da história, quem vai promover essas mudanças. Essas mudanças estão na mão dos jovens que não recebem pressão ideológica do jeito que recebíamos e que tem a liberdade de poder criar algo novo. Tenho um orgulho muito grande de ter participado na construção deste espaço. Quando vejo meus filhos com valores novos, com propostas novas, a vida está feliz e eu estou realizado". 
Glossário 
AI-5 – O Ato Institucional número cinco  foi decretado pelo presidente Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968.  Fechou o Congresso e deu poderes absolutos para o regime ditatorial  militar. 
AP – A Ação Popular foi um movimento surgido da esquerda católica, em Belo Horizonte, que combateu o poder dos militares. 
Adhemar de Barros – Político paulista,  governou São Paulo, foi derrotado por Juscelino Kubitschek para a  Presidência da República e cunhou a expressão "rouba, mas faz". 
Augusto Pinochet – Governou o Chile entre 1973 e 1990, após tomar o poder com um golpe militar. Morreu em dezembro de 2006. 
Carlos Lamarca – Capitão do Exército  brasileiro, campeão de tiro, desertou e passou a combater a ditadura em  organizações de esquerda. Morreu no sertão da Bahia, após intensa  perseguição, em 17 de setembro de 1971. 
Colina – Sigla de Comando de Libertação  Nacional, grupo de extrema- esquerda iniciado em Minas Gerais. Em 1969,  se fundiu com a VPR e formou a VAR-Palmares. 
Fidel Castro – Liderou a Revolução Cubana, em 1959, e presidiu Cuba até 2006, quando passou o poder para seu irmão, Raul Castro 
Miguel Littín – Um dos mais importantes  cineastas chilenos. Diretor de obras como Ata geral do Chile (1986) e A  terra prometida (1974) 
Roberto Rosselini – Cineasta italiano, diretor de vários filmes célebres, como Roma, cidade aberta (1945). Morreu em 1977. 
Salvador Allende – Primeiro presidente  socialista eleito democraticamente. Governou o Chile entre 1970 e 1973,  quando se matou, durante o golpe e bombardeio empreendido pelo  sanguinário Augusto Pinochet. 
VAR-Palmares – Sigla de Vanguarda Armada  Revolucionária Palmares. Adotou a tática de guerrilha e surgiu da fusão  do Colina e com a VPR. 
VPR – Sigla de Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi a primeira organização de esquerda em que o capitão do Exército 
Carlos Lamarca ingressou.  | 
Mudanças para reduzir os custos 
A  segunda geração de jatos comerciais, os E-Jets da Embraer, vai receber  turbinas Pratt & Whitney e soluções aerodinâmicas que vão permitir  grande redução de custos. A bordo, novos sistemas eletrônicos e  capacidade expandida acima de 130 passageiros. 
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SC quer criar polo de indústria aeronáutica 
DE SÃO PAULO 
A  Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), uma das  principais apoiadores da Wega, do empreendedor Jocelito Wildner, está  estimulando a criação de um polo da indústria aeronáutica no Estado. 
O projeto começou em 2009, com o início de um programa de capacitação de mecânicos de aviação no Senai-SC. 
A escola, localizada em São José,  cidade vizinha a Florianópolis, já formou cerca de 600 técnicos na área.  Também é oferecida, no local, a parte teórica da formação de pilotos de  aviões ou helicópteros. 
Segundo César Olsen, coordenador do  Comitê da Indústria Aeronática da Fiesc, o objetivo é que parte dessa  mão de obra seja disponibilizada para as companhias instaladas ou que  venham a se instalar no Estado. 
Para atrair novas empresas, o  governo estadual concedeu, no início do mês, incentivos fiscais para o  setor, com a isenção de alguns tributos. 
O Estado também se tornou sócio, por meio  de sua empresa de participações, a SCPar, de uma fabricante que promete  se instalar na cidade de Lages. 
A Novaer Craft, de São José de  Campos (SP), produz aeronaves de pequeno porte e deve investir cerca de  R$ 100 milhões em uma fábrica no município. 
A expectativa é que a construção seja  iniciada no próximo ano e que a produção mensal alcance quatro unidades  entre 2015 e 2017, afirma Olsen. 
"Queremos atrair empresas e investidores do exterior", diz ele. 
O coordenador fará, no próximo mês, visitas a fábricas de componentes e indústrias aeronáuticas nos Estados Unidos. 
Olsen, dono de uma indústria de  equipamentos médicos, é um dos financiadores particulares do projeto de  Jocelito Wilder. O empresário comprou três das oito aeronaves da  companhia. 
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Marcas de uma guerra 
Obra  no palácio presidencial do Paraguai revela relíquias como desenhos de  soldados brasileiros e uma bala de canhão do século 19 
ISABEL FLECK 
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO 
A grafia é cuidadosa e as duas palavras podem ser vistas com nitidez: João Pedro. 
Na parede do palácio presidencial do  Paraguai, em Assunção, o nome escrito em português, escondido por quase  150 anos sob várias camadas de tinta, guarda parte da história da maior  guerra da América do Sul. 
Historiadores acreditam que a  "pichação" tenha sido feita por um soldado brasileiro, durante a  ocupação do Palácio de López pelo Exército do Império, na Guerra do  Paraguai (1864-1870). 
Junto a rabiscos semelhantes feitos  por militares brasileiros no século 19, a inscrição acaba de ser  descoberta em meio a uma ampla reforma do prédio, iniciada em dezembro. 
Numa mesma parede do corredor que leva ao  atual gabinete do presidente, podem ser reconhecidas as imagens de dois  navios e um pequeno soldado -um "boneco de palitinhos" com chapéu. 
Uma das embarcações desenhadas traz as  mesmas características de um dos navios brasileiros que conseguiram  chegar à capital em 1868 e bombardearam o palácio: a disposição dos  mastros, uma roda de pás para propulsão. 
"Há fotos da época que mostram o barco  que estava estacionado na baía de Assunção, e o desenho aparece com as  mesmas características", afirma Carlos Cataldi, arquiteto responsável  pela reforma e professor da Universidade Nacional de Assunção. 
Do bombardeio ao palácio, a equipe de  arquitetos e restauradores encontrou, inclusive, uma bala de canhão, que  ficara incrustada por mais de cem anos na estrutura de madeira do  prédio. 
Para Cataldi, não há dúvidas de que os  escritos tenham sido feitos por soldados brasileiros, já que estão sobre  a pintura original do prédio, em tons de rosa. 
O palácio, às margens do rio Paraguai,  começou a ser construído em 1857 para se tornar a residência do então  presidente Francisco Solano López. Nunca foi habitado por ele: a guerra  começou em 1864, antes que o edifício ficasse totalmente pronto. 
Seus primeiros "moradores" foram  militares brasileiros, que retornaram à cidade em janeiro de 1869, após o  bombardeio ao prédio um ano antes. 
"Num primeiro momento, o palácio  foi ocupado pelo próprio [duque de] Caxias, como quartel-general do  comandante do Exército imperial", afirma o historiador Francisco  Doratioto, autor do livro "Maldita Guerra", sobre a Guerra do Paraguai. 
Não se sabe ao certo por quanto  tempo os militares brasileiros ficaram alojados ali. Alguns  historiadores paraguaios estimam em até dez anos o tempo de permanência.  Doratioto, porém, calcula que tenha durado menos de um ano, já que, em  junho de 1869, foi instalado um governo provisório paraguaio. 
"O palácio foi devolvido a esse governo,  mas uma divisão de ocupação permaneceu no país até 1876, quando foram  assinados os acordos de paz do Paraguai com a Argentina", afirma. 
Os paraguaios acusam os brasileiros de  terem saqueado o prédio antes de sair, levando portas, janelas, lustres e  até partes do piso de mármore. 
MAQUIAGEM 
A primeira restauração -para tentar  consertar estruturas atingidas pelo bombardeio e finalizar áreas do  palácio- ocorreu em 1890. Quatro anos depois, ele se tornaria a sede da  Presidência. 
"Desde então, ocorreram algumas reformas,  mas que foram só uma "maquiagem" do edifício. Encontramos agora  fissuras que foram abertas pelo impacto das balas de canhão", conta  Cataldi. 
Sem o devido cuidado, o prédio de 150  anos já dava sinais de desgaste -como rachaduras e queda de pedaços do  teto. A obra atual começou em dezembro de 2012. 
A ideia é que o palácio fique pronto para  a posse do presidente eleito Horacio Cartes, em 15 de agosto. Contudo,  tanto o prazo como os custos estimados já estouraram -o orçamento da  reforma, por exemplo, era de 8 bilhões de guaranis (R$ 4,4 milhões), e  já foram gastos 20 bilhões de guaranis (R$ 9,7 milhões). 
"Não é como uma obra nova, que você  estabelece um prazo e segue o plano. Aqui, cada nova descoberta nos  obriga a reavaliar o projeto", explica o arquiteto. 
Cataldi afirma que o prazo para finalizar  a reforma não é a prioridade da equipe -que trabalha, lentamente, com  bisturi cirúrgico em partes do palácio para remover as camadas de tinta. 
"Estamos finalizando primeiro o gabinete presidencial, e isso é o mais importante. O restante será feito no seu tempo." 
RESSENTIMENTO 
A discussão sobre o que fazer com  as descobertas no palácio passa, obrigatoriamente, por um dos temas mais  delicados para o povo paraguaio: a devastação do país com a derrota na  guerra. 
O atual presidente, Federico Franco,  chegou a sugerir que os desenhos e escritos encontrados fossem novamente  cobertos com tinta. 
Os restauradores, no entanto, defendem que eles sejam preservados, sob uma lâmina de vidro, e fiquem expostos. 
"Alguns defendem que ali está a  ferida causada pelo Império [do Brasil] ao Paraguai, que o palácio é o  nosso Auschwitz. Mas, para nós, é importante deixar como testemunho da  história pela qual passamos", diz Cataldi. 
Estima-se que entre 200 mil e 300 mil paraguaios tenham morrido na guerra. 
"Tudo isso é retrato da história do  palácio e da história do Paraguai. Se causa ou não ressentimentos, isso é  outra conversa", diz Doratioto, que defende que os desenhos sejam  preservados. 
"Não é apagando registros do passado que você faz com que ele desapareça."  
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Minha história: Ex-mecânico da Varig cria fabricante de aviões experimentais 
MARIANNA ARAGÃO 
DE SÃO PAULO 
Apaixonado  por aviação, o gaúcho Jocelito Wildner, 48, já serviu à Força Aérea  Brasileira, foi mecânico da Varig, piloto de ultraleve e construiu  planadores.  
Há cinco anos, com a ajuda  financeira de amigos, deu início à Wega, fabricante de aviões  experimentais (voltados ao lazer). Com oito modelos produzidos, a  fábrica participou de uma feira internacional em abril e atrai o  interesse de investidores. 
Minha paixão por aviação vem desde  criança. Cresci em uma fazenda em Ijuí (RS), neto de colonos alemães e  italianos. Meu pai era projetista de máquinas agrícolas para indústrias  da região. 
Tivemos uma infância humilde. Sem  dinheiro para comprar brinquedos caros, eu e meu irmão, Ênio,  fabricávamos nossas próprias bicicletas, de madeira. Acho que parte  desse interesse vem do sangue --dizem que os alemães são mecânicos  natos. 
Também construímos uma espécie de  asa-delta de madeira para pular de cima de galpões. Na primeira  tentativa, nos esborrachamos no chão. Tomamos a maior bronca de meu pai e  desistimos. 
Aos 18 anos, fui para Santa Maria  (RS) prestar o serviço militar na Força Aérea Brasileira. Quando  terminei, me mudei para Porto Alegre para fazer um curso de robótica. Já  sabia que queria trabalhar com aviões. 
Acabei passando em um concurso para  entrar para a escola de mecânica da Varig em Porto Alegre, em 1986. Na  época, a empresa era conhecida pela qualidade de seu serviço de  manutenção. 
Fiquei dois anos trabalhando como  mecânico lá, até que amigos me chamaram para ajudar em uma indústria de  equipamentos médicos que estavam montando. 
Sabiam que gostava de projetar e me  pediram para desenhar algumas máquinas de hemodiálise. Mas vivíamos o  período da hiperinflação e o negócio não foi para a frente. 
MUDANÇA  
Foi quando resolvi ir morar em uma ilha.  Me mudei para Florianópolis em 1993 e comecei a voar de ultraleve, após  concluir um curso de piloto. Durante sete anos, vivi disso, levando  turistas para voos panorâmicos sobre as praias da cidade. 
Em um desses passeios, em 2000, conheci um francês louco por aviação como eu. 
Ele queria construir um planador. Tinha  um projeto e o dinheiro, mas precisava de alguém para construir. Topei a  empreitada. Arrumamos um galpão, desenhei as formas das peças, treinei  gente para trabalhar comigo. 
Em cinco anos, conseguimos produzir 12 unidades e vender para o exterior. 
Mas era muito difícil. Gastávamos US$ 70 mil para fazer e era uma briga para conseguir vender a US$ 30 mil. 
Em 2005, fui à França fazer um serviço de manutenção de um desses planadores, que durou 45 dias. 
Aluguei um motor-home em um camping e, à noite, comecei a desenhar meu avião. Decidi que era a hora de colocar esse sonho de pé. 
De volta ao Brasil, me debrucei  sobre os livros de construção aeronáutica. Tive sempre uma frase na  cabeça, do projetista Joseph Kovacs, criador do Tucano, da Embraer:  "Juntando as melhores partes de cada avião você vai construir um bom  avião". 
Por isso, busquei os melhores  fornecedores para cada peça do aeronave. As hélices vêm da Alemanha,  onde se fabricam as melhores hélices. Os motores, dos Estados Unidos, e  assim por diante. 
Contei com a ajuda de amigos e do meu  irmão. Eles compraram os três primeiros aviões e pagaram  antecipadamente, para que eu usasse o dinheiro na produção. Investimos  R$ 1,5 milhão. 
MÃO NA MASSA  
Desde o início da empresa, em 2006, trabalhei todos os dias nesse projeto. Entrava às 8h e saía às 23h, 24h. 
Hoje já reduzi o ritmo de trabalho, saio às 22h. Aos sábados, para descansar, vou para o aeroclube pilotar. 
Coloco mesmo a mão na massa. A estrutura  do avião sou eu que faço, a partir de insumos importados. Opero a  máquina de solda e construo a parte elétrica. Apesar de a mão de obra  ser treinada, estou de olho em tudo. 
Levou um ano para o primeiro avião ficar pronto, em 2010. Hoje, já entregamos três e temos cinco em produção. 
Há investidores interessados na empresa,  batizada de Wega. Quero fabricar aeronaves SLA [leve esportiva], que  podem ser usadas para algumas atividades comerciais. 
Nos últimos anos, a Fiesc [federação das  indústrias de Santa Catarina] se interessou pelo projeto. Com a ajuda  deles, conseguimos voar com nossos aviões para uma feira do setor, na  Flórida, em abril. 
Foram mais de 50 mil quilômetros, entre  ida e volta, com oito paradas por trecho. A aeronave voa a 350 km/h, uma  velocidade acima da média para a categoria. 
Foi um voo tranquilo. Vimos paisagens lindas, como o mar do Caribe e a floresta Amazônica. Senti que realizava um sonho. 
Os negócios na feira também foram ótimos.  Saímos de lá com duas encomendas engatilhadas. Agora, quero continuar  melhorando o nosso produto para competir com os melhores do mundo. 
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Mentira oficial para brecar investigação 
COMISSÃO Governo militar mentiu à Corte Interamericana para impedir apuração do caso Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier 
Pressionado pela Corte  Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a investigar e esclarecer o  paradeiro dos estudantes e militantes políticos Fernando Augusto de  Santa Cruz Oliveira, 25, e Eduardo Collier Filho, 26 - desaparecidos em  23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro - o governo militar  brasileiro, já no ocaso da ditadura, em 1980, não determinou qualquer  investigação para apurar o episódio e punir os responsáveis. Em  resposta, mentiu à Corte com a versão de que estavam foragidos e alegou  que a Lei de Anistia, aprovada em 1979, impossibilitava qualquer  investigação e apuração de responsabilidade de desaparecidos. 
A conclusão faz parte do parecer do  coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Claudio Fonteles,  ex-procurador-geral da República e relator do Caso Fernando Santa  Cruz-Eduardo Collier. O parecer baseia-se em relatório secreto dos  representantes do Ministério da Justiça (MJ) no grupo de trabalho  montado para atender à Corte e está no acervo do extinto Serviço  Nacional de Informação (SNI), em meio a documentos produzidos pelos  Ministérios Públicos Militar, da Justiça, das Relações Exteriores e da  Aeronáutica, localizados no Arquivo Nacional, no Rio. "Com todas as  letras, a representação do MJ deixou por bem registrado que não foi  determinada qualquer investigação para apurar os fatos e punir os  responsáveis", diz Fonteles. 
Informe confidencial nº 088/80, da  agência central do SNI, de 7 de abril de 1980, corrobora com a farsa,  confirmando "não terem estado os mesmos sob custódia do governo sendo,  em decorrência, desconhecido o paradeiro de ambos". Segundo os  documentos, fato destacado por Fonteles, no grupo de trabalho chegou a  haver um divergente, que entendeu que a Anistia "não abrange as  infrações disciplinares que poderiam ter sido cometidas por agentes do  governo", e que poderia haver uma investigação administrativa, que se  concluísse pela existência dos fatos, "ensejaria punição disciplinar e  possibilidade de familiares reclamarem indenização". 
No grupo, também, alguns insinuaram ter  havido práticas de torturas por agentes do governo, mas o tema foi  abortado com a justificativa: "Tal fato, se abordado no texto do  documento a ser enviado à CIDH poderá ensejar, no futuro, uma tentativa  de intromissão nos assuntos internos do Brasil, com provável desgaste da  imagem do governo, nos campos interno e externo", diz trecho do informe  nº 088/80. A CIDH é um órgão judicial autônomo que interpreta e aplica a  Convenção Americana de Direitos Humanos. 
A CNV conseguiu esclarecer que o  desaparecimento de Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier Filho foi  executado pelo Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA) e  não por agentes da Inteligência do Exército (DOI-Codi/RJ). Terça-feira  (21), a Comissão Estadual da Verdade entrega às famílias de Fernando, à  frente dona Elzita Santa Cruz, e de Eduardo Collier o dossiê e o  parecer. 
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Comissão listará centros de tortura 
INVESTIGAÇÃO  Nos anos de chumbo, a repressão usou casas e até propriedades rurais  para praticar crimes. Colegiado identificou nomes de diversos militares e  agentes 
Agência O Globo 
BRASÍLIA - Balanço  que a Comissão Nacional da Verdade divulga nesta semana vai indicar os  centros de tortura clandestinos utilizados pelos comandos dos órgãos de  repressão durante a ditadura. Nesta relação constam casas e até  propriedades rurais usadas para reprimir os opositores do regime  militar. 
São locais até agora desconhecidos onde  os perseguidos políticos eram torturados e até mortos antes de serem  entregues às unidades do regime, como o DOI-Codi. A comissão identificou  também diversos nomes de militares e agentes da repressão que atuavam  nesses locais. 
"É um levantamento dos centros de  tortura e um grande organograma no qual os espaços antes desconhecidos  começam a ser preenchidos com nomes, cargos e instituições", disse Paulo  Sérgio Pinheiro, que está deixando a coordenação da comissão. 
A Comissão da Verdade completou um ano de  existência no último dia 15. A presidente Dilma Rousseff, atendendo a  pedidos de entidades e também da própria comissão, vai estender o  trabalho por mais seis ou sete meses. Originalmente, o prazo de  funcionamento é de dois anos, e se encerraria em maio de 2014. Pinheiro  defendeu a ampliação do tempo de trabalho. 
"Temos uma lista de 1.500 nomes de  torturadores e agentes, de uma listagem básica. Temos que descobrir se  estão vivos, o RG (identidade), o último endereço. Já levantamos 250  nomes e entrevistamos 61. E é uma entrevista que tem que ser bem  preparada, para não fazermos papel de tontos. O sonho de toda comissão é  ter mais tempo de trabalho", afirmou Pinheiro. 
O balanço apresentará documentos  inéditos produzidos pelos órgãos de repressão e os nomes dessas 61  pessoas já entrevistadas pela comissão, e que estiveram envolvidas ou  conhecem as práticas de tortura, de desaparecimentos e ocultação de  cadáveres. 
Ao todo, a Comissão da Verdade já  contabiliza 15 audiências públicas com familiares de mortos e  desaparecidos, e depoimentos de 220 sobreviventes e testemunhas. Cerca  de 16 milhões de páginas estão sendo digitalizadas. 
A Comissão da Verdade também  recomendará, no seu relatório final, que se faça uma "revisão drástica"  do ensino de História nas academias militares. O grupo quer mudar a  forma como o golpe de 1964 é ensinado e visto por essas instituições. 
Outro ponto que constará no  documento são as boas relações da Comissão da Verdade com o Ministério  da Defesa e os três comandos militares. Pelo menos uma vez, conselheiros  reuniram-se com os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica, no  Ministério da Defesa. O encontro foi mediado pelo ministro da Defesa,  Celso Amorim. 
"Pela primeira vez em 40 anos, estamos  dialogando com os três comandos. Foi repassada documentação. Esses  militares que estão aí não têm nada a ver com os crimes praticados (na  repressão). Os crimes dos que os antecederam, nós estamos pesquisando. E  tem aqueles que estiveram envolvidos, caso do Ustra. Há um diálogo com  as Forças Armadas de hoje. ê um diálogo discreto, não dá para bater  bumbo. Mas é um avanço", disse Pinheiro. 
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Operação para a Copa das Confederações 
SÃO PAULO - As  Forças Armadas iniciaram ontem uma operação com 25 mil militares  espalhados pelos 16.886 quilômetros de fronteiras brasileiras, visando a  segurança nacional durante a Copa das Confederações. Chamada de  Operação Ágata 7, a mobilização de agentes das polícias Federal,  Rodoviária Federal, militar e de agências governamentais é considerada  pelo Ministério da Defesa "a maior mobilização realizada pelo governo  brasileiro no combate aos ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS)".A  operação visa combater crimes como narcotráfico, contrabando e  descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando  de veículos, imigração e garimpos ilegais. Ela acontece às vésperas do  início da Copa das Confederações, que será realizada em junho em Belo  Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio e Salvador. 
"Em função desse evento, o Ministério da  Defesa optou por uma mobilização que envolvesse os 16.886 quilômetros de  fronteira. Nas edições anteriores, as ações ocorreram em trechos da  divisa do Brasil com os países sul-americanos", destacou a pasta em  nota. 
As Forças Armadas devem utilizar navios  de patrulha fluvial, helicópteros UH-12, navios de assistência  hospitalar, lanchas, aeronaves e blindados e veículos leves para o  transporte das tropas. A força terrestre desenvolverá ações de bloqueios  de rodovias montados em pontos estratégicos da fronteira brasileira. 
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Procura por armas aumenta no País 
VIOLÊNCIA  Número de compradores de armas de fogo cresceu desde 2007. Estados que  registram a maior procura são Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa  Catarina 
SÃO  PAULO - Ao chegar em casa, num condomínio fechado no interior de Minas  Gerais, em janeiro deste ano, F. e a mulher foram surpreendidos na porta  por três assaltantes. Amordaçados, com armas apontadas para a cabeça e  depois trancados no banheiro, eles viram a casa passar por um arrastão.  Menos de dois meses depois, F. acorda durante a madrugada com o  telefonema do irmão que está hospedado em sua casa na suíte ao lado da  dele. Ladrões estavam tentando entrar na residência, desta vez pela  janela do banheiro. Naquele dia, F. decidiu que teria uma arma dentro de  casa. 
Desde o mês passado, ele dorme com uma  pistola no quarto comprada legalmente e registrada na Polícia Federal. A  história do casal mineiro não é um caso isolado. Em 2012, o número de registro de armas de fogo concedido a cidadãos comuns foi o maior no país desde o Estatuto do Desarmamento. 
Levantamento inédito da Polícia Federal  feito a pedido da reportagem mostra que o Brasil vem registrando desde  2007 um crescimento na compra por civis de armas novas legalizadas - não  entra nessa conta o comércio de armas usadas. Se logo depois da  aprovação do estatuto o número de autorizações dadas pela PF para a  compra de uma arma nova foi, em média, de 7 mil por ano, em 2012 isso  mais que quadruplicou. Foram 31.500 registros expedidos, sendo a maioria  deles, 18.627 (60%), destinados a cidadãos comuns. Os demais foram para  empresas de segurança privada e órgãos governamentais, exceto Polícia  militar e as Forças Armadas. 
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e  Santa Catarina aparecem, respectivamente, como os Estados com o maior  volume de armas registradas por pessoas físicas nos últimos 11 anos  (2002 a 2012), período do levantamento. Trata-se de um raio-x da entrada  de armas legalizadas no País. Existem hoje cerca de 8 milhões de armas  legais em circulação no Brasil. A estimativa é de que um outro  arsenal de mesma proporção segue na clandestinidade, segundo o Movimento  Viva Rio. Parte dele está nas mãos dos criminosos. 
A escalada chama a atenção por ocorrer  sob a vigência de uma legislação mais rigorosa para a concessão de posse  de armas por qualquer cidadão. O Estatuto do Desarmamento,  aprovado em dezembro de 2003, aumentou de 21 para 25 anos a idade mínima  para se ter uma arma e passou a exigir laudo psicológico e realização  de um teste prático de tiro. Antes as autorizações eram dadas pela  Polícia Civil. Agora, é competência da Polícia Federal. 
Na Bahia, o aumento foi de mais de 400%  nesses cinco anos. Em 2008, foram 224 armas novas autorizadas para civis  pela Polícia Federal e, no ano passado, 1.237. No Espírito Santo, o  ritmo foi parecido: saltou de 237 em 2008 para 1.015 em 2012. No Mato  Grosso, a diferença foi ainda maior: os registros para civis subiram de  30 para 1.403. 
Não há um padrão nos índices de homicídio  nesses Estados. Na Bahia e Espírito Santo, por exemplo, as taxas de  morte violenta aumentaram na última década, segundo o Mapa da Violência  2013, enquanto no Mato Grosso, reduziram. No caso do Rio Grande do Sul,  Santa Catarina e Rio de Janeiro, os dois primeiros tiveram aumento dos  homicídios entre 2000 e 2010, enquanto no Rio, o índice caiu. 
Ter uma arma legalizada custa caro. Não  se gasta menos do que R$ 1 mil com todo o processo de registro na  Polícia Federal, que exige certidões em cartório, declaração de  necessidade do interessado, exames psicológico e prático e curso de  tiro. Isso sem contar o gasto com a compra da arma. As regras mais  rígidas buscam restringir o acesso. O Brasil é o país onde mais se  mata com arma de fogo no mundo. Mas, como mostram os dados do Sistema  Nacional de Registro de Armas (Sinarm) da Polícia Federal, apesar do  rigor, tem crescido a procura por armas. 
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Embraer vai renovar seus E-Jets até 2018 
As entregas do primeiro avião da segunda geração, o Emb-175, começam em 2014 
Roberto Godoy 
A segunda geração de E-Jets da  Embraer vai disputar um mercado estimado em US$ 315 bilhões, envolvendo  cerca de 6,8 mil aeronaves ao longo de 20 anos. A nova família vai ser  anunciada formalmente no dia 17 de junho no glamouroso Salão de  Aeronáutica e Espaço de Paris, no aeroporto de Le Bourget. 
A novidade é que os aviões regionais brasileiros serão, ainda, os mesmos que saem agora das linhas de produção - porém, absolutamente  renovados. As alterações vão determinar consideráveis ganhos de  eficiência, por exemplo, em itens sensíveis como o consumo de  combustível. Nos modelos E-170 e E-175 haverá redução de 5% no consumo.  Nas séries E-190 e E-195, a economia será de 4,4%. 
Há mais. As winglets, aquelas pequenas  extensões na extremidade dos dois lados da asa, ficaram maiores, viraram  wingtips, mais longas e em ângulo crítico, uma sofisticação  aerodinâmica usada para melhorar o desempenho. Só esse recurso é  responsável por metade da vantagem adquiridanos gastos com o querosene  de aviação. 
Os aperfeiçoamentos chegarão primeiro no  E-175, de até 86 passageiros. As encomendas entregues em 2014  incorporarão o pacote. A família toda estará no mercado a partir de  2018. Há estudos considerando a possibilidade de algum aumento na  capacidade dos jatos maiores. O birreator E-195 receberia 118  passageiros no arranjo de baixa densidade - ou 136, na ocupação compacta  para curtas distâncias. 
Expectativa. A notícia era  esperada há três, talvez quatro, anos. No período, a especulação correu à  solta no mercado. Logo depois do lançamento dos novíssimos Sukhoi Super  100, da Rússia, e Mitsubishi RJet, do Japão, em 2008, ambos  concorrentes diretos dos E-Jets da Embraer, o mercado dava como certo  que o grupo do Brasil passaria a competir na faixa de cima, de aviões de  150 lugares e alcance de 5 mil quilômetros. A decisão de Frederico  Curado, o presidente da Embraer, de acompanhar o movimento do setor,  revelou-se adequada: pouco tempo depois, os gigantes da indústria, a  americana Boeing e a europeia Airbus, apresentaram planos para produtos  menores - e, claro, mais caros. 
A geração avançada de aviões regionais da  Embraer chega aos clientes apenas em 2018 - mas já está voando, há  meses, na "caverna", a sala que abriga o Centro de Realidade Virtual, no  setor de engenharia de projeto da empresa. Ali, engenheiros quase todos  muito jovens circulam com o rosto coberto por imensos óculos com  capacidade tridimensional. Os jatos que, por enquanto, só eles veem,  serão motorizados com turbinas da Pratt & Whitney em vez de GE,  fornecedora da linha atual. 
Isso determinou uma espécie de elevação  da asa - os motores têm diâmetro maior, precisam de espaço. A aviônica, o  sistema de controle eletrônico de bordo, é da terceira geração da  Honeywell, uma evolução das versões empregadas nos E-Jets desde a  estreia da linha, em 2004. 
O trabalho dos pilotos será facilitado  também pela adoção de monitores digitais, de alta resolução gráfica. No  total, cinco telas de emprego múltiplo. 
A empresa contemplavendas de 800  aeronaves nos próximos seis anos, antes, portanto, dain-trodução dos  modelos renovados. Segundo Paulo Cesar Silva, presidente e CEO da  Embraer Aviação Comercial, "não há exagero em avaliar que até 2030 ou  pouco mais, o mercado de jatos comerciais de 61 a 120 lugares, o  segmento no qual a empresa é a líder, com mais de 40% de participação,  demandará 6,4 mil aeronaves para atender o crescimento e proceder a  substituição das frotas antigas". 
A empresa está vivendo a retomada de  grandes contratos, como o da Republic Airways. Uma operação em duas  etapas, envolvendo a aquisição de 47 E-175 e em seguida de outro lote de  mesmo tamanho, vai acrescentar ao faturamento não menos de US$  4bilhões. A Republic é dona da maior frota de E-Jets do mundo, operando  73 unidades. 
A Embraer credita à inovação o fator  determinante no seu posicionamento competitivo. "Essas verdades ganham  dimensões especiais na indústria aeronáutica, em que inovação e  desenvolvimento tecnológico são as questões da sobrevivência, e não  apenas de diferenciação competitiva", posição da companhia revelada em  nota formal da diretoria. 
A política de aplicação de novidades,  definida pelo presidente, Frederico Curado, ocorre em quatro dimensões  transversais à cadeia de valor: 1) inovações de produtos e serviços; 2)  inovações dos processos; 3) inovação de marketing; e 4) inovações  empresariais. A ousadia é evidente no ramo militar. Como reflexo  do desenvolvimento do cargueiro e reabastecedor de combustível, o  KC-390, a empresa criou uma coligada, a Embraer Defesa e Segurança  (EDS), que nasceu rica, dona de uma fábrica em Gavião Peixoto, a 300 km  de São Paulo, e da maior pista de decolagem e pouso da América Latina-5  mil metros de asfalto cercados de monitores e sensores eletrônicos. 
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Pesquisa indica fragilidade da América Latina na proteção contra ciberataque 
Roberto Simon 
de O Estado de S. Paulo 
Um  estudo inédito sobre cibersegurança na América Latina, publicado este  mês, concluiu que a região é uma das mais vulneráveis do mundo a crimes,  atos de sabotagem e mesmo espionagem na rede. O pior, dizem  especialistas, é que a maior parte dos governos e empresas  latino-americanos não está preparada para lidar com essas ameaças. 
A pedido da Organização dos Estados  Americanos (OEA), a consultoria Trend Micro fez o primeiro levantamento  extensivo sobre cibersegurança do México à Patagônia. A conclusão é que  aumentaram tanto o número de ataques detectados quanto os tipos de  ameaça. 
Há desde esquemas de lavagem de dinheiro e  outros crimes financeiros, até ofensivas online com motivação política.  Nesta segunda categoria, enquadram-se o chamado "hacktivismo" -  protestos com ataques virtuais -, agressões a sistemas de  infraestrutura, como de transportes e energia, ou roubo de dados  sigilosos e informações estratégicas. 
"Ataques cibernéticos são cada vez  mais frequentes e ameaçadores nas Américas, principalmente em razão dos  avanços da tecnologia", disse ao Estado Neil Klopfenstein, chefe do  Secretariado de Segurança Multidimensional da OEA, escritório  responsável pela pesquisa. Desde que a Comissão Interamericana de  Direitos Humanos da entidade questionou a construção da Usina de Belo  Monte, o Brasil vem mantendo relações frias com a OEA e não forneceu  seus dados para a pesquisa. 
Klopfenstein cita outras duas causas que  explicam a escalada nos ciberataques. Primeiro, na última década o  número de internautas subiu mais de 1.000%. Atualmente, analistas  estimam que 43% da população latino-americana se conecte regularmente à  rede (no Brasil, seria cerca de 45%). Segundo, aumentaram também as  detecções de contravenções online, embora muitas ainda passem  despercebidas. 
Todos os 20 governos que  participaram do estudo registraram o crescimento dos ciberataques entre  2011 e 2012. Os dados fornecidos à OEA são confidenciais e os países não  podem ser identificados. Mas a pesquisa indica que o aumento dos  ataques variou de 8% a 40%. Esses números podem ser bem maiores, conclui  o estudo, pois muitas entidades privadas e públicas ainda hesitam  admitir que foram alvo de invasões e roubo de dados. 
Há relatos de casos graves. Um governo,  por exemplo, admitiu à OEA ter sido alvo de um programa espião. O  software que roubava informações secretas teria sido instalado em uma  agência de segurança do Estado. Outro país afirmou que 80% dos crimes  investigados tinham ligação com algum tipo de contravenção eletrônica. 
Embora não tenha sido contemplado no  estudo, o Brasil é um dos alvos mais frequentes de ciberataques. Em  2009, o programa 60 Minutes, citando fontes americanas, disse que um  ataque de hackers teria causado um apagão no Espirito Santo dois anos  antes, no que seria o primeiro "atentado online" da história - Brasília  nega a informação. 
Johanna Mendelson Forman, especialista do  Center for Strategic and International Studies (CSIS), afirma que o  Google brasileiro já foi derrubado pelo menos 190 vezes. 
Ciberguerra. Um dos  formuladores da estratégia de proteção eletrônica do Departamento de  Segurança Interna dos EUA, Paul Rosenzweig aponta que governos e  empresas da América Latina ainda veem cibersegurança como um "custo  desnecessário", principalmente por se tratar de uma região onde a  possibilidade de uma guerra entre Estados, com o uso de ataques online, é  remota. A ciberguerra foi empregada em conflitos na Líbia, Gaza e  Geórgia. 
"Essa ideia de imunidade é um erro", disse ao Estado o especialista. "Vemos  que hackers chineses têm ido atrás de propriedade intelectual e dados.  Houve casos desse tipo na África e mesmo no México". 
A China é, de longe, a origem da maioria dos ataques (veja o quadro acima). Para  Adam Segal, pesquisador do Council on Foreign Relations, todas as  empresas que operam em setores estratégicos, como aviação e petróleo,  "estão na mira dos chineses, e a América Latina não é exceção à essa  regra". O pesquisador esteve na semana passada no Brasil a convite do  governo federal para discutir cibersegurança com militares e autoridades  da Anatel. "O governo brasileiro está empenhado, mas ainda é o começo de um longo caminho", concluiu Segal. 
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De olho nos grandes eventos, Brasil investe na área 
Tânia Monteiro 
Às  vésperas de dois grandes eventos internacionais - a Jornada Mundial da  Juventude, que trará o papa Francisco ao Brasil, e a Copa das  Confederações -, o governo brasileiro está se preparando para não ser  surpreendido com ataques cibernéticos. Especialistas em segurança  acreditam que há motivo para preocupação, mas destacam que o Brasil está  se fortalecendo. O Exército, por exemplo, tem se empenhado para montar  um sistema que, durante a RI0+20, no ano passado, mostrou-se eficiente. 
"Foram 130 tentativas de ataques e  nenhuma delas obteve sucesso", disse ao Estado o general José Carlos dos  Santos, chefe da defesa cibernética do Exército. Ele comemora o fato de  o portal disponível durante as duas semanas da conferência no Rio, com  mais de 100 chefes de Estado e 180 países representados, ter saído ileso  da ofensiva. 
Os sistemas informáticos dos próximos  grandes eventos no Brasil estarão sob a proteção do Centro de Defesa  Cibernética do Exército, que atuará como coordenador e integrador do  sistema. Segundo o general José Carlos, o Brasil "está preparado" para o  desafio. 
Segundo ele, o Brasil está tão pronto  quanto a Grã-Bretanha esteve nas Olimpíadas de Londres, no ano passado.  Para o general, o risco de o País ser atingido por um ciberataque "é  considerado baixo", por se tratar de um evento esportivo. "Mas a  possibilidade técnica de um ataque existe e temos de estar preparados",  disse, completando que a maior ameaça vem dos hackers. 
Joanisval Gonçalves, especialista em  segurança e defesa, diz que o Brasil deu "um passo muito grande nesta  área" desde a elaboração da Estratégia Nacional de Defesa. "Mas há ainda  muito a ser feito e é praticamente impossível estar 100% protegido." O  professor Marcus Reis, outro especialista na área ouvido pelo Estado,  lembrou que o fato de os sistemas brasileiros serem interligados toma  ainda mais importante manter a vigilância. "A proteção dessas redes é  imperativa, pois falhas na segurança de computadores podem atingir a  infraestrutura de todo País." 
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Latino-americanos chegaram tarde à questão 
Além do combate aos crimes violentos, a segurança dos cidadãos também está ligada à prevenção de ataques no ciberespaço 
JOHANNA - MENDELSON FORMAN 
ESPECIAL PARA O ESTADO 
Numa  região em que o tema da segurança cibernética domina as agendas de  todos os países, pouca atenção tem sido dada a outro tipo de crime  silencioso que está se tornando rapidamente uma das maiores ameaças para  cidadãos, empresas e governos. E na América Latina, com 40% da  população online, qualquer pessoa com um computador ou um smartphone é  uma vítima em potencial. 
Países como Brasil e Colômbia  montaram operações de defesa cibernética em suas Forças Armadas. As  unidades policiais estão mais atentas aos crimes da internet.  Entretanto, ainda estão muito longe de poder contar com uma capacidade  de defesa hemisférica nesse campo, que é tão importante quanto qualquer  outro relativo à segurança dos indivíduos na preservação do crescimento  econômico e da competitividade. 
A América Latina e o Caribe são um rico  terreno de caça para as gangues especializadas de criminosos  extremamente habilidosos. Esses grupos aprenderam com a indústria do  cibercrime da Europa Oriental como atacar os bancos e sabotar o  comércio. As instituições financeiras são particularmente vulneráveis,  porque qualquer pessoa pode adquirir um kit de cibercrime pela internet  por apenas US$ 140, que facilita o roubo de senhas e de dados  financeiros. Entretanto, essas instituições são frequentemente as menos  acessíveis quando se trata de informar a ocorrência de ataques  cibernéticos. 
Por que a região está tão atrasada na  prevenção desse tipo de ataque? Por que ainda não foram criados  arcabouços legais que permitam processar os responsáveispor esses  crimes? O motivo real é que a América Latina e o Caribe passaram a  abordar um pouco tarde a questão da segurança. 
Ao contrário dos crimes violentos  contrapessoas, os crimes cibernéticos são sub-reptícios. No entanto,  ninguém - nem governos, setor privado, nem a sociedade civil - pode  ignorar as consequências do crime cibernético para a segurança dos  cidadãos. 
O que pode ser feito para fazer frente a  essa nova onda de criminalidade oculta? Em primeiro lugar, será  essencial empreender campanhas de educação do público. Considerando que  65% dos usuários da internet têm menos de 35 anos, serão imprescindíveis  campanhas de informação para ensinar aos novos usuários como impedir  que os computadores se tornem vulneráveis aos ataques. 
Essencial é também uma maior difusão do  uso de antivírus e de softwares antimalware. Pagar por esse software não  é um luxo, mas uma necessidade. Em segundo lugar, cada país deve  investir no treinamento de uma nova geração de combatentes em prol da  segurança cibernética, capazes de defender o seu país contra as  crescentes ameaças às redes nacionais computadorizadas. 
Segurança. Um profundo  compromisso com a educação tecnológicaper-mitirá aumentar a oferta de  trabalhadores treinados. Finalmente, será preciso criar um arcabouço  regulador regional para os crimes cibernéticos a ser usado em toda a  região. A falta de leis comuns ou de definições dos crimes cibernéticos  torna o trabalho das forças de segurança mais complicado, porque polícia  e Exército não podem perseguiros criminosos pela inexistência de uma  legislação clara para atacá-los judicialmente. 
As invasões dos criminosos cibernéticos,  como o phishing e o hacking, custam milhões de dólares não revelados aos  governos e às empresas. Os crimes cibernéticos, como todas as outras  formas de atividades ilícitas, não desaparecerão. Neste exato momento,  estamos testemunhando o lado negro da globalização em muitos países. 
Se os governos não agirem com rapidez  para tratar das questões de segurança cibernética, veremos a América  Latina tornar-se uma das plataformas preferidas para o malware, as  fraudes eletrônicas e os spams. 
A segurança dos cidadãos não diz respeito  apenas àprevenção dos cri-mesviolentos,masdevetambémin-cluir a  segurança do ciberespaço a fim de garantir que os ganhos econômicos das  últimas décadas sejam preservados e não roubados secretamente por meio  do toque de uma tecla. 
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Operação Ágata 7 é deflagrada em regiões de fronteira de todo o Brasil 
No Paraná, operação é realizada em Foz do Iguaçu, Toledo e Céu Azul. Ação visa combater crimes característicos de regiões de fronteira. 
Do G1 PR 
Equipes do Exército, Marinha e  Aeronáutica realizam desde as 6h deste sábado (18) a sétima etapa da  Operação Ágata nos 16,8 mil quilômetros de fronteira terrestre do Brasil  com 10 países sul-americanos. A ação visa combater crimes como  narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições,  crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração ilegal, problemas  indígenas e garimpo. 
Aproximadamente 25 mil oficiais contam  com o apoio de agentes das polícias federal, rodoviária federal, militar  e de agências governamentais em todo o Brasil. A operação ocorre às  vésperas da Copa da Confederações, que começa em 15 de junho. 
No Paraná, cerca de três mil  oficiais atuam em bases de comando montadas na Ponte Internacional da  Amizade, em Foz do Iguaçu, e em regiões de pedágio emToledo, Palotina e  Céu Azul. Até as 9h, não havia um balanço de prisões e apreensões. 
As principais ações referem-se a postos  de bloqueio e controle de estradas, patrulhamentos, intensificação de  fiscalização de produtos controlados, atividades de inteligência e  realização de Ações Cívico-Sociais (ACISO), que consistem em levar o  atendimento médico, odontológico e hospitalar aos locais onde concentram  famílias carentes. 
Em quase dois anos, o Ministério da  Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), já  realizou seis edições da Operação Ágata. No Paraná, a última etapa  realizada foi em agosto de 2012. 
Os outros estados de fronteira onde estão  sendo realizadas as operações são Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre,  Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande  do Sul. Os países vizinhos são Guiana Francesa, Guiana, Suriname,  Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai. 
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Cenipa muda normas e vai investigar casos de quase colisão entre aviões 
Até agora, aproximação entre aeronaves era avaliada só por controle aéreo. Só acidente com morte, grave ou com drones terá investigação profunda. 
Tahiane Stochero 
Do G1, em São Paulo 
O  Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)  mudou as regras para apuração de acidentes aéreos no país. A partir de  agora, somente acidentes que resultem em mortes, que envolvam aeronaves  de grande porte ou com aviões não tripulados (drones, conhecidos no  Brasil como "vants"), é que terão uma investigação aprofundada com a  produção de um relatório final. 
Outra medida é que passará a ser de  responsabilidade do Cenipa investigar casos de "quase colisão" entre  helicópteros e/ou aviões, que serão considerados como “incidentes  graves”. É considerada uma quase colisão quando a distância mínima entre  uma aeronave e outra é inferior a 500 pés (152,4 metros). A situação é  chamada de “bolha de risco crítico”. 
Neste caso, o TCAS (equipamento do avião  que alerta sobre aproximação de outro) aciona um alarme. O risco crítico  também pode ser informado pelo piloto quando uma das aeronaves não tem o  aparelho. 
O alerta de risco de colisão (RA) é  emitido pelo TCAS, quando as aeronaves se aproximam demais e o choque  pode ocorrer em até 30 segundos (veja arte). Antes, outro alarme, o TA  (alerta de tráfego), avisa os pilotos de que uma colisão pode ocorrer em  até 45 segundos. 
 A  mudança nos procedimentos de investigação do Cenipa, chamada de Norma  do Sistema do Comando da Aeronáutica (NSCA 3-13), foi publicada por  portaria da FAB no Diário Oficial da União de 6 de maio, mas será  retroativa a 1º de janeiro de 2013.
Desde o choque no ar de um Boeing da Gol  com um Legacy na Serra do Cachimbo (MT), em setembro de 2006, deixando  154 mortos, ocasiões em que aviões com risco são apuradas pelo  Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), por se caracterizam  como incidente de tráfego aéreo. 
Segundo o brigadeiro Carlos Lourenço, chefe do Cenipa, agora, assim que o piloto comunicar à torre de controle um “resolution advisory (RA)”, como é chamado o procedimento de quase colisão, o Decea avisará o Cenipa, e os dois órgãos vão avaliar se se caracteriza como incidente grave com risco crítico. Antes, dizia ele, o Cenipa era informado e a apuração ficava com o Decea. 
Agora, o Cenipa, e não mais o Decea, fará uma investigação sobre o caso, resultando em um relatório final de caráter público. O controle aéreo fornecerá as informações para que a apuração possa ser feita. 
Para a Associação Brasileira das  Empresas Aéreas (Abear), a mudança é vista como “positiva”. Quando há  risco de quase colisão, a companhia precisa tirar pilotos e comissários  do trabalho. 
Isso porque uma norma da Agência Nacional  de Aviação Civil (Anac) suspende os certificados de saúde. Para a  Abear, agora, isso será feito em casos excepcionais. 
“Com este novo procedimento, o número de  tripulantes de aeronaves que vai ser encaminhado para exame médico vai  diminuir drasticamente. Hoje, a maioria dos reportes de quase colisão  não representa nenhum risco porque são feitas com base de projeções de  trajetórias. É uma boa norma para todos”, diz o comandante Ronaldo  Jenkins, diretor de operações e segurança de voo da Abear. 
A FAB não adota oficialmente o termo "quase colisão" , mas, sim, "risco crítico de colisão". 
A Agência Nacional de Aviação Civil  (Anac) informou que a suspensão dos certificados médicos ocorre após  comunicação oficial de risco pelo Cenipa. Em 2012, 287 pilotos e  comissários tiveram que refazer os exames de saúde por estarem  envolvidos em acidentes ou incidentes graves. Em 2011, haviam sido 190. 
Só casos graves terão relatório 
Outra mudança importante é que, a partir de agora, o Cenipa só fará relatórios de investigação completos quando 1) tragédias resultarem em mortes ou ferimentos graves; 2) acidentes graves envolverem aeronaves que pesem mais de 2.250 quilos ao decolar e 3) incidentes considerados graves envolvam aeronaves que pesam mais de 5.700 quilos. 
Até então, todos os casos de acidentes da  aviação civil brasileira, que resultavam ou não em mortos e feridos,  eram investigados profundamente pela Aeronáutica e era necessário a  produção de um relatório final detalhado. 
Em 2012, houve 184 acidentes (178 com  aeronaves de bandeira nacional) e 73 incidentes aéreos graves, que  deveriam resultar em um relatório do Cenipa. Destes, apenas um foi  concluído até então e publicado no site do órgão. 
Para o brigadeiro Luis Roberto do Carmo  Lourenço, as mudanças irão acelerar o processo de trabalho e fazer com  que recomendações de segurança sejam feitas de forma mais rápida. A  estimativa é que, em relação aos 249 casos de 2012, haja uma redução de  56% no número de relatórios. 
A demanda reprimida de relatórios em  produção atualmente, segundo o oficial, “não chega a mil”. O Cenipa  possui cerca de 200 servidores, contando a sede, em Brasília, e os sete  serviços regionais de investigação e prevenção. 
“No Brasil, tínhamos a cultura de  investigar profundamente toda e qualquer ocorrência. Agora, separamos os  protocolos sobre acidentes da aviação civil dos da militar e  estabelecemos novas orientações em função da demanda de trabalho. O que  faremos agora é dar prioridade e produzir relatórios para os que a ICAO  (Organização Internacional da Aviação Civil) recomenda. Os demais, vão  gerar sumários mais sintéticos”, disse o chefe do Cenipa ao G1. 
“Temos expectativa de produzir as investigações com maior velocidade”, afirma o brigadeiro. 
No Brasil, tínhamos a cultura de  investigar profundamente toda e qualquer ocorrência. O que faremos agora  é dar prioridade e produzir relatórios para os que a ICAO recomenda. Os  demais, vão gerar sumários mais sintéticos" Brigadeiro Lourenço, Chefe  do Cenipa 
Nos casos de incidentes e acidentes  com helicópteros e aviões de menor porte e que não forem considerados  graves, o Cenipa produzirá uma análise sucinta, chamada de “suma de  investigação”, de até três folhas. 
Isso porque alguns casos são considerados  com “elevado índice de repetitividade”, ao exemplo de colisões com  pássaros ou balões, estouro de pneus, incidência de raio laser, dentre  outros e “não trazem novos ensinamentos para a prevenção”, diz o  documento. 
“Nenhum acidente deixará de ser  investigado. Mas, agora, nem todos terão um relatório. Alguns acidentes  são repetitivos e nós já conhecemos o porquê deles ocorrerem. A mesma  regra que passamos a adotar agora é usada pelos órgãos de investigação  dos EUA, França, Austrália. É uma evolução do sistema”, diz o brigadeiro  Lourenço. 
Acidentes com drone 
Outra novidade é que o Cenipa passará a investigar acidentes ou incidentes que envolvam drones civis, os veículos aéreos não tripulados (vants, na sigla em português). Segundo o documento, a investigação somente será realizada quando “o vant possuir uma aprovação de projeto e/ou operacional ou se houver o envolvimento em Incidente de Tráfego Aéreo de Risco Crítico com aeronave civil tripulada”. 
Isso significa casos em que houver risco  de colisão devido à proximidade de drones com aviões ou helicópteros. A  Anac será comunicada das ocorrências com drones, independentemente de  haver ou não investigação. 
O que muda com as novas normas de investigação de acidente aéreo: 
Quase colisão 
O Cenipa passará a investigar casos graves de aproximação de aviões ou helicópteros. Antes, a apuração ficava só com o controle aéreo. 
Relatório finais complexos só em casos excepcionais 
- quando há morte ou ferido grave - em caso de acidente grave com aeronave que pese mais de 2.250 quilos - incidente grave com aeronave que pese mais de 5.700 quilos - casos em que outros países enviem um representante para participar 
Drones 
Acidentes ou casos de risco de colisão de aeronaves tripuladas com drones serão investigados Fonte: NSCA 3-13 e Cenipa 
Ano Acidentes Incidentes graves 
2012 184 73 2011 159 61 2010 113 60 2009 113 39 2008 110 29 Fonte: Cenipa  | 
Cerca de 1,5 mil militares fiscalizam as fronteiras de RO e AC em operação 
Operação Ágata 7 foi deflagrada neste sábado nas regiões de fronteira. Crimes mais comuns em RO são contrabando e descaminho, diz 17ª Brigada. 
Ivanete Damasceno 
Do G1 RO 
Cerca  de 1,5 mil militares atuam nas rodovias federais de Rondônia e Acre com  a deflagração da Operação Ágata 7 na manhã deste sábado (18). A  operação ocorre nos 16,8 mil quilômetros de fronteira terrestre do  Brasil com 10 países sul-americanos. De acordo com a 17ª Brigada de  Infantaria e Selva os crimes mais comuns nessa região são contrabando e  descaminho. 
Nas rodovias BR-364 e BR-421 a  fiscalização foi intensificada e não deve ser fixa para evitar que  possíveis criminosos façam desvios e consigam fugir dos bloqueios  montados. Em Rondônia, há presença de militares desde Vilhena (RO) até a  saída de Abunã, distrito de Porto Velho. 
Em Guajará-Mirim (RO), uma das principais  rotas de crime de contrabando e descaminho no estado, a fiscalização é  redobrada, segundo a 17ª Brigada, e os flagrantes registrados serão  encaminhados para os órgãos responsáveis para as autuações. Em quase  dois anos, o Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das  Forças Armadas (EMCFA), já realizou seis edições da Operação Ágata. 
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Cuiabá, Rio, Manaus e Brasília têm piores aeroportos, diz pesquisa 
Levantamento do governo avaliou 15 aeroportos que atendem sedes da Copa. Segundo ministro, objetivo é melhorar atendimento em todo o país. 
Uma  pesquisa realizada pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da  República e obtida com exclusividade pelo Jornal Nacional aponta os  aeroportos de Brasília, de Manaus, do Galeão (Rio de Janeiro) e de  Cuiabá com as piores avaliações entre os que atendem às 12 cidades-sede  da Copa do Mundo de 2014. 
O levantamento foi realizado em 15  aeroportos, sendo 14 nas 12 sedes mais o de Campinas, que também atende à  cidade de São Paulo. Juntos, os 15 aeroportos representam 81% da  movimentação de passageiros no país. 
Foram ouvidos 21 mil passageiros no primeiro trimestre deste ano que opinaram sobre 41 itens,  como limpeza de banheiros, tempo de espera em filas, segurança,  qualidade das informações repassadas, cortesia dos funcionários, valor  de produtos de alimentação, custo de estacionamento e acesso à internet. 
Os passageiros puderam dar nota entre 0 e 5 para cada item. Confira ao lado a média de cada aeroporto. 
O aeroporto de Cuiabá ficou com as  piores notas em disponibilidade do meio-fio (local de embarque e  desembarque), conforto térmico, tempo de atendimento do check in,  cortesia dos funcionários de segurança e dos funcionários do aeroporto. 
Já o segundo pior avaliado, Galeão, teve  notas mais baixas em limpeza de banheiro, distância de caminhada no  terminal e facilidade em conexões. 
A Infraero, que administra os aeroportos  de Cuiabá, de Curitiba e do Galeão, no Rio, considerou a pesquisa  importante para melhoria do atendimento. A Inframérica, responsável pelo  Aeroporto de Brasília, disse que obras atualmente em andamento levarão a  mudanças. 
Os melhores avaliações foram dadas  para os aeroportos de Curitiba, que fica na cidade de São José dos  Pinhais, Recife, Fortaleza e Natal.  
Itens como valor da alimentação e custo  do estacionamento tiveram notas baixas mesmo nos melhores aeroportos.  Por outro lado, o item cortesia dos funcionários teve nota elevada na  maioria dos aeroportos. 
A pesquisa revelou ainda o perfil  dos passageiros desses 15 aeroportos: 76% embarcaram em voos para  destinos dentro do próprio país, 60% viajavam a lazer e 52% utilizaram  transporte privado para chegar ao aeroporto. 
O objetivo do governo é monitorar os  indicadores a cada trimestre, com o objetivo de melhorar os serviços  prestados de olho na Copa do Mundo do ano que vem. 
"O passageiro brasileiro nao é tratado  ainda como cliente e ele precisa ser tratado como cliente", destacou o  ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco. 
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25 mil militares estreiam manobra contra crimes em regiões fronteiriças do país 
Operação abrange toda a fronteira brasileira com os dez países sul-americanos 
 As  Forças Armadas iniciaram na manhã de sábado a Operação Ágata 7, que  abrange toda a fronteira brasileira com os dez países sul-americanos. É a  maior mobilização já realizada pelo governo brasileiro no combate aos  ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS) e deve contar com 25 mil  militares, além da participação de agentes das polícias federal,  rodoviária federal, militar e de agências governamentais.
Antes de a operação ser desencadeada, o  governo brasileiro contatou autoridades dos países vizinhos para o  repasse de informações sobre o emprego do aparato militar. A Ágata  integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), coordenado pelo  Ministério da Defesa e o comando do Estado-Maior Conjunto das Forças  Armadas (EMCFA). A execução cabe à Marinha, ao Exército e à Força Aérea  Brasileira (FAB). 
A Ágata 7 acontece às vésperas da Copa  das Confederações, competição esportiva que será realizada em seis  cidades-sede — Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de  Janeiro e Salvador. Em função desse evento, o Ministério da Defesa optou  por uma mobilização que envolvesse os 16,8 mil quilômetros de  fronteira. Nas edições anteriores, as ações ocorreram apenas em alguns  trechos fronteiriços do Brasil com os países sul-americanos. 
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O Comando Militar do Sul (que  abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná)  responde pelo maior efetivo da operação. São cerca de 6 mil militares em  emprego direto e mais de 9 mil no apoio às atividades realizadas. As  principais ações referem-se a Postos de Bloqueio e Controle de Estradas  (PBCE) na faixa de fronteira, patrulhamentos, realização de Ações  Cívico-Sociais (ACISO) — ajuda às comunidades — e também fiscalização de  produtos controlados e atividades de inteligência. 
Durante a mobilização, militares estarão  atentos aos principais crimes fronteiriços, como narcotráfico,  contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes  ambientais, contrabando de veículos, imigração ilegal, problemas  indígenas e garimpo. A Ágata conta com a participação de 12 ministérios e  20 agências governamentais, além de aglutinar instituições dos 11  estados da região de fronteira. 
Em quase dois anos, o Ministério da  Defesa, por meio do EMCFA, já realizou seis edições da Operação Ágata. A  faixa de fronteira situa-se 150 quilômetros a partir da divisa. Esse  território compreende 27% do território nacional onde estão 710  municípios, sendo 122 cidades limítrofes e 588 não limítrofes. 
A fronteira tem 16.886 quilômetros de  extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de  rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os  estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre,  Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio  Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana,  Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e  Uruguai. 
Forças Armadas ![]() 
Como a operação se desenvolve ao longo de  toda a fronteira terrestre, as tropas contarão com os centros montados  nos Comandos Militares da Amazônia (CMA), em Manaus (AM); do Oeste  (CMO), em Campo Grande (MS); e do Sul (CMS), em Porto Alegre (RS).  Nesses locais atuarão militares da Marinha, do Exército e da  Aeronáutica. No entanto, as três Forças utilizarão homens e equipamentos  das Organizações Militares, além de poderem contar com reforço de  outras regiões. 
A Marinha fará uso de navios patrulha  fluvial, helicópteros UH-12, navios de assistência hospitalar e lanchas.  Participam da operação destacamentos operacionais dos fuzileiros navais  do Batalhão de Operações ribeirinhas, capitanias, agências e  destacamentos fluviais. Na Região Sul, a Marinha do Brasil, por meio da  Força Naval Componente, integra a Operação com três Navios; a Corveta  Imperial Marinheiro, o Navio-Patrulha Babitonga e o Rebocador de Alto  Mar Tritão; três Helicópteros Esquilo HU-12, 23 embarcações, 18 viaturas  administrativas, 6 caminhões operativos e 1.670 militares envolvidos. 
O Exército fará o emprego de aeronaves,  além de blindados e veículos leves para o transporte das tropas. A Força  terrestre desenvolverá ações de bloqueios de rodovias montados em  pontos estratégicos da fronteira brasileira e patrulhamento terrestre,  com participação de órgãos e instituições federais, estaduais e  municipais. 
No caso específico da Força Aérea  Brasileira (FAB), o centro de operação ficará no Comando Geral de  Operações Aéreas (COMGAR), com sede em Brasília. A Aeronáutica tem à  disposição os aviões Super Tucano (A-29), os caças F5EM, os aviões  radares, os VANTs (aviões sem piloto) e os helicópteros. 
Os agentes governamentais, como as  Polícias Federal e Rodoviária Federal, Receita Federal, Anatel, Aneel,  ANP, DNPM, ICMBio, Funai e Ibama, atuarão em conjunto em suas  respectivas áreas. As seis edições da Ágata resultaram em 59.717  procedimentos de ajuda comunitária, sendo 18.304 atendimentos médicos e  29.482 odontológicos. Cerca de 9 mil pessoas foram vacinadas e  distribuídos 195.241 medicamentos. Fotos: Divulgação / Vinicius Santos 
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EMTEMPO.COM.BR (AM) 
Operação Ágata é lançada pelo Comando Militar da Amazônia Cerca  de 15 mil militares das forças armadas atuarão nos 11 mil quilômetros  de fronteira da Amazônia, durante a sétima edição da ‘Operação Ágata’,  que iniciou na manhã deste sábado (18) e se estende até seis de junho. O  lançamento foi feito na sede do Comando Militar da Amazônia (CMA), Zona  Oeste de Manaus.
A operação está sendo desenvolvida de  maneira simultânea em toda a extensão da fronteira brasileira com dez  países sul-americanos. A ação busca combater o tráfico de armas e  munições, contrabando, garimpo ilegal, crime contra o meio ambiente e  narcotráfico. 
“O efeito da operação é impedir que  o crime aconteça. A nossa maior preocupação é com o narcotráfico,  responsável por 80% dos crimes urbanos”, disse o comandante de  operações, o general do exército Eduardo Dias Villas Boas. 
Segundo o general,  além dos militares brasileiros, as tropas dos países vizinhos - Guiana  Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru,  Paraguai, Argentina e Uruguai – também realizam inspeções, em seus  territórios. 
Em todo Brasil, 25 mil militares  participam da ação em companhia com a polícia federal, rodoviária  federal de 20 agencias civis. O montante de R$ 14 milhões proveniente da  Marinha, Exército e Aeronáutica é empregado na logística da ação. 
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MIDIANEWS.COM.BR (MT)
Aeroportos vão operar com grandes aeronaves
Rondonópolis, Sinop e Alta Floresta passam a ser nível-6
Os aeroportos de Rondonópolis,  Sinop e Alta Floresta passarão a classificação Nível-6, com a chegada de  mais um caminhão contraincêndio de aeródromos tipo AP-2 em cada um  deles. Significa dizer que os três aeroportos matogrossenses serão  adequados às normas de segurança expedidas pela Agência Nacional de  Aviação Civil (Anac) para operarem com aeronaves de grande porte com  capacidade a partir de 150 passageiros. A vantagem para o usuário é a possibilidade do valor das passagens baratearem.
Até o final do mês de maio a  Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC/PR) conclui  a assinatura da Ata de Registro de Preços de Caminhão Contraincêndio e o  Governo de Mato Grosso pode aderir a Ata para contratar o fornecedor.  Os três veículos custarão R$ 5,4 milhões. Os recursos são do  Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaa) da SAC/PR e da  Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu/MT) que entrará  com a contrapartida de R$ 270 milhões.
Atualmente os aeroportos de Rondonópolis,  Sinop e Alta Floresta distantes, respectivamente, 212, 500 e 803 km da  capital Cuiabá, operam com aeronaves de médio porte, a maior delas é a  Embraer-175 que comporta 86 passageiros. O convênio para a aquisição dos  veículos foi assinado entre o governador Silval Barbosa e o secretário  de Aeroportos da SAC/PR, Juliano Alcântara Noman, em dezembro de 2012.


As  Forças Armadas Brasileiras instauraram na manhã deste sábado (18) a  Operação Ágata 7, com o objetivo de intensificar as fiscalizações nas  fronteiras com países vizinhos da América do Sul e diminuir as  incidências de tráfico nessa região. A operação acontece em vários  Estados Brasileiros, mas com esforço concentrado na Amazônia Brasileira.
A  mudança nos procedimentos de investigação do Cenipa, chamada de Norma  do Sistema do Comando da Aeronáutica (NSCA 3-13), foi publicada por  portaria da FAB no Diário Oficial da União de 6 de maio, mas será  retroativa a 1º de janeiro de 2013.

Cerca  de 15 mil militares das forças armadas atuarão nos 11 mil quilômetros  de fronteira da Amazônia, durante a sétima edição da ‘Operação Ágata’,  que iniciou na manhã deste sábado (18) e se estende até seis de junho. O  lançamento foi feito na sede do Comando Militar da Amazônia (CMA), Zona  Oeste de Manaus.















