|

Brasileiros acusam Bolívia de agressão

Colonos no país vizinho dizem que militares invadiram e incendiaram suas casas, perto da fronteira com Acre .

Lei boliviana proíbe estrangeiros de ter propriedades na fronteira; Itamaraty investiga denúncias
.

FREUD ANTUNES e ISABEL FLECK .

O governo investiga denúncias de ações truculentas nos últimos dias contra brasileiros que vivem em território boliviano, por membros do Exército do país vizinho.

Os militares teriam expulsado os brasileiros de suas propriedades na região da fronteira com o Acre, agredido colonos e destruído e incendiado casas.

O Itamaraty enviou à cidade de Capixaba (AC) o encarregado de negócios na Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Sabóia, para conversar com os cerca de 30 brasileiros que apresentaram a denúncia ao governo do Acre.

O Ministério da Defesa também afirma ter enviado um capitão do Exército para averiguar as informações de que militares bolivianos teriam entrado no Brasil armados, para buscar mantimentos e abastecer veículos.

Se confirmada, a ação contraria norma internacional que prevê solicitação prévia para a movimentação de Forças Armadas em outro país.

Um batalhão de Brasileia com cerca de 35 militares também foi enviado a Capixaba, em uma "ação de caráter preventivo", segundo o ministério.

A ação dos bolivianos contra os brasileiros teria começado no fim de semana. O colono José Carlos Caldas, que vive no seringal Fortaleza, do lado boliviano, disse ter sido surpreendido por militares ao voltar do Brasil.

"Saímos no último sábado da Bolívia para vir a Capixaba. Quando voltamos, na segunda, encontramos o Exército boliviano. Fomos recebidos por militares apontando fuzis. Invadiram nossa casa, prenderam cavalos, mataram porco e gado", disse.

RECOLOCAÇÃO

De acordo com a lei boliviana, estrangeiros não podem ter terras em uma faixa a 50 km da fronteira.

A presença de brasileiros na região é motivo de tensão entre os dois países desde a posse do presidente da Bolívia, Evo Morales, em 2006.

O Itamaraty estima que cerca de 300 famílias de brasileiros vivem hoje nesta faixa do lado boliviano.

Cerca de 160 outras já teriam sido assentadas nos últimos anos -no interior da Bolívia e no Brasil- por meio de um acordo firmado entre os dois países e a OIM (Organização Internacional para Migrações).

A parceria prevê o repasse de verbas brasileiras para a organização comprar imóveis longe da faixa de fronteira.

"Vamos apurar as denúncias. Uma vez apuradas, vamos fazer chegar às autoridades bolivianas a nossa insatisfação. Depois queremos avançar no reassentamento dos brasileiros para que possam sair rapidamente", disse Sabóia, que, se reuniu ontem com representantes do governo do Acre, da prefeitura de Capixaba, do Exército e da Polícia Federal.

Procurado, o Ministério do Interior boliviano não respondeu, até o fechamento do jornal, se a ação de expulsão havia sido ordenada pelo governo vizinho.

Brasil pede que Bolívia investigue militares

Número dois do Itamaraty solicita a colega apuração de alegada invasão de terras de brasileiros no país vizinho .

Exército boliviano deu ultimato até 25 de maio para que colonos deixem a área de 50 km à margem da fronteira

ISABEL FLECK e FREUD ANTUNES

O Itamaraty pediu ontem que a Bolívia investigue as denúncias de que militares e policiais do país vizinho invadiram propriedades de brasileiros em território boliviano.

Em telefonema ao vice-chanceler boliviano, Juan Carlos Alurralde, o secretário-geral de Relações Exteriores, Ruy Nogueira, manifestou a preocupação brasileira com as acusações e solicitou uma apuração.

Segundo o governo do Acre -Estado que faz divisa com o departamento de Pando, onde teria ocorrido a invasão-, o Exército da Bolívia deu um ultimato até 25 de maio para que eles deixem suas casas na faixa de 50 km a partir da fronteira.

Pela lei boliviana, estrangeiros não podem ter propriedades nessa região.

No entanto, um acordo bilateral entre os dois países prevê a saída dos brasileiros até o fim deste ano.

"O Exército boliviano fala aos produtores que o prazo é até 25 de maio, mas isso não corresponde ao acordo. Os brasileiros têm até 31 de dezembro para desocupar a fronteira", disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão.

O secretário disse ter ouvido cinco moradores da região, que relataram ameaças, abate de animais e tomada de uma casa pelos militares.

O encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz, Eduardo Sabóia, que esteve anteontem na região de Capixaba (AC), também colheu relatos e fotos dos colonos, que comprovam a invasão das propriedades e as denúncias de que militares bolivianos entraram armados em território brasileiro.

As imagens foram mostradas por Sabóia ontem a autoridades bolivianas em La Paz.

Segundo a Folha apurou, há fotos de soldados do país vizinho com armas na cintura na cidade de Capixaba.

O Exército brasileiro abriu uma sindicância para analisar a ação, que violaria uma norma internacional que exige solicitação prévia para movimentação de forças armadas em outro país.

Um pelotão com cerca de 35 militares enviado anteontem para a região de Capixaba seguirá na fronteira até que as tensões diminuam.

Procurada, a chancelaria boliviana disse ter repassado o pedido de investigação brasileiro aos ministérios responsáveis.

O acordo para a retirada pacífica de brasileiros estabelece que eles sejam realocados no interior da Bolívia ou no Brasil, com o apoio da OIM (Organização Internacional para Migrações) e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

O Incra do Acre informou ter recebido do Itamaraty em 2010 uma lista com 554 famílias para serem reassentadas. Até o fim de 2011, 120 famílias já haviam sido retiradas da área.

Neste ano, segundo o Incra, outras 150 famílias deverão ser realocadas em duas fazendas próximas à BR-317, em Capixaba. As outras só poderão ser reassentadas em 2013.

Fonte: / NOTIMP


Leia também:










Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented