Passagens aéreas vão pressionar a inflação nos próximos meses


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aumentou o peso do item no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de 0,53% para 0,57%. Com o crescimento da classe média nos últimos anos, as viagens de avião ficaram mais comuns no dia a dia dos brasileiros e passarão a ter mais relevância no indicador no cálculo da inflação oficial.
O cálculo do IBGE exclui as tarifas dos voos realizados durante a semana, demandados especialmente por passageiros de negócios. "Nós pesquisamos apenas as passagens de viagens de lazer e apenas aquelas compradas nas duas maiores companhias aéreas", disse a gerente da coordenação de índices de preços do IBGE, Irene Machado, referindo-se a TAM e Gol. O aumento do peso das passagens no IPCA vai fazer com que as altas de preços, iniciadas no último trimestre do ano passado e que devem continuar em 2012, passem a pesar mais sobre o índice.
O objetivo das companhias é recuperar as perdas registradas no ano passado, resultado da combinação de dólar e preço do combustível em alta e yield (valor médio pago por passageiro a cada quilômetro voado) no patamar mais baixo dos últimos dez anos. "O grande vilão das passagens é o dólar. O leasing dos aviões, combustível e outros materiais são cotados em dólar. Quando a moeda sobe, os custos das empresas aumentam e não há alternativa a não ser repassar isso para o preço das passagens", avalia o especialista em transporte aéreo Nelson Riet.
Na avaliação de Riet, a elevação dos preços deve perdurar além da alta temporada, época em que tradicionalmente as aéreas aumentam as tarifas.
Perdas.
Esse cenário colaborou para que TAM e Gol registrassem prejuízos de R$ 619,7 milhões e R$ 516,5 milhões no terceiro trimestre do ano passado, respectivamente.
Procurada, a Gol não informou até que mês pretende continuar com essa estratégia, mas ressaltou que o preço do querosene de aviação, que representa 50% dos custos da companhia, está impactando diretamente na sua operação.
A TAM confirmou que seguirá aumentando os yields ao longo deste ano, mas diz que ainda não pode precisar quando o movimento cessará. A Azul não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição.
Essas perspectivas contrastam com a avaliação otimista do governo. Na semana passada, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse, em Brasília, não contar com uma nova rodada de fortes aumentos dos bilhetes.
"A gente não espera ter em 2012 alguns fatores, alguns choques que ocorreram ao longo de 2011 e foram muito fortes para a inflação, como, por exemplo, o aumento das passagens aéreas e do etanol. São fatores que não devem se repetir neste ano", avaliou na ocasião.
Fonte: / NOTIMP
Foto: Mario Ortiz
