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Guarulhos: Batalhão de Engenharia promete entregar obra do aeroporto antes do prazo



Luiz Roiz .


Sob comando do coronel engenheiro Carlos Alberto Maciel Teixeira, um destacamento de 137 militares do 6º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército está vencendo a guerra contra o déficit de infraestrutura decorrente de uma década de atraso na reforma do Aeroporto de Guarulhos, o maior do País.

O contingente gerencia o trabalho de sete empreiteiras privadas e um total de 1.100 funcionários em duas missões fundamentais: a reforma da pista principal (3.700 metros) e a gigantesca obra de terraplenagem do novo pátio de estacionamento de aeronaves do futuro Terminal Três (TPS-3) – uma área de 300 mil m2.

E o mais importante: do orçamento total, de R$ 430 milhões, o coronel Teixeira promete economizar nada menos que R$ 150 milhões. E mais ainda: as obras de terraplenagem, previstas para terminar em 23 meses (começaram em agosto), serão entregues até seis meses antes.

“O pessoal do TCU (Tribunal de Contas da União) tem acompanhado tudo e está muito satisfeito” disse o coronel na quinta-feira, no canteiro das obras, em entrevista exclusiva ao Diário de Guarulhos.

O comentário não poderia ser mais sintomático. Nos últimos quatro anos, a maior parte das obras tocadas pelo Infraero ou foi barrada pelo TCU ou contestada pelo Ministério Público. Foi por causa disso, aliás, que o Exército assumiu a missão.

Por ordem expressa da presidente Dilma Roussef, um acordo de cooperação técnica entre o Exército e a Infraero, foi assinado em maio, dando prosseguimento a um entendimento anterior.

“Foi uma decisão acertadíssima. Tenho acompanhado as obras sistematicamente, o que me leva a reconhecer a capacidade, agilidade e organização do Exército para entregar no prazo mais rápido as pistas reformadas, pátio ampliado e o Terceiro Terminal. Com isso, a capacidade do Aeroporto subirá para 52 milhões de passageiros/ano”, disse o deputado estadual Alencar Santana (PT), um dos principais interlocutores dos militares.

A visita do DG às obras ocorreu no mesmo dia (20) em que funcionários em greve da Infraero realizavam atos de protesto contra o plano de concessão do Aeroporto à iniciativa privada, o que deverá ocorrer após leilão programado para o fim do ano.

Em flagrante contraste com a disposição de greve, as obras tocadas pelo Exército seguiam a todo vapor.

Das 6h da manhã às 8h da noite, de segunda a sábado, e, quando necessário, aos domingos, o movimento de 17 escavadeiras, centenas de caminhões e 1.100 trabalhadores civis é intenso.

“Missão é missão”, diz Coronel


O que chama atenção no “teatro de operações” no Aeroporto é o ânimo da tropa que forma o chamado “Destacamento Guarulhos”. Além do coronel Carlos Alberto Maciel Teixeira, há outros nove oficiais engenheiros (um major, capitães e tenentes) e uma centena de soldados.

“Para o militar, missão é missão”, disse o coronel, cuja experiência em engenharia de construção é respeitável. Ele já participou de tarefas bem mais árduas, como a missão militar brasileira no Haiti, e em áreas delicadas, como a instável fronteira com a Venezuela de Hugo Chávez, na região de Boa Vista, na Amazônia.

Carioca, botafoguense, 52 anos, casado, um filho de seis anos, formou-se na Academia Militar de Agulhas Negras e integra o 6º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção). Seu batalhão também participa de obras nos aeroportos de Natal (RN) e São Luís (MA).

Foi também prefeito das vilas militares do Exército em Brasília, onde mora sua família, tendo a tarefa de administrar cerca de 4 mil casas e apartamentos. “Para os nossos padrões, o serviço aqui pode ser considerado uma moleza. Guarulhos tem de tudo. É possível até receber a visita da família”.

Os militares estão acantonados em alojamentos espartanos, no final da Rodovia Hélio Smidt, enquanto os trabalhadores civis contratados residem, na maioria, no município.

O coronel fez questão de que as contratações fossem feitas na cidade. “Queremos prestigiar a cidade. Aliás, se o Brasil vai ganhar com os incrementos no Aeroporto, Guarulhos vai ganhar mais ainda”.

Obra ajuda a aperfeiçoar a engenharia militar do País

As duas obras tocadas pelo Exército no Aeroporto fazem bem ao 6º BEC. Por suas dimensões, elas servem para o aprendizado da tropa de engenharia.

“Faz parte de nosso adestramento, nunca fizemos um trabalho dessa envergadura. O Exército executa cerca de 200 obras de engenharia no País. Comparável a esta, só na BR 101”, disse o coronel Teixeira.

A BR 101 liga o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. O Exército faz a duplicação de um trecho de 400 km, no Nordeste.

Já em Guarulhos, impressiona o gigantismo da área do pátio em construção, que vai dobrar a capacidade do espaço de taxiamento de aeronaves. Os aviões irão se acoplar aos fingers do futuro TPS- 3. São 300 mil metros quadrados, dez vezes maior do que o Itaquerão.

Uma das tarefas do Exército consiste em remover um milhão de metros cúbicos de terra e mato, perto do Jardim Novo Portugal, e colocar 1,5 milhão de metros cúbicos de pedra, em camadas.

Depois, asfalto e cimento. “É obra para durar um século”, prevê o militar. Um avião de porte chega a 200 toneladas.

Para facilitar o fluxo de caminhões, o Exército construiu até uma ponte temporária, tipo Bailey, em estrutura pré-fabricada. A terra removida está sendo levada a diversos locais, procurando respeitar os critérios ambientais corretos. “Esse aspecto é um dos mais difíceis”, reconhece o coronel.

A outra tarefa é a reforma da pista principal, prevista para novembro - um mês antes do prazo. O trecho em obras tem 1.060 m de comprimento por 45m de largura.

Concluída, a pista ficará com 3.700 m. Tecnicamente, segundo critérios internacionais, por uma diferença de apenas 10 m na largura, só não poderia receber o novo Airbus A-380, o maior avião comercial do mundo. Na prática, também esse aparelho poderá pousar em Guarulhos.

A pista foi fresada e receberá asfalto novo. As caixas de drenagem agora estão limpas. Depois, virão o grooving (as ranhuras para facilitar a frenagem), pintura e iluminação. Mais tarde, o restante da pista também será reformado.

O futuro Terminal Três ainda está longe e, em princípio, não caberá ao Exército. Hoje, no local, só há mato e terra. Mas o coronel Teixeira já avisou que, se for preciso, sua tropa estará pronta para construí-lo.

Ninguém recebe pelo que não fez


O Exército adota a mesma disciplina e controle típicos da caserna para controlar os custos e a administração das obras.

“O tribunal de contas deve estar contente, pois vamos economizar cerca de R$ 150 milhões em relação ao orçamento de R$ 430 milhões previsto inicialmente”, informou orgulhosamente o executivo fardado.

O controle das empreiteiras é dividido entre os oficiais. “Monitoramos tudo: a entrada e saída de caminhões, quantidade de material, normas de segurança. Ninguém recebe pelo que não fez”, disse o coronel, com um discreto sorriso.

O patrono da Arma da Engenharia é o tenente-coronel João Carlos de Vilagran Cabrita, que, no dia 10 abril de 1866, liderou o vitorioso combate que levou à conquista da Ilha de Redenção, no Rio Paraná, durante a Guerra do Paraguai. Morreu em combate.

Fonte: Diario de Guarulhos

Foto: Andomenda









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