Aeroportos: Resistência à greve contra a privatização
Carlo Iberê Freitas .
O governo não deve se curvar à pressão dos aeroportuários, que prometem parar até 70% do tráfego aéreo do país, a partir da zero hora de quinta-feira, com uma greve nos terminais de Brasília, Guarulhos e Viracopos. O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, considerou as justificativas dos trabalhadores ligados ao Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) contestáveis e avisou que as autoridades não recuarão.
Os trabalhadores protestam contra a concessão de 51% do controle dos terminais e defendem que a Infraero continue majoritária no processo de concessão à iniciativa privada. Temem ficar desempregados depois de um ano da privatização, segundo o sindicato. Bittencourt, porém, disse acreditar que não haverá greve e garantiu que, desde o início dos estudos de concessão, participou pessoalmente de reuniões com os funcionários da empresa pública para esclarecer o novo modelo de administração.
"Os trabalhadores sabem que não serão prejudicados. As condições postas são muito boas. Eles poderão optar se querem ir para os novos aeroportos ou ficar na Infraero", disse. Ademir Lima de Oliveira, diretor jurídico do Sina, alegou futuros problemas para a segurança dos voos em aeroportos administrados por empresas privadas. "A outra maior contestação deles é o monitoramento do espaço aéreo, que vai ficar com o governo e com a Aeronáutica. É um falso mote", rebateu Bittencourt.
Contra a privatização
Luiz Carlos Azedo
Os aeroviários de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília ameaçam cruzar os braços por 48 horas, a partir da meia-noite de hoje, em protesto contra o processo de privatização desses terminais aéreos. O governo ainda tem esperanças de evitar a greve, mas preparou um plano de contingência para manter os aeroportos funcionando. Tropas da Aeronáutica assumiriam as operações.
Os aeroviários seguem a trilha dos funcionários dos Correios, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que realizaram greves bem-sucedidas. A diferença é que o foco do movimento não são os salários, mas a privatização dos três aeroportos, que são os mais congestionados do país. Cerca de 3 mil funcionários deverão parar.
Segundo o ministro-chefe da Secretaria Nacional da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, a privatização dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos (SP) e Brasília é irreversível e deve ocorrer até dezembro. Os respectivos funcionários terão a opção de permanecer na Infraero ou trabalhar para as empresas que assumirão a gestão dos locais.
Precedente
Em agosto, o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que já está sendo construído na Região Metropolitana de Natal, foi privatizado. Os aeroportos internacionais do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Minas Gerais, só não foram porque são subutilizados e o governo não tem pressa em ampliá-los.
Investimentos
Os concessionários de Guarulhos, Brasília e Viracopos terão que cumprir metas para atender a demanda da Copa de 2014. Em 18 meses — a contar da assinatura dos contratos de concessão para aumentar a capacidade dos terminais de passageiros, dos pátios e das pistas de manobra de aeronaves e dos estacionamentos de veículos —, terão que investir R$ 4,4 bilhões
Fonte: / NOTIMP