AF447: Mais polêmica no resgate dos corpos


Débora Álvares .
Iniciada ontem, a operação de resgate dos corpos das vítimas da aeronave da Air France que desapareceu em 31 de maio de 2009 voltou a gerar polêmica. O Escritório de Investigações e Análise (BEA, na sigla francesa), responsável pelas investigações, anunciou, na tarde de ontem, o início da retirada dos restos mortais do fundo do Oceano Atlântico. No entanto, em comunicado oficial enviado aos parentes, o órgão francês destacou que, neste primeiro momento, resgataria somente os restos de um dos mortos. “Caso essa manobra seja bem-sucedida, outros serão resgatados na sequência”, consta do comunicado.
Toda essa cautela se explica pela complexidade da operação de içamento dos corpos até a superfície, já que eles podem não resistir à descompressão — estão a 3,9 mil metros de profundidade. Apesar disso, a Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 cobra que os restos mortais de todas as vítimas sejam levados ao navio Ile de Sein. “É absurda, uma falta de respeito, a hipótese de não retirar todos do mar. Tinham que içar toda a fuselagem onde os corpos estão presos”, destacou o presidente da entidade, Nelson Faria Marinho, que perdeu o filho no acidente.
Desde o anúncio, em 4 de abril, de que, além das peças do avião, corpos em condição de identificação haviam sido encontrados no fundo do mar — a cerca de 10km de onde a aeronave apareceu pela última vez nos radares, próximo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo —, o assunto tem sido alvo de críticas e de desencontro de informações. Dias depois, o BEA ressaltou não saber se os corpos resistiriam ao resgate.
Causas
Duas peças importantes para a possível elucidação do que provocou a queda do Air Bus A 330 já foram retiradas do oceano. Na noite de segunda-feira, o robô Remora 6000 resgatou a caixa-preta que contém registros de conversas mantidas entre os pilotos. No último domingo, a Flight Data Recorder (FDR), que grava dados do voo, como a velocidade atingida pela aeronave, já havia sido resgatada. Como estão em dispositivos compostos por material resistente, existe a esperança de que, mesmo após quase dois anos submersas, as gravações feitas pelas caixas-pretas estejam preservadas.
Os equipamentos seguem para Caiena, na Guiana Francesa, em caixas lacradas para evitar deterioração. De lá, serão enviados a Paris, onde os dados serão analisados. Caso as informações estejam intactas, todo o procedimento deve ser finalizado em duas semanas.
Fonte: / NOTIMP
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França resgata primeiro corpo
Destroços foram localizados no meio do oceano Atlântico, a 3.900 m de profundidade
Uma equipe de resgate conseguiu nesta quinta-feira (5) recuperar o primeiro corpo dos destroços do voo Rio-Paris da Air France que caiu no Atlântico há quase dois anos, anunciou a polícia francesa, segundo a agência de notícias France Presse. O acidente com o avião A330 da Airbus provocou a morte de 228 pessoas.
A operação destinada a recuperar os corpos dos passageiros do voo Rio-Paris da Air France, que caiu no oceano Atlântico 1º de junho de 2009 começou nesta quarta-feira (4).
Os corpos de alguns passageiros foram encontrados flutuando no oceano pouco depois do acidente, mas a maioria das vítimas nunca foi localizada.
Os corpos estavam junto aos destroços do aparelho, que foram localizados no começo de abril a 3.900 m de profundidade, em uma área de 600 m por 200 m.
As causas do acidente do Airbus A330, que ainda não foram explicadas, podem ser conhecidas após a análise das duas caixas-pretas, resgatadas no domingo e na segunda-feira.
Resgate é tema "espinhoso" para família das vítimas
Nesta semana, Robert Soulas, vice-presidente da associação francesa de famílias de vítimas Entraide e Solidariedade AF447, disse que "o problema dos corpos é um pouco espinhoso.
- Há um aspecto traumatizante, não se sabe em que estado se encontram.
Já as famílias brasileiras das vítimas do voo da Air France indicaram, por sua vez, que desejam que todos os corpos das vítimas sejam trazidos à superfície e que as caixas-pretas resgatadas sejam decifradas fora da França.
Para Nelson Faria Marinho, presidente da associação das vítimas brasileiras, "é preciso subir com todos os corpos", seja qual for o seu estado.
Airbus e Air France são investigadas por homicídio culposo
No plano judiciário, Airbus e Air France começaram a ser recentemente investigados por homicídio culposo.
No que diz respeito à investigação técnica, realizada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA na sigla em francês), a explicação do acidente pode estar próxima graças à recuperação das duas caixas-pretas, que parecem estar em bom estado e cujos registros fônicos (Cockpit Voice Recorders, CVR) foram colocados sob sigilo judicial.
Os investigadores determinaram até agora que a falha das sondas de velocidade, chamadas de Pitot, foi uma das causas da tragédia.
Mas consideram que este problema (congelamento das sondas a uma grande altitude) não pode explicar por si só o acidente.
No início de abril, os restos da aeronave foram encontrados a 3.900 m de profundidade não muito longe de sua última posição conhecida, antes do início, na semana passada, das operações de busca mais recentes.
Fonte: / NOTIMP
Foto: Pawel Kierzkowski
