Mais voos à vista entre o Brasil e a União Europeia
Acordo bilateral deverá aumentar a concorrência entre companhias aéreas dos dois continentes . Os brasileiros deverão ter mais opções de rotas aéreas com destino à Europa ainda neste ano. Com o acordo firmado entre a União Europeia e o Brasil, anunciado ontem, as companhias poderão explorar livremente voos diretos entre os dois continentes.
A liberalização total, no jargão da aviação conhecida como “open skies” (céus abertos), foi confirmada em comunicado divulgado pela Comissão Europeia, o que deverá aumentar a concorrência entre as empresas.
– O acordo permitirá abrir o mercado de transporte aéreo entre a União Europeia e o Brasil, o que trará benefícios econômicos significativos para as empresas, os viajantes e o setor da aviação – afirmou o comissário europeu de Transportes, Siim Kallas.
O comissário ressaltou também a importância do acordo “levando em conta os grandes acontecimentos esportivos mundiais que o Brasil sediará nos próximos anos”, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Na prática, o acerto põe fim a restrições sobre itinerários, tarifas e número de voos semanais, além de estabelecer uma cooperação em questões de segurança, gestão do tráfego, proteção do meio ambiente e dos consumidores. O Brasil tem hoje acordos de transporte aéreo com 15 países europeus. Com a derrubada das restrições, passará a ter acesso a 27 países do continente.
Expectativa de 335 mil novos passageiros apenas neste ano
A homologação do acordo deverá ser feita em meados de junho. Na primeira fase, que entrará em vigor de forma imediata à formalização, será autorizado um aumento de 20% na frequência de voos semanais em qualquer aeroporto brasileiro – exceto São Paulo. A liberalização completa está prevista para 2014.
A Comissão Europeia calcula que o acordo pode gerar lucros de cerca de US$ 640 milhões anuais, além de adicionar por volta de 335 mil novos passageiros já no primeiro ano. O Brasil é o maior mercado do transporte aéreo da América do Sul, com cerca de 4,5 milhões de passageiros transportados anualmente entre o bloco europeu e o país. Em 2010, o mercado brasileiro de transporte aéreo cresceu cerca de 23% em relação a 2009.
Meta é abrir novas rotas e excluir SP
O acordo que irá aumentar o número de voos entre o Brasil e a União Europeia deixa de fora a principal rota aérea brasileira: São Paulo. Assim como no acerto firmado com os Estados Unidos, em dezembro passado, o objetivo é priorizar a abertura de linhas para outras cidades do país.
Conforme o superintendente de Relações Internacionais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Bruno Silva Dalcolmo, a restrição foi adotada para desconcentrar a atividade em aeroportos com infraestrutura saturada.
– Precisamos formar e consolidar outras portas de entrada para o Brasil, o que será importante para o turismo – afirmou Dalcolmo, lembrando que o país já vinha abrindo e descentralizando o mercado gradualmente. – Até 2008, tínhamos 105 frequências para os EUA, sendo 90% em São Paulo e Rio de Janeiro. Hoje, apenas 55% estão nessas cidades.
Pelo acordo com os EUA, que será ratificado neste fim de semana na visita do presidente norte-americano, Barack Obama, haverá aumento gradual de voos até 2015, quando terminam as restrições ao tráfego aéreo entre os dois países. Com os Estados Unidos, com o qual hoje há 154 frequências semanais, nos próximos três anos, serão acrescidas 28 frequências ao ano.
O superintendente da Anac lembrou que, para França, Alemanha, Portugal e Holanda, as frequências existentes já estavam praticamente todas ocupadas. Para Portugal, por exemplo, as 81 frequências passarão para 97 a partir de junho. Segundo Dalcolmo, com isso, haverá uma linha direta de Portugal para Porto Alegre, por exemplo.
Fonte: ZERO HORA / NOTIMP
Foto: Andomenda
