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Missão dos EUA via no governo Lula foco de antiamericanismo e corrupção






Um governo permeado pela corrupção, defensor de posições polêmicas em relação ao Irã e com um profundo sentimento antiamericano. Essa era a percepção que a diplomacia americana mantinha sobre o governo Lula, de acordo com mensagens sigilosas trocada pelo embaixador no Brasil e o Departamento de Estado entre 2008 e 2009. As mensagens foram divulgadas ontem pela organização WikiLeaks.

Os documentos escancaram uma realidade de desconfiança mútua e uma acirrada disputa no interior do governo brasileiro sobre qual estratégia adotar em relação a Washington.

Do lado americano, não se esconde a necessidade de contar com o Brasil como um estabilizador na América Latina, obrigando a Casa Branca a insistir em aprofundar a relação.

Isso não impediu, porém, que os diplomatas americanos fizessem avaliações duras sobre Lula, indicando uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", assolado pela "praga" da compra de votos e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil. A crítica é feita pelo ex-embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel. "O governo Lula tem sido afetado por uma grave crise política", afirma o documento, citando "escândalos e tráfico de influência".

"A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não diminuiu durante sua administração (de Lula)", informa um telegrama enviado ao Departamento de Estado.

O documento, de 2008, insinua que o Bolsa-Família o ajudou se reeleger em 2006. "Lula foi eleito em 2002 em grande parte pela promessa de promover um agenda social ambiciosa, incluindo generosos pagamentos aos pobres. Diante da popularidade dessas medidas, ele foi reeleito em 2006", completou. Um outro documento deixa clara a percepção americana sobre o Brasil: "Cooperação amistosa. Mas não uma forte amizade."

Para Washington, a resistência vem diretamente do Itamaraty que "mantém uma tendência antiamericana". "O governo de centro-esquerda tem evitado uma cooperação mais estreita em temas políticos e militares e tem nos mantido a uma certa distância dos temas de segurança."

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, numa viagem aos EUA, em 2008, atacou a decisão americana de instalar bases na Colômbia - principalmente diante de um memorando que indicava que a medida seria uma forma de lidar com "governos não amistosos". Para Jobim, isso seria a evidência da falta de entendimento dos EUA sobre a região. O ministro disse aos americanos que "teve de discutir o assunto com o presidente e apelar por moderação da parte de Lula".

Em alguns pontos, Jobim teria posição similar à dos EUA e, portanto, seria visto como um aliado de Washington. Jobim, por exemplo, admitiu que o governo de Hugo Chávez teria o potencial de "exportar instabilidade" para toda a região. Jobim teria feito o comentário em encontros com o embaixador Sobel.

Na conversa, Jobim insinuou que o Brasil não reconhecia publicamente a presença das Farc na Venezuela por razões políticas. "Ele afirmou que, se ele reconhecesse o fato, arruinaria a habilidade do Brasil de mediar a questão", afirma o documento.

O ministro da Defesa também teria confidenciado a Sobel que o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse a Lula que tinha um tumor no nariz. O presidente brasileiro o teria convidado a tratar-se em São Paulo. A Bolívia negou a informação.

Na esfera global, o que chama a atenção dos EUA seria a obsessão do Brasil em conquistar um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU. Em um telegrama secreto de 2008, a embaixada em Brasília disse que a ambição por um lugar na ONU levou o País a se comprometer no envio de tropas ao Haiti.

Revelações

Antiamericanismo
Num dos trechos mais explosivos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, teria dito que o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, "odeia os EUA e trabalha para criar problemas na relação (entre Washington e Brasília)"

Confiança
Os documentos revelam que, para o governo dos Estados Unidos, Jobim é "talvez um dos mais confiáveis líderes do Brasil"

Bolívia
Ministro brasileiro da Defesa teria confirmado que Evo Morales "sofre de um sério tumor nasal"

Venezuela
Para Jobim, "isolar Chávez acabaria provocando uma maior radicalização", que contaminaria outros países da região. Ele também teria dito que as Farc agem na Venezuela

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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