Fusão Lan e TAM mira "céus abertos"
Companhia acirra competição em mercado emergente, quando AL discute abertura de mercados domésticos;
Latam será maior empresa aérea privada em Bolsa no mundo;
Chilenos detêm 70%, mas dividem direitos
Mariana Barbosa
A associação com a TAM transforma a chilena Lan na grande empresa de bandeira da América Latina, região que registra as maiores taxas de crescimento do setor aéreo no mundo.
A Lan é hoje a companhia aérea com maior valor de mercado das Américas: US$ 9,24 bilhões. A TAM, que faturou US$ 4,9 bilhões no ano passado -US$ 1,2 bilhão a mais do que a Lan-, está avaliada em US$ 3 bilhões, segundo cálculos da Economática.
A supervalorização da Lan se explica pela alta rentabilidade: 22,5%, uma das maiores do mundo no setor, contra 14% da TAM. A companhia transportou no ano passado 15 milhões de passageiros, metade do que foi transportado pela TAM.
Mas a Lan precisa crescer e, para isso, é fundamental colocar um pé no maior mercado da América Latina.
Com a TAM, a Lan se transforma na maior empresa aérea privada de capital aberto do mundo em valor de mercado (US$ 12, 2 bilhões). Perde apenas para as estatais Air China e Singapore.
E ganha musculatura para conter o avanço da Gol na América do Sul e também de outros grupos, como a colombiana Avianca, que, no ano passado, se fundiu com a Taca, de El Salvador. E que está presente no Brasil, com a OceanAir, recém-batizada de Avianca Brasil.
Musculatura será fundamental quando o mercado da América do Sul passar a funcionar em regime de céus abertos. Sob esse regime, objeto de negociação entre os países da região, companhias da América do Sul poderão fazer voos domésticos no Brasil. E vice-versa.
A medida vai estimular a competição e o crescimento do setor. Com a associação com a Lan, a TAM, que poderia se opor ao regime, passará a se beneficiar dele.
O acordo entre Lan e TAM dependerá da aprovação da Anac. Embora a empresa dê garantias de que a TAM S.A., holding da família Amaro, continuará controlando a TAM Linhas Aéreas, com 80% do capital votante, a Latam terá sua sede em Santiago. E a Lan será a acionista majoritária.
Segundo o presidente da TAM, Líbano Barroso, o respeito à legislação brasileira, que limita em 20% a participação estrangeira no setor aéreo, será garantido por meio de um acordo de acionistas. Pelo acordo, apesar de a Lan deter 70,6%, os direitos e obrigações serão divididos meio a meio.
Temendo justamente que imprensa e analistas interpretassem a operação como uma aquisição por parte da Lan, informações sobre a participação acionária da Latam não constam dos comunicados oficiais sobre o acordo divulgado na sexta-feira.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP