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Aeroportos: Sem avião, sem apoio








Anac fecha os postos de atendimento nos aeroportos.

A decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de fechar os postos de atendimento ao público que mantinha em 10 aeroportos brasileiros é séria candidata ao pódio dos grandes equívocos de 2010. Já foram desativados sete postos e apenas os de Confins (Grande BH), Brasília (DF) e Guarulhos (SP) continuam abertos, mas, segundo a própria Anac, por pouco tempo. Criada para se pôr entre o governo (poder concedente) e as concessionárias (companhias aéreas), com a missão de garantir a contínua melhora da qualidade do serviço público, a agência tem história curta, mas atribulada. Em apenas quatro anos e cinco meses, a Anac já foi exemplo de aparelhamento político e ineficiência durante o lamentável apagão aéreo de 2007. Expurgada dos apadrinhados, a agência conseguiu alguns resultados ao promover o acesso das companhias menores, aumentando a concorrência ao duopólio que domina o mercado. Mas o governo não trata a Anac melhor do que as demais agências. Ela tem sido vítima de cortes de verbas e de um prolongado abandono, já que ficou meses sem conseguir recompor sua diretoria.

Essa rota de precarização certamente não ajuda a evitar o fechamento dos postos e parece justificar a explicação dada pela Anac para tomar uma decisão no sentido oposto ao seu papel de estar ao lado do consumidor. A agência andou fazendo contas e, conforme explicou o responsável pela área de relacionamentos com os usuários, concluiu que poderia melhorar a relação custo/benefício do atendimento ao limitar os contatos por meio da internet e do telefone 0800. Como ocorre a todos os burocratas, também os da Anac parecem encantados com a estatística: no primeiro semestre, enquanto o posto do Galeão atendeu 723 pessoas e o de Guarulhos apenas 1.775, o telefone 0800 e a internet tiveram 15,5 mil acessos.

Para uma agência concebida para atender o usuário de um serviço público, a decisão de fechar os postos só não é pior do que a explicação dada. O número de acessos telefônicos e por internet revela demanda que, por si só, já justifica não apenas a manutenção como a ampliação dos postos. Além disso, a ninguém da Anac parece ter incomodado o fato de que pouquíssimos brasileiros, sem contar os pobres estrangeiros, que transitaram pelos principais aeroportos sabiam que havia ali um posto de atendimento da Anac. Talvez tenha sido melhor assim, pois escaparam da decepção de descobrir que o posto nada faria em relação ao overbooking, ao atraso e ao cancelamento dos voos.

Se levasse em conta sua missão de defender o usuário da aviação e não o exercício primário de cortar custos pela via da redução da qualidade, a Anac faria diferente. Em vez de fechar os postos, por achar pequeno o número dos que descobriram que tinham onde reclamar, a agência deveria dotar o serviço de estrutura, agilidade e poder para exigir respeito a quem paga o bilhete. De mero anotador de reclamações, o funcionário dos postos passaria a ser alguém com quem o usuário da aviação poderia contar. Ao que parece, ainda estamos muito longe desse dia.

Fonte:
ESTADO DE MINAS, via NOTIMP



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