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Irã: Proposta volta à pauta






Chanceleres de Irã, Turquia a Brasil se reúnem hoje para rediscutir proposta de troca de urânio por combustível atômico, na busca por solução negociada sobre impasse que preocupa Ocidente.

Istambul Os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Irã e Turquia se reunem em Istambul hoje para discutir um acordo de troca nuclear que foi aprovado pelos três países em maio . Na ocasião, os três países propuseram que o Irã enviasse 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) à Turquia para ser trocado por combustível atômico (e3nriquecido a 20%) para abastecer o reator para fins medicinais na República islâmica. A proposta retoma um plano esboçado pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de manter o trabalho nuclear da República islâmica sob fiscalização. O acordo não conseguiu impedir uma nova rodada de sanções imposta por ONU, União Europeia e Estados Unidos.

Os ministros das Relações Exteriores, Manuchehr Mottaki, do Irã, o brasileiro Celso Amorim e o turco Ahmet Davutoglu vão debater a possibilidade de manter a proposta como forma de criar confiança sobre as atividades nucleares do Irã. A República islâmica diz que todas as atividades têm fins pacíficos e civis e que o país é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que rege as atividades atômicas e exige que seus signatários não utilizem o programa com fins militares. As potências ocidentais, no entanto, questionam a atividade iraniana, pois suspeitam que o país usa o programa para esconder o desenvolvimento de uma bomba atômica.

Uma troca parecida tinha sido proposta em outubro do ano passado pelo Grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia, França) sob os auspícios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Mas o Irã impôs condições inaceitáveis para as grandes potências, e a Declaração de Teerã representa uma contra-proposta. O chefe da agência nuclear iraniana, Ali Akbar Salehi, declarou ontem que Teerã havia preparado uma resposta para as questões do Grupo de Viena com vários pontos da Declaração de Teerã, que será encaminhada nos próximos três dias. Segundo ele, a resposta iraniana será "uma resposta geral, mas a resposta técnica às suas perguntas serão abordadas, provavelmente, durante uma reunião com o grupo de Viena".

Diplomatas dos países ocidentais disseram que a retirada de 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento do Irã quantidade suficiente para produzir uma arma nuclear se for altamente enriquecida era menos significativo do que quando foi proposta inicialmente porque o estoque de urânio de baixo enriquecimento (LEU, na sigla em inglês) havia quase dobrado nesse meio tempo.

O Conselho de Segurança da ONU impôs uma quarta rodada de sanções ao Irã no dia 9 de julho. Brasil e Turquia votaram contra, irritados com a negligência ao seu acordo que, segundo eles, tornava as sanções desnecessárias. O Irã disse estar preparado para retornar às negociações, há muito tempo congeladas, com as potências mundiais sob certas condições, e não antes do final de agosto.

Ao mesmo tempo em que busca restabelecer a confiança para negociar com o Ocidente, o governo iraniano anunciou ontem que planeja construir um reator experimental de fusão nuclear. As potências exigem que a Teerã suspenda todas as atividades de seu programa nuclear. Em 2006, o Irã anunciou que estava dando prosseguimento com os testes sobre fusão nuclear, um tipo de reação atômica que ainda precisa ser desenvolvida para ser usada como geração de energia, mas agora houve a primeira menção em anos sobre a continuação do projeto. Precisamos de dois anos para completar os estudos sobre a construção e outros dez anos para desenhar e construir o reator", afirmou Asqar Sediqzadeh, chefe do Centro de Pesquisas de Fusão Nuclear do Irã, à Press TV, que é iraniana mas usa a língua inglesa. Reatores nucleares comerciais utilizam fissão nuclear, um processo que gera energia a partir da divisão de átomos.

Fonte: ESTADO DE MINAS, via NOTIMP

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Turquia e Brasil buscam restabelecer diálogo

Ministro Amorim pede que Teerã dê garantias sobre caráter pacífico de seu programa e flexibilidade de todas as partes nas negociações, que podem ocorrer em setembro.

Ancara: Um mês e meio depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs uma série de sanções ao Irã, o Brasil e a Turquia voltaram a discutir o programa nuclear iraniano. Os ministros das Relações Exteriores iraniano, brasileiro e turco almoçaram ontem, em Istambul, na Turquia. Os chanceleres do Brasil, Celso Amorim, e da Turquia, Ahmet Davutoglu, anunciaram que se esforçarão para convocar uma reunião o mais rápido possível, talvez em Istambul, entre o Irã e alguns dos maiores poderes mundiais, inclusive os Estados Unidos, para negociar o programa nuclear iraniano. Davutoglu ofereceu sediar esta reunião, que seria entre o Irã e o grupo P5 1, que inclui os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França, o Reino Unido e a Alemanha. Segundo ele, uma reunião entre o Irã e a União Europeia poderá ocorrer já no começo de setembro, logo após o feriado do Ramadã. O Irã já anunciou que somente aceitará participar da reunião depois do feriado religioso de Ramadã, que cairá no final de agosto.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fixou três condições para uma eventual retomada das negociações, dizendo que países que desejem negociar precisam deixar claro se eles se opõem ao arsenal nuclear de Israel, se eles apoiam o Tratado de Não Proliferação Nuclear e se eles querem ser amigos ou inimigos do Irã. Mas ele disse que a participação nas negociações não está condicionada às respostas. O chanceler do Irã, Manouchehr Mottaki, disse que Teerã enviará hoje uma carta à Agência Internacional de Energia Atômica (aiea). Amanhã a carta será enviada a Viena (sede da entidade) e então nós poderemos começar imediatamente as negociações para os detalhes da troca de combustível, afirmou.

O Irã propôs, em 17 de maio, às grandes potências, como parte de um acordo com Brasil e Turquia, trocar em território turco 1.200 quilos de seu urânio levemente enriquecido (3,5%) por 120 quilos de combustível enriquecido a 20% destinado a um reator de pesquisas médicas de Teerã. Davutoglu enfatizou que a Turquia e o Brasil querem um acordo como um gesto de boa-fé antes de negociações nucleares mais amplas. Brasília e Ancara votaram contra novas sanções econômicas ao Irã no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em maio, mas as sanções foram aprovadas de qualquer forma. Os Estados Unidos estão preocupados com a posição da Turquia, um membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e um dos seus maiores aliados na região.

Amorim declarou que o Irã deveria dar ao mundo garantias de que seu programa nuclear não tem qualquer objetivo militar. De acordo com a Telam, agência de notícias da Argentina, o chanceler turco destacou que, apesar da negativa das principais potências mundiais sobre o assunto, o acordo continua a ser uma ferramenta diplomática que "criou um marco, sendo um instrumento facilitador para incrementar as medidas que gerem confiança". Amorim lembrou que o Brasil sempre alertou o governo do Irã para que adote uma postura mais flexível em torno do acordo. Segundo o ministro, a mesma postura deveria ser adotada pelos outros países. Estamos tentando criar uma nova ordem mundial, mas algumas pessoas ainda estão um pouco preocupadas com essa possibilidade", opinou Amorim.

Em Viena, o ministro das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, cujo país apoiou a quarta rodada de sanções contra o Irã na ONU, disse que seu país gostaria de ver a China, os outro quatro integrantes do Conselho de Segurança (CS) da ONU e a Alemanha "retomarem as negociações com o Irã o mais rápido possível". Yang também afirmou que Pequim espera que a oferta para a troca de urânio com baixo enriquecimento por combustível nuclear seja vista de uma maneira "positiva" pelos EUA, França e Rússia, três países que originalmente apoiaram a proposta.
A manobra do Irã ocorre em meio ao aumento da pressão sobre o país. Hoje, a União Europeia (UE) aprovará um novo pacote de sanções, que vai além do que foi decidido pela ONU em junho e pretende atingir o ponto mais sensível da economia iraniana, o setor de energia. De acordo com um diplomata europeu ouvido, trata-se das sanções mais duras contra qualquer país já aprovadas pela UE. As punições incluem a proibição a novos investimentos e a assistência técnica no setor de energia.

Apesar de ser o quarto produtor de petróleo do mundo, o Irã importa 40% de sua gasolina, já que carece de capacidade de refino para atender à demanda doméstica. O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, reagiu com uma ameaça. "Qualquer um que aplicar medidas contra a nação iraniana deve saber que o Irã reagirá prontamente, afirmou.

Fonte: ESTADO DE MINAS, via NOTIMP




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