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Boeing apresenta sua nave para o turismo no espaço





Jorge Luiz Calife

A feira de aviação de Farnborough é realizada de dois em dois anos, num aeroporto da região rural, perto de Londres. Fica a menos de uma hora de ônibus, saindo do centro da capital inglesa, em uma região de chalés e fazendinhas, onde o silêncio é quebrado pelo ronco das turbinas a jato.

É lá que a indústria aeronáutica apresenta ao mundo suas últimas novidades. Este ano Farnborough 2010 foi uma festa da poderosa Boeing. O gigante aeroespacial americano apresentou seu novo jato comercial, o Boeing 787 Dreamliner (literalmente, o avião dos sonhos) e sua nave espacial CST-100. A nave foi criada para atender a demanda do turismo no espaço e poderá levar passageiros para o hotel orbital Nautilo, que estará em órbita já no ano de 2015.

Os executivos da Boeing acham que sua nave também poderá atender as necessidades da agência espacial americana Nasa. A Nasa vai aposentar seus ônibus espaciais no início do ano que vem, e precisa de um novo transporte para carregar astronautas até a estação espacial internacional, a ISS.

O hotel no espaço está sendo desenvolvido pelo empresário Robert Bigelow, de Las Vegas. Ele se juntou aos executivos da Boeing, em Farnborough para divulgar seu projeto. O hotel será montado com módulos infláveis e terá a metade do tamanho da ISS. Um segundo modelo será ainda maior do que a estação internacional e poderá ser lançado em 2020. Entrevistado pelo site Space.com, Bigelow disse que uma viagem até o hotel do espaço vai custar em torno de 25 milhões de dólares e os turistas viajarão na cápsula espacial da Boeing, impulsionada por um foguete Atlas 5. A CST-100 poderá levar sete pessoas e a viagem da plataforma de lançamento até o hotel espacial levará um dia.

Atualmente, o ônibus espacial e as naves russas Soyuz levam dois dias para alcançarem a ISS, a 400 quilômetros da Terra. As 48 horas de vôo são necessárias para que as naves ajustem suas órbitas com a órbita da ISS, tempo que a nave da Boeing cortará pela metade.

John Elbon, vice-presidente do sistema de transporte comercial da Boeing disse que a nave poderá ser adaptada para vários tipos de missões, com número de tripulantes variando de dois a sete pessoas. A CST-100 também poderá voar por controle remoto, sem tripulação e seu pouso será amortecida por uma bolsa de ar.

O trabalho inicial de desenvolvimento da nave foi financiado com uma verba de 18 milhões de dólares fornecida pela agência espacial Nasa. A Boeing buscou um desenho que enfatizasse a segurança, a simplicidade e reduzisse os custos de operação. A forma da nave foi baseada nas Apollos, que viajaram para a Lua na década de 1970.

Os sistemas usados foram utilizados em outros programas espaciais o que torna a tecnologia envolvida bem conhecida e confiável. A CST-100 poderá ser lançada por uma variedade de foguetes, incluindo o Delta 4, o Falcon 9 e o Atlas 5. Tanto o Atlas 5, quanto o Delta 4, estão sendo certificados para transportarem passageiros pela empresa United Launch Alliance. O Falcon 9 já foi projetado para levar tripulações ao espaço.

Investimentos

No papel tudo está perfeito, mas para que a CST-100 chegue ao espaço será preciso que os políticos americanos cheguem a um acordo sobre as verbas destinadas ao setor. O governo do presidente Barack Obama pediu que fossem destinados cinco bilhões de dólares ao desenvolvimento de um sistema de transporte comercial para o espaço. Mas o senado cortou a verba pela metade e a Câmara dos Deputados quer reduzir ainda. E sem o dinheiro do governo o projeto, literalmente, não decola.

Esta semana, os deputados aprovaram a destinação de apenas 150 milhões de dólares para financiar os programas espaciais comerciais até o ano de 2013. A NASA fornecerá outros 450 milhões, o que pode não ser suficiente para que a nova nave espacial voe em 2015. E sem um veículo de transporte, o hotel espacial Bigelow vai ficar vazio no espaço.

O Senado foi mais generoso e aprovou uma verba de 1,3 bilhões de dólares para o mesmo fim. As duas casas terão que chegar a um acordo até o final do ano.

A Boeing já passou por uma experiência semelhante nos anos 70. Em 1969, a empresa desenvolveu o projeto de um avião jumbo supersônico, duas vezes maior do que o Concorde franco-britânico. O Boeing 2707, transportaria 300 passageiros a uma velocidade de Mach 2.5, duas vezes a velocidade do som. Mas o governo americano cancelou o financiamento do projeto, e o super Boeing não saiu do estágio de maquete.

Fonte: Diário do Vale, via NOTIMP




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