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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 05/06/2018 / Portugal - Governo está a concluir negociações com a Embraer para a compra da aeronave KC-390



Portugal - Governo está a concluir negociações com a Embraer para a compra da aeronave KC-390 ...  


Portugal, junho de 2018 - O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, adiantou hoje que as negociações do Governo com a Embraer para a compra de aeronaves militares KC-390 estão na sua fase final.

"Estamos a concluir as negociações, se me pergunta uma data precisa não lha vou dar, evidentemente", referiu o governante, à margem do encerramento da II Feira Internacional de Negócios da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento Portugal/China, na Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), em Leça da Palmeira, no Porto.

Azeredo Lopes confirmou a intenção de Portugal em comprar "pelo menos" cinco aeronaves KC-390 e de, eventualmente, um simulador de voo para instalação e operação em território nacional.

Portugal esteve envolvido no projeto de desenvolvimento e produção do KC-390, um compromisso reforçado em 2011 pelo ministro da Defesa e a Embraer, num acordo visando uma potencial aquisição por Portugal de aeronaves KC-390, nomeadamente mediante o acompanhamento pela Força Aérea do desenvolvimento de configuração da aeronave.

No passado dia 30 de maio, o Conselho de Ministros aprovou a atribuição de 10 milhões de euros para financiar a participação do Estado, em parceria com a Embraer, no programa de desenvolvimento e produção da aeronave de transportes multiusos.

A resolução que autoriza a despesa de 10 milhões de euros foi apresentada como "fator de desenvolvimento e dinamização e industrial no setor aeronáutico e para a economia nacional".

Os KC-390 vão substituir os transportes da Força Aérea C-130 e o programa tem a sua fase de conclusão prevista para o final deste ano.

O avião de carga reforçará as capacidades de transporte, busca e salvamento, evacuações sanitárias e deverá incluir as capacidades de reabastecimento em voo e de combate a incêndios, ficando com a vertente militar e civil.

Azeredo Lopes lembrou que este projeto é o primeiro programa aeronáutico de duplo uso com engenharia portuguesa, tendo Portugal conseguido chegar a 2018 com um `cluster´ aeronáutico constituído e uma engenharia aeronáutica "altamente competitiva" a nível europeu.

A fuselagem exterior do KC-390 tem uma "fortíssima" componente de investigação e desenvolvimento nacional, recordou.




Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.




JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO


Coluna Mônica Bergamo


Publicado Em 05/06 - 02h00

Na boleia do caminhão

O governo está monitorando as reações à greve dos caminhoneiros por meio de pesquisas feitas por telefone.
FORA, TEMER 
No auge da crise, um terço dos brasileiros, de acordo com as sondagens, defendia intervenção militar imediata no país. Outro percentual equivalente queria a realização de eleições antecipadas, e imediatas, para debelar a crise.

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO


O eleitor militar

Assim como a maioria dos eleitores, militares também estão cheios de dúvidas

Eliane Cantanhêde Publicado Em 05/06 - 03h00

De supetão, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, pergunta:
– Você é a favor da intervenção militar?
A resposta é óbvia e rápida:
– Eu? Sou absolutamente contra!
E ele, com um sorriso:
– Você é? Pois eu sou mais ainda!
É assim que as Forças Armadas se esforçam para afastar mais esse fantasma, nesses tempos já tão conturbados e assombrados, e tentam focar em questões mais imediatas e objetivas: fazer as contas dos seus gastos durante as missões extras durante a greve dos caminhoneiros, cumprir bem o mandado de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio e se informar sobre candidatos e propostas para outubro.
Alvaro Dias, por exemplo, já debateu com oficiais em Santa Maria (RS) e a intenção é convidar todos os presidenciáveis bem colocados nas pesquisas para apresentar seus programas, suas ideias e suas intenções a oficiais da Força. Sem preconceito.
O Exército já ouviu ou está pronto a ouvir Ciro, Marina, Alckmin, Meirelles, Rabello de Castro, Bolsonaro... E o candidato do PT? A resposta dos oficiais é rápida e dada com naturalidade: assim que ficar definido o nome do PT, também será convidado.
As Forças Armadas, aliás, não tiveram dificuldade com os governos civis, muito menos com Lula, que nomeou Nelson Jobim para a Defesa, patrocinou a “Estratégia Nacional de Defesa” e bancou os maiores programas de reaparelhamento em décadas, como os submarinos da Marinha e os jatos da FAB anunciados já com Dilma Rousseff.
A boa relação continuou com Dilma. Quando ela queria reclamar de alguém ou de um programa, apontava o dedo para generais, brigadeiros e almirantes e tascava: “Vocês deveriam fazer como os militares! Aprendam com eles!”.
Isso, claro, não significa que oficiais das três Forças estejam animados ou mesmo dispostos a votar num candidato do PT, qualquer que seja ele, ou de um partido nitidamente de esquerda. Mas não é por isso que eles estão indo em massa para o lado oposto, o de Jair Bolsonaro – primeiro nas pesquisas sem Lula.
Ao que se saiba, não há pesquisas eleitorais nas tropas, ou seja, nas bases, mas qualquer conversa na cúpula militar identifica que eles estão mais ou menos como a grande maioria da população brasileira: indecisos, observando, querendo entender melhor o quadro e quais são as alternativas que se colocam. Ou seja: estão prudentes, enquanto líderes militares e enquanto eleitores em tempos de crise.
Basicamente, sabem que o rombo fiscal é gigantesco, a dívida pública apavora, a violência urbana é grave, não dá mais para cortar em saúde e educação e todos os setores vão ter se acostumar com a ideia de que a conta será repartida. Cada um vai dar sua cota e os militares não podem ficar de fora. Isso vale, por exemplo, para a reforma da Previdência que, mais cedo ou mais tarde, virá.
Em conversas informais, oficiais com grande liderança já admitem que a idade de aposentadoria é muito baixa e que, como a população em geral, os militares também estão vivendo muito mais e contribuindo para o desequilíbrio do sistema. Logo, eles aceitam debates e mudanças, mas deixando bem claro que é preciso respeitar as peculiaridades de uma carreira diferenciada, com muitas mudanças e nem sempre com carga horária fixa.
Outra questão muito delicada entra sutil e acessoriamente nas conversas: a Comissão da Verdade, o pedido de desculpas oficial por torturas e desaparecimentos na ditadura e o fato de as notícias daquele período continuarem a atormentar os militares e as Forças Armadas.
Mas isso não é questão para já. Até as eleições e a posse do novo presidente, há muitas outras prioridades já dividindo o País. Muitas questões importantes terão de esperar. Afinal, cada dia, sua agonia.

Caminhões parados, rumores disparados

Veja exemplos de desinformação nas redes sociais durante a crise

Alessandra Monnerat Publicado Em 04/06 - 19h12

Durante grandes acontecimentos e em momentos de crise, é comum que informações falsas circulem em massa nas redes sociais. A greve dos caminhoneiros não foi diferente. Boatos envolveram o presidente Michel Temer, as Forças Armadas e a Petrobras. Selecionamos algumas das mentiras divulgadas recentemente.
As Forças Armadas e a “derrubada” do governo
Um post com o rumor de que as Forças Armadas assumiriam o governo “nas próximas horas” foi compartilhado mais de 50 mil vezes no Facebook entre os dias 28 de maio e 4 de junho. A publicação foi feita por João Guerreiro, usuário do Facebook com mais de 100 mil seguidores, que se apresenta como “fuzileiro naval”. O texto dizia que uma PDN (Política de Defesa Nacional) teria sido expedida para todos os comandos militares. Páginas como Operação Lava Jato para Sempre, O Patriotizador e Intervenção Militar no Brasil replicaram a mentira.
Procurado pelo Estadão Verifica, o Ministério da Defesa respondeu ao boato com uma declaração do ministro Joaquim Silva e Luna: “As Forças Armadas trabalham 100% apoiadas na legalidade, com base na Constituição e sob a autoridade do presidente da República”, afirmou. “E esse dispositivo, intervenção militar, não existe na Constituição.”

Força Nacional apoia caminhoneiros
Um vídeo com mais de 21 mil visualizações no YouTube afirma que a Força Nacional passou a apoiar as paralisações feitas por caminhoneiros. Mas a afirmação é falsa: a filmagem mostra apenas a parada de um comboio em um posto de gasolina.
Segundo nota enviada ao site G1, “as imagens mostram uma parada curta de um comboio da Força Nacional de Segurança Pública em viagem do Distrito Federal para Minas Gerais”, local onde as equipes iriam apoiar a Polícia Rodoviária Federal.

Petrobras ignora revolta e aumenta gasolina comum duas vezes no domingo
Um boato publicado no domingo, 27, dava conta que a Petrobras havia promovido dois aumentos da gasolina comum. “A partir da meia-noite a gasolina comum passou a ser vendida a R$4,1824 aos postos de Brasília, e à tarde o valor subiu para R$4,3583”, dizia o texto compartilhado mais de 5 mil vezes no Facebook a partir da página Diário do Poder.
A Petrobras, porém, não controla os valores dos combustíveis nos postos. O preço na bomba incorpora a carga tributária e leva em conta outros custos, como o de distribuição.
O site da companhia informa os valores que a Petrobras repassa aos distribuidores. No dia 18 de maio, data em que os bloqueios em estradas tiveram início, o preço da gasolina A vinha aumentando havia 15 dias. A partir do dia 23, porém, o valor começou a cair.

Clamor: 94% da sociedade brasileira quer uma intervenção militar
A greve dos caminhoneiros mobilizou diferentes agendas políticas, inclusive de uma parcela que pedia intervenção militar. Mas a enganosa a afirmação de que 94% da sociedade brasileira deseja isso. A publicação foi feita pelo site Jornal do País e compartilhada quase 6 mil vezes a partir da página Pensa Brasil, no Facebook.
A postagem insere um vídeo antigo, de julho de 2017, do Programa do Ratinho. Na época, a atração televisiva fez uma enquete por meio de um aplicativo sobre a intervenção federal para conter a violência no Rio de Janeiro. Um resultado parcial apontava que 95% dos votantes apoiavam a ação do Exército naquele momento.
O texto enganoso também faz referência a uma enquete do site NBO Quiz. Também neste caso, o conteúdo é datado (de agosto de 2017) e não tem relação com a greve.
De qualquer forma, nenhuma das duas enquetes têm amostragem estatística e, portanto, seus resultados não podem ser aplicados a todos os brasileiros, como o título mentiroso leva a crer.
Para espelhar a opinião de uma população, uma pesquisa precisa ouvir uma amostra representativa – obedecendo às proporções de faixas divididas por gênero, cor e escolaridade. A enquete de um site não tem controle sobre o perfil do público que vai responder às perguntas.

Governo flexibiliza expediente de servidores durante a Copa da Rússia

Nos dias em que os jogos da Seleção forem de manhã, expediente terá início às 14h; quando forem à tarde, se encerrará às 13h

Luci Ribeiro Publicado Em 04/06 - 08h51

BRASÍLIA - O Ministério do Planejamento publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira portaria que flexibiliza o horário de expediente dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional nos dias de jogos da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo Fifa 2018, que ocorre na Rússia neste mês. 
Pelo ato, nos dias em que os jogos da Seleção se realizarem pela manhã, o expediente terá início às 14h (horário de Brasília); e nos dias em que os jogos forem à tarde, o expediente se encerrará às 13h (horário de Brasília). As horas não trabalhadas devem ser compensadas até o dia 31 de outubro de 2018.
O texto ressalta que "caberá aos dirigentes dos órgãos e entidades, nas respectivas áreas de competência, assegurar que os agentes públicos observem os turnos de funcionamento dos órgãos ou entidades, bem como a integral preservação e funcionamento dos serviços considerados essenciais".
A abertura da Copa do Mundo será realizada no próximo dia 14 de junho. A primeira disputa do Brasil no torneio ocorre no dia 17, um domingo, contra a Suíça. Ainda na primeira fase, a Seleção jogará contra a Costa Rica, no dia 22 (sexta-feira), e contra a Sérvia, no dia 27 (quarta-feira).

JORNAL O GLOBO


EUA dão aval para negociar acordo espacial com o Brasil

Esta é a primeira vez, em 16 anos, que os americanos abrem tratativas formais que podem viabilizar o uso do Centro de Lançamento de Alcântara

Roberto Maltchik E Henrique Gomes Batista Publicado Em 04/06 - 18h08

RIO E WASHINGTON - Os Estados Unidos deram o sinal verde para renegociar com o Brasil os termos de um acordo tecnológico que pode finalmente viabilizar o uso do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. O aval do Departamento de Estado foi dado há duas semanas. Ao GLOBO, o governo americano confirmou, por meio de nota, que abriu as negociações formais com o Brasil sobre o acordo de salvaguardas tecnológicas.
Esta é a primeira vez que os americanos aceitam retomar o assunto, depois que o Congresso Nacional rejeitou, há 16 anos, uma polêmica proposta que "blindava" a tecnologia estrangeira para lançar foguetes. Mas, em tese, também abria uma brecha para tirar do Brasil a soberania sobre áreas inteiras dentro da base de lançamento.
A retomada das negociações é um passo importante: significa que diversos organismos americanos aceitaram negociar. Como nos EUA este tipo de acordo não precisa passar pelo Congresso, é uma carta-branca para que o Departamento de Estado negocie.
Esta etapa inicial é a mais difícil de ser obtida e, nos últimos 16 anos, os EUA se recusaram duas vezes a chegar a este passo. Os EUA são os maiores produtores de componentes espaciais, cujo conteúdo é protegido por razões comerciais e de estratégia militar - lançadores e satélites têm tecnologia de uso bélico. Por isso, o acordo com os americanos é condição para qualquer parceria no setor espacial que tenha chances de prosperar.
A nova minuta de acordo levada pelo Brasil a Washington traz duas mudanças essenciais ao modelo que fracassou em 2002: altera a forma como a tecnologia americana ficaria protegida em solo brasileiro e o conceito sobre como deve ser usado o dinheiro resultante dos serviços de lançamento de satélites.
A primeira novidade acaba com a limitação de uma área física, dentro do centro de Alcântara, onde apenas funcionários contratados pelos americanos poderiam circular, cláusula que gerou enorme polêmica no passado. A proposta, agora, prevê a livre circulação de brasileiros, porém com restrições rígidas ao manuseio de contêineres com equipamentos de tecnologia sensível.
O outro ponto diz respeito à aplicação de recursos oriundos da atividade espacial. Na versão inicial, o Brasil não poderia reverter em investimentos para o setor uma eventual receita produzida com o serviço de lançamento de satélites. No novo rascunho, esta vedação foi suprimida.
Os EUA já encaminharam suas avaliações para análise brasileira. Nos próximos dias, o Itamaraty deve se reunir com os técnicos do setor para discutir detalhes da proposta que deve ser remetida ao Congresso. Não há previsão de data para que isto ocorra.
- Temos boas expectativas do ponto de vista técnico. Estamos em condições de ainda fazer pequenos ajustes na questão territorial para entrar em entendimento. Essas mudanças resguardam a tecnologia estrangeira sem afetar a nossa soberania. Estamos seguros quanto a isso - afirmou uma fonte brasileira, sob a condição do anonimato.
Os americanos têm acordos desta natureza com vários países, como parte do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). No caso brasileiro, interessa aos Estados Unidos uma redação semelhantes à adotada para cooperar no setor espacial com a Índia e a Nova Zelândia. Um outro negociador brasileiro afirma que a minuta em debate hoje é "muito parecida com o acordo com a Nova Zelândia".
MERCADO PARA LANÇAMENTOS
Este acordo interessa muito mais ao Brasil do que aos EUA, que já têm o mais relevante programa espacial do planeta e hoje prioriza missões de alcança interplanetário, como a Orion, que pretende fazer o homem retornar à Lua ou chegar a Marte. Para o governo brasileiro, o acordo com os EUA é a chance de tirar do ostracismo uma base de lançamento que tem como trunfo a localização privilegiada no globo, capaz de alcançar o espaço percorrendo menor distância e, portanto, com economia de propelente.
Aqui, um detalhe: o tempo corre contra o Brasil. Se demorar muito para explorar Alcântara, novas tecnologias, como a lançamento de foguetes a partir de aviões, devem se consolidar, reduzindo a vantagem competitiva da base brasileira.
QUESTÃO POLÍTICA
O problema é que, para viabilizar o acordo, além do aval da Secretaria de Estado dos EUA, é preciso da aprovação do texto pelo Congresso Nacional, envolto no debate eleitoral e acuado pela Lava-Jato. Diplomatas brasileiros reconhecem que o assunto "soberania" sempre vem a reboque dos debates sobre o uso de Alcântara.
Autoridades envolvidas nas negociações afirmam que o tema foi muito ideologizado e que há uma visão errônea de que o acordo poderia ferir a soberania nacional. Além do argumento de que este tipo de acordo existe com todos os países que esta capacidade de lançamento - inclusive a Rússia -, os defensores do tratado com os americanos afirmam que isso colocaria o Brasil no rol dos 10 países que poderiam deter toda a cadeia de satélites. Além disso, o acordo tende a atrair para o Brasil uma cadeia de empresas americanas no setor aeroespacial.Hoje, há muito mais europeus que americanos no polo tecnológico de São José dos Campos (SP).
Negociadores afirmam que o atual momento favorece o acordo. Se no início dos anos 2000 tratava-se apenas de uma iniciativa governamental, agora há interesse de empresas privadas dos dois países. E isso ocorre porque, com a tecnologia, os satélites estão ficando menores e podem ser lançados de veículos lançadores médios. Assim, além do uso comercial de Alcântara, o acordo pode impulsionar o projeto de um veículo de lançamentos brasileiro, desenvolvido em parceria com a Alemanha.
Se o acordo com os EUA prosperar e for aprovado pelo Congresso Nacional, existem ao menos duas empresas americanas - e uma brasileira - interessadas em explorar o centro. Nos EUA, a SpaceVector e a Electron atuam no mercado de nanossatélites e já demonstraram disposição de investir para fazer lançamentos a partir de Alcântara. Já no Brasil, a Avibrás, que desenvolve o motor para ser usado pelo programa espacial brasileiro, tem interesse em explorar o mesmo nicho.
A última tentativa para o uso de Alcântara para o lançamento de satélites ocorreu no projeto Cyclone 4, quando o Tesouro investiu quase R$ 500 milhões para lançar da base no Maranhão um foguete europeu. Como o projeto não se mostrou viável comercialmente e tecnicamente, todo o dinheiro foi para o ralo. E o Brasil agora tenta negociar com os ucranianos uma equação para liquidar a empresa criada para administrar a empreitada fracassada.

PORTAL UOL


Exército gastou R$ 9,8 mi em operações no 1º mês de intervenção


Luís Adorno Publicado Em 05/06 - 04h01

R$ 9.876.269,29. Esse foi o valor total gasto pelo Exército em operações ostensivas durante o primeiro mês da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. Entre 19 de fevereiro e 25 de março, foram nove ações das Forças Armadas, que envolveram homens do Exército. O gasto, cujo valor foi obtido pelo UOL por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), saiu do orçamento do Ministério da Defesa e não inclui o montante de R$ 1,2 bilhão destinado pelo governo federal à intervenção.
A cifra não inclui gastos de outras forças de segurança que participaram das ações. A maioria das operações teve como objetivo desobstruir vias e fazer cercos a favelas para tentar combater o tráfico de drogas e de armas, além de prender procurados pela Justiça. Segundo o GIF (Gabinete de Intervenção Federal), a meta era restabelecer a ordem e a sensação de segurança dos moradores das áreas afetadas.
A reportagem do UOL ouviu quatro especialistas em segurança sobre o desempenho das operações no primeiro mês de intervenção frente ao montante empregado --três deles criticaram os resultados, enquanto o quarto ponderou que o legado da intervenção não são as operações em si, mas a reestruturação das forças de segurança
O valor corresponde apenas às ações emergenciais ligadas à GLO (Garantia da Lei e da Ordem), chamadas pelo Exército de "Furacão". Esse tipo de operação já vinha sendo feita nos últimos anos. A intervenção no Rio é composta de duas frentes que acontecem simultaneamente: as operações emergenciais e as ações estruturais de melhoria das polícias.
Segundo o Exército, os principais gastos incluem alimentação, combustível, material de consumo, manutenção de viaturas e deslocamentos. "Numa análise ampla, todos os objetivos vêm sendo alcançados porque eles constituem etapas intermediárias e necessárias para atingir os objetivos principais da intervenção federal", afirmou o órgão, por meio de nota.
Ainda de acordo com o Exército, os principais objetivos das operações são fortalecer os órgãos de segurança, como Polícia Militar e Polícia Civil, além recuperar a capacidade operacional, o que inclui "organização, formação e capacitação, material, pessoal e infraestrutura".
Na prática, a expectativa da intervenção, decretada em fevereiro, é diminuir os índices de criminalidade. Com a intervenção, a segurança do Rio passou a ser responsabilidade do governo federal, sob comando do interventor Walter Souza Braga Netto.
Com base em reportagens sobre as operações em questão, foi possível traçar seus objetivos e, em alguns casos, os resultados.
Quanto custou cada uma das operações
R$ 1.738.429,50 em 19 de fevereiro
As Forças Armadas, junto com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), bloquearam todas as rodovias de acesso à cidade do Rio de Janeiro assim como pontos de maior quantidade de roubo de carga. Foram 11 presos, seis armas, seis granadas e dois simulacros apreendidos, além de dois carros, quatro motos e um caminhão, de acordo com o Observatório da Intervenção --plataforma criada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes, para acompanhar diariamente as ações militares no Rio.

R$ 781.886,40 em 21 de fevereiro
Varredura na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense. Foram encontrados 48 celulares, maconha e cocaína, segundo o Comando Militar. Nenhuma arma foi apreendida.
R$ 1.028.416,50 em 23 de fevereiro
Operações conjuntas nas comunidades da Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, na zona oeste carioca. Os militares destruíram barricadas do tráfico de drogas, revistaram carros e solicitaram documentos de quem entrava na favela. Com alto falantes, caminhões do Exército divulgaram um telefone para denúncias. Segundo setores de inteligência, a ação tinha como objetivo evitar um confronto entre as facções Comando Vermelho e Terceiro Comando, que estaria prestes a ocorrer. Houve 27 prisões, duas pistolas apreendidas e recuperação de 13 motos e 12 carros roubados, segundo o Observatório da Intervenção.
R$ 1.348.505,28 em 24 de fevereiro
Equipes do Exército circularam em blindados por becos e vielas da Vila Kennedy. Durante a operação, os agentes tiraram fotos de moradores com seus documentos para checar se tinham antecedentes criminais. Parte dos moradores aprovou a medida. Outros apontaram que ficaram desconfortáveis, o que gerou mal-estar.

R$ 613.780,00 em 2 de março
Forças Armadas fizeram operação em favela considerada "quartel-general" do Comando Vermelho em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Houve confrontos entre criminosos e policiais apoiados pelas Forças Armadas. Ao todo, nove pessoas foram detidas, dez vias, desobstruídas e foram apreendidos uma pistola de uso restrito, quatro carros, duas motos, drogas e munições, segundo o Comando Militar.
R$ 683.250,00 em 3 de março
Os militares voltaram à Vila Kennedy para desobstruir vias --um total de 720 pessoas e 617 veículos foram revistados. Dezesseis barreiras e obstáculos que faziam barricadas em vias foram retirados. Cinco pessoas foram presas (uma tinha mandado de prisão em aberto e as outras quatro foram detidas por desacato, desobediência e posse de drogas), segundo o Comando Militar.
R$ 1.733.537,61 em 9 de março
Após um arrastão em uma igreja católica da Vila Kennedy, os militares voltaram à comunidade. Desta vez, servidores da prefeitura do Rio fizeram uma "ação de ordenamento urbano" --a destruição de quiosques de uma praça revoltou comerciantes. Segundo o Observatório da Intervenção, houve violação por excesso do uso de força.
R$ 1.475.714,00 de 6 a 15 de março
O Exército não informou quais foram as ações da operação em específico. Mas, dentre o que foi feito por militares no Rio no período, está a retirada de quatro bases de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) que ficavam em dois lugares diferentes da Vila Kennedy. O Exército explicou que a medida fazia parte de um novo plano de atuação das UPPs na região.
R$ 472.750,00 em 15 de março
Homens das Forças Armadas e da PM fizeram um cerco à favela do Viradouro, em Niterói, região metropolitana. Segundo o comando conjunto, a ação envolvia "cerco, estabilização dinâmica da área e desobstrução de vias".
Questionado sobre sobre os resultados das nove primeiras operações sob intervenção, o coronel Roberto Itamar, porta-voz do GIF (Gabinete de Intervenção Federal), afirmou que há questões que não se mensuram "apenas com presos e apreensões". Ao citar as ações na Vila Kennedy, ele disse que o objetivo da operação é estabilizar a área e permitir o acesso a serviços, como coleta de lixo, conserto de telefone, água, gás, saúde, e educação.
"Essas operações da Vila Kennedy, por exemplo, tiveram resultados além das prisões e apreensões. Foram avanços na questão social daquela localidade, como, por exemplo, a devolução da tranquilidade para a população, com efeito radiador nos índices de criminalidade, que caíram quase a zero enquanto o Exército esteve presente", justificou Itamar.
Além disso, segundo o porta-voz do GIF, houve reestruturação de UPPs.
"A ação da intervenção foi fortalecer o 14º batalhão, da área da Vila Kennedy, e reestruturar as UPPs. Os efetivos foram treinados, adaptados ao policiamento ostensivo e foram transformados em companhias de polícia destacadas. Isso sim é o fato da intervenção. Esses benefícios devem ser associados. A intervenção não gastou nada do R$ 1,2 bi que o governo federal disponibilizou", disse Itamar.
Ainda de acordo com o porta-voz, tudo que foi feito nos primeiros cem dias de intervenção foi gerencial, de estruturação e com a colaboração do governo do estado.
"O dinheiro está em tela, disponível, mas, para utilizá-lo, demanda um tempo, tem todo um rito. Se exige que faça todo um procedimento como apresentar as necessidades, levantar as características, um levantamento de preço, levar à precificação do mercado, conduzir um processo licitatório, antes de o bem aparecer. A depender dos bens que vão ser adquiridos, leva um tempo", explicou.
"Uma das primeiras compras da intervenção que devem aparecer, de material, é o de coletes balísticos, porque antes da intervenção já tinha as especificações, o processo já estava em andamento. Outros materiais devem demorar um pouco mais", complementou.
O dinheiro foi bem investido?
Ao ouvir essa pergunta, o ex-comandante da Coordenadoria de UPPs (2010/2011) e ex-chefe do Estado Maior da PM do Rio (2015), coronel da reserva Robson Rodrigues, é direto: "lógico que não".
"Se fosse investir em estrutura, esse dinheiro seria pouco, mas daria para começar. Agora, para fazer mais do mesmo, é muito. Ainda mais numa época de crise financeira", complementou.
"Precisava de uma boa gestão. O que não vai ser com esse governo, porque a intervenção foi uma questão política, imediatista. Não houve uma questão técnica. Esse dinheiro poderia ajudar na estrutura das polícias estaduais. É um erro investir tanto numa intervenção como essa. Um erro de gestão crasso", analisou o coronel, que também é antropólogo.
Segundo ele, a PM do Rio viveu entre 2009 e 2012 um momento de investimentos. No entanto, em questões quantitativas, não qualitativas. Sem treinamento e estrutura reforçada, quando o período de investimento travou, a PM parou junto. "No Brasil, você não tem políticas estratégicas de médio e longo prazo, você tem imediatismo. O estado que agiu no imediatismo ficou com a bomba na mão e explodiu no próprio colo", disse.
Cientista social e coordenadora da plataforma Observatório da Intervenção, Silvia Ramos afirmou que os gastos são "surpreendentes". "Eles comprovam e contribuem para confirmar a nossa impressão de que a intervenção é uma coisa que tem um alto custo para pouquíssimos resultados", disse.
"Esse dinheiro poderia ser utilizado de maneira muito mais inteligente se fosse em coisas estruturais. São valores muito altos por dia, de custos por operação. Quanto custa a intervenção? Pela primeira vez, existe um fator representativo", afirmou a cientista social.
Diretora-executiva do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), Samira Bueno também aponta que "os dados de despesas das operações da intervenção revelam um enorme custo aos cofres públicos sem que se tenha clareza sobre sua efetividade ou mesmo a necessidade das operações nestes territórios".
"Como até agora o interventor não anunciou quais são as metas a serem cumpridas e tampouco o plano da intervenção até dezembro, a sociedade fica refém das decisões do governo e com pouca base para monitorar sua ação", analisou.
Já José Vicente da Silva Filho, ex-comandante da PM de SP e secretário nacional de Segurança Pública na segunda gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a intervenção, apesar de cara, é importante.
"O mais importante da intervenção não são as operações em si. É a reestruturação das forças de segurança. A PM praticamente não tem tenente nas ruas, estão todos em trabalho administrativo. A intervenção é importante para a estruturação e supervisão dos órgãos de segurança."
O especialista avalia que as operações não deram o resultado esperado porque, quando o Exército deixa o território dominado pelo crime, os criminosos voltam a ocupá-lo. "Operação "entra e sai" nunca reproduziu sucesso. Na Rocinha, por exemplo, eu sugeriria cercar por um ano. Todo mundo passaria por revista ao entrar e sair. A gente está vendo que, além de não resolver, custa caro", analisou.

Jato executivo da Embraer bate recorde de velocidade em voo transatlântico


Publicado Em 05/06 - 04h00

O Legacy 450, da fabricante brasileira Embraer, estabeleceu um novo recorde de velocidade para voos transatlânticos de jatos executivos da categoria mid-light jets (jatos médios). O Legacy 450 realizou o voo entre Portland (EUA) e Farnborough (Reino Unido) em 6 horas e 5 minutos. Com a distância total de 5.105 quilômetros, o jato teve uma velocidade média de 840 km/h.
O voo foi feito no dia 7 de março deste ano. O reconhecimento do novo recorde foi feito pela NAA (Associação Aeronáutica Nacional dos Estados Unidos, na sigla em inglês) e pela FAI (Federação Aeronáutica Internacional), com sede em Lausanne (Suíça).
A nova marca foi estabelecida durante um voo de demonstração para potenciais clientes da Embraer. Estavam a bordo do jatinho dois pilotos e dois passageiros. Segundo a Embraer, o Legacy 450 pousou no Reino Unido com reserva de combustível acima do mínimo exigido pelos regulamentos internacionais de aviação civil para esse tipo de operação.
Depois de Farnborough, o avião seguiu para Genebra (Suíça) para participar da 18ª Ebace, a maior feira de aviação executiva da Europa. Durante a exposição na Suíça, a Embraer apresentou mudanças no jato executivo, como configuração interna com novos assentos.
O Legacy 450 tem alcance de 5.371 quilômetros e capacidade para quatro passageiros, podendo voar com altitude máxima de 45 mil pés (13,7 quilômetros). O avião tem autonomia para voar, sem escalas, de São Francisco (EUA) a Honolulu (EUA), de São Paulo a Bogotá (Colômbia) ou de Moscou (Rússia) para Mumbai (Índia), por exemplo.
A cabine de passageiros do jato executivo tem 1,83 metro de altura e piso plano. São quatro poltronas totalmente reclináveis que podem ser convertidas em duas camas. O entretenimento a bordo inclui um sistema de vídeo de alta definição, som surround e várias opções de entrada de áudio e vídeo.

JORNAL CORREIO BRAZILIENSE


Especialistas: crise, violência e corrupção abastecem onda conservadora

Pontos negativos fortalecem sentimento de mudança radical no país e abrem espaço a candidatos de frentes como a evangélica, a da bala e a rural

Rodolfo Costa Publicado Em 05/06 - 06h00

O pensamento conservador ganha força no Brasil. A onda está se disseminando pelas ruas e ganhou eco em manifestações de apoio à intervenção militar. Embora a defesa de um regime liderado pelas Forças Armadas não encontre respaldo na própria cúpula do poder militar, especialistas avaliam que a tendência é de que o movimento fortaleça frentes parlamentares que atualmente dominam o Congresso Nacional, como a evangélica, a da segurança pública e da agropecuária, também conhecidas como bancadas da bala e ruralista. Atualmente, os integrantes das três respondem por cerca de 70% dos 513 deputados da Câmara.
A greve dos caminhoneiros foi o empurrão que faltava para levar brasileiros defensores do regime militar às ruas. Faixas com frases como “intervenção militar, buzine” foram estampadas em veículos parados no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e nas estradas, durante os dias de paralisação. Para o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse movimento está associado ao desejo de ter problemas facilmente resolvidos. Essas pessoas acreditam que a presença dos militares seria capaz de melhorar educação, saúde, segurança pública no país, além de garantir o combate à corrupção.
“Eles (intervencionistas) têm a ideia mágica, pelo que eu já pude conversar com alguns deles, de que a intervenção militar resolve tudo. Eles não têm um projeto, mas consideram que uma base militar seria capaz de amenizar a angústia que sentiram nos últimos dias”, disse Baía. O que começou com uma greve por redução de impostos e do preço do óleo diesel, encontrou ressonância no desejo de mudança radical de alguns grupos, e o discurso contra corrupção voltou ao centro dos discursos.
Embora o professor da UFRJ avalie os pedidos por intervenção militar como uma onda com ideologias mais restritas que o movimento conservador, ele não descarta que os anseios de intervencionistas desaguarão em votos para candidatos conservadores, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência da República. O apelo pelo ex-militar também tende a favorecer candidaturas de aliados do parlamentar, em um efeito cascata. “As bancadas da bala, ruralista e evangélica têm um lastro social e certamente vão crescer em outubro, com esses votos e outros”, ponderou.
O crescimento da onda conservadora não é um fenômeno recente, mas ganhou força desde o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e dos escândalos de corrupção desbaratados pela Operação Lava-Jato, avalia o sociólogo e cientista político Alessandro Farage, coordenador da Instituto RioTech. “O brasileiro teve várias experiências traumáticas nos últimos anos. Uma crise econômica que elevou o desemprego e intensificou problemas de segurança pública, com ampliação de violência e crimes. Tudo isso em um cenário em que a esquerda ficou muito queimada pela forma como o PT saiu do poder, mas também pelo descrédito dos demais partidos”, analisou.
Posição privilegiada

A defesa da segurança e o discurso contra a corrupção ganharam o centro das atenções no discurso conservador. Por esse motivo, militares da reserva, policiais militares e trabalhadores ligados a essas categorias ganham posição privilegiada na pauta eleitoral, sobretudo candidatos mais personalistas, que apoiam agendas próprias, e não do partido. “Ficou mais fácil para um político que não é identificado com uma legenda passar a ideia e imagem de honestidade”, ponderou o sociólogo e cientista político Fábio Metzger, professor da Uniesp.
Os evangélicos ganham eco em aspectos semelhantes, principalmente em eleitores que identificam a necessidade de defender assuntos ligados a questões morais e costumes, pondera o especialista.
Para o coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), houve um enfraquecimento da esquerda. “A esquerda mergulhou o país na insegurança pública, na desmoralização e na inversão total dos valores. Tudo isso serve de bandeira para o crescimento de outras bancadas”, avaliou.

PORTAL BBC


Como militares ganharam protagonismo inédito no Brasil desde a redemocratização


Luiza Franco E Fernanda Odilla Publicado Em 05/06 - 07h00

Era uma sexta-feira, o quinto dia da greve dos caminhoneiros. A crise de abastecimento se agravava. Nos postos de gasolina, as filas cresciam. Nos supermercados, prateleiras de produtos não perecíveis estavam vazias. Os caminhoneiros haviam ignorado o acordo anunciado pelo governo. Foi nesse clima que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou, naquela noite, que o presidente Temer entregaria a tarefa de liberar as rodovias bloqueadas às Forças Armadas.
Através de um decreto, lançando uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o governo determinava uma missão militar com atuação em todo o território nacional, coordenada pelo general Sergio Etchegoyen, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
A partir daí, coube a um almirante, Ademir Sobrinho, chefe do Estado Maior Conjunto, informar diariamente a população brasileira sobre a situação do abastecimento de aeroportos e serviços públicos essenciais, como saúde, segurança pública e energia.
A presença de um general do Exército no comando de uma ação nacional antigreve e de um oficial da Marinha no papel de porta-voz da operação ilustram como militares se tornaram cada vez mais presentes na vida política do país no governo Michel Temer (MDB).
Essa tendência, que já se mostrava em nomeações para cargos estratégicos, no recurso frequente a operações de GLO e na intervenção federal na segurança pública do Rio, ficou escancarada durante a paralisação dos caminhoneiros.
Desde a redemocratização, o governo Temer é o primeiro a colocar um militar, o general Joaquim Silva e Luna, no comando do Ministério da Defesa, criado em 1999. É também o primeiro a colocar um Estado sob intervenção federal, o Rio de Janeiro.
Também é um militar o Secretário Nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e a Funai (Fundação Nacional do Índio) chegou a ser comandada por outro, general Franklimberg Ribeiro Freitas.
Especialistas ouvidos pela BBC avaliam que isso aconteceu devido a características do governo Temer e ao momento por que passa o país. Eles dizem que esse protagonismo militar aumenta à medida que a crise do sistema político se agrava e que o governo com a pior avaliação das últimas décadas se apoia no prestígio de que gozam as Forças Armadas.
Pesquisa Datafolha feita em julho de 2017 mostrou que as Forças Armadas são a instituição em que brasileiros depositam mais confiança no país hoje, enquanto o Congresso, a Presidência e os partidos políticos caíram em descrédito. O governo do presidente Temer, por sua vez, é considerado ruim ou péssimo por 70% dos brasileiros, também segundo o Datafolha.
Ainda antes da conclusão do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), apareceram indícios de que nos bastidores do poder se buscava envolver os militares nos rumos políticos do país.
Numa gravação obtida por investigadores e divulgada em maio de 2016, o então senador licenciado Romero Jucá (MDB), atual líder do governo no Senado, defendia que a solução para "estancar a sangria" provocada pela operação Lava Jato seria "pôr o Michel (Temer)". Mais adiante, Jucá, em conversa com Sérgio Machado, então diretor da Transpetro, afirmava que já estava "conversando com os generais, comandantes militares".
Segundo Jucá, estava "tudo tranquilo" e os militares iriam "garantir".
Temer, ainda presidente interino, recriou o GSI , um órgão de assessoramento da Presidência da República para assuntos de segurança nacional que controla a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) - e que havia sido extinto pelo governo Dilma Rousseff em 2015. Para o comando da pasta, ele nomeou Etchegoyen, que ocupava o cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército quando foi convocado.
Etchegoyen passou a ser uma das vozes mais influentes do círculo do presidente, segundo pessoas próximas a Temer. Teve papel importante no decreto de intervenção no Rio e atuou em crises como a dos refugiados venezuelanos em Roraima e a greve dos caminhoneiros.
Etchegoyen é crítico notório da Comissão da Verdade, criada em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), para investigar crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). Seu pai, o general Leo Guedes Etchegoyen, está entre os 377 agentes públicos que a Comissão considerou responsáveis pela repressão política. Quando o relatório da comissão foi concluído, a família fez uma nota repudiando o documento, que chamou de "leviano" e "patético".
Mas foi a nomeação, em fevereiro de 2018, do general Joaquim Silva e Luna para o Ministério da Defesa que provocou mais reações negativas daqueles que veem como excessivo o papel concedido a militares no governo Temer.
"No GSI, é normal que haja um militar porque é uma posição que exige conhecimento técnico. Na Defesa, não. O ministério foi criado justamente para subordinar os militares aos civis", diz o cientista político da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Claudio Couto.
Couto lembra que o governo de José Sarney (1985-1990) também foi marcado pela influência das Forças Armadas: "Era um governo com tutela militar", diz o pesquisador. Primeiro presidente após a ditadura, Sarney era vice de Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse, e era do PDS (Partido Democrático Social), herdeiro do Arena, partido que apoiava o regime ditatorial antes do seu fim.
"Não faz nenhum sentido, depois de tantos anos de tentativa de controlar os militares com a democracia civil, colocar um general no comando da Defesa. Provoca um desconforto entre a Marinha e a Força Aérea, que estão sendo comandadas agora pelo Exército", diz o pesquisador João Roberto Martins Filho, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que se dedica há décadas a estudar os militares.

Exército no comando da segurança do Rio
No círculo de ministro mais próximos a Temer, as Forças Armadas têm o entusiasmo de Raul Jungmann, ex-ministro da Defesa e hoje chefe do Ministério Extraordinário de Segurança Pública. Na cerimônia de posse do seu sucessor na pasta da Defesa, general Silva e Luna, Jungmann disse: "Eu pude me reaproximar da grandeza, da significação, do compromisso, da qualidade do que fazem as Forças Armadas. Tenho a certeza que, com elas, por elas e, também pelo seu povo, o Brasil pode sonhar com um futuro melhor."
Como ministro da Defesa, assinou, junto com Temer e os ministros Etchegoyen, Carlos Marun (Secretaria de Governo) e Torquato Jardim (Justiça), o decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio. Foi nomeado para o cargo de interventor o general Walter Souza Braga Netto. A medida também colocou um militar, o general Richard Fernandez Nunes, no cargo de secretário de Segurança do Estado.
O Exército, que antes dava apoio às operações conjuntas, passou então a comandar a segurança do Rio.

Operações da "Garantia da Lei e da Ordem"
Jungmann é defensor da transferência de recursos federais para operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que vêm sendo usadas com frequência para apagar incêndios na segurança pública. As missões de GLOs estão previstas na Constituição, mas só são realizadas com ordem expressa da Presidência da República e devem ser usadas em casos nos quais as forças tradicionais de segurança pública não têm condições de lidar com graves situações de perturbação da ordem.
A cada vez que uma GLO é decretada, o governo federal pode, ainda que não seja regra, transferir recursos para a Defesa. O valor de recursos para a Operação São Cristóvão, nome dado à ação das tropas federais na greve dos caminhoneiros, foi de R$ 80 milhões.
Em número de GLOs, no entanto, Temer não é tão diferente de sua antecessora na Presidência. Dados do Ministério da Defesa mostram que, em dois anos de governo, ele decretou 14 GLOs, média de sete por ano, contra 27 de Dilma, em cinco anos de governo, média de cinco por ano.
Na era Temer, houve varreduras em presídios, militares nas ruas do Distrito Federal, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e, finalmente, no Rio de Janeiro, onde o governo foi além, decretando a intervenção federal.
"No que diz respeito ao emprego de GLOs, o governo Temer apenas dá continuidade ao que outros fizeram, que é empregar as Forças Armadas a cada soluço na segurança pública. A diferença é que eles foram se tornando cada vez mais frequentes", diz Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A Constituição prevê que as Forças Armadas poderiam ser usadas, a pedido da Presidência da República, para a garantia da lei e da ordem. As normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das forças foram definidas numa lei complementar de 1999, na época do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas a regulamentação e o manual que descreve os procedimentos a serem seguidos pelas Forças Armadas na eventualidade de decretação de GLO só vieram em 2013, no governo Dilma.
Dentro das Forças Armadas, essa exposição toda está longe de ser unanimidade. Em dezembro de 2017, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, criticou o emprego excessivo de suas forças. "Preocupa-me o constante emprego do Exército em "intervenções" (GLO) nos Estados. Só no Rio Grande do Norte, as Forças Armadas já foram usadas 3 vezes, em 18 meses", disse ele no Twitter, ressaltando ainda que a segurança pública deveria ser tratada pelos Estados como prioridade máxima.
"E se, no caso da intervenção do Rio de Janeiro, houver uma morte, uma repressão mais violenta? Há muitos militares preocupados com a imagem da instituição", diz o professor da Ufscar. Para ele, o mesmo vale para a greve dos caminhoneiros. "Eles sabem que estão seguindo, como a lei manda, um governo altamente impopular, e eles têm medo de serem queimados na fogueira da crise geral. Infelizmente, eles estão sendo usados com uma frequência assustadora."
Para o professor do programa de pós-graduação da Eceme (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército) e pesquisador do Observatório Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, Carlos Frederico Coelho, há quem avalie que é uma situação perde-perde.
"Se der errado, a culpa é dos militares. Se der certo, vão pedir mais, afinal, elas (as Forças Armadas) já vêm sendo empregadas para diversos fins. Nesse sentido, cumpre proteger o ofício militar, que não pode ser banalizado. Além de aumentar a pressão sobre as Forças Armadas, o emprego constante gera incertezas sobre as proteções jurídicas necessárias."
Atendendo a essa preocupação, o governo Temer aprovou, em 2017, lei que transfere para a Justiça Militar o julgamento de crimes dolosos contra a vida praticados contra civis por militares quando em atividade operacional, como nas missões do tipo GLO.
Governo "pega carona" em aprovação de militares
Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acha que há na população brasileira um sentimento difuso de reivindicação de ordem, "que se exacerba num momento de crises diversas", um ambiente que explica os índices de confiança depositados nos militares.
"Num ambiente político extremamente contaminado, a sociedade se volta para a instituição cujo símbolo é a estabilidade e o profissionalismo", agrega o professor da Eceme Carlos Frederico Coelho.
E foi o governo Temer que, para o pesquisador João Roberto Martins Filho, da UFSCar, deu o empurrão necessário para recolocar os militares em papel de destaque nos acontecimentos do país.
"Os militares do Exército saíram da posição discreta em que estavam durante a crise que levou ao impeachment da presidente Dilma. Saíram dessa posição porque o governo Temer, com a fraqueza que o caracteriza desde o começo, se apresentou desde o início como uma espécie de governo da ordem. E, conscientemente, envolveu as Forças Armadas nessa perspectiva como única forma de se manter", diz ele.

Generais rechaçam a ideia de intervenção militar
Desde os atos a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2015 que vinham aparecendo, em manifestações de rua, pedidos por intervenção militar - e estes ganharam força nos protestos de caminhoneiros.
Militares ligados ao governo reiteram que este não encontra eco nas Forças Armadas. O general Etchegoyen disse, na última terça-feira (29), que intervenção militar "é um assunto do século passado" e que nenhum militar das Forças Armadas está "pensando nisso".
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o general Silva e Luna, da Defesa, disse que os pedidos de intervenção o incomodam porque dão a impressão de que as Forças Armadas estão por trás desse movimento, o que, segundo ele, não é verdade.
Quando foi decretada GLO em todo o território nacional, o comandante do Exército, general Villas Bôas, disse, no Twitter: "Mais uma vez, o Exército será empregado em uma operação de garantia da lei e da ordem, a fim de atender às necessidades da população afetada pela "greve dos caminhoneiros". Como sempre, agiremos com base na CF [Constituição Federal], em apoio às instituições e pela democracia".
O atual comandante do Exército, que é visto por quem acompanha as Forças Armadas como moderado, revelou, em 2017, que lutava contra uma doença degenerativa que o levou à cadeira de rodas. Ainda assim, permaneceu no comando da instituição.
No entanto, especialistas como João Roberto Martins Filho, da UFSCar, sugerem que Villas Bôas pode estar sob pressão de setores mais conservadores do Exército.
"Há uma identificação do oficialato (oficiais) com o que a classe média expressa dentro dessa crise. Houve uma guinada mais conservadora [nessa classe]", diz Martins Filho, que vê com preocupação os rumos da relação entre as Forças Armadas e a sociedade neste momento.
"Estávamos caminhando lentamente para o controle democrático das Forças Armadas, mas não havia ainda uma mentalidade democrática dentro delas. Há um respeito aos limites legais, mas isso é diferente de haver uma consciência e uma cultura democrática. Essa, eu acho, infelizmente não chegou", avalia.

JORNAL DO BRASIL


Comitê da crise será mantido para monitorar fake news nas eleições


O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse hoje (4) que o comitê criado pelo governo para gerenciar a crise dos caminhoneiros será mantido para as eleições deste ano. Segundo Jungmann, a questão envolvendo a paralisação dos caminhoneiros e o desabastecimento no país caminha para os níveis de normalidade, mas o grupo passará a monitorar a disseminação de notícias falsas (fake news) na internet. A decisão de manter o comitê foi tomada nesta segunda-feira.
“Numa decisão tomada hoje, vamos continuar mantendo o comitê que se reuniu, não mais focado na crise, mas na conjuntura política. Porque temos um período de eleições à frente, sabemos que temos que prestar atenção nas fake news”, afirmou Jungmann. Ele disse que o monitoramento padrão será feito na rede aberta, mas que, eventualmente, poderão ser feitos pedidos à Justiça para monitorar indivíduos específicos.
“A gente acompanha a rede aberta. Quando necessário, com indícios fundamentados, a gente faz uma requisição judicial para monitorar alguém específico na rede. [...] Partidos e sindicatos têm cada vez menos representatividade e, por isso, precisam ser reformulados. E mais: é preciso a gente entender que o empoderamento da rede veio para ficar”, disse o ministro. Para Jungmann, plantar informações mentirosas sobre um candidato no centro do debate político é “um risco para a democracia”.
Dentre os integrantes do comitê que se reuniu diariamente nas últimas duas semanas para monitorar a situação das estradas estavam os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen; da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria de Governo, Carlos Marun; e o chefe do Estado Maior-Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, além de Jungmann. Ele não adiantou, porém, quais nomes continuarão no comitê daqui para a frente.
A partir de provedores localizados em diferentes países, notícias falsas têm impactado os últimos debates públicos mais relevantes, como as eleições nos Estados Unidos e os plebiscitos sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e sobre o acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A menos de um ano das eleições gerais, agora é o Brasil que se vê diante do problema.

OUTRAS MÍDIAS


DIÁRIO DE NOTÍCIAS (Portugal) - Governo está a concluir negociações com a Embraer para a compra da aeronave KC-390


Publicado Em 04/06 - 21h59

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, adiantou hoje que as negociações do Governo com a Embraer para a compra de aeronaves militares KC-390 estão na sua fase final.
"Estamos a concluir as negociações, se me pergunta uma data precisa não lha vou dar, evidentemente", referiu o governante, à margem do encerramento da II Feira Internacional de Negócios da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento Portugal/China, na Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), em Leça da Palmeira, no Porto.
Azeredo Lopes confirmou a intenção de Portugal em comprar "pelo menos" cinco aeronaves KC-390 e de, eventualmente, um simulador de voo para instalação e operação em território nacional.
Portugal esteve envolvido no projeto de desenvolvimento e produção do KC-390, um compromisso reforçado em 2011 pelo ministro da Defesa e a Embraer, num acordo visando uma potencial aquisição por Portugal de aeronaves KC-390, nomeadamente mediante o acompanhamento pela Força Aérea do desenvolvimento de configuração da aeronave.
No passado dia 30 de maio, o Conselho de Ministros aprovou a atribuição de 10 milhões de euros para financiar a participação do Estado, em parceria com a Embraer, no programa de desenvolvimento e produção da aeronave de transportes multiusos.
A resolução que autoriza a despesa de 10 milhões de euros foi apresentada como "fator de desenvolvimento e dinamização e industrial no setor aeronáutico e para a economia nacional".
Os KC-390 vão substituir os transportes da Força Aérea C-130 e o programa tem a sua fase de conclusão prevista para o final deste ano.
O avião de carga reforçará as capacidades de transporte, busca e salvamento, evacuações sanitárias e deverá incluir as capacidades de reabastecimento em voo e de combate a incêndios, ficando com a vertente militar e civil.
Azeredo Lopes lembrou que este projeto é o primeiro programa aeronáutico de duplo uso com engenharia portuguesa, tendo Portugal conseguido chegar a 2018 com um `cluster´ aeronáutico constituído e uma engenharia aeronáutica "altamente competitiva" a nível europeu.
A fuselagem exterior do KC-390 tem uma "fortíssima" componente de investigação e desenvolvimento nacional, recordou.



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