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Brasileiros que estavam em base na Antártida chegam ao Rio de Janeiro

Avião com 41 passageiros, entre militares e pesquisadores, saiu do Chile Incêndio na Estação Comandante Ferraz matou duas pessoas no sábado .

Christiano Ferreira .

ImagemO voo com 41 brasileiros que estavam na base incendiada da Marinha na Antártida chegou ao Rio de Janeiro pouco depois de 1h desta segunda-feira (27). O grupo é formado por 26 pesquisadores, 12 operários do arsenal da Marinha, um alpinista, um funcionário do Ministério do Meio Ambiente e um militar ferido, de acordo com a Marinha. A Estação Comandante Ferraz foi atingida por um incêndio na madrugada deste sábado (25), que matou dois militares.

O militar ferido, o sargento da Marinha Luciano Gomes Medeiros, chegou no Rio de Janeiro de cadeira de rodas e será transferido de ambulância para o Hospital Naval Marcílio Dias.

O voo saiu de Punta Arenas, no Chile, durante a tarde deste domingo (26), para onde os brasileiros foram transportados pela Força Aérea da Argentina. Antes de aterrissar na Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, a aeronave faz uma parada em Pelotas pouco depois das 21h de domingo (26). Três pesquisadores da Unisinos, de São Leopoldo (RS), e um funcionário de Ibama desembarcaram na cidade.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Marinha, o almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto estão na pista da Base Aérea do Galeão para acompanhar a chegada dos brasileiros. Segundo Amorim, os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do sargento Roberto Lopes dos Santos, que estão na base chilena Eduardo Frei, devem chegar ao Rio de Janeiro na terça-feira (28).

A Marinha do Brasil afirmou em nota neste domingo (26) que 70% das instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz foram destruídas. Todo o prédio principal da base, onde ficavam o alojamento e alguns laboratórios de pesquisa, foi atingido pelo fogo. Ficaram intactos os refúgios – módulos isolados usados apenas em emergências – e os laboratórios de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera, assim como os tanques de combustíveis e o heliponto.

'Combatemos com água, neve, suor', diz oficial sobre resgate na Antártida

Tenente Pablo Tinoco é um dos 41 brasileiros que chegaram ao Rio. Emocionado, ele disse que todos tentaram socorrer os dois militares mortos.

Christiano Ferreira

ImagemEmocionado, o tenente Pablo Tinoco contou que todos se esforçaram ao máximo para tentar socorrer os dois militares mortos no incêndio da Estação Comandante Ferraz, na Antártida. Tinoco é um dos 12 homens do arsenal da Marinha que desembarcaram na madrugada desta segunda-feira (27) no Rio de Janeiro, juntamente com 26 pesquisadores, um alpinista, um funcionário do Ministério do Meio Ambiente e um militar ferido.

“Tentamos a todo tempo. Mesmo quando a gente não tinha mais recursos, a gente continuou tentando. Combatemos com neve, com água, com força, com suor, mas não conseguimos. Fizemos o que era possível. A estação se queimou e [com ela] o sonho de muitos, pois ela existe há 30 anos”, relatou o tenente.

As vítimas chegaram à Base do Galeão, na Ilha do Governador, pouco depois de 1h desta segunda-feira. No reencontro com os familiares, que ocorreu em uma sala reservada, houve muita emoção. Muitos deixaram a base abraçados com os parentes. Alguns seguiram em um ônibus disponibilizado pela Marinha, outros com as famílias em carros.

Lembranças


O tenente Tinoco disse que viu o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, mortos no incêndio, entrarem na estação para combater as chamas.

“Eram dois dos nossos amigos. Um deles, o mais experiente, era professor na área de combate a incêndio e por isso foi um dos primeiros a entrar. Tomamos os procedimentos corretos”, contou ele, que se emocionou ao lembrar dos dois militares.

“A Marinha era a vida desses homens e eles faziam o que gostavam. Nós militares fazemos o que amamos, a gente está lá por isso. Independente da circunstância, do tamanho do fogo, nós iríamos tentar até o impossível”, falou.

Entre os 26 pesquisadores que chegaram ao Rio, a bióloga Terezinha Absher disse que ficou apavorada com as chamas. Ela trabalhava há 20 anos na estação, onde fazia análise de invertebrados. "Foi como se tivesse perdido a minha própria casa", disse Terezinha. Abalada, ela hesitou ao responder se voltaria para a Antártida. "Tenho que pensar", contou.

Alarme


Segundo pesquisadores da base brasileira ouvidos pelo G1, os procedimentos de combate às chamas foram feitos de forma correta. A bióloga Fernanda Siviero, que estava na estação no momento do incêndio, disse que os brasileiros evacuaram o local logo após o alarme de incêndio ter sido acionado.

“A gente estava na base, quando foi ligado o alarme de incêndio. A gente fez o procedimento de evacuação e ficamos seguros [em outra área]”, disse. “Retornamos bem, com tranquilidade, tivemos todo o apoio da Marinha brasileira, da Marinha chilena. Todo o apoio e todo o suporte. Infelizmente perdemos dois [membros do grupo]”, finalizou.

Fonte: / NOTIMP

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Reconstrução deve levar dois anos

Pesquisadores que trabalhavam na base destruída por incêndio voltaram ontem com promessa de uma nova estação até 2014

RENATA MARIZ

Serão necessários pelo menos dois anos para reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz, que teve cerca de 70% de suas instalações destruídas pelo incêndio na madrugada de sábado, matando dois militares da Marinha e deixando um ferido. A previsão é do ministro da Defesa, Celso Amorim, que pretende começar hoje mesmo as discussões sobre como reerguer a base brasileira de pesquisas na Antártida, em funcionamento desde 1984. Um avião C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe ao Brasil as 45 pessoas que tiveram de deixar a estação no momento do incêndio.

Os brasileiros foram levados antes para a base chilena Eduardo Frei e, posteriormente, para o continente, na cidade de Punta Arenas, no extremo sul do Chile. De lá, partiram às 16h de ontem no avião brasileiro, que fez uma escala em Pelotas (RS) para deixar quatro pesquisadores. Em seguida, o voo partiu para a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com previsão de chegada para 1h de hoje. Entre os passageiros, estavam o primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros, que se feriu durante o incêndio, 30 pesquisadores, um alpinista, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Ficaram na Antártida 14 militares, que trabalharão na avaliação do incêndio e na investigação.

Os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos estavam na base chilena Eduardo Frei e devem ser trazidos hoje por um avião da FAB para o Brasil. Até a noite de ontem, a Marinha aguardava condições meteorológicas para transportá-los a Punta Arenas, de onde serão trazidos para o Brasil. A família do suboficial Figueiredo deve chegar ao Rio de Janeiro nesta segunda-feira. "Devemos ir amanhã (hoje) para saber o que fazer. Antes acho que haverá uma cerimônia de honras militares, mas ainda não sabemos. As informações demoram a chegar", lamenta o filho mais velho do suboficial, Marcos Vinícius Costa Figueiredo. Ele é aspirante a oficial da Polícia Militar da Bahia em Vitória da Conquista, onde trabalha no 77ª Companhia Independente Militar.

Segundo informações divulgadas pela Marinha, o prédio principal da Estação Antártica Comandante Ferraz foi completamente atingido pelo incêndio. Era nessa área onde ficavam a parte habitável e alguns laboratórios de pesquisas. Somente os recintos isolados da estrutura principal permaneceram intactos — módulos protegidos para casos de emergência, com tanques de combustíveis, o heliponto da base, além dos laboratórios de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera.

As causas do acidente só serão conhecidas ao final do inqúerito policial militar, já instaurado. Há especulações sobre problemas com o etanol, combustível utilizado na base, e de superaquecimento dos geradores. De acordo com a Marinha, não é possível, no momento, apontar para nenhuma possível causa.

Desenho moderno

Segundo o ministro Celso Amorim, a nova base deverá ter uma configuração mais moderna. "A nossa ideia é imediatamente, já, chamar arquitetos para fazer desenhos, inclusive um desenho mais novo. Não estou dizendo que foi por isso que aconteceu o incêndio, mas, obviamente, a base começou há 30 anos, então, ali ela foi agregando um pedaço ou outro. Agora já podemos pensar em uma coisa para o futuro, digamos, de maneira mais completa, mais orgânica", prometeu Amorim.

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, ofereceu ajuda para a reconstrução da base brasileira, durante conversa por telefone com a presidente Dilma Rousseff. Conforme comunicado publicado pelo governo chileno, a mandatária brasileira agradeceu os esforços dos militares do país, responsáveis por encontrar os corpos dos dois integrantes da Marinha brasileira que morreram no acidente, e prometeu uma visita ao Chile em breve. Em nota, Dilma manifestou, na noite de sábado, "grande consternação" diante da notícia do incêndio na Antártida e ressaltou "a firme disposição do país de reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz". A presidente prestou "solidariedade às famílias dos dois militares, mortos ao servir a Pátria".

Fonte: / NOTIMP

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Herói que morreu na Antártida era de Nilópolis

Militar tentou conter fogo que destruiu 70% da base junto com colega carioca, que está ferido, e baiano, também morto

Pamela Oliveira

ImagemRio - O incêndio que destruiu pelo menos 70% das instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz, na madrugada de sábado, acabou também com parte dos sonhos de uma família do Rio. Morador de Nilópolis, pai de dois adolescentes, o primeiro-sargento da Marinha Roberto Lopes do Santos, 45 anos, foi um dos mortos no incidente. Ele morreu tentando evitar que o fogo se alastrasse e atingisse os tanques de óleo usados no gerador de energia, o que poderia causar uma grande explosão e colocar em risco as vidas das cerca de 47 pessoas que estavam na base.

As outras vítimas do desastre foram o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo, da Bahia, que morreu, e o primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros, carioca, que sofreu queimaduras nos braços e na mão e precisou ser internado em um hospital no Chile. Eles também tentaram apagar o fogo.De acordo com a família, esta foi a terceira missão de Roberto na Antártica. “A gente já estava acostumado com as viagens do meu pai para lá. Era o que ele mais gostava de fazer. Ele foi em novembro. Estava muito feliz porque ir nessa última missão era o sonho dele, já que se aposentaria no início do ano que vem. Nunca imaginei que ele poderia não voltar”, disse a filha, Aline Colares dos Santos, 18.

Ela conta que, apesar da distância, o contato da família com o pai era diário. “Não parecia que ele estava tão longe. A gente se falava todos os dias. Ele perguntava como estava na escola, no curso. Quando a gente queria comprar alguma coisa, como um jogo, por exemplo, perguntava a ele. Ele sempre esteve muito presente. Não sei como vai ser”, lamentou ao lado do irmão Allan, 14 anos.

Já Luciano, o sobrevivente, estava na Antártica desde março de 2010 e voltaria da missão no próximo dia 25. Ele era responsável pela parte mecânica e manutenção de motores e lanchas. “O importante é que meu pai está vivo”, disse uma das filhas dele, Thaís Medeiros, 24 anos. O baiano Carlos Alberto estava há 29 anos na Marinha. A previsão era de que se aposentasse no próximo ano. O suboficial foi enviado para a Antártica também em março de 2011 e deveria voltar ao Brasil no próximo mês. De acordo com o relato da família, Carlos Alberto se comunicava diariamente com os parentes, tanto por telefone quanto pela Internet. Numa das últimas conversas, teria garantido que voltaria, ao contar que as malas já estavam arrumadas.

Auxílio de quatro países

A operação de salvamento e resgate dos militares e cientistas da base brasileira na Antártica envolveu quatro países. Poloneses foram os primeiros a chegar de bote na estação brasileira e ajudaram no resgate do primeiro-sargento Luciano, que foi atendido por médicos russos.

Militares chilenos usaram helicópteros e argentinos ajudaram a apagar o fogo e resgatar os brasileiros. Ontem, a presidente Dilma Rousseff agradeceu o apoio dos países.

Um voo com 45 pessoas que trabalhavam na estação decolou ontem à tarde de de Punta Arenas, no Chile. Até o fim da noite de ontem, a previsão era de que o avião C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira pousasse em Pelotas, onde desembarcariam quatro pessoas. Em seguida, a previsão era de seguir para a Base Aérea do Galeão, para desembarque de 41.

ImagemPESQUISAS DE IMPACTO MUNDIAL

METEOROLOGIA
A estação mantinha importante linha de pesquisa sobre Meteorologia. Fornecia dados importantes para previsão de frentes frias no Brasil, por exemplo. Segundo os cientistas, na Antártica os dados tinham impacto mundial.

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA
Outras linha de pesquisa analisava o impacto da radiação ultravioleta. Os pesquisadores estudavam espécies de organismos antárticos que resistem melhor aos efeitos deste tipo de radiação. Segundo os cientistas, eles são fontes potenciais para protetores solares mais resistentes.

CLIMA
Outra linha de estudo investigava a retração das geleiras e o impacto no clima global. Os cientistas estudavam ainda a relação entre a redução das geleiras e a existência de crustáceos que fazem parte da alimentação de baleias azuis e uma série de outras espécies marinhas.

Dois anos para reconstrução

O incêndio destruiu completamente o prédio principal, onde fica a parte habitável, como dormitórios dos pesquisadores e militares, e alguns laboratórios, de acordo com a Marinha. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, o planejamento da nova estação deve começar hoje e será necessário prazo de dois anos para ela ser reconstruída. Durante este período, as pesquisas vão ficar paralisadas.

Os módulos isolados para casos de emergência, os laboratórios de Meteorologia, Química e de Estudo da Alta Atmosfera, os tanques de combustíveis e o heliponto, que são isolados, não foram atingidos.

Em comunicado oficial, a presidenta Dilma Rousseff afirmou ter recebido com “grande consternação” a informação sobre o incêndio e destacou o heroísmo dos militares que tentaram apagar o fogo.

O destino das estrelas

A tragédia poderia ter sido maior, segundo sobreviventes. Um alerta de incêndio e roupas de frio armazenadas fora da estação, além da coragem dos militares que tentaram apagar o fogo, podem evitado mais mortes. Por volta das 2h da manhã, houve um apagão e o biólogo Cesar Rodrigo dos Santos e um físico gaúcho que pesquisa ondas eletromagnéticas aproveitaram para sair e observar estrelas. Ao saírem da estação, viram o incêndio na casa de máquinas e deram o alerta.

“A gente viu um clarão, voltou correndo e anunciando o incêndio, mas na hora que a gente viu, o fogo já estava alto”, disse Santos ao jornal ‘Zero Hora’. Nesse momento, a equipe de combate a incêndio começou a colocar as roupas especiais e correu em direção ao foco principal. Enquanto isso, os pesquisadores acordaram a parte do grupo que estava dormindo. Segundo testemunhas, muitos saíram das instalações com roupa de dormir, enfrentando temperatura em torno de 5 graus negativos. O que ajudou a combater o frio foi que alguns tinham fora da estação estoques de roupa de frio, que foram distribuídas. Logo depois, o grupo se refugiou em dois módulos isolados, de onde acompanhou por rádio a atuação dos militares que tentavam combater o incêndio.

Fonte: / NOTIMP

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Integrantes da base brasileira na Antártida chegam ao Rio

Cansaço predominava no rosto dos cerca de 40 trabalhadores da Estação Antártida Comandante Ferraz que chegaram na Base Aérea do Galeão, no Rio, na madrugada desta segunda-feira

Vitor Abdala

ImagemCerca de 40 integrantes da Estação Antártida Comandante Ferraz, entre eles pesquisadores e servidores civis da base, chegaram por volta da 1h15 de hoje (27) à Base Aérea do Galeão, no Rio. O avião C-130 Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou de Punta Arenas, no Chile, na tarde de ontem (26) e, antes de chegar ao Rio, fez escala em Pelotas (RS) para o desembarque de quatro pesquisadores.

No momento do desembarque no Galeão, no rosto da maioria transparecia o cansaço. Um dos passageiros chegou a levantar as mãos ao céu, como se agradecesse por ter chegado bem ao Brasil. A pesquisadora Terezinha Absher, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ainda estava assustada ao falar com a imprensa.

"Eu estou assim, porque foi realmente assustador tudo aquilo. Nós ficamos do lado de fora, vendo a estação pegar fogo. Eu nem vou falar muito porque ainda estou emocionada. Foi traumatizante porque, há 20 anos, eu trabalho na Antártica, passo muitos meses lá. Era como se fosse minha casa pegando fogo. A estação é de todos os brasileiros, mas eu me sentia como se fosse a minha casa. Perdi tudo. Todo o meu material de pesquisa e todos os objetos particulares. Não sei se voltaria para lá", disse Terezinha, que trabalha com invertebrados marinhos.

Jasson Mariano, servidor civil da Marinha na manutenção da base, conta que ajudou a tentar apagar o incêndio na casa de máquinas. "Fomos acordados pelo nosso superior, nos chamando apavorado, dizendo que estava pegando fogo na base. Nós saímos com o uniforme de trabalho e fomos apoiar o grupo-base para tentar combater o fogo. Tentamos esticar a mangueira para pegar água do mar com as bombas, mas o incêndio se propagou muito rápido. A luta foi grande, mas não conseguimos", relatou ele, que estava desde novembro na estação e retornaria ao Brasil no fim de março.

Também servidor da Marinha, Marcos da Conceição, demonstrava muito cansaço. "A família sempre vinha na minha cabeça. Na cabeça de todos nós. Estou muito cansado. Está até difícil falar com vocês agora", disse.

A bióloga Fernanda Siviero, que estava desde o início do fevereiro na Estação Antártica, conta que os integrantes da base passaram por grande susto. "A gente estava na base quando foi dado o alarme de incêndio, a gente fez o procedimento de evacuação e ficamos seguros em uma parte da base [isolada]. Ficamos muito consternados e assustados com essa situação toda do incêndio. A gente não acreditou, na verdade, que fosse tomar uma proporção tão grande. Imaginamos que fosse de fácil controle. Achamos que ia ser só um susto e que, daqui a pouco, estaríamos de volta. Infelizmente não foi."

Já o pesquisador da Universidade de São Paulo Caio Cipro lamenta a perda das amostras de sua pesquisa. "As amostras são insubstituíveis. Eu estava participando de um projeto de hidrografia e a gente perdeu as amostras todas que foram coletadas desde dezembro [do ano passado]. Elas foram perdidas, porque têm que ficar congeladas. Como a estação está sem energia elétrica, uma vez descongeladas, as amostras não servem mais", explicou.

O sargento da Marinha Luciano Gomes Medeiros, que ficou ferido quando tentava combater o incêndio, foi o último a desembarcar. Com as mãos enfaixadas, ele foi colocado em uma cadeira de rodas e encaminhado a uma ambulância, para ser levado ao Hospital Naval Marcílio Dias.

Além de deixar o sargento ferido, o incêndio provocou duas mortes, a do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e a do sargento Roberto Lopes dos Santos, ambos da Marinha.

Pesquisadores brasileiros resgatados de base na Antártida desembarcam em Pelotas

Na viagem, que prosseguiu rumo ao Galeão, estavam funcionários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, um alpinista e representantes do Ministério do Meio Ambiente

Letícia Schinestsck

ImagemO avião da Força Aérea Brasileira (FAB), C-130 Hércules, aterrissou em Pelotas na noite deste domingo noite para desembarcar quatro pesquisadores que estavam presentes no incêndio que destruiu cerca de 70% das instalações da Estação Comandante Ferraz, na Antártica, no último sábado. Na viagem, que prosseguiu rumo ao Galeão, no Rio de Janeiro, estavam funcionários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, um alpinista e representantes do Ministério do Meio Ambiente.

No Aeroporto Internacional de Pelotas o clima era de expectativa. Por volta das 20h30min os curiosos começaram a chegar ao local para acompanhar o desembarque dos sobreviventes. Às 21h, o avião da FAB aterrissou e os pesquisadores desceram. Braços cruzados, semblante fechado e caminhar acelerado. César Rodrigo dos Santos,36, biólogo pela Unisinos e a mulher, Gabriela Werle, ambos da cidade de São Leopoldo contam com sentimento o que presenciaram no momento do acidente. "Eu fui o primeiro que viu quando tudo começou. Entramos rápido para chamar o grupo, mas o fogo estava tão alto que não teve o que fazer", conta Santos. Eles e a mulher perderam tudo, só restaram a câmera fotográfica que estava em mãos e o notebook. Só soube dos militares quando os outros comentaram sobre a morte. A convivência entre eles era constante, colegas de trabalho que trocavam experiências diariamente. Segundo ele, as perdas científicas foram inestimáveis, pois os dados coletados neste ano, agora estão incompletos.

Erli Costa, 33, foi outra sobrevivente. Gaúcha de Herval Grande, ela mora há sete anos no Rio de Janeiro com o marido que conheceu em uma de suas visitas à Antártica. "Escutei o barulho do pessoal falando, achei que fosse brincadeira. Mas não era", conta. Ela estava calma, até receber a notícia de que os companheiros tinham morrido. A última vez que viu os militares foi quando eles colocaram a máscara para entrar na casa das máquinas para tentar inibir o fogo. Erli acompanhou até o último minuto e saiu profundamente triste pelas perdas. "Não tentei salvar nada. Tentei ajudar o pessoal", diz.

O Contra Almirante e secretário da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM) e gerente do Proantar, Marcos José, desceu da aeronave para prestar depoimento à imprensa. Afirmou que o militar ferido passa bem, mas que teve queimaduras nas mãos. No avião estavam 30 pesquisadores e 12 servidores da Marinha. Todos estavam presentes na hora do ocorrido. "Não é simples ver aquilo tudo destruído. A estação era considerada como a segunda casa dos pesquisadores", afirma. Ele fez questão de salientar que, em breve, a estação será reconstruída e de forma melhor do que antes. Os corpos, segundo o almirante, devem regressar ao Brasil amanhã, mas tudo depende da meteorologia.

A outra pesquisadora gaúcha que desembarcou foi Aparecida Basler, que não quis falar. De uma maneira geral, todos que desceram do avião estavam transtornados, tensos e sem muita vontade de conversar com a imprensa. Entre a tripulação que regressou para o Rio de Janeiro estava a carioca Adriana Rodrigues, estudante do último semestre de biologia, que desceu para descansar alguns instantes. Ela estava na Antártica desde o início do mês e sofreu ao ver que a estação ficou completamente distruída. "É difícil ver que o trabalho de um mês inteiro foi jogado fora. Pior é ver os amigos que perdemos", desabafa.

Na opinião do diretor do Museu Oceanográfico da Fundação Universidade do Rio Grande, Lauro Barcellos, o que se perdeu foi em termos de instalações, estrutura, materiais. As pesquisas que duram há anos certamente não foram por àgua abaixo. "Eles fazem backup. Provavelmente gravaram isto em outro lugar", explica Barcellos, que já esteve na Antártida em três situações. Mesmo que o levantamento preliminar da Marinha aponte 70% de perda nas instalações, o conteúdo das pesquisas não foi danificado. Ele se encontra nas universidades, livros, papers e publicações que eternizam a experiência relatada. Quanto a isso, não há porque se preocupar.

Fonte: / NOTIMP

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Após 6h de viagem, pesquisadores e militares chegam ao Brasil

Avião com 45 passageiros, entre militares e pesquisadores, saiu do Chile. Incêndio na Estação Comandante Ferraz matou duas pessoas no sábado.

Imagem

Depois de cerca de seis horas de voo desde Punta Arenas, no Chile, o avião com pesquisadores e militares brasileiros que estavam na Estação Comandante Ferraz, na Antártida, pousou em Pelotas pouco depois das 21h deste domingo (26). Quatro pesquisadores desembarcaram no Rio Grande do Sul. O avião segue para o Rio de Janeiro com outros 41 passageiros. A estação foi atingida por um incêndio na madrugada de sábado. Dois militares morreram e um ficou ferido.

Três dos pesquisadores que desembarcaram em Pelotas são da Universidade do Vale do Sinos, a Unisinos, de São Leopoldo. Estavam no grupo um biólogo do departamento de zoologia, uma bióloga e uma mestranda de biologia. Outro dos pesquisadores

A Marinha do Brasil afirmou em nota neste domingo (26) que 70% das instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz foram destruídas. Todo o prédio principal da base, onde ficavam o alojamento e alguns laboratórios de pesquisa, foi atingido pelo fogo. Ficaram intactos os refúgios – módulos isolados usados apenas em emergências – e os laboratórios de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera, assim como os tanques de combustíveis e o heliponto.

Os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos estão na base chilena Eduardo Frei. De lá, serão levados para Punta Arenas, no Chile, e em seguida para o Brasil. As datas ainda não foram divulgadas, pois o transporte depende das condições meteorológicas.

Fonte: / NOTIMP

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Avião com brasileiros da estação na Antártida chega ao RJ

Marcus Vinicius Pinto

ImagemO avião da Força Aérea Brasileira (FAB) trazendo os militares e pesquisadores que trabalhavam na Estação Antártida Comandante Ferraz chegou ao aeroporto do Galeão à 1h da madrugada desta segunda-feira. O ministro da Defesa, Celso Amorim, esteve no local para recepcionar os brasileiros.

Amorim afirmou que a presença do governo é um sinal do reconhecimento do trabalho dessas pessoas, e é um motivo de satisfação do governo saber do trabalho dos brasileiros na estação, acrescentando que a presidente Dilma Rousseff já determinou a reconstrução da base. "Estive lá há um mês e meio, sei das dificuldades, e vamos dar todo apoio para as reformas necessárias na estação", disse o ministro.

Questionado sobre possível falha de segurança no local, Amorim declarou que "somente a perícia pode determinar a causa do incidente". O ministro disse inclusive que até mesmo a família dos dois mortos no incêndio, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e sargento Roberto Lopes dos Santos, ambos da Marinha, reconheceram que havia segurança na base brasileira. Ainda sim, ela será redobrada para a nova instalação, garantiu Amorim.

O titular da Defesa agradeceu aos governos do Chile, Argentina, Polônia e Peru pela ajuda ao Brasil neste momento, com o resgate e acolhimento aos brasileiros, acrescentando que o Brasil irá contar com a ajuda de outros países para retomar as pesquisas.

"Hoje em dia muita coisa se faz pela internet, e muito pode ter sido salvo. A perda maior é a de vidas humanas, que se sacrificaram para salvar o material, mas infelizmente não conseguiram", disse Amorim.

A previsão para a chegada dos corpos dos dois militares é na quarta-feira. O Avião da FAB já partiu para Punta Arenas, no Chile, e irá esperar uma janela para chegar até a base e resgatar os corpos, o que deve ocorrer, se tudo der certo, nesta terça-feira.

A Estação Antártica Comandante Ferraz completou 30 anos em janeiro deste ano. A estação brasileira foi instalada na Baía do Almirantado, localizada na Ilha Rei George, em 1984. A partir de 1986, passou a ser ocupada anualmente por pesquisadores e militares da Marinha do Brasil, podendo acomodar até 58 pessoas. A estação tem laboratórios destinados às ciências biológicas, atmosféricas e químicas.

Fonte: / NOTIMP

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Superaquecimento seria causa do fogo

Joice Bacelo e Paulo Germano

Um Hércules do 1º Esquadrão do 1º Grupo de Transporte, conhecido como Esquadrão Gordo, unidade da Aeronáutica que apoia o Programa Antártico Brasileiro, decolou ontem à noite da Base Aérea do Galeão, no Rio, com destino à Antártica para repatriar os restos dos dois militares mortos durante o incêndio na Estação Comandante Ferraz. O voo tem por fim exclusivo o transporte dos corpos.

Também ontem à noite, quando outro Hércules, que foi buscar os sobreviventes em Punta Arenas, desceu em Pelotas, surgiram as primeiras informações sobre a provável causa do incêndio. O biólogo da Unisinos Cesar Rodrigo dos Santos disse que a suspeita é em relação a um superaquecimento nos geradores.

O grupo de combate a incêndio até foi rápido – o problema foi a água, que congelou dentro da mangueira. A partir daí, as labaredas que se erguiam após o provável superaquecimento nos geradores ganharam força para invadir quase tudo.

– O pessoal tentava de todo jeito, mas deu esse problema na água. Botijões começaram a explodir, não havia mais muito o que fazer – recorda Santos.

Na tentativa de apagar o fogo, foi utilizada uma bomba que suga a água do mar. O incêndio, quando foi percebido, já apresentava chamas de dois metros de altura – mas a água petrificada dentro da mangueira ampliava o desespero e a impotência de quem prestava socorro.

Os pesquisadores acreditam que o superaquecimento dos geradores provocou a queda de luz antes de o fogo começar. Os equipamentos, movidos a óleo, já estão no foco de uma perícia supervisionada pela Marinha.

– É fato que o incêndio começou na área próxima aos geradores, mas não se sabe exatamente por quê – diz o almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, gerente do Programa Antártico Brasileiro.

O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos morreram quando tentavam controlar o incêndio, iniciado na praça de máquinas da estação brasileira.

– Eu vi ele (Santos) entrando, e ele não voltou mais – contou a bióloga Erli Costa, 33 anos, natural de Erval Grande, no norte do Estado, e que vive há sete anos no Rio de Janeiro.

Os corpos foram transferidos para a base chilena e aguardam por melhores condições climáticas para serem transferidos para o continente.

Refazer o orgulho

Cristovam Buarque

O Brasil é um dos poucos países com base na Antártica. Ao longo de mais de 20 anos, tem mantido de forma permanente grupos de cientistas e militares que se revezam, tentando entender aquele continente e as consequências de seu clima para o futuro do planeta. Ali são feitas pesquisas sobre a vida marinha em baixas temperaturas, sobre fontes de alimentos de microrganismos, pesquisas sobre as mudanças climáticas e inclusive sobre recursos naturais disponíveis. Além disso, ali o Brasil mostra que aceita desafios. Não temos como enviar uma tripulação ao espaço sideral, mas não fugimos de ter nossa base na Antártica e sentimos orgulho por isso.

Esta Estação Comandante Ferraz tem custado um enorme esforço às nossas Forças Armadas, especialmente à Marinha e à Aeronáutica, e tem atraído apoio de diversos setores, entre os quais uma Frente Parlamentar de Apoio ao ProAntar, como é conhecido o programa.

De repente, ainda não sabemos por que, um incêndio com explosão, provavelmente no depósito de combustível, transforma nossos prédios e os dados das pesquisas em cinzas. Visitei duas vezes a Antártica, em uma delas foi possível ir até a estação. Muitos vibram com a seleção de futebol, eu vibrei ao posar com uma bandeira ao lado dos cientistas e militares naquele ponto extremo do planeta, sabendo que estava em território brasileiro e ao lado de pesquisadores brasileiros. Há anos, sou presidente da Frente Parlamentar ProAntar e talvez por isso tenha sido informado logo no início e certamente devo ser um dos que mais sentem o drama que estamos vivendo.

A morte de dois militares, além de um outro ferido, e a destruição das pesquisas, salvo aquelas já compartilhadas pela internet, deixaram-me com a sensação de uma imensa tragédia para o Brasil, embora em um ponto tão distante. Ao mesmo tempo, despertaram a vontade de fazer tudo o que é possível para ajudar na recuperação daquele nosso território científico.

A partir desta semana, a Marinha já começa a entender o que houve e a fazer os trâmites para reconstruir a Estação Comandante Ferraz. Estamos certos de que não serão poupados esforços de todos nós e do governo brasileiro para que, em breve, todo o trabalho de pesquisa possa ser retomado e o Brasil possa mostrar que já tem uma nova base construída.

O custo disso será quase nada se comparado com os custos com a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o trem-bala. E, com certeza, trará muito mais resultados positivos para o orgulho nacional e para as pesquisas mundiais. Trata-se de refazer um orgulho brasileiro.

*Professor da UnB, senador (PDT-DF) e presidente da Frente Parlamentar ProAntar

Fonte: / NOTIMP









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