Empresas querem pilotos voando mais

Estudo aponta que alteração na legislação elevaria salários dos aeronautas .ELIO BANDEIRA . 
As  empresas aéreas concluíram um estudo no qual propõem o aumento da  jornada de trabalho dos aeronautas (pilotos e comissários de voo) como  uma das saídas para aumentar a produtividade e evitar problemas de  cancelamentos e atrasos nos aeroportos brasileiros. As companhias  defendem a iniciativa argumentando que o incremento na carga horária  também beneficiará os trabalhadores, que terão aumento de salário e  maior número de folgas mensais.
O horário de trabalho dos profissionais é regulamentado pela lei 7.183 e  qualquer mudança precisa passar pelo Congresso. A intenção das empresas  é encaminhar a proposta ainda neste ano, em conjunto com alterações no  Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), regulado pela lei 7.565, de 1986.
Pela legislação, os aeronautas devem cumprir uma carga horária máxima de  nove horas e 30 minutos por dia de voo com um limite de cinco pousos.  Além disso, não podem voar mais de 85 horas por mês. A proposta é de  elevar a carga máxima mensal para 100 horas.
Ex-ministro sugere seis meses de experiência
O estudo foi elaborado em conjunto com o Sindicato Nacional das Empresas  Aéreas (Snea), com base na legislação da aviação dos Estados Unidos  adaptada à realidade brasileira. Pela legislação americana, a carga  horária máxima é de 190 horas/mês. O Snea não divulgou detalhes sobre o  estudo.
O maior número de folgas e a possibilidade de acréscimos salariais para  os aeronautas não são as únicas vantagens da proposta, segundo assinala o  presidente da Azul Linhas Aéreas, Paulo Janot. Segundo o executivo, com  essa mudança o Brasil terá condições de manter os profissionais  trabalhando no país, evitando o êxodo para companhias de outros países.  Janot aponta que a produtividade pode subir em até 18%, com o número de  folgas passando de oito para 12 dias mensais:
– Nossa legislação é muito antiga. Precisamos tomar medidas para  sustentar o crescimento do sistema aéreo brasileiro e possibilitar maior  frequencia na formação dos profissionais.
A medida tem a aprovação do ex-ministro da Aeronáutica,  Mauro Gandra. Segundo o ex-ministro, ao invés de trabalhar até seis  dias por semana, a carga horária prolongada permitiria aos profissionais  um descanso mais frequente em suas cidades-base. Gandra defendeu,  entretanto, que o assunto seja debatido com os sindicatos da forma mais  aberta possível.
– Poderia ser adotada durante seis meses, em caráter experimental, para avaliação dos resultados – sugere.
Fonte: ZERO HORA / NOTIMP
Foto: Mario Ortiz


















