Brasil e EUA vão evitar novas brigas na OMC
Fernanda Bompan .
São Paulo - A viagem do presidente norte-americano Barack Obama ao Brasil, marcada para iniciar amanhã, deve resultar em um acordo inédito entre os dois países. O diretor de Políticas Públicas da seção americana do Conselho Brasil-Estados Unidos, Diego Bonomo, afirmou que há grandes expectativas de que EUA e Brasil assinem o Tratado de Cooperação Econômica e Comercial (Teca, na sigla em inglês), o qual deve facilitar a definição de acordos no comércio e com relação a investimentos entre os países. "O Teca obriga que as duas nações discutam diversos acordos pendentes", acrescentou Gabriel Rico, presidente da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil).
Este acordo pode ajudar a resolver disputas comerciais que envolvem a Organização Mundial do Comércio (OMC), como as brigas envolvendo o comércio de algodão e o suco de laranja.
Além disso, o presidente da Amcham comentou que o momento é oportuno para que o Brasil utilize a comercialização do pré-sal como uma moeda de troca, ao solicitar a retirada de todos os subsídios impostos pelos EUA a produtos brasileiros. "Com a crise no Oriente Médio, se ampliou o interesse do governo norte-americano no pré-sal brasileiro, especialmente para o seu suprimento no médio prazo. Isto cria condições para reivindicar o fim dos subsídios para todos os produtos. O setor privado, tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil, quer essa eliminação", diz.
Neste aspecto, o presidente da Amcham destacou o caso do etanol, cujo governo brasileiro tenta reduzir os impostos cobrados na importação pelos Estados Unidos. "Isto é uma aberração comercial. Brasil e EUA têm de trabalhar juntos para que o etanol vire uma commodity", disse Rico.
A visita de Obama deve ter outro efeito: aumentar as chances da fabricante de aviões Boeing na disputa para produzir os 36 caças que deverão ampliar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB). O diretor do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos da US Chamber of Commerce, Steven Bipes, afirmou que "é possível" que ocorram discussões entres os países sobre a venda dos caças à FAB. Para a Amcham, o congelamento da licitação favoreceu a empresa norte-americana.
Fonte: DCI / NOTIMP