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Gol 1907: Norte-americanos vão depor por videoconferência









Os pilotos americanos envolvidos no acidente com um Boeing da Gol em setembro de 2006 serão ouvidos por videoconferência pela Justiça Federal de Sinop (MT).

A previsão é que sejam ouvidos entre fevereiro e março do ano que vem.

Jan Paul Paladino e Joseph Lepore respondem a processo sob acusação de atentado contra a segurança de transporte público.

Eles pilotavam o jato Legacy que se chocou com o avião da Gol sobre a Amazônia em acidente que matou 154 pessoas.

Para fazer a videoconferência, autoridades brasileiras e americanas devem definir o mesmo local para a presença dos pilotos e das testemunhas que vivem nos EUA.

Procurados, os advogados que representam os pilotos e as famílias dos mortos não responderam até o início da noite de ontem.

Itamaraty pressionou juiz a liberar pilotos

Segundo documentos, embaixador brasileiro ajudou EUA na disputa em torno de envolvidos no acidente da Gol.

Diplomata teria ligado para juízes do caso para repassar interesse de americanos.

Ministério não comenta o assunto.

FERNANDO RODRIGUES e ELIANE CANTANHÊDE

O Itamaraty ajudou o governo dos EUA a pressionar juízes brasileiros para que os pilotos norte-americanos do jato Legacy envolvido no desastre do voo 1907 da Gol, em 2006, pudessem sair do Brasil e voltar ao seu país.

Inúmeros telegramas obtidos pela ONG WikiLeaks (www.wikileaks.ch) confirmam que pelo menos um embaixador brasileiro telefonou para os juízes intercedendo pelos americanos e que o embaixador dos EUA na época, Clifford Sobel, soube por antecipação que os pilotos seriam liberados para voltar.

O acidente ocorreu em 29 de setembro de 2006, quando o Legacy se chocou em pleno ar com um Boeing da Gol que fazia a rota Manaus Brasília com 154 pessoas. O Boeing caiu, sem sobreviventes, no então maior acidente da aviação brasileira.

Os pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que conseguiram pousar o avião em Mato Grosso, foram acusados de voar com o transponder desligado.

Isso impediu que os radares do sistema de controle de voo em Brasília identificassem que o jato voava numa altitude errada e que os sistemas anticolisão dos dois aviões "conversassem" e evitassem o acidente.

Proibidos de sair do Brasil, Lepore e Paladino tiveram ajuda não apenas dos diplomatas dos EUA, mas do próprio governo brasileiro, conforme os telegramas do WikiLeaks. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado a esses documentos.

Em um telegrama confidencial de 17 de novembro de 2006, enviado pela embaixada dos EUA em Brasília para Washington, está escrito que o embaixador Manoel Gomes Pereira "repassaria" as "preocupações" dos norte-americanos ao tribunal que daria ou não o direito de os pilotos deixarem o Brasil.

"Ele [Pereira] disse que faria isso oralmente, pois teme que comunicação escrita possa produzir efeito contrário aos pilotos", diz o texto.

Em 24 de novembro, a diplomacia dos EUA escreve: "O embaixador Manoel Gomes Pereira telefonou para o cônsul-geral Simon Henshaw e disse que havia contatado dois dos juízes do processo dos pilotos e transmitiu as nossas preocupações".

Com apenas um parágrafo, o documento termina com um alerta: "Ele [o brasileiro] recomenda que nenhuma ação extra seja tomada até a decisão pois os juízes são sensíveis a pressão externa".

Nove dias depois, em 5 de dezembro de 2006, a Justiça Federal concedeu habeas corpus para Lepore e Paladino. Eles receberam seus passaportes e voltaram no dia 8 para os EUA, onde foram recebidos em festa, para revolta das famílias das vítimas.

Dias antes de a Justiça Federal liberar os pilotos, a diplomacia norte-americana já demonstrava segurança sobre como seria a sentença.

Num telegrama de 1º de dezembro de 2006, o então embaixador americano Clifford Sobel escreveu: "É só uma questão de quando, e não de se, para que os pilotos do Legacy (...) sejam autorizados a deixar o Brasil".

.Procurado, o Itamaraty disse que não ia comentar, por não ter conhecimento do conteúdo dos telegramas

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP




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