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Setor aéreo revê projeção e espera lucro de US$ 2,5 bilhões neste ano






Pilita Clark, Financial Times, de Berlim

Até Giovanni Bisignani, presidente da International Air Transport Association (Iata, a associação internacional de transporte aéreo) pareceu surpreso pelas projeções divergentes para as companhias aéreas que sua entidade divulgou ontem. "Esta é a primeira vez que temos uma abordagem de duas velocidades, internacionalmente", disse, enquanto anunciava que, em vez das perdas setoriais coletivas de US$ 2,8 bilhões que a Iata projetou em março, o setor global deverá anotar um lucro de US$ 2,5 bilhões em 2010.

Exceto na Europa. Lá, os economistas da Iata não estão se atendo à previsão de março de mais prejuízos, e sim, estão afirmando que as perdas ficarão ainda piores.

Uma combinação de estagnação econômica, incertezas cambiais, disputas setoriais e efeitos secundários dos cancelamentos de voos causados pela poeira vulcânica levarão as companhias da região a sofrer perdas de US$ 2,8 bilhões, diz a Iata, além dos US$ 2,2 bilhões previstos anteriormente.

Por que a grande diferença entre a Europa e o resto do mundo?

"Observe os números do PIB", disse Bisignani. "Eles contam a história. Temos um crescimento médio do PIB de 0,9% [na Europa]. Com 0,9% não há recuperação. O desemprego permanece nos mesmos níveis".

Em contraste, estima-se que as economias da Ásia e Pacífico, com a exceção do Japão, se expandirão em 7% neste ano, contra uma expectativa global de crescimento de 2,9%. A China lidera, com um crescimento esperado de 9,9%.

Mas existe o perigo de as dificuldades da Europa possam acabar amortecendo a expansão nos demais lugares?

Wolfgang Mayrhuber, executivo-chefe da Deutsche Lufthansa, maior conglomerado aéreo da Europa em receitas, tentou soar otimista ontem, dizendo aos jornalistas que o euro mais fraco deverá ao menos ajudar as exportações, que por sua vez deverão acelerar a recuperação.

Mayrhuber também questionou os motivos para a Europa estar enfrentando tamanha desconfiança dos mercados, sugerindo que o fato pode ter mais relação com especulação que com realidades financeiras.

"Se a desconfiança nos mercados está no nível da relação entre déficits de orçamentos fiscais de países ante o PIB, então poderemos constatar que os países que estão em perigo na Europa não estão muito distantes, por exemplo, dos EUA", ele disse.

Tony Tyler, presidente da Cathay Pacific com sede em Hong Kong, foi diplomático a respeito da força relativa da sua região, assinalando que não faz muito tempo que a Ásia parecia ter sido mais duramente atingida pela crise econômica e financeira.

"Já vi recessões irem e virem, mas o mercado asiático de viagens aéreas sempre se recupera antes do esperado", ele disse. "Temos sorte de estar onde estamos. Meu trabalho é mais fácil que o de Wolfgang".

Bisignani disse que os governos europeus precisavam demonstrar mais liderança numa série de temas, como o chamado sistema de navegação aérea no espaço aéreo europeu, que, segundo os dirigentes das companhias aéreas, teria aliviado os transtornos com a poeira vulcânica, que lhes custou milhões de dólares em receitas perdidas.

"É hora de uma liderança real substituir a confusão burocrática descoordenada que é a Europa hoje", disse Bisignani.

"Os governos precisam agir mais depressa. Depois de décadas de discussões mesmo com um vulcão que paralisou 29% da aviação global, os ministros dos Transportes europeus só conseguiram chegar a um acordo sobre um minúsculo progresso rumo ao espaço aéreo europeu único".

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP




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