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Fôlego no programa nuclear brasileiro





Projeto de reator a ser construído em Iperó (SP) foi confirmado e deverá tornar o País autossuficiente na produção de material para tratamento de câncer

Marta Salomon

Com a construção de um novo reator a custo estimado de R$ 850 milhões, o governo dá fôlego ao programa nuclear brasileiro. A primeira parcela do dinheiro sairá de um fundo vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, anunciou na semana passada o ministro Sérgio Rezende. Foi o desfecho de um lobby que durou meses.

A decisão ocorre na semana em que o mundo discutiu a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, em Nova Iorque, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara visita ao Irã.

O projeto do reator pretende tornar o País autossuficiente na produção de isótopos radioativos usados no diagnóstico e no tratamento de doenças como o câncer. O fornecimento por meio de importação chegou a ser interrompido no ano passado. É considerado inseguro e caro, segundo alegaram pesquisadores da área em carta a Lula.

Mas, como diz o nome do reator – multipropósito –, ele tem outros objetivos além daqueles ligados à medicina nuclear. O reator fortalece o projeto de produzir urânio enriquecido em escala industrial a partir de 2014.

“O reator multipropósito tem um papel muito importante para o programa nuclear”, destaca o ministro Sérgio Rezende. De acordo com ele, a liberação de R$ 50 milhões, necessários para desenvolver o projeto básico do reator, foi aprovada pelo conselho do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vinculado ao ministério. A decisão contorna a falta de dinheiro no Orçamento da União para o projeto neste ano.

O novo reator será construído em Iperó, a 130 quilômetros da capital paulista, na mesma área onde a Marinha desenvolve o projeto do submarino nuclear e fabrica ultracentrífugas destinadas ao enriquecimento do urânio.

Esse reator será bem mais potente do que os outros quatro de pesquisa existentes no País. O maior deles foi inaugurado ainda nos anos 50. O mais recente tem mais de 20 anos.

O reator também aparece como prioridade no documento que o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, levará a Lula assim que assumir a coordenação do grupo interministerial responsável pelo programa nuclear brasileiro. O grupo se reuniu pela última vez há quase dois anos.

Uma das tarefas do grupo é definir a localização das próximas quatro usinas nucleares do País, depois de Angra 3. A maior preocupação, no entanto, é garantir verbas no Orçamento de 2011 e viabilizar o domínio do enriquecimento do urânio em escala industrial três anos depois. “Entre os candidatos ao Planalto, acredito que só a Marina Silva seja contra o programa”, arrisca Rezende.

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO, via NOTIMP




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