Ex-militares protestam

Cerca de 60 ex-militares desligados da Aeronáutica fizeram, ontem pela manhã, manifestação em frente ao Palácio da Alvorada, com o objetivo de receber da presidente Dilma Rousseff aval para voltarem à corporação. Na terceira mobilização desde a semana passada, porém, eles ganharam um cala-boca. Dois assessores da presidente disseram que, se continuassem o movimento, as negociações já poderiam ser dadas como encerradas.

A justificativa do governo é de que, como os ex-militares já haviam se reunido na última quarta-feira com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, eles deveriam esperar um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU). Dilma deixou o Alvorada às 9h12,sem recebê-los. Eles fizeram, no entanto, acampamento em frente ao Palácio do Planalto e prometem ficar por lá até conseguirem o que querem.

“Realizar manifestação é um direito nosso. Vamos fazer pressão até conseguir voltar para a Aeronáutica”, disse o presidente da Associação Nacional de Ex-Soldados Especializados da Aeronáutica (Anese), Luiz Carlos Oliveira Ferreira. A Anese sustenta que 15.490 militares contratados pela Força Aérea Brasileira (FAB) por meio de concursos feitos entre 1994 e 2001 foram desligados ilegalmente. A Aeronáutica justifica que as demissões estão embasadas nos Decretos nº 880 e nº 3.690, segundo os quais o soldado-de-primeira-classe pode obter prorrogação do tempo de serviço até no máximo seis anos. Os ex-militares argumentam que essas normas só poderiam ser utilizadas para os que haviam se alistado no Serviço Militar Inicial.

Aprovado no primeiro concurso de 1995, Henrique César Araújo, 36 anos, veio de Belém (PA) para Brasília na sexta-feira e diz que só vai voltar para a sua cidade depois da reintegração. “Na época, eu busquei estabilidade. O edital não dizia que o contrato era temporário. Como passamos seis anos com formação militar, aqui fora é muito difícil conseguir emprego”, observou. (CB)

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP