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EUA posicionam navios e aviões ao redor da Líbia







Pela primeira vez desde o início dos protestos na Líbia, Washington e Londres admitem uso da força para apressar a saída de Kadafi.

União Europeia anuncia sanções mais duras Isabel Fleck e Tatiana Sabadini.

Patrick Baz.

Brasília – Fecha-se o cerco político, econômico e militar em torno do ditador líbio, Muamar Kadafi. Ontem, os Estados Unidos reafirmaram que ele deve deixar o poder – e o país – "agora", e começaram a posicionar suas forças navais e aéreas em torno da Líbia. Segundo a secretária de Estado, Hillary Clinton, Washington "não exclui nenhuma opção" para encerrar a onda de violência. Durante reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, ela admitiu que há a possibilidade de declarar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, para evitar mais bombardeios contra manifestantes. A proposta foi bem recebida pelos chanceleres presentes.

Também o premiê britânico, David Cameron, admitiu uma "solução militar", pela primeira vez explicitamente. A União Europeia adotou sanções mais rígidas que as aprovadas dois dias antes pelo Conselho de Segurança da ONU.

De acordo com o porta-voz do Pentágono, coronel Dave Lapan, o Exército americano estuda "vários planos de contingência", e a mobilização de forças navais e aéreas daria ao presidente Barack Obama um leque de possibilidades. Em Genebra, Hillary evidenciou que a paciência do governo americano, após duas semanas de protestos na Líbia, está no fim. "É hora de Kadafi sair, agora, sem mais violência ou atrasos", disse a secretária de Estado, que acusou o ditador de usar "violentos mercenários e bandidos" para reprimir a população.

O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, já deu início às investigações preliminares para um eventual inquérito sobre crimes contra a humanidade na Líbia – o que pode determinar outro destino para Kadafi. O pedido de investigação foi feito pelo Conselho de Segurança.


O bloco europeu não hesitou em anunciar sanções, além das aprovadas pelo Conselho de Segurança no sábado (veja quadro). Para o especialista Muna Ndulo, da Universidade de Cornell, as últimas sanções aprovadas pelos blocos não apenas são bem-vindas, como "apropriadas e decisivas". "Isso manda uma mensagem clara de que o mundo não vai mais tolerar um regime (usando armas) contra o próprio povo."

O governo britânico anunciou que conseguiu evitar que 900 milhões de libras (US$ 1,4 bilhão) em títulos deixassem o país, onde os bens de Kadafi estão congelados, para retornar à Líbia. Os EUA congelaram US$ 30 bilhões em bens do ditador. "É o maior bloqueio já feito dentro de um programa de sanções", disse o subsecretário do Tesouro para terrorismo, David Cohen.

KADAFI DEBOCHA DE RENÚNCIA

Enquanto os opositores do governo da Líbia se aproximam cada vez mais de Trípoli, o presidente Muamar Kadafi permanece confiante. "Todo meu povo me ama. Eles morreriam para me proteger", afirmou o líder, ontem, durante entrevista às emissoras ABC (Estados Unidos) e BBC (Reino Unido). Os rebeldes tomaram o controle do Leste do país, e agora planejam uma estratégia para chegar à capital. O ditador negou as acusações de utilizar a força contra a população e riu da possibilidade de deixar o governo. Encurralado, Kadafi deu os primeiros sinais de diálogo e pediu que o chefe da inteligência líbia no exterior, Abuzed Dorda, comece as negociações com os principais líderes tribais do país.

Mais uma vez, o líder da Líbia culpou a rede terrorista Al-Qaeda de financiar a revolta popular e de drogar os mais jovens, para que lutassem contra o governo. Para tentar contornar a crise, Kadafi tenta estabelecer um diálogo com os chefes das tribos que controlam o Leste do país. De acordo com a rede de TV Al-Jazeera, Abuzed Dorda foi designado pelo ditador para iniciar as negociações com a oposição.

Ontem, um Avião da Força Área bombardeou um depósito de armas na região de Benghazi, que estaria sob o comando dos rebeldes, enquanto uma aeronave militar foi derrubada pelos opositores na cidade de Misrata, a 200 metros da base das forças de segurança. Os opositores se preparam para chegar mais perto da capital nos próximos dias.


Pressão internacional

Países e organizações tentam enfraquecer Kadafi e seus aliados

SANÇÕES APLICADAS ATÉ AGORA

EUA e CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU – Embargo de armas, proibição de viajar e congelamento dos ativos de Kadafi, dos seus familiares e dos membros do regime

LIGA ÁRABE – Suspensão da Líbia da organização dos países árabes que agora conta com seis países

SUÍÇA E REINO UNIDO – congelamento dos ativos de Kadafi e seus parentes, dois dos países onde possuem significativos recursos


SANÇÕES QUE VÃO ENTRAR EM VIGOR NOS PRÓXIMOS DIAS

UNIÃO EUROPEIA – Embargo de armas, congelamento dos bens e proibição de viajar aos países do bloco, medidas aplicadas a Kaddafi e a seus 25 familiares, além dos nomes ligados ao regime


SANÇÕES QUE PODEM ENTRAR EM VIGOR

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL – A repressão aos manifestantes pode ser enquadrada como "crime contra a humanidade". O procurador do TPI, Luis Moreno Ocampo, anunciou investigação sobre o caso

UNIÃO EUROPEIA, EUA E ONU – Criação de zona especial sobre o território líbio em que o tráfego de aviões comerciais seria proibido

ASSEMBLEIA GERAL DA ONU – Suspensão da Líbia do Conselho de Direitos Humanos

UNIÃO AFRICANA – A organização, que se inspira na União Europeia, está sendo pressionada a seguir a decisão da Liga Árabe e suspender a Líbia

Fonte: ESTADO DE MINAS / NOTIMP



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