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Alívio na volta para o Brasil







Ontem, abraços apertados e muita emoção marcaram o desembarque dos 148 funcionários da empresa Queiroz Galvão, que atua na Líbia.

Adaíra Sene.

Recife – Enfim, em casa. Com o alívio refletido nas lágrimas e abraços apertados, os 56 pernambucanos que retornaram da Líbia, na noite de ontem, redescobriram a sensação de segurança em terras brasileiras. Eles foram os primeiros, dos 148 funcionários da Queiroz Galvão a voltar para casa depois de três dias de viagem e do drama de uma guerra civil inesperada. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, dois mineiros estavam do vôo, um de Belo-Horizonte e outro de Uberaba, mas seus nomes não foram divulgados.


Quem reencontrou a paz, encontrou também corações angustiados, como o do enfermeiro Antônio de Moraes, de 30 anos. Seu irmão, José de Moraes, é engenheiro de Minas e morava em Benghazi quando os conflitos começaram. As poucas notícias deixaram a família amedrontada e com a chegada de José, não houve como conter o choro. “Há uma semana um míssil ou bomba, não sei direito, explodiu perto do alojamento deles. Ficamos totalmente desesperados. Nossos pais pensaram que ele estava morto. Ficamos sem notícia e nada se compara a tê-lo de volta em casa”, desabafou. No depoimento de quem enfrentou 22h de navio da Líbia para Grécia, depois um voo até Lisboa e outro com destino a Recife, nada se compara a segurança do lar. “Agora nós só queremos ficar quietos na nossa casa, com nossa família e longe de tudo”, declarou.

“O clima de insatisfação é muito forte no país. Não sabemos direito o que vai acontecer. Mas vimos uma mudança inesperada. Graças a Deus estamos aqui”. As palavras do engenheiro de planejamento André Borges descrevem o clima de guerrilha vivido no país. Quando os conflitos começaram, o grupo de funcionários foi levado para três hoteis. Ainda assim, André Borges não esqueceu o que presenciou. “Você está acostumado a ver a cidade em que vive de um modo. De repente, se depara com carros queimados e o clima de terror”, descreveu.

Proteção - O diretor Marcos Jordão, responsável pela proteção e retorno dos funcionários da Queiroz Galvão, informou que os conflitos no país começaram na quarta-feira, a partir de então, a empresa decidiu retirar os empregados do local e levá-los para a casa do próprio dirigente em uma área mais afastada. De acordo com ele, a construtora possui seis contratos em cidades próximas a Benghazi, mas todos os empregados – de todas as nacionalidades – foram reunidos para voltar aos países de origem. “Estão todos bem. Ouvimos muitos barulhos de tiros e explosões, mas não vimos nada. Evitamos áreas de conflitos e fizemos o possível para que todos chegassem em segurança rapidamente”.

A empresa Queiroz Galvão adiantou o retorno dos funcionários por conta dos conflitos, mas garante que o afastamento é temporário. O grupo está com obras estimadas em US$ 800 milhões no país. No voo também havia funcionários de outros estados, inclusive de Minas Gerais.

(Com Paula Takahashi)

Fonte: ESTADO DE MINAS / NOTIMP

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Brasileiros de Benghazi chegam ao Recife

Aliviados, 148 funcionários da Queiroz Galvão e parentes lembram tensão na cidade onde começou a revolta popular contra o regime Kadafi

Angela Lacerda

Choro, alívio, emoção e promessa de muita comemoração marcaram o final feliz vivido por 148 brasileiros que trabalhavam na Líbia e chegaram ontem à noite ao Recife, em um voo fretado pela Queiroz Galvão. "Vou abraçar minha filha", afirmou o topógrafo pernambucano Douglas Menezes da Silva, de 26 anos, pai de Dayanne, que nasceu no dia 22 e ele ainda não conhecia. "Agora acabou a agonia."

O voo trouxe 148 pessoas, 130 deles funcionários da empresa e 18 parentes. Do total, 56 são pernambucanos. Cansados, os pernambucanos relataram momentos de tensão, mas destacaram que sempre se sentiram em segurança graças ao esquema montado pela empresa, que reuniu os funcionários com família na casa do diretor da Queiroz Galvão para a África do Norte e Oriente, Marcos Jordão, de 54 anos, que morava em Benghazi. Os solteiros ficaram em hotéis, "sempre juntos para facilitar qualquer ação", afirmou Jordão, que hoje embarca para o Rio, onde mora.

Os brasileiros saíram de Benghazi no sábado, de navio, com destino a Atenas, na Grécia. De lá embarcaram para o Recife, com escala em Lisboa, onde desembarcaram funcionários portugueses. "Foram 22 horas de navio e mais 15 de Avião", disse a assessora de planejamento, Jaqueline Siqueira, de 28 anos.

Emocionada, ao encontrar a família no Aeroporto dos Guararapes, ela disse experimentar a sensação de "nascer de novo". Grávida de quatro meses do primeiro filho, seu temor era dobrado. Ela e o marido, o engenheiro Jurandir Siqueira, viviam havia dois anos na Líbia, trabalhando em um dos seis contratos da Queiroz Galvão naquele país.

Os brasileiros, Cleverson de Araújo e Wesley Pinto, funcionários da Geo Ibérico, também foram retirados de Benghazi pela Queiroz Galvão com 46 portugueses que trabalham para a empresa. Eles foram levados de barco para a Grécia e de lá seguiram em um voo para Lisboa. Da casa onde os brasileiros moravam em Benghazi foi possível acompanhar o começo da movimentação dos rebeldes na cidade. "Vimos tanques com mais de 50 pessoas em cima disparando. Não sabíamos se eram tiros para o ar, em festa, ou se eram contra pessoas. Diziam que teve gente baleada nas sacadas de suas casas, por isso, a gente nunca ia à varanda", contou Wesley.

COLABOROU JAIR RATTNER, DE LISBOA

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO / NOTIMP



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