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Aliados já discutem a Líbia pós-Gaddafi

Em discurso, Obama defende mudança de regime no país, embora negue que esse seja o objetivo das operações .

Ditador busca maneira segura de sair, dizem diplomatas .

Ofensiva rebelde é contida apesar de ataques da coalizão .

Os países líderes da operação militar na Líbia começaram a discutir planos para depois da eventual queda do ditador Muammar Gaddafi.

O presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu em pronunciamento na TV uma transição na Líbia, embora negue que esse seja o objetivo das operações militares.


Ele insistiu em que Gaddafi tem que sair do poder e disse que a comunidade internacional terá de reconstruir as instituições líbias depois.

"Enquanto nossa missão militar é definida estreitamente em salvar vidas, continuamos a perseguir o objetivo maior de uma Líbia que pertence não a um ditador, mas a seu povo", afirmou.

Sob críticas domésticas, o presidente defendeu a ação tanto em termos morais como pelo interesse dos EUA, algo que foi chamado ontem na imprensa americana de "doutrina Obama".

Ou seja, a força é usada não só em situações em que interesses vitais estão em jogo, mas também para defender valores americanos.

O presidente caracterizou Gaddafi como um tirano brutal que "negou liberdade a seu povo, explorou sua riqueza, assassinou oponentes em casa e no exterior e aterrorizou inocentes".

Obama e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, participaram ontem de uma teleconferência com o premiê do Reino Unido, David Cameron, e a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.

Durante a teleconferência, foi debatido um plano para tentar assegurar o futuro sem o ditador líbio.

Em declaração conjunta, Sarkozy e Cameron voltaram a defender que Gaddafi deixe o poder já e aconselharam que seus aliados o abandonem "antes que seja tarde".

Chanceleres dos membros da coalizão têm reunião prevista para hoje, em Londres, para discutir os rumos das operações, cujo comando está sendo assumido pela Otan (aliança militar ocidental).

Segundo o presidente americano, estará em pauta "o tipo de esforço político necessário" para pressionar Gaddafi e "apoiar a transição para o futuro".

Ao mesmo tempo, diplomatas dos EUA dizem estar recebendo informações de que Gaddafi busca um modo seguro de deixar o poder.

Antes da reunião londrina, o chanceler da Itália, Franco Frattini, propôs-se a mediar um cessar-fogo e sugeriu que o ditador da Líbia se asile em um outro país africano.

ATAQUES DE ONTEM

Os insurgentes líbios continuaram se aproximando de Sirte -cidade de importância estratégica na direção da capital, Trípoli- após retomarem os polos petrolíferos de Ras Lanuf e Bin Jawad.

Um porta-voz rebelde chegou a anunciar a tomada da cidade, não confirmada.

Apesar de Sirte ter sido alvo de novos ataques aliados, anteontem à noite e ontem de manhã, o avanço da insurgência foi contido a cerca de 80 km da cidade pelas tropas de Gaddafi, que receberam reforços vindos de Trípoli.

Dúvidas sobre a operação

1 Qual é o objetivo dos ataques da coalizão?

Segundo a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU (com dez votos favoráveis e cinco abstenções, incluindo a do Brasil), deveria ser implantar uma zona de exclusão aérea na Líbia e impedir que civis sejam mortos

2 Muammar Gaddafi é um alvo legítimo?

Há controvérsias na própria coalizão. Comandantes militares afirmam que a derrubada do ditador líbio não faz parte da missão; governos como o do Reino Unido, porém, defendem que Gaddafi seja alvo se se constatar que sua ação ameaça a vida de civis

3 Há algum tipo de coordenação entre os rebeldes da Líbia e a coalizão?

Oficialmente não, mas os ataques da coalizão, que começaram no dia 19 de março, foram fundamentais para que os rebeldes avançassem. Além disso, Sirte, onde em tese não há risco a civis, tem sido bombardeada pelos aliados nos últimos dias; tomar a cidade seria decisivo para os insurgentes

4 O ditador líbio ainda tem força militar?

Sim. Segundo os EUA, por terra, ela é considerável, especialmente em torno de Sirte, que é a cidade natal de Gaddafi, e da capital, Trípoli. Os americanos avaliam que, sem os bombardeios, o avanço rebelde seria fácil de reverter

5 Até quando vai a operação na Líbia?

Não há previsão. Fontes da Otan -a aliança militar ocidental, que está assumindo o comando das ações- chegaram a falar em três meses. Em reunião da União Africana sem participação de rebeldes, a Líbia já se disse disposta a acordo para a transição do regime.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP








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