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O que Obama quer encontrar no Brasil?









O presidente americano fará em março sua primeira visita ao País.

O objetivo, desta vez, será muito mais econômico do que diplomático.

Hugo Cilo e Guilherme Queiroz.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua primeira visita ao País, em março, provavelmente subirá os morros do Rio de Janeiro, ouvirá os batuques do Olodum, no Pelourinho e, como manda o script, tentará embaixadinhas com a bola nos pés.

A programação definitiva ainda será decidida, mas a simpática rotina, cumprida por Bill Clinton em 1997, poderá ser novamente repetida. Mas, desta vez, ao que tudo indica, as coisas serão um tanto diferentes.

Depois dos gracejos para as lentes internacionais, Obama terá compromissos muito mais complexos, bem distintos dos de seus antecessores. Na agenda, mais econômica do que diplomática, serão colocados à mesa temas como o apoio do Brasil à pressão para a China desvalorizar o yuan e a venda de caças F/A-18 Super Hornet à Força aérea.

O maior peso dos assuntos econômicos e de negócios na agenda de Obama se justifica. Pela primeira vez, um chefe de Estado americano não estará na condição de maior parceiro comercial do Brasil, posição perdida para a China em 2009.

A balança comercial entre os dois países está cada vez mais desfavorável às empresas brasileiras, com déficit de US$ 7,7 bilhões no ano passado. Segundo o governo brasileiro, em 2010 o País exportou US$ 19,3 bilhões para os EUA e comprou US$ 27 bilhões.

Com esse resultado incômodo ao olhos do governo Dilma, Obama será pressionado a afrouxar os subsídios em vários setores, especialmente na área agrícola. “Para os EUA, o Brasil deixou de ser apenas mais um país da América Latina”, disse o presidente da Câmara Americana de Comércio, Gabriel Rico. “É um parceiro fundamental na nova pauta internacional.”

A agenda de Obama no País é estratégica. Prova disso foi o encontro, na semana passada, entre o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, com a presidente Dilma para aplainar o terreno às reivindicações americanas.

Geithner deixou claro que os EUA querem se aproximar do Brasil dentro do G-20 como forma de pressionar a China a valorizar sua moeda. Segundo analistas, ao consolidar o Brasil como principal parceiro no grupo das maiores economias, o governo Obama visa não somente conquistar um aliado nas disputas comerciais contra os chineses, mas o próprio enfraquecimento dos laços entre os BRIC – grupo dos emergentes, formados por Brasil, Rússia Índia e China. “O crescimento desse bloco gera problemas políticos para os EUA”, diz Cristina Pecequilo, professora de relações internacionais da Unifesp.

A tarefa de Obama não será fácil. O Brasil é hoje um parceiro comercial mais próximo da China dos que dos EUA. No ano passado, as exportações brasileiras somaram US$ 30,7 bilhões e as importações, US$ 25,6 bilhões.

Em outras pa-lavras, uma ofensiva contra os chineses pode criar um conflito diplomático, com estragos na área econômica. Em reunião com Geithner, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro que não irá aderir às pressões contra a China.

O governo brasileiro também acha que a política de afrouxamento monetário em curso nos EUA – com a injeção de US$ 600 bilhões para reaquecer a economia – é um dos fatores que tem levado à valorização do real.

Geithner se esforçou para desfazer essa impressão. Disse que, ao manter a economia americana aquecida (a previsão de crescimento em 2010 é superior a 3%), contribui para a estabilidade global.

“O mundo está numa posição mais sólida do que estava há seis ou 12 meses, em parte porque os EUA ajudaram a promover uma expansão mais forte, evitando o risco de uma nova recessão por um longo período”, disse. Paralelamente, o secretário atribui parte da culpa da valorização do real e à taxa de juros, que atrai capital especulativo.

Polêmicas à parte, o fato é que Obama e Dilma terão pontos de interesse para consolidar. “Quatro áreas terão importância especial: a China, os caças, maior sintonia no G-20 e a maior cooperação na rodada de Doha”, disse Peter Hakim, do instituto Inter-American Dialog. É consenso, porém, que a visita marcará os novos rumos das relações entre os EUA e o Brasil.

Fonte: REVISTA ISTO É DINHEIRO / NOTIMP



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