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Eletronuclear quer debate sobre urânio






Rafael Rosas.

A Eletronuclear quer que a discussão sobre o uso das reservas de urânio no Brasil tenha uma dimensão semelhante ao debate que envolveu a exploração dos recursos da camada pré-sal. O assessor da presidência da estatal, Leonam Guimarães, ressaltou que as reservas conhecidas de urânio no Brasil hoje apontam para 309 mil toneladas, com outras 300 mil toneladas prognosticadas e 500 mil possíveis.

"No cenário otimista, tudo dá cerca de 1 milhão de toneladas, da ordem do que tem na Austrália. Isso faria do Brasil a segunda maior reserva do mundo", ponderou Guimarães, que participou do EnerGen LatAm 2011, no Rio de Janeiro. "O conteúdo energético dessa reserva equivaleria a mais de 40% do que hoje se fala do pré-sal."

O executivo afirmou que o objetivo não é discutir se as reservas de urânio são mais ou menos importantes que o óleo do pré-sal, mas estimular o debate sobre a maneira como converter essa riqueza natural em benefícios econômicos para a sociedade brasileira.

Guimarães ressaltou inclusive que atualmente não há proibição legal para a exportação do "yellow cake" - produto no qual o urânio é transformado na boca das minas e que é negociado internacionalmente -, embora o Brasil não venda o insumo para outros países. Segundo ele, a decisão sobre a exportação de "yellow cake" é política e por isso deveria passar por uma ampla discussão. Guimarães lembrou que a tonelada do "yellow cake" é cotada em cerca de US$ 132 mil.

Atualmente, os principais exportadores do produto são Cazaquistão, Austrália e Canadá e para Guimarães há espaço para crescimento no comércio internacional do insumo, uma vez que a China - que não tem reservas relevantes de urânio - está construindo 25 usinas nucleares, além de produzir ambicioso programa no setor. Além disso, outros grandes produtores de energia térmica de base nuclear, como Japão e França, também carecem de reservas de urânio e são grandes compradores internacionais.

"O comércio de urânio é extremamente regulado por acordos internacionais dos quais o Brasil faz parte. O país teria de se adaptar a uma estrutura que já existe. Austrália, Cazaquistão e Canadá são os três maiores exportadores e fazem isso dentro de regras."

A mineração e comercialização de urânio no Brasil na mina baiana de Caetités está hoje a cargo da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que produz o "yellow cake" e o envia para fora do Brasil para transformação em um composto gasoso e posterior enriquecimento isotópico. A partir daí o INB traz novamente o produto para o país, onde acontece a reconversão do insumo em pó que vai servir de matéria prima para as pastilhas que vão alimentar os reatores das usinas de Angra 1 e 2.

O país já possui tecnologia para realizar todas as fases do enriquecimento de urânio no país, mas ainda não tem máquinas nos volumes necessários para suprir as necessidades das centrais nucleares existentes. A Marinha trabalha na fabricação de equipamentos que vão suprir essa necessidade e a expectativa é de que, até 2015, 60% das usinas de Angra 1 e 2 sejam atendidas pelo ciclo totalmente realizado no país, saltando para 100% até 2017.

Guimarães reiterou que em março a Eletronuclear apresentará o atlas das localidades para instalação de usinas nucleares, o que vai dar aos planejadores da política energética nacional a possibilidade de escolher onde serão instaladas as próximas centrais. Até 2020, a expectativa é de que de quatro a oito unidades sejam construídas.

Fonte: VALOR ECONÔMICO / NOTIMP



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