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Egito: Turistas em meio ao caos






Brasileiros em visita ao país reclamam do Itamaraty.

Embaixador garante que governo presta assistência.

Isabel Fleck.

O país que recebe mais de 10 milhões de turistas por ano nunca teve tanto movimento em seu principal aeroporto, no Cairo. Nos últimos três dias e, em especial, ontem milhares de estrangeiros se amontoaram no saguão principal, tentando deixar o Egito, imerso em uma revolta popular. Alguns turistas, como os americanos e chineses, contaram com a ajuda de seus governos, que enviaram aviões para resgatar seus cidadãos. Outros tiveram que passar horas nas filas para antecipar passagens ou mesmo aguardar vôos remarcados ou atrasados. Brasileiros que estão no país a passeio ou mesmo os que vivem no Egito reclamam da pouca assistência prestada nos últimos dias pelo Itamaraty, por meio da embaixada no Cairo. Ontem, o Ministério das Relações Exteriores garantiu que tem mantido contato com os brasileiros e ajudado aqueles que querem antecipar o retorno.

"Sentimos muita falta de um apoio da embaixada do Brasil aqui. Telefonamos no fim de semana, mas não havia um sistema de plantão preparado para nos atender", queixou-se o estilista de noivas Paulo Araújo, 48 anos, morador de Brasília, que viajou ao Cairo para o casamento de uma cliente brasileira. Para ele, a maioria dos brasileiros na capital egípcia só quer ter a segurança de saber que está amparada, caso a crise se agrave. "Sabemos que não é uma situação crítica, mas realmente não houve um acompanhamento, e tinham muitas pessoas apavoradas", afirmou Araújo. Ele chegou à capital egípcia na última quarta-feira, passou o fim de semana todo entrincheirado em um hotel do centro da capital e tem passagem marcada para deixar o país amanhã.

O embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantonio Neto, no entanto, garante que o governo brasileiro tem prestado apoio aos turistas que manifestam a vontade de antecipar o retorno ao país, ajudando no contato com as empresas aéreas para remarcar as passagens. "Estamos conseguindo negociar com as companhias brasileiras. E é mais fácil encontrar passagens para poucas pessoas, nossos grupos (de turistas) são pequenos e administráveis", afirmou ao Correio. O diplomata assegurou que o serviço consular mantém contato com os brasileiros que estão nos hotéis da capital, para ajudar, inclusive, no deslocamento até o aeroporto. Ontem, o Itamaraty divulgou os telefones para atendimento no Egito, além de outros números no Brasil, para que os familiares passem informações sobre brasileiros em situação de emergência no país africano.

Resgate
A situação dos cerca de 100 cidadãos que vivem no país é diferente, já que, segundo o embaixador, eles não têm manifestado o desejo de sair do país. O governo brasileiro não cogita enviar nenhum avião para "resgatar" os cidadãos agora, mas a possibilidade não é descartada, se a situação piorar. Elaine Magossi, de 36 anos, já pensa em retornar ao Brasil. Grávida de seis meses, a brasileira que mora há quatro anos em Alexandria virá ao país em março para ter o bebê, mas considera antecipar a passagem. "O meu marido não quer que eu fique, mas também está difícil sair. Não tenho como ir para o Cairo, porque eles suspenderam os trens. Estão dificultando todo e qualquer deslocamento", diz Elaine, que é casada com um egípcio. Ela acredita que o governo brasileiro deveria ter um "plano de emergência" para os brasileiros que vivem lá também. "Como brasileira, eu me sinto um pouco abandonada. Os Estados Unidos e a Turquia já mandaram aviões. As embaixadas de Moçambique e de Portugal têm ligado para os seus cidadãos. Com a gente, nada", reclama. Por meio de um comunicado, o Itamaraty desaconselhou "qualquer viagem ao Egito até que a situação volte à normalidade".

No mesmo texto, o ministério afirmou desejar que não haja atos de repressão violenta contra os manifestantes. Na Argentina, a presidente Dilma Rousseff fez a sua primeira declaração sobre a crise no Egito e disse esperar que o país mais populoso do Oriente Médio se desenvolva. "O governo brasileiro olha com expectativa para o Egito e torce para que ele seja um país democrático e que possa desfrutar do desenvolvimento", afirmou.

Ontem, cerca de 900 americanos deixaram o Egito em voos enviados pelo governo dos EUA. Segundo o Departamento de Estado, outros mil devem sair hoje. A chancelaria informou que mais de 2,4 mil americanos entraram em contato com autoridades para retornar aos EUA. Pequim também mandou dois aviões para o Egito para transportar os cerca de 500 cidadãos chineses que estão no aeroporto do Cairo, segundo o jornal China Daily.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP



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