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Brasileiras recorrem à Força Aérea de Portugal para deixar o Egito






Fernanda foi para a casa de amigos para se proteger do tumulto no Cairo.

Duas brasileiras que estavam no Egito durante os protestos dos últimos dias recorreram a um avião da Força Aérea de Portugal para deixar o país.

O avião português chegou a Lisboa nesta quinta-feira (3) e, além das brasileiras, retirou do Egito cidadãos de outros países, como espanhóis, franceses, holandeses, guineenses e malaios.

Apenas uma das brasileiras transportadas, a carioca Fernanda Fonseca, de 21 anos, aceitou falar com a BBC Brasil. Moradora do Egito desde 2010, ela disse que decidiu deixar o país para diminuir a preocupação do pai, que mora no Brasil.

Ela disse que procurou a embaixada brasileira quando decidiu sair, mas foi informada que, naquele momento, não haveria voo especial para brasileiros.

- Quando a gente telefonou, disseram que estavam esperando instruções de Brasília para organizar qualquer coisa.

Enquanto esperava por uma definição, ela ficou sabendo, por meio de uma amiga brasileira, que Portugal iria realizar um voo para retirar portugueses e pessoas de outras nacionalidades do Egito.

Procurado pela BBC Brasil, o Itamaraty reafirmou que, no momento, não há necessidade de planos especiais de evacuação de brasileiros, já que há voos comerciais saindo regularmente do país com passagens aéreas disponíveis.

O Ministério informou ainda que um diplomata está sendo enviado para o país para ajudar nas operações da embaixada no Cairo.

Facebook

Fernanda Fonseca mora no Egito desde fevereiro do ano passado no Egito. Ela trancou a matrícula da faculdade no Rio de Janeiro e foi acompanhar a mãe, que trabalha em uma empresa de telefonia celular no país. No Cairo, Fernanda trabalhava numa agência de turismo, recebendo brasileiros.


Ela diz que apoia os protestos pela democracia no país.
- Eu estou com eles porque foram 30 anos de repressão.


A estudante diz que ficou sabendo dos protestos pelo Facebook.


- Na terça-feira passada (25 de janeiro), surgiu no Facebook uma conta convidando todos para se reunirem na Praça Tahrir. No começo havia pouca gente.
A partir da última sexta-feira (28), quando começaram os saques a casas e lojas, Fernanda foi morar em um apartamento com um grupo de estrangeiros.
- Deixei meu apartamento no centro e fui para a casa de amigos no bairro de Maadi (a 13 km de distância da praça Tahrir).
O grupo tentava não chamar a atenção.
- Colocaram panos nas janelas e nas varandas para não verem que havia estrangeiras ali. Diziam que havia grupos de pessoas que entravam nas casas, roubavam as pessoas e estupravam as mulheres.
Quando havia sinal de telefone, o grupo obtinha informações, pelo celular, sobre o que acontecia com amigos egípcios que estavam na Praça Tahrir. Segundo a estudante carioca, a segurança dos bairros egípcios era feita pelos próprios cidadãos.
- As pessoas fizeram barreiras nas ruas e ficavam com pedaços de pau ou de ferro. Paravam todos os carros e revistavam para ver se não eram ladrões. Pegaram três grupos de saqueadores e todos eles tinham gente da própria polícia.
Os ladrões eram entregues à polícia militar.

Alimentos

A brasileira disse ainda que, no meio da última semana passada, começou a faltar comida. Os tumultos na capital dificultavam a ida aos supermercados e grande parte das pessoas tinha dificuldades para tirar dinheiro. Nos bairros, quem tinha mantimentos dividia com os vizinhos.
- Os supermercados fechavam as portas e só deixavam entrar pessoas de dez em dez. Os caixas automáticos não funcionavam. As pessoas tinham dinheiro no banco, mas não tinham como tirar.
Fernanda disse que, por guardar o dinheiro em casa, teve sorte na hora de comprar alimentos.
- Como eu não tinha conta bancária, tinha todo o dinheiro em casa. Por isso, antes de viajar, enchi a casa de minha mãe. Fomos quatro vezes ao supermercado e viemos com o carro todo lotado.
A estudante brasileira diz ainda que pretende voltar para o Egito. De Portugal, ela vai para a Itália, onde tem parentes, para esperar que a situação se normalize no Cairo.

Fonte: PORTAL R7 / NOTIMP



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