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Agenda de discussões para visita de Obama ao país continua indefinida






Sergio Leo.

O interesse das empresas americanas no mercado brasileiro e a necessidade de apoio governamental para aumentar as exportações brasileiras aos Estados Unidos são, até agora, os principais assuntos escolhidos pelo Palácio do Planalto para marcar a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil, em meados de março.

São praticamente nulas as possibilidades de que a presidente Dilma Rousseff escolha a americana Boeing para fornecer os novos caças da Força Aérea Brasileira, mas não se descartam convites aos americanos para fornecer equipamentos à Petrobras.

Não há, nem no Palácio do Planalto, nem no Itamaraty, muita esperança de que o presidente Obama traga o apoio a um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, iniciativa que inauguraria uma fase inédita na relação entre os dois países.

Obama apoiou a Índia na visita que fez ao país, no ano passado, deixando de lado as críticas do passado pelo desenvolvimento da bomba atômica indiana, ao arrepio dos tratados internacionais. A atuação do Brasil, votando contra sanções ao Irã, porém, até hoje não foi absorvida em Washington.

A menos de um mês da visita de Obama, não há clareza nem sobre o caráter da visita. A Casa Branca ainda não respondeu ao Itamaraty se será uma visita de trabalho, oficial, uma visita de Estado, com mais pompa, ou uma visita de Estado "simplificada", em que, no lugar da visita aos três Poderes da República, o presidente encontraria os chefes dos Poderes em alguma cerimônia, ou em um jantar. Uma única decisão foi tomada, até agora: os dois governos estão empenhados em ressaltar o bom relacionamento entre Brasil e EUA.

Obama deve chegar na sexta-feira, 11 de março. Passará o sábado em Brasília, onde terá almoço no Palácio do Itamaraty, e, no domingo, irá ao Rio, onde está prevista a visita do presidente americano a favela controlada por Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ele pretende falar ao público, no Rio.

Ainda não se descarta outro evento informal, como um jantar, em Brasília. Nas últimas semanas, houve uma sucessão de visitas de altas autoridades americanas para sondar temas para a agenda do encontro presidencial, que deve ser discutido em detalhes durante viagem do ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, a Washington, na próxima semana.

A presidente Dilma disse ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que está preocupada com a queda nas exportações do Brasil aos EUA, e que gostaria de discutir ações para mudar esse quadro. Desde 2006, quando alcançaram o recorde de US$ 46,5 bilhões, as vendas brasileiras aos americanos, afetadas pela valorização do real e pela competição dos fornecedores asiáticos, vêm caindo consistentemente. Em 2010, chegaram ao pior resultado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, pouco mais de US$ 20 bilhões.

Uma das formas de estimular as vendas aos EUA, segundo os técnicos, é retomar as discussões do grupo de trabalho encarregado de debater barreiras técnicas ao comércio. Durante os governos Lula e Bush, foram firmados acordos de cooperação e memorandos de entendimento em temas tão distintos quanto agricultura e direitos da mulher. Boa parte dos contatos entre as duas administrações ficou paralisada, porém, devido aos desentendimentos entre os dois governos, pela ação brasileira nas discussões sobre o programa nuclear iraniano, e pelas eleições no Brasil.

O esforço dos dois governos agora é retomar as discussões, com prioridade para o acordo de cooperação em energia e em biocombustíveis, e para atuação em terceiros países, principalmente na produção de etanol. Os americanos estimulam propostas de atuação conjunta da Embrapa e firmas americanas em pesquisas e assistência técnica para produção agrícola na África.

Há concordância também em relação à ação do G-20 no combate aos riscos de retomada da crise financeira internacional, embora os brasileiros já tenham alertado aos enviados dos EUA que não cerrarão fileiras contra a China, pressionada pelos americanos a mudar a política de câmbio.

Um graduado assessor de Dilma garante que é certo que, embora ela tenha determinado a revisão do processo de escolha para os novos caças da FAB, ela compartilha com o ministro da Defesa, Nélson Jobim, as desconfianças em relação às promessas americanas de transferência de tecnologia. Embora a Casa Branca tenha obtido apoio do Congresso americano para oferecer inéditas condições de transferência tecnológica, a cúpula do governo crê que qualquer reviravolta política no Legislativo dos EUA pode deixar o Brasil refém das decisões do governo americano na manutenção da frota da FAB, caso opte pelos aviões da Boeing.

Dilma não anunciará, pelo menos até meados do segundo semestre, nenhuma decisão sobre a compra dos caças, negócio que pode chegar a US$ 8 bilhões. A presidente, segundo um ministro, considera um anúncio desse tipo incompatível com o momento atual, em que o governo se esforça para mostrar austeridade no ajuste das contas públicas.

Fonte:
VALOR ECONÔMICO / NOTIMP


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