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Aeroportos: O paraíso dos viajantes






Hotéis no desembarque, shoppings e ausência de filas viraram padrão nos grandes aeroportos do mundo.

Bem diferente do que ocorre em Cumbica, que só guarda semelhança com eles no piso de granito.

Carlos Eduardo Valim.

O granito que cobre o piso do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), conhecido popularmente como Cumbica, é a única semelhança com o Aeroporto de Cingapura Changi. No país asiático, o passageiro encontra uma estrutura que inclui um hotel cinco-estrelas, piscinas na área de embarque, um jardim vertical em cascata e, principalmente, a ausência de longas filas nos postos de imigração ou nos balcões de check-in das companhias aéreas. É um cenário mais parecido com o paraíso.

Bem diferente do inferno que os viajantes que chegam a Cumbica estão acostumados a encontrar. É por essas qualidades que o Aeroporto de Cingapura foi considerado o melhor do mundo, segundo o ranking da World Airport Awards, elaborado pelo site de análises da indústria aérea Skytrax, com base em respostas de 9,8 milhões de usuários. Ao lado dos aeroportos de Seul, na Coreia do Sul, e de Hong Kong, eles são os únicos que podem ostentar cinco estrelas. Cumbica ficou na 121ª posição entre os 210 analisados.

A cultura do bem-estar faz parte dos mais recentes projetos de aeroportos do mundo. Quem passa por Dubai, Orlando e até mesmo na Cidade do México vive uma experiência prazerosa, ao contrário do que acontece em São Paulo. Em Hong Kong, por exemplo, o passageiro pode fazer o check-in em uma estação central de metrô. O viajante despacha tranquilamente suas malas, pega o trem, embarca no aeroporto e só encontra a bagagem no destino final. Tudo sem filas e sem estresse. Em Cumbica, em razão do pouco espaço disponível, são antológicas as filas nos balcões de atendimento das companhias aéreas.

Outro fator que faz a diferença nos melhores aeroportos é a capacidade de construírem, com antecipação, novas áreas de embarque. Com isso, sempre haverá espaço suficiente para ampliar o número de posições de check-in, controle de segurança e imigração, evitando que o aeroporto atinja sua capacidade máxima. Planejado para 15 milhões de passageiros por ano, segundo o projeto original que nunca foi ampliado, Cumbica recebeu 26,7 milhões de pessoas em 2010. A Infraero, no entanto, informa que a capacidade anual do aeroporto é de 25 milhões de passageiros.

Outra tendência internacional é o terminal independente. Em diversos aeroportos dos Estados Unidos, da Europa e do Oriente, cada terminal possui praticamente tudo o que um aeroporto precisa e é interligado com os demais por meio de trens, ônibus e esteiras rolantes. Muitos deles são exclusivos para uma única companhia aérea, sendo às vezes até construído pela própria empresa, o que a lei brasileira ainda não permite. Cumbica, que no projeto original deveria abrir terminais exclusivos para Varig, Transbrasil e Vasp, possui apenas dois terminais comuns. Neles, o funil da imigração e da verificação das bagagens com o raio X infernizam a vida dos passageiros.

Pior: os poucos portões de embarque limitam a operação das aeronaves, provocando ainda mais atrasos. A simples construção de um terceiro terminal pode não resolver esses problemas crônicos, dado que os gargalos da Polícia Federal e dos acessos aos embarques continuariam. “Por força das circunstâncias e da chegada das empresas estrangeiras, houve a necessidade de improvisações”, diz Nicolau Gualda, chefe do departamento de engenharia da Escola Politécnica da USP, em São Paulo, e um dos elaboradores do projeto original. A ambição inicial dificilmente será resgatada, dada a ocupação das áreas ao redor do aeroporto pela população.

Na hipótese de construção de um novo aeroporto em São Paulo (a ampliação de Viracopos, em Campinas, foi aprovada na semana passada), há exemplos a seguir. No aeroporto de Amsterdã, na Holanda, há um verdadeiro shopping com dois hotéis. A inspeção das bagagens ocorre no próprio portão de embarque, o que evita as filas homéricas. Ampliar as áreas de compra tem sido uma prática nos projetos de expansão.

“Alguns aeroportos sacrificam espaços para os passageiros sentarem em favor das lojas”, diz Ross Wimer, diretor de design da empresa americana de arquitetura Skidmore, Owings and Merrill (SOM), responsável pelo projeto do Aeroporto de Cingapura e do edifício Burj Khalifa, em Dubai, o prédio mais alto do mundo. Em Guarulhos, a Infraero está fazendo remendos, longe de apresentar soluções definitivas. Para desafogar a imigração, derrubou uma loja para aumentar o número de postos de controle de passaportes pela Polícia Federal. O fato é que Cumbica não tem mais como crescer seus serviços dentro da área originalmente concebida.

Não é preciso ir até o Oriente para encontrar aeroportos mais confortáveis e práticos do que Cumbica. No Aeroporto da Cidade do México, a bandeira de cartão de crédito American Express (Amex) mantém uma sala vip com um minispa. Seus clientes podem desfrutar de massagens, cabeleireiro, manicure e outros mimos, enquanto aguardam serem chamados para embarcar. Muito diferente de sala semelhante da própria Amex, no Brasil , que não conta com mordomias do gênero.

Fonte: REVISTA ISTO É DINHEIRO / NOTIMP



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