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Rio: Traficantes já tentam voltar ao morro do Alemão






Investigações apontam que Mica, "dono" de pontos de drogas na Vila Cruzeiro, voltou a entrar e sair da favela.

Criminosos, agora sem armas de fogo, estariam assassinando desafetos a facadas.

Autoridades investigam três casos.


Diana Brito e Hudson Correa.

Movimentos detectados por policiais mostram que o tráfico começa a preparar a volta aos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio, ocupados desde o fim de novembro.

A Folha apurou que o traficante Paulo Roberto de Souza Paz, conhecido como Mica ou MK, que controlava pontos de tráfico em parte da Vila Cruzeiro, voltou a entrar e a sair da favela.

Ele morava na chamada "casa verde", no alto de um dos morros, de onde podia monitorar o movimento de carros e pessoas. Sua casa, de três andares, tinha uma piscina na laje.

No muro em frente, traficantes haviam aberto buracos onde eram encaixados fuzis e feitos disparos a esmo contra desconhecidos que subissem a favela.

Agora sem armas de fogo, traficantes, incluindo Mica, teriam passado a matar a facadas desafetos suspeitos de terem transmitido informações para policiais, segundo relatos de moradores ouvidos pela Folha.

Um investigador da Polícia Civil confirma a suspeita. "Estamos investigando três casos de esfaqueamento que de fato têm relação com o tráfico. Em um deles, a vítima é uma mulher que teria algum tipo de ligação com o Mica."

Segundo o Exército, ocorreram cinco homicídios nos complexos desde a ocupação pela Brigada Paraquedista em 23 de dezembro passado. Os militares não informaram exatamente quantos morreram a golpes de faca.

"Com essa violência silenciosa [as mortes a facadas], Mica está tentando evitar que moradores continuem a denunciar coisas que ainda estão lá dentro", disse ainda a fonte da Polícia Civil.

O Exército confirma que ainda existem drogas e armas escondidas nos complexos. Cerca de 17 kg de cocaína foram encontrados há uma semana enterrados dentro de uma casa vazia.

Outro indício da nova investida do tráfico é que bandidos, segundo disse à Folha um oficial do Exército, voltaram a montar barricadas, desta vez com pedras, para barrar patrulhas. Cinco delas foram encontradas e desmontadas pelas tropas.

Do fim de dezembro até o início da semana passada, ao menos dez disparos de armas de fogo foram feitos contra as tropas, o que também mostra resistência à ocupação.

Há outro temor entre os moradores. Eles relatam que são vigiados pelos "soldados do tráfico" remanescentes no morro. Líderes comunitários estão entre os alvos; um deles chegou a deixar a favela por 20 dias, após ameaça.

"O medo existe, nós estamos na fase do rescaldo", afirmou o general Fernando Sardenberg, comandante da Força de Pacificação. Segundo ele, ainda há áreas, "entre 22 comunidades", hostis à presença do Exército.

Esses locais ficam próximos às casas dos traficantes. O Exército já fez 72 detenções de suspeitos de ligação com o tráfico, mas sem provar vínculo. Outras sete pessoas ficaram presas, acusadas de traficar no sistema chamado pelo general de "formiguinha" - o tráfico discreto, sem as chamadas bocas de fumo vigiadas por homens com fuzis.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP


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