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FX-2: A compra dos caças









Dilma suspende compra milionária de caças franceses e reabre processo a outros concorrentes.

A presidente Dilma Rousseff suspendeu o processo de compra de 36 caças aéreos, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro (mantido) da Defesa, Nelson Jobim, vinham tocando como prioridade e davam como assunto praticamente resolvido. Mais do que isso, o governo passado fez questão de não esconder sua preferência pelo modelo Rafale, jato produzido pela francesa Dassault. Chegou até a anunciar a compra como decidida em 2009, durante as comemorações do 7 de setembro.

Adotada para agradar o presidente da França, Nicolas Sarkozy, em visita ao país, a atitude de Lula e Jobim constrangeu não apenas os dois outros concorrentes, como também os militares brasileiros, que teriam produzido relatório mais favorável ao modelo Gripen NG, fabricado pela Saab, da Suécia (o outro concorrente é o F/18, da norte-americana Boeing). Bem mais caro do que os demais, o modelo francês teria a vantagem de vir com ampla transferência de tecnologia, compromisso alegado pelo governo Lula como decisivo para justificar a preferência.

De fato, enquanto os 36 jatos suecos custariam cerca de US$ 4,5 bilhões ao contribuinte brasileiro e os norte-americanos US$ 5,7 bilhões, os franceses tinham chegado a US$ 6,2 bilhões (cerca de R$ 10,5 bilhões), depois de várias negociações que baixaram o valor da proposta inicial de US$ 8,2 bilhões. O preço não é o único ponto polêmico da compra dessas aeronaves. Especialistas levantaram mais de um argumento em favor dessa ou daquela opção. O jato sueco ainda não existe, nunca foi testado. Por outro lado, essa seria uma vantagem, pois fácilitaria negociar alguma participação em seu desenvolvimento ou adaptação.

O francês Rafale, além de mais caro, é um modelo recente e nenhum país, além da França, o incorporou em sua força aérea, não havendo, portanto, experiência bastante para comprovar sua eficiência. A prometida transferência de tecnologia é mesmo seu maior trunfo. Quanto ao modelo norte-americano, equipamento consolidado, testado e usado por vários países, teria boa relação custo/benefício, mas o governo dos Estados Unidos tem histórico de criar restrições de fornecimento em períodos que considera críticos.

Tudo isso reforça a impressão de que fez bem a presidente. Sem entrar no mérito da necessidade ou não de reequipar a defesa aérea do país com recursos atualizados, essa é uma compra que, pelos aspectos de estratégia envolvidos, não deve ser feita sem um exame mais profundo das alternativas. Melhor ainda será a abertura para que novos concorrentes, antes desclassificados, voltem a apresentar propostas e forcem os atuais concorrentes a melhorar seus preços e condições.

Os norte-americanos, por exemplo, já mandaram o senador republicano John MacCain, que disputou as eleições presidenciais com Barack Obama, avisar à chefe de Estado brasileira que também estão dispostos a negociar a transferência de tecnologia. Como se não bastasse essa perspectiva de melhorar as ofertas dos fornecedores, a presidente já anunciou que o início de seu governo será marcado por um ajuizado corte nas despesas e não faria sentido dar partida agora nesse dispendioso programa de reaparelhamento da força aérea. No caso, a pressa é dos franceses.

Fonte: ESTADO DE MINAS / NOTIMP



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