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Conexão diplomática






Isabel Fleck.

A passagem da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, por Brasília, no dia da posse de Dilma Rousseff, chamou a atenção pela rapidez e pelo desencontro com a anfitriã no coquetel oferecido no Itamaraty, do qual Hillary saiu antes da chegada da presidente. Foram apenas três horas em Brasília — menos de um quinto do tempo passado no avião —, e menos de um minuto de conversa, na fila dos cumprimentos dos chefes de Estado no Palácio do Planalto. Para o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, no entanto, o complicado deslocamento da secretária americana — que encurtou seu feriado para vir ao Brasil logo após o réveillon — não foi mal aproveitado. “Sabíamos que ia ser rápido, que ela teria de voltar logo a Washington. Mas a questão não é o tempo, mas o que ocorreu durante este tempo”, disse Shannon.

Hillary, que chegou ao Planalto quando Dilma já terminava o discurso no parlatório, aproveitou o pouco tempo para conversar com o já ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu chanceler, Celso Amorim, além do novo colega, Antonio Patriota. Mas a atenção de Hillary não era só para o governo brasileiro. “Havia, no Planalto e no Itamaraty, 13 chefes de Estado e 12 chefes de governo. A secretária trabalhou bastante, bilateralmente e globalmente. Nas três horas em que ela esteve aqui, o Brasil era o centro mundial da diplomacia para nós”, assegurou. O momento foi de conversa surpreendentemente amigável com o presidente Hugo Chávez, com quem trocou sorrisos em meio a mais uma desavença entre Caracas e Washington por causa da recusa do venezuelano em aceitar o novo embaixador americano para o país, Larry Palmer. Entre os outros agraciados com a atenção da enviada de Barack Obama, estavam os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Chile, Sebastián Piñera, e o primeiro-ministro português, José Sócrates.

Oportunidade de ouro
Decisão da delegação americana de dispensar o comboio oferecido pelo cerimonial da posse deu a um brasileiro anônimo a chance única de ter uma conversa próxima com a secretária de Estado americana. Hillary, que saiu do Planalto e chegou ao Itamaraty antes de todas as outras delegações, passou quase uma hora à espera da chegada de Dilma, acessível aos poucos que estavam no início da recepção. Foi nesta brecha que o brasileiro se aproximou de uma simpática Hillary para perguntar sobre os direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, em um momento em que o país acaba de derrubar a lei que vetava os militares assumidamente gays de servirem às Forças Armadas americanas.

Leitura para casa
Os senadores americanos John McCain e John Barrasso, que visitaram o Brasil nesta semana, levaram, do breve encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, dois livros, que devem ler em casa se quiserem realmente entender o que se passa no “gigante adormecido” que resolveu despertar. Um deles, traz uma compilação de todas as ações brasileiras realizadas até hoje no Haiti, onde o Brasil está desde 2004. Segundo fontes presentes à reunião, os dois ficaram “bastante impressionados” com a aula dada pelo próprio Jobim sobre a atuação brasileira no país caribenho. O ministro teria aproveitado o envolvimento dos visitantes com seu discurso para insistir na necessidade de um trabalho conjunto entre os dois países no Haiti, e de mais recursos para o país devastado por um terremoto há um ano. É que o governo americano tem sido um pouco lento para liberar as quantias que prometeu.

A outra leitura entregue por Jobim — essa ainda mais importante para quem, inclusive, quer vender ao país caças supersônicos — é a Estratégia Nacional de Defesa, sua menina dos olhos. Ao entregar um exemplar do documento a cada um dos congressistas republicanos, o ministro ressaltou que o governo brasileiro continua com a atenção voltada para a transferência de tecnologia, e não apenas a compra de equipamentos.

A preocupação de sempre
Na visita ao Brasil, McCain e Barrasso estavam visivelmente interessados na questão da segurança. Ao passarem pelo Rio, sobrevoaram o Complexo do Alemão e visitaram uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Morro Dona Marta. Em Brasília, quiseram saber mais sobre o trabalho realizado nas fronteiras brasileiras. A preocupação maior dos americanos: a complicada Tríplice Fronteira. Jobim respondeu que há desafios maiores do que a fronteira com o Paraguai e a Argentina, mas “vendeu” o projeto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), orçado em US$ 6 bilhões, como a melhor solução para a região. Os senadores saíram do Ministério aparentemente convencidos dos esforços brasileiros na modernização da segurança das fronteiras. E cheios de ideias de possíveis negócios em Defesa para levar a Washington.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP




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