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Arsenal mineiro para as Forças Armadas







Fábricas no estado vão fornecer helicópteros de guerra, viaturas blindadas e fuzis para armar Exército, Marinha e aeronáutica.

Contratos movimentam R$ 10,4 bilhões em MG.

Daniel Camargos.

Veículos blindados, fuzis e helicópteros militares fizeram parte do arsenal usado pelas Forças Armadas na retomada dos morros cariocas. Os armamentos usados eram, na maioria, importados. No entanto, equipamentos semelhantes começam a ser produzidos em Minas Gerais e devem chegar às mãos dos soldados ainda este ano. Mesmo que os tempos não sejam de guerra, interesses estratégicos e a realização de eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, têm demandado investimentos em defesa no país e alavancado negócios no estado. Contratos recentes firmados pela Helibras, Imbel e Iveco, por exemplo, vão movimentar R$ 10,4 bilhões. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por sua vez, decidiu criar um comitê setorial inteiramente dedicado à indústria da defesa e compras governamentais, que começará a funcionar no próximo mês.

A previsão orçamentária para o Ministério da Defesa neste ano é de R$ 31,3 bilhões. Além desse dinheiro, o contigente de segurança exigido para os eventos esportivos internacionais sediados no Brasil já estimula os negócios. De acordo com o presidente da Helibras, Eduardo Marson Ferreira, a expectativa é de que o número de helicópteros usados pelas forças policiais no país dobre em função dos eventos, passando de 120 para 240. A empresa é a única fabricante do país, parceira da europeia Eurocopter, com unidade em Itajubá, na Região Sul do estado.

No fim do mês passado, a Helibras recebeu os três primeiros helicópteros EC725, previstos em um contrato firmado com o Ministério da Defesa, para fornecimento de 50 unidades para as Forças Armadas. Os três foram entregues com configurações básicas e serão complementados no Sul de Minas. O cronograma estabelecido com as Forças Armadas vai obedecer a uma escala gradativa de nacionalização que chegará a um mínimo de 50% até 2016, prazo de entrega dos últimos helicópteros. “A indústria da defesa está perdendo a aura de ser algo fora do cotidiano. As Forças Armadas participam de missões de paz, o país tem interesses estratégicos com o pré-sal, uma imensa riqueza que precisa ser protegida”, argumenta o presidente da Helibras.

Quem também mira os eventos esportivos é a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). A unidade de Itajubá, que produz fuzis e pistolas, finaliza os testes do novo fuzil IA2, calibre 5.66mm. Ao fim dos testes, a fábrica produzirá cerca de 200 mil fuzis para as Forças Armadas. É o primeiro do tipo projetado e desenvolvido no país. De acordo com a diretoria de mercado da empresa, um pavilhão industrial está em construção em Itajubá. A quantidade prevista é suficiente para manter a fábrica ativa por 10 anos. Somente no ano passado, o Ministério da Defesa destinou R$ 29 milhões para a fábrica no Sul de Minas.

Blindados Já o projeto da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP), que está na fase final de produção, na fábrica da Iveco, em Sete Lagoas, não está diretamente ligado aos eventos esportivos. Faz parte de um programa de reaparelhamento e modernização dos equipamentos das Forças Armadas. O presidente da Iveco, Marco Mazzu, informou em recente entrevista que os primeiros protótipos serão testados neste ano e a pré-série será iniciada logo depois. A produção contratada é de aproximadamente dois mil veículos e levará 20 anos, sendo que o valor do contrato é de R$ 6 bilhões. Os blindados vão substituir os antigos Urutus, fabricados pela extinta Engesa, e que se tornaram conhecidos nas operações de reocupação de morros na cidade do Rio de Janeiro.

As Forças Armadas também têm contratos para modernização de helicópteros com a Helibras. Em Itajubá, 36 modelos Esquilo e 33 modelos Pantera receberão novas tecnologias, como painéis de instrumentos digitais e novos aviônicos (cockpit envidraçado). Os dois contratos somam R$ 285 milhões. Para atender a demanda por mão de obra qualificada, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) abriu o curso de Engenharia Mecânica aeronáutica. De acordo com o presidente da Helibras, a empresa fez parceria com o Senai para oferecer cursos de montador e manutenção em aviônica, além de cursos gratuitos para mecânico aeronáutico.

Investimento As obras de expansão para o EC75 vão duplicar a capacidade instalada da Helibras. O investimento previsto na construção é de R$ 420 milhões. De uma empresa de 300 funcionários, a Helibras passará a ser uma companhia com mais de 600 empregados. Porém, com os demais programas de produção e manutenção civil e militar, a previsão é chegar a 1 mil funcionários em três anos. Um primeiro grupo de engenheiros e técnicos já realizou treinamentos na França, depois de ter participado de uma etapa preliminar, no Brasil, para familiarização com o equipamento.

Para acompanhar a produção do EC725, funciona desde outubro o Grupo de Acompanhamento e Controle (GAC), que representa as Forças Armadas, com 16 integrantes. Eles conferem os materiais recebidos e trabalham em regime integral, tanto na planta de Itajubá quanto na unidade de da Eurocopter, em Maringnane, na França. A vigilância serve para garantir a transferência e o domínio da tecnologia, prevista em acordo. A transferência de tecnologia permitirá que a Helibras fabrique o modelo EC225, versão civil do EC725, que vem sendo usada nos trabalhos de prospecção e exploração de petróleo no pré-sal na Bacia de Santos pelas empresas que atendem a Petrobras.

Batalha por mais espaço

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Júnior, acredita que a mudança feita na lei das licitações pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visando contratos do pré-sal também favorece a indústria da defesa: “Garante uma parcela de 30% para a indústria nacional nas concorrências internacionais”, explica Olavo. O representante dos industriais mineiros argumenta que prefere classificar os fabricantes de produtos bélicos como indústria da defesa, pois o país não está em guerra.

“É um mercado imenso. Todo tipo de indústria pode se qualificar. Vai desde uniformes, passa pela alimentação fornecida para milhares de soldados das Forças armadas até helicópteros com muita tecnologia”, afirma Olavo. Por isso, A Fiemg decidiu criar um comitê setorial para a Indústria da Defesa e Compras Governamentais.

Quem presidirá o comitê é Marco Antônio Castello Branco, um dos vice-presidentes da Fiemg, com passagens pela presidência da V&M do Brasil (antiga Mannesmann) e Usiminas. Na siderúrgica sediada em Ipatinga, Castello Branco teve contato com a pesquisa de aços resistentes à blindagem, que visam equipar o blindado desenvolvido pela Iveco.

De acordo com o Diretor de Pesquisa e Inovação da Usiminas, Darcton Policarpo Damião, esse tipo de aço é uma demanda das Forças Armadas e a conclusão do estudo está prevista para 2013. “Há especificações técnicas (propriedades mecânicas e tenacidade ao impacto) regidas por norma militar norte-americana. Já as propriedades de resistência ao impacto balístico são definidas e homologadas pelo Exército brasileiro”, explica Damião.

No ano passado, a Usiminas investiu R$ 28,9 milhões em pesquisa, o que representou aumento de 50% em relação aos R$ 19,2 milhões aplicados em 2009. Segundo Damião, grande parte dos investimentos realizados nos últimos anos vem sendo direcionada a estudos voltados ao desenvolvimento e fabricação de produtos com maior valor agregado, para uso em setores que demandam aços com requisitos de desempenho mais restritivos.

Fonte: ESTADO DE MINAS / NOTIMP




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