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Lula critica EUA e pede vaga na ONU






Em almoço de despedida, presidente faz balanço da diplomacia brasileira, cobra mais mediadores no conflito do Oriente Médio e defende aproximação com o regime iraniano.

Tatiana Sabadini.

Em clima de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a entrada do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e a participação do país como mediador do Irã. Também afirmou que os Estados Unidos não podem ser os únicos negociadores da paz no Oriente Médio. Em um almoço com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o embaixador e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro, e oficiais das Forças Armadas, o chefe de Estado brasileiro fez um balanço de sua política externa durante os oito anos de governo e garantiu que o Brasil “não tem que pedir licença para fazer o que ele acredita que tem que ser feito e para poder ter uma influência maior no mundo”.

Durante o discurso para os militares, no Clube Naval de Brasília, Lula defendeu a atuação brasileira no cenário internacional e afirmou que os norte-americanos não podem ser os únicos mediadores de conflito. “Estou convencido de que não haverá paz no Oriente Médio enquanto os Estados Unidos forem o tutor da paz. É preciso envolver outros agentes, outros países para poder negociar a questão da paz no Oriente Médio”, afirmou. Para o presidente, é essencial saber com quem conversar e quem deve ser ouvido para tentar solucionar o problema. “É preciso distensionar a mesa de negociação”, completou.

Para Lula, o Brasil precisa acabar com a ideia de subserviência na diplomacia. Por isso, o país decidiu apoiar o Irã e negociar sobre o enriquecimento de urânio ao lado da Turquia. Porém, os outros países não aceitaram a intervenção. “O presidente Ahmadinejad aceitou o termo que nós levamos e, por isso, assinou que estava disposto a se sentar à mesa com a Comissão de Genebra. Mesmo assim, os países do Conselho de Segurança resolveram punir o Irã. Por quê? Porque o Brasil e a Turquia tinham se metido em uma seara que não era de país considerado emergente.”

Inferioridade

De acordo com o presidente, o governo brasileiro não sofreu retaliações apenas dos grandes países. “Não foram poucos os comentaristas, os articulistas e alguns embaixadores que fizeram críticas, alguns chegam a dizer: ‘Mas o Brasil... O Brasil não tem que se meter nisso, está tão distante. Por que o Brasil se mete?’ Pessoas que, aceitando a teoria do Nelson Rodrigues, preferem ser tratadas de forma subalterna, preferem ser tratadas como pessoas inferiores”, alfinetou.

O Brasil, segundo o presidente, tem o direito de participar do Conselho de Segurança da ONU, por sua importância regional e por seu tamanho. Além disso, Lula defendeu que os membros permanentes não representam mais o cenário geopolítico do século 21. “Nós queremos mudança, para que entre o Brasil, a África, a Índia, a Alemanha, o Japão, que aquilo não seja um clube de amigos, mas uma instituição multilateral capaz de ter voz ativa na crise do Oriente Médio”, discursou.

A boa relação com os países também foi comentada. Lula ressaltou bom momento de diplomacia com a Argentina. “Já não creem mais na ameaça de que Itaipu é para inundar Buenos Aires, e não acreditamos que eles queiram fazer bomba atômica para invadir o Brasil. O que estamos fazendo é um fluxo de comércio bilateral, que chegou neste ano a US$ 35 bilhões, e quando pegamos o governo era de apenas US$ 7 bilhões”, defendeu.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP




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