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"Chávez late mais do que morde", diz Amorim







Telegramas vazados mostram que Antonio Patriota tem dúvidas sobre grau de confiança no governo do Irã.

Enquanto o atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, é citado em telegramas vazados pelo WikiLeaks diminuindo a força do presidente venezuelano, Hugo Chávez; Antonio Patriota - apontado como sucessor de Amorim - expressou sérias desconfianças em relação ao governo do Irã, considerado um aliado do Brasil. Em um dos documentos, por exemplo, Amorim chega a afirmar que Chávez "late mais do que morde" e que "isolá-lo não é uma opção". Procurados pelo GLOBO, nem o Itamaraty nem Patriota quiseram comentar as informações

"A orientação política de Hugo Chávez não é a do Brasil, mas os brasileiros não se sentem ameaçados por Chávez. O isolamento não é uma solução para Chávez. Ele late mais do que morde", disse Amorim, num telegrama de março de 2007.

Em seguida, o governo americano responde, afirmando que - apesar dos esforços por uma boa relação - o presidente venezuelano não aceita negociar.

"Não queremos isolá-lo, queremos falar com ele, mas ele não negocia conosco", respondem os americanos.

Gestão de Patriota também é discutida em telegrama

Em julho do mesmo ano, uma outra correspondência ressaltou que o governo brasileiro defende um distanciamento dos americanos para não afetar as relações com os países da América Latina.

"Apesar das preocupações crescentes suscitadas pelo papel regional de Chávez, o governo (Lula) crê que se deve guardar distanciamento do governo americano para não comprometer a capacidade de trabalhar com a Venezuela e aliados".

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, por outro lado, parece ser a voz dissonante. Em um telegrama secreto de janeiro de 2008, afirma que a Venezuela é "uma nova ameaça" para a estabilidade regional. Uma outra mensagem do governo americano chega a afirmar que "o Brasil tem uma necessidade quase neurótica de ser igual aos EUA".

"O Brasil considera entrar em uma competição com os Estados Unidos na América do Sul e desconfia das intenções americanas. O Brasil tem uma necessidade quase neurótica de ser igual aos Estados Unidos e de ser percebido como ele", dizia uma correspondência de novembro de 2009.

Até Antonio Patriota, apontado como ministro das Relações Exteriores do governo Dilma Rousseff, foi citado nos telegramas. O diplomata, atual secretário-geral do Itamaraty, mostra não saber o grau de confiança do governo de Mahmoud Ahmadinejad:

"Nós nunca sabemos o quão são sinceros", afirma o diplomata, contradizendo a posição oficial do Brasil sobre Teerã.

As suspeitas do futuro chanceler brasileiro foram levantadas num encontro com o embaixador americano, Thomas Shannon, em fevereiro. O representante dos EUA no Brasil recomendou ao governo Lula "que se movimentasse com cautela em relação ao Irã".

Sobre o acordo que o Brasil tentava intermediar ao lado da Turquia para controlar as atividades nucleares iranianas, Patriota reconheceu que Lula pagou um preço alto "por seu engajamento com o Irã".

Outros telegramas ainda discutem a gestão de Patriota como chanceler. Segundo uma das mensagens, o ex-embaixador em Washington não deve mudar o rumo da política externa brasileira.

"Mesmo que Patriota conheça bem os Estados Unidos e esteja pronto para trabalhar conosco, ele não o fará numa perspectiva pró-americana, mas sobre uma base do nacionalismo tradicional da diplomacia brasileira", afirma um telegrama datado de novembro de 2009.

Ontem, o jornal francês "Le Monde" reproduziu uma série de telegramas que tratam da compra de 36 caças pela força aérea Brasileira. Segundo os diplomatas americanos, o veto para a venda dos aviões brasileiros Super Tucanos para a Venezuela ainda em 2005 foi uma "gafe" cometida pelo governo (George W.) Bush e prejudicou o modelo de caça americano Super Hornet, da Boeing, na disputa.

De acordo com a reportagem, o Brasil procurou comprar os caças franceses Rafale e adquirir a tecnologia para fabricá-los em seu solo para exportação a outros países sul-americanos até 2030. Os telegramas entre as embaixadas americana em Brasília e em Paris refletem, no entanto, uma grande preocupação: acreditam que Lula é muito mais favorável à França.

"Nos resta o formidável obstáculo de Lula", reconhece um telegrama de 2010.

Os americanos garantem que o problema não é o preço, mas o "amor" entre Lula, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a exigência de que os aviões acompanhem uma importante troca de tecnologia.

Fonte: JORNAL O GLOBO, via NOTIMP




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