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Brasília: Natal complicado









Aeroporto de Brasília chega a ter 36,1% dos embarques atrasados, o pior desempenho nacional.

Gabriel Caprioli.

O Natal dos brasileiros que precisam viajar de avião começou muito pior em 2010 do que nos anos anteriores. Atrasos, cancelamentos e falta de informações se transformaram em nervosismo, choro e bate-boca nos saguões dos aeroportos no fim de semana que antecedeu as festas. No obsoleto terminal internacional Juscelino Kubitschek, os brasilienses precisaram de uma dose extra de paciência. No início da noite de ontem, às 19h, o número de voos com atrasos superiores a 30 minutos era de 23,9%, o pior entre as principais capitais. Durante a tarde, a situação foi mais crítica, com pico de 36,1%. Esse volume é muito superior ao do último domingo antes do feriado do ano passado, quando as decolagens fora do horário foram apenas 4,23% do total.

O cancelamento do voo 5803 da Webjet, que ligaria Brasília ao Aeroporto de Guarulhos (SP) ontem, causou tumulto próximo aos guichês da companhia. Muitos passageiros já haviam realizado o check-in pela internet e foram surpreendidos quando já se dirigiam para o embarque. Foi o caso da psicóloga Elisabeth Arrais, que relatou ter se aborrecido com a empresa em ocasiões anteriores. “Eu vou a São Paulo pelo menos uma vez por mês para ver meus filhos e, nas últimas duas viagens, tive problemas. Em uma delas, fui humilhada pela funcionária ao pedir para colocar uma etiqueta na minha bagagem. Ela disse que eu precisava trazer minhas malas prontas para viajar”, desabafou.

A solução encontrada pela Webjet foi embarcar os passageiros em um voo da TAM para o Aeroporto de Congonhas (SP) e, lá, viabilizar o transporte de ônibus para Guarulhos. A notícia, no entanto, desagradou alguns usuários. Bastante nervosa, uma cliente que preferiu não se identificar tentava arrumar uma alternativa para não perder um voo para os Estados Unidos, que deveria ser feita às 19h em Guarulhos. “Eu vou perder minha conexão internacional. Mesmo que esse avião da TAM saia agora (16h20 de ontem), eu não consigo atravessar São Paulo a tempo. Já avisei à atendente que nem adianta me encaixar nesse voo. Preciso, de qualquer forma, ir para Guarulhos logo”, reclamou. Os funcionários da companhia não quiseram comentar o cancelamento.

Outros passageiros também tentavam embarcar para o destino original do voo. “Eu moro na Praia Grande (litoral de São Paulo) e meu carro está no aeroporto. Não há como desembarcar em Congonhas”, lamentou a funcionária pública Laura Sanchez. Até as 19h de ontem, a Webjet tinha atrasos em metade (50,7%) de seus voos programados. Nas maiores companhias, TAM e Gol, os percentuais no mesmo horário eram de 21,3% e 11%, respectivamente. No fim de setembro, a Webjet foi proibida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de vender bilhetes por causa dos repetidos problemas. Na época, a justificativa dada foi o aumento inesperado da demanda. A medida também foi aplicada à TAM em novembro.

Entraves

A Infraero, empresa que cuida dos terminais, informou que não identificou nenhum problema na estrutura aeroportuária que justificasse os entraves enfrentados pelos passageiros e atribuiu às companhias a responsabilidade pelos transtornos. Apesar da falta de registro pontual, as limitações do Aeroporto de Brasília já são conhecidas pelos usuários. O segundo terminal, que deveria ficar pronto até o fim de 2009, ainda não saiu do papel. Além dos atrasos, das 106 partidas programadas para ontem na capital federal até as 19h, duas haviam sido canceladas. No país, dos 1.564 voos previstos, 65 (3,8%) não decolaram, enquanto 17,3% estavam atrasados.

Quem ainda tem a passagem em mãos e espera embarcar nos próximos dias deve se preparar. Os aeroviários e aeronautas prometem uma inédita paralisação no dia 23, às vésperas do Natal. Os profissionais das duas categorias reivindicam reajustes salariais de 15% e 13%, respectivamente, e aumento de 30% no piso dos vencimentos. Sem acordo com as companhias, que oferecem 6,08%, os funcionários das companhias prometem parar o tráfego aéreo civil na quinta-feira.

Na visão de alguns, a solução para evitar o problema será mesmo ficar em casa. O profissional autônomo Nilton Ângelo, passageiro do voo cancelado da Webjet, preparava-se para voltar para São Paulo, depois de visitar Brasília. Apesar dos problemas que enfrentou, disse estar aliviado por não precisar voar no Natal. “Eu nunca tinha viajado pela companhia e foi uma surpresa desagradável. Talvez seja a última vez”, considerou.

Neve faz a TAM suspender voos

As dificuldades que os passageiros da malha aeroviária brasileira enfrentaram durante todo o fim de semana foram agravadas pela nevasca que castiga o continente europeu. O mau tempo ocasionou demora e cancelamento em diversos voos nos principais aeroportos brasileiros. Até as 19h de ontem, 19% das 147 decolagens programadas para destinos exteriores partiram com atraso acima de 30 minutos e oito foram canceladas. Os problemas se concentraram nos aeroportos de São Paulo (Guarulhos) e Rio de Janeiro (Galeão).

Até o início da noite passada, 21,3% dos 80 voos previstos para deixar o município paulista enfrentaram dificuldades. No aeroporto do Galeão, 25% das 28 decolagens estimadas atrasaram. Em São Paulo, quatro partidas foram canceladas, enquanto no Rio de janeiro, três aviões permaneceram no solo. Por causa das más condições climáticas, a TAM cancelou os voos programados para ontem e hoje de São Paulo e Rio de Janeiro com destino a Londres e também os que sairiam da capital inglesa para os aeroportos brasileiros. Suspendeu também uma decolagem de Paris para Guarulhos, com escala no Galeão.

Improviso


Em Frankfurt, Bruxelas, Amsterdã, Paris e Londres, milhares de passageiros ficaram presos nos aeroportos, onde foram instaladas camas improvisadas e distribuídos cobertores. A temperatura na madrugada de domingo chegou a 19,5 graus negativos em algumas partes da capital inglesa. No Reino Unido, este é o inverno mais gelado desde 1910.

Entre os passageiros afetados pelas nevascas, está um grupo de estudantes brasileiras de 16 anos, que foram para a Inglaterra há seis meses em um programa de intercâmbio. O voo que as traria de volta para casa, marcado para as 20h40 de sábado, do Aeroporto Heathrow, foi cancelado por causa da tempestade de neve. Até a noite de ontem, a comerciante Patrícia Moreno Gomes, mãe de uma das alunas, não tinha previsão de quando a filha e as colegas deixariam a capital inglesa.

“Estou na frente do computador desde a manhã de sábado, pois só conseguimos nos comunicar por meio de sites de relacionamentos. Elas disseram que estão bem, mas não têm como sair do aeroporto. No sábado, não encontraram mais comida para comprar e se alimentaram de pão com pepino”, disse. (GC) (Colaborou Ernesto Braga).

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP

Foto: Agencia Brasil




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